Meu kirido Papai Noel:
Não lembro se na minha meninice alguma vez lhe
escrevi a pedir um presentinho. Não creio, porque naquele tempo, e bota tempo
nisso, não era hábito escrever-se... que eu me lembre!
Mas agora tenho um pedidão enorme a fazer, e
sei que o faço em nome de muitos milhões que, ou não têm coragem de o fazer,
ou...
Por favor Papai Noel, livre-nos desta corja de
desonestos, ladrões, mentirosos, corruptos, mal educados, burros, iletrados, ineptos,
etc., que se apossaram deste país, deste
Brasil! Meu Brasil Brasileiro,
O Brasil do meu amor,
Terra de Nosso Senhor...
Você, Papai Noel, que deve
estar perto de Nosso Senhor, quando voa com as suas renas, dê-lhe uma
palavrinha, e como na Eternidade o tempo não conta, peça-Lhe para que leia só
estes dois textinhos saídos no jornal de hoje, que Ele, que neste caso nem
necessita da Sua Infinita Sabedoria, vai logo ver que alguma coisa, e muito urgente,
tem que ser feita.
Obrigado kirido Papai Noel.
Agora você mesmo, enquanto viaja de uma chaminé para outra, leia o que segue. E
não chore ao ver as desgraças que por aqui REINAM.
Cidade mineira ganha mar,
Caminhos de ferro
e fronteiras com outros países
Por juliana castro
juliana.azevedo@oglobo.com.br
Localizada no
Norte de Minas Gerais, a cidade de Januária não tem mar, nem trem. Muito menos
faz fronteira com algum país. Mas o Plano Plurianual de Ação Governamental do
município, que traça as metas da prefeitura para os próximos quatro anos, traz
pontos sobre transporte marítimo e ferroviário, além da proteção das
fronteiras. A proposta foi aprovada na Câmara Municipal, por 13 dos 15
vereadores, em primeiro turno.
Já estava a
ponto para ser avaliada em segundo turno, na semana passada, mas a população
fez pressão pelo adiamento.
A prefeitura
atribui o erro a um funcionário que teria copiado um plano de uma outra cidade
e de uma portaria da União. O documento entregue à Câmara tem cerca de mil
páginas. O plano do governo federal, por exemplo, tem 278. Na cidade, corre a
notícia de que o plano fala até em exploração de petróleo, o que o secretário
municipal de Planejamento, António Vidal Júnior, nega peremptoriamente:
- Aí, já é
invenção.
O prefeito,
Manoel Jorge de Castro (PT), diz que trataram o erro como "a expressão
maior do plano, e isso é um detalhe":
- Colocaram
mais farinha no ventilador do que se merecia. Foi um erro de redação.
Agora, a prefeitura prepara um novo plano, sem os itens
que deram o que falar. O prefeito, no entanto, tentou amenizar o erro e disse
que o transporte por trem é tendência na região. Sobre a extração do petróleo,
afirmou que há estudos sobre a existência de um campo de gás natural na
região do Rio São Francisco, onde a cidade está localizada.
De “O
Globo” – 22-dez-13
Comentário: Comentar para que? Januária, como se vê no mapa abaixo está só
a 600 quilômetros do mar e a 1.600 da mais próxima fronteira, o que mostra o
quanto os 13 analfabetos vereadores, que têm direito a carro e milhares de
outras regalias, estão cientes das necessidades do seu município. Quanto ao
caminho de ferro, e a hipótese do gaz, a Divisa do Estado de Minas Gerais
Município de Januária, no norte de
Minas Gerais
E o mapa de Minas no Brasil.
faz jus aos projetos desta
cambada, quando diz “Libertas quae sera
tamen” – A liberdade, ainda que tarde.
Já o douto prefeito, acha que
foi um pequeno erro de redação o projeto apresentado, o que mostra bem que é do
PT, o partido dos telectuais.
Quem merece um substancial
aumento de salário é o funcionário que copiou imensas coisas de outros planos
que ele não faz a menor ideia de quem são e para que servem, mas que escreveu
quase mil páginas. Levou uma boa estafa.
Como é mais do que óbvio ninguém
leu o projeto, nem o funcionário que o escreveu.
E a gentxi vai levando...
Mandela e o
mensalão
Por GUILHERME FIÚZA
A frase que resume os dez anos de reinado do
oprimido no Brasil foi dita pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado
no processo do mensalão: "Se o
Mandela ficou 27 anos preso, eu suportarei também."
Nelson Mandela tinha acabado
de morrer, e já era contrabandeado pelo herói mensaleiro. Os oprimidos de
gravata sugam o que podem, até a memória alheia. Não se pode esquecer que, em
sua propaganda eleitoral, Dilma Rousseff confiscou a identidade de Norma
Bengell, usando uma foto da atriz na passeata de 1968 em sua apresentação
biográfica. No dia seguinte ao brado de João Paulo Cunha, Dilma estava no
Congresso do PT que apoiou os mensaleiros condenados. A presidente repetiu, com
a ajuda de Lula, o já famoso gesto do braço erguido com o punho cerrado — inaugurado
por Dirceu e Genoíno na chegada à prisão. Não se sabe bem o que significa
aquela mão fechada. Há quem diga que é um aviso de que não vão devolver o que
roubaram.
Como pode a presidente da
República participar de um comício em defesa de corruptos condenados e presos?
Um comício onde um partido político censura a mais alta corte da Justiça, com
pesados ataques a seu presidente? Dilma pode. Assim como o mensaleiro João
Paulo pode se comparar a Mandela e, em seguida, dizer "longe de mim me comparar a Mandela". Pode também
distribuir centenas de exemplares de uma revista inocentando a si mesmo, e se
declarar ofendido quando a imprensa pergunta quem pagou aquilo. Num país
saudável, João Paulo Cunha viraria piada e Dilma Rousseff teria de prestar
esclarecimentos no Congresso Nacional sobre seu gesto favorável a criminosos.
Mas no Brasil a moral virou geleia.
Tanto que, no embalo do
espírito natalino, virou moda entre a elite culta defender José Genoíno.
Vozes intelectualizadas se erguem para avisar que o ex-presidente do PT,
condenado e preso, não ficou rico e vive até hoje modestamente. Os samaritanos
não chegam a dizer que o mensalão não existiu, mas dizem que a biografia de
Genoíno é ótima e ele é cardíaco. Bradam que é um absurdo estigmatizar como
bandido um cara tão legal.
Não é preciso dizer mais nada
para explicar o Brasil de hoje. Um indivíduo condenado como partícipe do maior
assalto aos cofres públicos da história da República encontra, entre vozes
supostamente respeitáveis, uma espécie de anistia informal. Estava no bando
mensaleiro, mas leva uma vida franciscana. Se meteu nesse rolo, mas é gente
boa. Note-se que essas pessoas de bem não chegam ao delírio petista de afirmar
que qualquer um dos mensaleiros seja inocente. Apenas se mostram indignadas com
o fato de um sujeito bacana como Genoíno (condenado por corrupção ativa e formação
de quadrilha) ser tratado como criminoso. Está inaugurada a figura do infrator
bonzinho.
Possivelmente Genoíno não
tramaria o valerioduto, exatamente por sua boa índole. Mas então deveria, em
vez de assinar a papelada suja de Valério, ter se demitido imediatamente da
presidência do PT. Não o fez porque já havia transformado a política em
emprego assim como o exército de companheiros medíocres que tomaram o Brasil
de assalto como meio de vida. E não largarão o osso em 2014, justamente porque
os brasileiros honestos são indulgentes com o infrator bonzinho.
No mesmo congresso partidário
em que Dilma participou do desagravo aos mensaleiros, Lula deu mais uma aula de
princípios. O oráculo afirmou que a imprensa (sempre ela) exagerou no caso do
emprego de José Dirceu. Um sujeito condenado por desviar uma montanha de
dinheiro público consegue, na prisão, salário de 20 mil reais como gerente de
um hotel que tem um "laranja" entre seus donos. Mais impressionante:
esse condenado que não disfarça suas ótimas relações com o submundo é apoiado
em público pelo ex-presidente e sua proposta que governam o país. E o país, ato
contínuo, avisa que vai reeleger o bando em primeiro turno.
Pensando
bem, com um salvo-conduto desses, piratear Nelson Mandela e Norma Bengell está
barato. Jesus Cristo não escapa.
Enquanto
isso, na realidade tediosa dos que não têm os punhos cerrados em direção ao
céu, o Brasil bate mais um recorde: maior rombo nas contas externas em mais de
50 anos. Uma bobagem, puro preconceito contra o governo popular: os investidores
estão fugindo do Brasil só porque o governo petista mente sobre suas contas,
tenta esconder a inflação comprimindo tarifas e comprometendo empresas como a Petrobras,
diz coisas desencontradas sobre política monetária, abandona a infraestrutura
e fatura com a selva tributária, fazendo o risco Brasil disparar. Tudo inveja
da ascensão terceiro-mundista, diria o saudoso Hugo Chávez.
Agora há uma corrente do PT defendendo
apoio formal aos métodos boçais dos black blocs. Medida desnecessária. Os
métodos do partido destroem com muito mais eficácia.
Guilherme Fiuza é jornalista.
De “O Globo” – 22-dez-13
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22/12/2013
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