domingo, 22 de dezembro de 2013



Meu kirido Papai Noel:

Não lembro se na minha meninice alguma vez lhe escrevi a pedir um presentinho. Não creio, porque naquele tempo, e bota tempo nisso, não era hábito escrever-se... que eu me lembre!
Mas agora tenho um pedidão enorme a fazer, e sei que o faço em nome de muitos milhões que, ou não têm coragem de o fazer, ou...
Por favor Papai Noel, livre-nos desta corja de desonestos, ladrões, mentirosos, corruptos, mal educados, burros, iletrados, ineptos, etc., que se apossaram deste país, deste
Brasil! Meu Brasil Brasileiro,
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor...
Você, Papai Noel, que deve estar perto de Nosso Senhor, quando voa com as suas renas, dê-lhe uma palavrinha, e como na Eternidade o tempo não conta, peça-Lhe para que leia só estes dois textinhos saídos no jornal de hoje, que Ele, que neste caso nem necessita da Sua Infinita Sabedoria, vai logo ver que alguma coisa, e muito urgente, tem que ser feita.
Obrigado kirido Papai Noel. Agora você mesmo, enquanto viaja de uma chaminé para outra, leia o que segue. E não chore ao ver as desgraças que por aqui REINAM.

Cidade mineira ganha mar,
Caminhos de ferro
e fronteiras com outros países

Por juliana castro
juliana.azevedo@oglobo.com.br

Localizada no Norte de Minas Gerais, a cidade de Januária não tem mar, nem trem. Muito menos faz fronteira com algum país. Mas o Plano Plurianual de Ação Governamental do município, que traça as metas da prefeitura para os próximos quatro anos, traz pontos sobre transporte marítimo e ferroviário, além da proteção das fronteiras. A proposta foi aprovada na Câmara Municipal, por 13 dos 15 vereadores, em primeiro turno.
Já estava a ponto para ser avaliada em segundo turno, na semana passada, mas a população fez pressão pelo adiamento.
A prefeitura atribui o erro a um funcionário que teria copiado um plano de uma outra cida­de e de uma portaria da União. O documento entregue à Câmara tem cerca de mil páginas. O plano do governo federal, por exemplo, tem 278. Na cidade, corre a notícia de que o plano fala até em exploração de petróleo, o que o se­cretário municipal de Planejamento, António Vidal Júnior, nega peremptoriamente:
- Aí, já é invenção.
O prefeito, Manoel Jorge de Castro (PT), diz que trataram o erro como "a expressão maior do plano, e isso é um detalhe":
- Colocaram mais farinha no ventilador do que se merecia. Foi um erro de redação.
Agora, a prefeitura prepara um novo plano, sem os itens que deram o que falar. O prefeito, no entanto, tentou amenizar o erro e disse que o transporte por trem é tendência na região. So­bre a extração do petróleo, afirmou que há estu­dos sobre a existência de um campo de gás na­tural na região do Rio São Francisco, onde a ci­dade está localizada.

De “O Globo” – 22-dez-13

Comentário: Comentar para que?  Januária, como se vê no mapa abaixo está a 600 quilômetros do mar e a 1.600 da mais próxima fronteira, o que mostra o quanto os 13 analfabetos vereadores, que têm direito a carro e milhares de outras regalias, estão cientes das necessidades do seu município. Quanto ao caminho de ferro, e a hipótese do gaz, a Divisa do Estado de Minas Gerais

Município de Januária, no norte de Minas Gerais
E o mapa de Minas no Brasil.

faz jus aos projetos desta cambada, quando diz “Libertas quae sera tamen” – A liberdade, ainda que tarde.
Já o douto prefeito, acha que foi um pequeno erro de redação o projeto apresentado, o que mostra bem que é do PT, o partido dos telectuais.
Quem merece um substancial aumento de salário é o funcionário que copiou imensas coisas de outros planos que ele não faz a menor ideia de quem são e para que servem, mas que escreveu quase mil páginas. Levou uma boa estafa.
Como é mais do que óbvio ninguém leu o projeto, nem o funcionário que o escreveu.
E a gentxi vai levando...

Mandela e o mensalão

Por GUILHERME FIÚZA

A frase que resume os dez anos de reinado do oprimido no Brasil foi dita pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no processo do mensa­lão: "Se o Mandela ficou 27 anos pre­so, eu suportarei também."
Nelson Mandela tinha acabado de morrer, e já era contrabandeado pelo herói mensaleiro. Os oprimidos de gravata sugam o que podem, até a memória alheia. Não se pode esque­cer que, em sua propaganda eleitoral, Dilma Rousseff confiscou a identida­de de Norma Bengell, usando uma fo­to da atriz na passeata de 1968 em sua apresentação biográfica. No dia se­guinte ao brado de João Paulo Cunha, Dilma estava no Congresso do PT que apoiou os mensaleiros condenados. A presidente repetiu, com a ajuda de Lula, o já famoso gesto do braço er­guido com o punho cerrado — inau­gurado por Dirceu e Genoíno na che­gada à prisão. Não se sabe bem o que significa aquela mão fechada. Há quem diga que é um aviso de que não vão devolver o que roubaram.
Como pode a presidente da Repúbli­ca participar de um comício em defesa de corruptos condenados e presos? Um comício onde um partido político censura a mais alta corte da Justiça, com pesados ataques a seu presiden­te? Dilma pode. Assim como o mensa­leiro João Paulo pode se comparar a Mandela e, em seguida, dizer "longe de mim me comparar a Mandela". Pode também distribuir centenas de exem­plares de uma revista inocentando a si mesmo, e se declarar ofendido quando a imprensa pergunta quem pagou aquilo. Num país saudável, João Paulo Cunha viraria piada e Dilma Rousseff teria de prestar esclarecimentos no Congresso Nacional sobre seu gesto fa­vorável a criminosos. Mas no Brasil a moral virou geleia.
Tanto que, no embalo do espírito nata­lino, virou moda entre a elite culta defen­der José Genoíno. Vozes intelectualiza­das se erguem para avisar que o ex-presidente do PT, condenado e preso, não fi­cou rico e vive até hoje modestamente. Os samaritanos não chegam a dizer que o mensalão não existiu, mas dizem que a biografia de Genoíno é ótima e ele é car­díaco. Bradam que é um absurdo estig­matizar como bandido um cara tão legal.
Não é preciso dizer mais nada para explicar o Brasil de hoje. Um indiví­duo condenado como partícipe do maior assalto aos cofres públicos da história da República encontra, entre vozes supostamente respeitáveis, uma espécie de anistia informal. Estava no bando mensaleiro, mas leva uma vida franciscana. Se meteu nesse rolo, mas é gente boa. Note-se que essas pesso­as de bem não chegam ao delírio petista de afirmar que qualquer um dos mensaleiros seja inocente. Apenas se mostram indignadas com o fato de um sujeito bacana como Genoíno (condenado por corrupção ativa e for­mação de quadrilha) ser tratado como criminoso. Está inaugurada a figura do infrator bonzinho.
Possivelmente Genoíno não tramaria o valerioduto, exatamente por sua boa índole. Mas então deveria, em vez de assinar a papelada suja de Valério, ter se demitido imediatamente da presi­dência do PT. Não o fez porque já havia transformado a política em emprego assim como o exército de companhei­ros medíocres que tomaram o Brasil de assalto como meio de vida. E não larga­rão o osso em 2014, justamente porque os brasileiros honestos são indulgentes com o infrator bonzinho.
No mesmo congresso partidário em que Dilma participou do desagravo aos mensaleiros, Lula deu mais uma aula de princípios. O oráculo afirmou que a im­prensa (sempre ela) exagerou no caso do emprego de José Dirceu. Um sujeito condenado por desviar uma montanha de dinheiro público consegue, na pri­são, salário de 20 mil reais como gerente de um hotel que tem um "laranja" entre seus donos. Mais impressionante: esse condenado que não disfarça suas ótimas relações com o submundo é apoia­do em público pelo ex-presidente e sua proposta que governam o país. E o país, ato contínuo, avisa que vai reeleger o bando em primeiro turno.
Pensando bem, com um salvo-conduto desses, piratear Nelson Mandela e Norma Bengell está barato. Jesus Cristo não escapa.
Enquanto isso, na realidade tedio­sa dos que não têm os punhos cer­rados em direção ao céu, o Brasil bate mais um recorde: maior rombo nas contas externas em mais de 50 anos. Uma bobagem, puro preconceito contra o governo popular: os investidores estão fugindo do Brasil só porque o governo petista mente sobre suas contas, tenta esconder a inflação comprimindo tarifas e comprometendo empresas como a Petrobras, diz coisas desencontra­das sobre política monetária, abandona a infraestrutura e fatura com a selva tributária, fazendo o risco Brasil disparar. Tudo inveja da as­censão terceiro-mundista, diria o saudoso Hugo Chávez.
Agora há uma corrente do PT de­fendendo apoio formal aos métodos boçais dos black blocs. Medida desnecessária. Os métodos do partido destroem com muito mais eficácia.

Guilherme Fiuza é jornalista.
De “O Globo” – 22-dez-13

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22/12/2013

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