sexta-feira, 24 de julho de 2020


Tsunami à vista

É sabido que os pessimistas normalmente estão muito mais bem informados do que os otimistas.
Já existem meios de prever, aliás com pouquíssima antecedência, a chegada duma tsunami. (Feminino; tsunami é onda!) O pessimista já ficou atento a quaisquer fenómenos, enquanto o otimista vai achando que “está tudo bem” até que que o “céu lhe caia sobre a cabeça”.
Para quem estiver numa praia ou nas rochas junto ao mar, tem duas hipóteses de prever o que pode acontecer: primeiro uma espécie de violenta, rápida, “baixa da maré”, isto é, a retirada com alguma velocidade das águas como se o mar estivesse a engolir essa água; outra pode ser o oposto, uma rápida, também, inesperada e alta subida do nível do mar.
Em qualquer destas situações o que todos devem fazer é correr para longe, se possível para lugares altos. Se o alarme for falso ou fraco o pior que pode suceder aos fugitivos é ficarem cansados da correria, mas safos.
Há um bom tempo que estamos a ser “avisados” de que alguma coisa de muito grave está para acontecer.
Sem nos preocuparmos com a ordem cronológica desses eventos, vamos enumerar alguns para os quais, de entrada, não demos grande importância, mas que agora se encaixam uns nos outros e nos fazem ter a CERTEZA que uma gigantesca tsunami está já à nossa porta.
1- No Brasil entrou de fininho  o FHC, que agora se revelou mais que vermelhusco a preparar e chegada do Honorossimos Causas, o tal sapo barbudo ao governo, que foi espalhando estruturando a base bolchevista com centenas de milhares de empregos públicos (sim, centenas de milhares), e propôs o desarmamento da população. Mesmo após o plesbicito ter mostrado que a população era contra isso, o parlamento aprovou (a população fragilizada e os bandidos mais à vontade).
2.- Depois surge a esmagadora publicidade, apoiada por grandes empresas como Walt Disney e forçada pela ONU, engrandecendo, aprovando e oficializando, por todo o lado, o apoio ao aborto e aos grupos LGBT, cuja única finalidade só pode ser a limitação do crescimento populacional humano neste planeta. E a, há muito prevista, destruição da base da sociedade, a Família.
3.- A feroz e destrutiva disseminação das políticas comunistas/bolchevistas, e a redução a poucos tipos de política: a do PS, a que, eufemisticamente, chamam de esquerda, uns indiferentes que não fedem nem cheiram e outros que não estejam de acordo com os dominantes são então a extrema direita! Parece que deixou de haver a extrema esquerda, que mais não é do que os atuais PS, os centristas e uma direita, para nos fixarmos nos babosos, orgulhosos e falsos socialistas, ficando todos os outros com a chaga de fascistas.
4.- A sistemática invasão da Europa de muçulmanos e africanos, idem para muçulmanos, muito bem organizada e financiada, que destruirá os países que humanitariamente lhes têm aberto as portas, e que não tarda serão a maioria nos países da Europa Central, Reino Unido incluído, acelerando a destruição da cultura e valores ocidentais.
5.- Os órgãos de informação – jornais, revistas, rádio e televisão – credíveis até há pouco tempo como verdadeiros órgãos para INFORMAR venderam-se à alta finança que tudo domina, ao ouro fácil que ofusca a vista dos gulosos, e passaram, não mais a informar, mas a desestruturar a família, a cultura, a história, o respeito pelo outro, a moral e a ética, agressivamente fazendo lavagem cerebral de todo um povo, e de todos os que estão sob essa “pata”. E insultando os chefes de outros Estados que a eles se não submetem. A tudo isto se juntam os extremistas, a quem chama anarquistas para acelerarem o processo. Objetivo: terror e terra queimada.
6.- Avisado o mundo inteiro, pelo menos desde 2015, que um feroz vírus viria perturbar o nosso modus vivendi, o senhor Bill Gates sabia o que estava a dizer, o que não é para admirar, porque tinha conhecimento do estágio em que se encontrava a “fabricação” deste terrível vírus. Nessa altura dispôs logo de alguns bilhões de US$ para que simultaneamente se encontrasse uma vacina para vacinar os 7 bilhões de terráqueos.
7.- Pronto o vírus, fruto de uma parceria USA/China, desaba em cima do mundo inteiro a primeira esmagadora tsunami de comunicação, cuja única finalidade não foi a proteção das pessoas, mas aterrorizá-las, diminui-las, esmagá-las, apavoradas. Foram investidos largos bilhões nessa massiva propaganda de terror, coisa nunca vista, mesmo sabendo-se que até hoje o número de óbitos com este vírus não chega nem à quarta parte dos causados por doenças cardíacas... de que nem se fala.
7.- Paralelamente, ou objetivamente, o isolamento obrigatório, teoricamente para evitar a contaminação visou a destruição das economias que, mesmo muito bem conduzidas pós pandemia, levarão 2 a 3 anos para voltarem ao nível de 2019. E já se anunciou que outro vírus, mais mortal que o desta COVID-19 está pronto, o que indica que ninguém deverá parar de se vacinar.
Deste modo o mundo está, com demasiada evidência, nas mãos de alguém. De muito poucos que vão brincar de deuses, ditando ordens a seu bel prazer.

Muito bem. Quem está no comando de tudo isto?
A Fundação Bill Gates, a Fundação Hillary Clinton com a Clinton International Iniciative, já associadas como GAVI – Gates Vacination Institute – apoiados por grupos de pobres indigentes como Banco Mundial, OMS, CDC – Centre of Disease Control – UNICEF, Science Foundation, a poderosíssima IFPMA – International Federation of Pharmaceutical Manufactures & Associations, onde se encontram empresas como Roche, Ely Lily, etc. – todos apoiados no tristemente famoso dr. Fauci, o maior defensor do uso de produtos farmacêuticos, qualquer que seja a maleita que possa aparecer. E, muito naturalmente, por aquele grupo, que há anos defende um Global Government, o de má fama ‘Grupo ou Clube” de Bilderbrg, onde estão os pobrecitos  Rothschild, Rockefeller, Soros e similares!
E quem ganha com tudo isto?
Com esta gente, é de imaginar que não estarão interessados em depois irem vender pneus ou violinos. Mas a perspectiva de se apoderarem  do CONTROLE GLOBAL através de vacinas, que se tornarão obrigatórias, o negócio – mais de 7 bilhões de doses anuais, e uma, pelo menos, a cada ano – não é para desprezar!
E essas vacinas não serão para defender a humanidade de algum vírus, não. Talvez façam algum efeito para não parecer tão evidente a infâmia do negócio, mas sim para esse poderoso grupo ou parte dele ficar com o controle de todos aqueles que caírem na esparrela de se deixarem vacinar.
Vacinas a serem tomadas TODOS os anos.
Mas até nisso há um outro tipo de controle: quem não se vacinar fica fora do CONTROLE GLOBAL, mas...
GLOBAL CONTROL ou GLOBAL GOVERNMENT
será igualmente monitorado... pela negativa: pode ter as portas fechadas a créditos, a hospitais, etc.
E mais, ajudados pelo que está para acontecer muito em breve, quando desaparecer o dinheiro vivo e até os cartões de crédito para ficarmos só no dinheiro virtual, é fácil de imaginar que o controle sobre as pessoas vai ser TOTAL.
Se hoje através dos telefones celulares já não somos livres, mas dependentes dessas tecnologias, com a possibilidade desse programa de vacinação mundial, vamos perder TOTALMENTE aquilo que mais devíamos prezar, a nossa LIBERDADE.
Uma pergunta ainda fica no ar, e não é difícil especular um pouco sobre a possível resposta.
Partindo do princípio que tudo quanto se está a passar foi meticulosamente preparado e largamente financiado por um conjunto de financiadores de poderes quase ilimitados, onde entra aqui a bolchevização de quase toda a Europa, toda a América Latina com honrosa exceção do BRASIL, já que China é a “própria” e a Rússia está garantida até 2036?
A primeira resposta que ocorre é um facto universalmente reconhecido pela história dos últimos 100 anos: os comunistas, os tais pseudo socialistas não gostam de trabalhar, e daí serem obrigados a usarem da velha técnica da mentira que repetida constantemente quase se torna uma verdade, dividindo o povo levando-o a odiar o empreendedor de sucesso, o homem que produz riqueza, assim ganhando votos e os postos de governo, para depois esmagarem os imbecis eleitores com impostos e dividirem a riqueza pelos compinchas e mentecaptos, até levarem o país à bancarrota.
Nessa ocasião o, em breve Global Government, pode com uma pincelada livrar-se dessa canalha falsa.
Mas o que se cogita com esta propaganda toda onde aparece até o BLM, é um mundo comunista paradoxalmente liderado pela alta, altíssima finança! Quem diria!
A grande onda, a gigantesca tsunami que nos pode cair em cima está formada.
O que podemos nós, formiguinhas fazer? MUITO.
A união faz a força. Ninguém queira pisar num carreiro de formigas. Pode ser devorado num instante.
Os poderosos estão podres. Podres de dinheiro e de consciência.
Nós vamos querer ser robôs dessa canalha?
Não nos podemos agora dividir. Somos 7 bilhões que podemos dizer NÃO a esse maquiavélico plano.
A tsunami que caia na cabeça deles.
O problema é que os humanos já foram seres gregários. Como os lobos.
Hoje somos marionetes que a desinformação manipula, e ficamos aterrados, amedrontados com o horror que nos querem meter na cabeça.
O que nos mostram as tvs de hoje? Filmes e novelas de mulheres semi ou totalmente despidas, homens sem caráter, sexo de toda a forma e jeito, ganância, violência, guerras, mentira. E ganham dinheiro vendendo isso.
O que somos nós?
Covardes? Conformados? Ou ainda nos resta alguma faísca de dignidade?
Para terminar vejam o que já se passa, por exemplo, em Espanha:
1.- Recebe, de braços abertos, “refugiados” muçulmanos... a maioria militares jihadistas, treinados no Daesch, que para ali são enviados, quem sabe até se a pedido do governo.
2.- Um dos gangsters desse governo, que está no poder que foi financiado pelo Chavez da Venezuela e pelo Irão, continua a receber deste país milhões (até agora 9 milhões de €) para utilizar a tv na indoutrinação comunista.
3.- Estão proibidas as manifestações contra o governo. Só os do governo podem ir “lecionar” a doutrina Lenine-trotskista em todas as escolas, associações e universidades.
E por aí vai. Até onde?
Querem que eu esteja otimista? Sempre fui dos que viam a “garrafa meia cheia”. Hoje, depois de andar a ver e analisar o que vai por esse mundo, devo estar no limite do meu pessimismo.

25/07/2020

terça-feira, 21 de julho de 2020


Andando por África

ZIMBABWE  (EX RODÉSIA DO SUL)

1972, quando lá fui, ainda a capital era Salsbury, terra de apartheid, mas... desenvolvida, arrumada. Hoje o país é Zimbabwe e a capital Harare.
Um apartheid “ligeiro”, porque nos hotéis onde fiquei havia sempre, como clientes uns africanos. O que não acontecia na África do Sul.
Fomos a uma espécie de “feira” em Bulawayo, que o Ian Smith teria convencido, a que industriais de Angola e Moçambique lá expusessem os seus produtos, à procura de credibilidade para um governo isolado que o mundo inteiro não reconhecia.
A Mac-Mahon, 2M, expos cerveja e lá fui eu estar uns dois ou três dias...
A Feira foi inaugurada pelo “presidente”, Clifford Dupont,  simpático, mais ainda a mulher dele, uma bonita ex aeromoça da BA, que conversou com todos os expositores estrangeiros... que não eram mais de 3 ou 4.
Num dos hotéis o restaurante tinha uma espécie de “jogo americano”, em papel, muitíssimo interessante, com um mapa da região e algumas indicações sobre história e minérios. Num repente entendi que tinha havido em tempos dos faraós, ligações com aquela área, porque ambos tinham o escaravelho como animal sagrado relacionado com o deus Kefri, responsável pelo movimento do sol, arrastando-o pelo horizonte; no crepúsculo, o sol (o deus Rá) morria, ia para o outro mundo; depois, o escaravelho renovava o sol no amanhecer. Fiquei muito entusiasmado com essa “descoberta”, que ninguém com quem falei jamais tinha relacionado.
No restaurante pedi que me dessem dois ou três desses “americanos” que guardei tão bem que... infelizmente desapareceram!
Não podia deixar de ir visitar as ruinas do Great Zimbabwe, que deram origem à lenda das Minas de Salomão, uma construção impressionante por ser quase única na África ao sul do Equador. 
Muita lenda envolve, mas pela configuração da construção e pela localização, dá a sensação de ser um lugar onde as caravanas de escravos descansavam, quando os levavam para o litoral, para os mercadores árabes. O interior muito bem defendido, paredes altíssimas, e para lá se entrar tem que se percorrer um corredor de meia dúzia de metros onde só passa uma pessoa de cada vez. Melhor proteção contra “ladrões de escravos” não havia.
E ao lado, num cabeço estratégico, um forte para vigiar possíveis assaltantes.
Muito, muito interessante.
Aproveitei ainda para ir ver as Quedas Vitória, que tinha sobrevoado na TAP quando fui a primeira vez a Moçambique, enjoadíssimo, no avião!
A quilómetros de distância avista-se uma neblina no ar e logo se começa a ouvir o barulho as água. Desta vez sobrevoei num pequeno avião.
Na língua tonga, chamam-lhe Mosi-o-Tunya  a fumaça que troveja.
É  um espetáculo deslumbrante.

SUAZILÂNDIA

A Suazilândia é um pequeno país, um reino. Quando lá estive, várias vezes, reinava o King Shobuza II, com o título honorífico de "Bull of Swazi" por causa da imensa descendência. Teve 70 mulheres, 210 filhos de que sobreviveram 180 e quando morreu tinha mais de 1000 netos!
Se os europeus fizessem o mesmo não precisavam importar muçulmanos!
A população lá cresce bem, ao ponto de o rei ter, por decreto, proibido as relações sexuais por cinco anos !!! Não deixa de ser um país bem curioso!

Hoje o rei é o Mswati III, tem 36 anos, e ainda só conseguiu 15 mulheres e 23 filhos. Olhem como o rapaz é jeitoso. Quem se habilita a ser a 16ª?

País pequeno, bonito, mudou de nome para Reino de eSwatini, Eswatini.
Montanhoso, clima magnífico, chamavam-lhe a Suíça Africana. Tem casino, um pequeno parque de caça que achei uma jóia, e produz cana, abacaxi e outras frutas, além de ter diamantes e ouro, mas o PIB per capita é baixo.
Da primeira vez fui com uns amigos cuja finalidade era o jogo na casino, coisa que eu não gosto.
Mais tarde, convidado pela Coca-Cola, fomos a uma convenção, e por último, em 2001, já com o novo rei (!) fui renovar o visto para ficar mais uns dias em Moçambique, onde o Consul de Moçambique foi amabilíssimo.
Sexo quase livre, como se vê pelos exemplos reinóis é o país com maior taxa de AIDS do mundo, e como 70% da população vive da agricultura... aí no mato então...

ÁFRICA DO SUL

Estive pela primeira vez à África do Sul em 1954 quando fui fazer um estágio na fábrica da Massey-Harris, máquinas agrícolas, em Vereeniging. Ficámos num hotel ótimo, com campo de golfe, e lá estivemos duas semanas.
Eu já conhecia praticamente todas aquelas máquinas, mas é sempre bom vê-las em construção.
No primeiro dia, visita à fábrica, grande, deparo-me com um espetáculo inesquecível na seção de caixotaria, de onde praticamente tudo era expedido, embalado em caixotes ou grades de madeira.
Armazém grande, meia dúzia de operários, todos africanos, preparavam esses caixotes. Recebiam as tábuas já cortadas, e de acordo com planos estabelecidos só tinham que as pregar para as transformar em caixas.
Cada homem em sua caixa, martelo e pregos para cada um. Todos em silêncio. A voz ali não fazia falta.
Um deles, à vez, dava a primeira martelada e logo em seguida, em ritmo de batuque, de dança, todos martelavam o mesmo número de pancadas nos pregos. Quando um terminava, terminavam todos. Novo prego, novo sinal de partida, mais um pouco de batuque, e por aí adiante.
Nessa visita, acompanhado de mais oito visitantes, foi tal o meu espanto, admiração e entusiasmo por esse concerto de música que me deixei ali ficar uma porção de tempo, e acabei por me perder do grupo. Mas foi um espetáculo sensacional, e único, que não dá para esquecer.
Voltei muita vez àquele país.
Em 1963 alguém da Cuca lembrou-se que a África do Sul devia ser um grande consumidor de cerveja (era) e que podíamos tentar exportar para lá.
Responsável pela área comercial da companhia, fui eu.
Em Johannesburg o Consul Geral era casado com uma irmã do tio Zé Perestrelo que eu conhecia bem. Foi muito prestável e útil e arranjou-me um contato que se revelou a chave do “cofre”, e num domingo fui almoçar a casa deles. Muito simpáticos.
Segunda de manhã tinha um carrão à porta do hotel. Era do tal “big boss” dono de uma grande empresa, distribuidora dos charutos Ritmeester e algo mais, negócio grande, e estaria interessado em alargar o seu leque de produtos. Mandou o seu carrão para me buscar.
Pela maneira como lhe expus o problema ficou bastante interessado, gostou da minha apresentação e abriu-me as portas para os trinta e tantos representantes de vendas que tinha no país, Zâmbia e Rodésia do Sul. Parecia que logo de entrada eu dera um tiro na mosca. Veremos.
A seguir Durban onde o Consul, meu amigo de toda a vida também irmão do tio Zé Perestrelo e a mulher eu conhecia desde criança, extremamente simpática e ativa auto nomeou-se minha ajudante, e motorista! Levava as duas filhas de manhã ao colégio, depois vinha buscar-me ao hotel e ia comigo fazer as necessárias visitas. Um encanto e uma boa disposição especial.
Segui para Cape Town, e para variar costumava ir falar com a Consul de Portugal para me orientar. Este eu não conhecia, mas no meio da conversa diz-me: “A minha mulher conhece-o bem!” Achei estranho e fiquei meio sem graça, mas perguntei quem era. Rosário Vaz. Tinha feito o curso de aeromoça da TAP com a tia Licas, com quem por vezes nos encontrámos. Coincidência simpática, Convidou-me para jantar com eles o que foi uma noite muito agradável.
Na véspera de ir embora tinha uma reunião com um dos representantes do tal big boss. Era perto, fui a pé, e encontro na rua um homem a vender uns frutos que eu jamais tinha visto. Deu-me um a provar, achei uma delícia, e fui de cartuchinho de papel na mão para a “importante” reunião, o que os anfitriões até acharam graça.
À saída ainda lá estava o vendedor, já com pouca fruta. Comprei-a toda para levar para casa, onde chegaria dois dias depois.
Fizeram um sucesso. Lichias!!! Quem não gosta?
Voltei lá quando estava na 2M. Estive uns dois dias com a Coca-Cola, fui num caminhão de entregas ao Soweto, falámos com um cliente importante, um hotel de 3 estrelas, ótimo, mas... só para africanos (!!!), onde o patrão nos recebeu muito bem, fui também recebido pelo diretor geral da South African Breweries que me convidou para jantar em sua casa (uma honra que raros receberam!). E mais, recebi até um convite para gerir uma fábrica que eles iam abrir na Rodésia do Sul que, com um governo branco não parecia ter futuro, e não teve, o que me fez recusar o atrativo convite. Se tivesse aceite, hoje estaria, de certeza, muito melhor financeiramente! Enfim.
Fomos um dia, todos, pais e filhos a Nelspruit tratar dos dentes (onde o João rogou pragas ao dentista; saiu de lá com uma tromba...!), e como tínhamos comprado um carro americano e um atrelado com uma grande barraca de campanha, fomos depois acampar dois ou três dias no Kruger Park, um passeio magnífico.
Fui mais vezes a Johannesburg, não só com a 2M, como a seguir no Banco.
Não esqueço o dia em que estava no escritório do Banco lá em JB no 25º andar do Carlton Center, sentado num sofá em frente a uma larga janela, quando vi um “coisa” passar, caindo, do lado de fora, e até fiz um comentário idiota: “Passou ali um sujeito que podia ter entrado e beber um copo conosco.”
Estavam comigo o diretor do escritório e um diretor do Banco Real, do Brasil. Olharam para a janela, e como é de supor nada viram, continuámos a falar sobre o problema que ali me levara.
Quando saímos ainda o corpo do desgraçado estava estilhaçado no chão! Parece que bêbedo, pensou em descer agarrado aos cabos de aço que levavam o material de construção para os andares superiores que ainda estavam em acabamento. Queimou as mãos com o atrito e despencou aí do 30º. Um horror.
No dia seguinte fomos a Pretoria tratar do assunto com o Banco Central, para podermos administrar os salários dos trabalhadores moçambicanos, pagando juros enquanto não pudessem dispor do seu dinheiro o que só acontecia no final do contrato de trabalho, visto que o acordo em vigor, naquela altura, era feito entre o governo português o sul-africano, o que prejudicava, como é óbvio, o pobre.
A reunião correu muito bem, promessa de aceitarem a nossa proposta, mas... uma semana depois o 25/4 acabou com tudo.
Era um país espetacular, mas com aquele maldito apartheid, até eu fui insultado por isso.
Fui a uma livraria onde das vezes anteriores tinha encontrado livros bons e muito baratos, Costumava ir a pé porque era relativamente perto do hotel. Mas um dia ao sair um ônibus passava e mandei parar. O motorista parou, abriu a porta da frente e começou a insultar-me, sem eu compreender o que dizia porque falava ou africâner ou tsonga. Foi o atendente da livraria que me disse que eu não devia mandar parar um ónibus exclusivo Non Whites, e assim eles pensaram que eu os estaria a ofender!
E eu sabia lá disso, mas fiquei chocado, não pela “ofensa” mas pelo facto em si.


NAMÍBIA (ex Sudoeste Africano)

Depois de Cape Town (e de ter comprado todas aquelas lichias) o meu regresso a casa passava por Windhoek, ainda o país sob administração da África do Sul, de que só se livrou em 1990, quando se tronou independente.
Foi aqui que o cachaceiro lula, que fez questão de andar a passear pelo mundo, imitando o seu compincha Bochechas ou Dom Mário I rei de Portugal, ao fazer um pronunciamento oficial, ao lado do presidente da Namíbia teve esta brilhante frase: “Nunca pensei encontrar em África um país tão arrumado e limpo!” Uma besta.
Se naquela viagem, em todas as cidades tinha encontrado um Consul de Portugal que me era conhecido, e que me foram de grande utilidade, ali não conhecia ninguém.
Mas logo no primeiro dia, estava eu na sala de entrada do hotel entrou um pequeno grupo de duas ou três pessoas e uma delas se dirige a mim, sorriso aberto: “Ó! Sr. Amorim! O que o senhor faz aqui?”
O meu ar de espanto mostrou que não fazia ideia quem me estava a cumprimentar.
- Já não se lembra de mim? Há... (não sei já quanto tempo) visitei a Cuca e foi o senhor que me recebeu! E não esqueci.
Aí bateu o badalo do sino. Caiu a ficha e logo lembrei tudo.
Foi ótimo, conversámos um bom bocado, mas nada de especial haveria a fazer naquela terra.
Na altura nem sabia que existia lá um padrão, erigido em 1486 por Diogo Cão, e se soubesse também não teria sido fácil andar uns 400 kms para cada lado.


Mais um dia e regressei a Luanda, poucos dias antes do Natal de 1963... com as lichias!!!
E mais um mês nascia a Joana!


sexta-feira, 10 de julho de 2020


Reflexões sobre o Brasil em Outubro de 2001

Depois de ler e ouvir muitas asneiras vale a pena ler isto.
 
Afinal que Brasil é este? O que está realmente acontecendo com o Brasil?
Afinal por que estão as maiores empresas americanas e européias afirmando que seu maior portfólio de investimentos para os próximos 10-15 anos será nesta região do mundo? Será que viraram devotos de  Nossa Senhora de  Aparecida do dia para a noite?
Acredito que seja o momento de passarmos de uma  consciência ingênua para uma  consciência crítica sobre o momento atual  brasileiro. Nos corredores do Fórum Econômico Mundial em Davos os Ministros e autoridades declaravam sua intenção de investir no Brasil nos próximos anos o que nunca haviam pensado.  Afinal que mercado é este?
Vejo dados confusos sobre o Brasil. Os jornais mostram a desgraça, o estupro, as balas perdidas... e esse pessoal continua vindo para o Brasil? As empresas espanholas e portuguesas acabam sendo maiores aqui do que na própria Espanha e Portugal e assim por diante. Acho que está na hora de explicar o Brasil com dados - dados de pesquisa - dados sérios, em vez do "chutômetro" aplicado a todo o momento para nos confundir.
Um exemplo digno de "chutômetro" é o dado divulgado em abril do ano passado, nos 500 anos do Brasil. Todos os jornais estamparam para o mundo todo que éramos 5 milhões de índios no Brasil em 1500. Ora, se há dúvidas de quantas pessoas exatamente vieram nas caravelas em 1500, como é que sabemos que éramos 5 milhões de índios em 1500 no Brasil?
Quem contou? Qual o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) da época ou GPS que mediu os 5 milhões? Algum louco, com base em especulações referentes à mortalidade infringida pelos espanhóis no México, chegou à conclusão absolutamente absurda de que éramos 5 milhões e isso virou "verdade"! E assim logo dizemos que temos 120.000 desabrigados nas ruas de São Paulo, 45 milhões de miseráveis, etc., etc. Até quando seremos obrigados a engolir essas verdadeiras barbaridades?
Para passarmos de uma consciência ingênua para uma consciência crítica e compreendermos o que está acontecendo, temos que saber que o mundo tem o que se chama de "mercados maduros". "Mercado maduro" é o mercado em que o crescimento do consumo é equivalente ao incremento vegetativo da população - ou seja - se a população cresce aumenta o consumo. Se não cresce o consumo continua estático. Assim o consumo de cerveja nos EUA, por exemplo, cresceu 2% acumulado nos últimos 5 anos e deverá crescer apenas 2% nos próximos cinco anos. No Japão, 35 prefeituras exigem um atestado que diga que você tem onde colocar seu carro para que um concessionário possa vender um automóvel novo a você - problema de espaço vital. O consumo de biscoitos na Inglaterra não cresce há dez anos. Esses mercados maduros - EUA, Europa e Japão - onde se encontram as empresas igualmente maduras - IBM, Toyota, Electrolux, etc. - precisam de mercados emergentes - onde o crescimento do consumo seja maior do que o incremento vegetativo da população. Quais são esses maiores mercados hoje no mundo? Brasil, Índia e China. Mas não nos iludamos muito com a China.
A China tem 76% de sua população em campesinato. A Índia 72% e o Brasil apenas 22%. Assim, o país pronto para consumir produtos ocidentais de alguma tecnologia que não seja bicicleta, alfanje, etc. é o Brasil, e por extensão o Mercosul. Por isso estão todos aqui e querendo investir mais e mais aqui. O mercado brasileiro, segundo dados da Nielsen, cresceu nos últimos 5 anos: (Os dados abaixo assinalados com asteriscos têm como fonte a AC Nielsen)
* 859% em fraldas descartáveis
* 369% em mistura para bolos
* 310% em alimentos para gatos
* 282% em leite aromatizado
* 273% em alimentos para cães
* 219% em leite longa vida
* 201% em massas instantâneas
* 176% em cereais matinais
* 116% em carnes congeladas
* 81% em água mineral
O Brasil é, hoje, um mercado que apresenta alguns  dados impressionantes:
* 1,3 milhão de lavadoras de roupa * 82% mais que no Canadá * 4o. Maior mercado do mundo
* 8,02 trilhões de litros de refrigerantes * 343% mais que no Canadá * 3o. Maior mercado do mundo
* US$1,3 bilhão em alimentos "diet" ou "light" * US$100 milhões em 1990 * US$6 bilhões em 2010
* 63,4 mil toneladas de creme dental * 456% mais que na Itália
* 51,4 mil títulos de livros * 12% mais que a Itália *
* US$1,2 bilhão em CD's * 5o. maior mercado fonográfico do mundo
* 681,9 mil toneladas de biscoito * 27% mais que o Japão * 2o.maior mercado do mundo
* 3 milhões de geladeiras * 66% maior que o Reino Unido * 4o.maior mercado do mundo
* 11 milhões de usuários da Internet * 95% das declarações de IR foram via  Internet, * 40% do total na América Latina e o dobro do  México.
E é importante que saibamos que somente a chamada classe média e emergente no Brasil, hoje, representa 35 milhões de famílias (IBGE). Assim, só a classe média e emergente no Brasil é:
* 8% maior que a população da Alemanha.
* Maior que a República Checa, Bélgica, Hungria, Portugal, Suécia, Áustria, Suíça, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Irlanda, Nova Zelândia, Luxemburgo e Islândia juntos.
* É maior que a França e Canadá juntos.
* Equivale a um terço da população dos Estados Unidos.
* Equivale a 72% da população do Japão.
Nós também não temos consciência de que o Brasil representa 42% do PIB da América Latina, incluindo o México e seu PIB.
Representa 13,3% do PIB total dos países em desenvolvimento, incluindo a China. E que:
* Todo o PIB da Argentina equivale ao PIB do Interior do Estado de São Paulo
* Todo o PIB do Chile equivale ao PIB da Grande Campinas (cidade que dista 93km da cidade de São Paulo) (Ernest & Young)
* Todo o PIB do Uruguai equivale ao PIB do bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo.
É preciso compreender que as empresas multinacionais estão investindo aqui porque o Brasil é o 5º País do mundo em Poder de Compra, com mais de US $1trilhão de dólares em Purchasing Power Parity.
Hoje, o ranking é:
* EUA, China, Japão, Alemanha e Brasil. Pense nisso. Passe de uma consciência ingênua para uma consciência crítica a respeito do Brasil. Se somos 33 milhões de pobres, somos também 120 milhões de "não-pobres"; e isso quer dizer muita coisa num mundo de mercados maduros. E, acredite, dentro de mais alguns anos - 3 ou 4 - teremos no Brasil juros internacionais. Isso significa que poderemos ir ao banco para que ele financie o nosso crescimento a juros decentes de bem menos de 10-12% ao ano e não ao mês. Como a empresa brasileira é a mais "líquida" do mundo (não deve muito a bancos - pois se dever, quebra), o crescimento será exponencial, uma vez que todas as pesquisas mundiais mostram ser o brasileiro o mais "empreendedor" dos povos. E juros internacionais também farão com que o consumidor brasileiro possa consumir mais, dever mais, criando um círculo virtuoso de crescimento do mercado. Daí a razão de todos os bancos internacionais estarem comprando ou expandido suas ações de varejo no Brasil. Agora é o momento de acreditar e investir, lembrando que o futuro do Brasil é maior que o seu passado. O Brasil é um cálice de vinho com metade cheia e metade vazia. Mas é importante não vermos só a parte vazia desse cálice. Ela existe e é grave. Mas existe uma parte cheia que está atraindo a atenção do mundo inteiro.
Pense nisso - Valorize o Brasil.

Isto era o panorama em 2001. Não conseguimos obter os números para os últimos anos, mas podemos ver entretanto que o PIB cresceu 51% desde 2001 até hoje, mesmo sabendo que os anos do PT (18 anos de roubalheira e incompetência) esvaziaram as finanças do país em vários, muito bilhões.
Hoje o PIB do Brasil é superior aos de Portugal, Grécia, Dinamarca, Áustria. Noruega Bélgica e Suíça, todos juntos.
O problema é a fúria vermelha a atacar o Brasil porque os ladrões esquerdistas foram derrotados. Mas o Brasil continua a ser e será sempre um grande país, o único no mundo em que a oposição, sabendo que o Presidente está com o COVID põe na Internet mais de 6.000 mensagens a desejarem a morte do Presidente! Parece que poucos se importam com o país. O que importa é que a esquerda posso voltar a roubar.
O foco dos investimentos acima descritos baseavam-se na alta, altíssima taxa de juros que fazia a dívida total aumentar assustadoramente. Hoje os juros estão perto de um patamar “europeu” e a dívida está a ser consideravelmente reduzida.
O Brasil é hoje o maior produtor mundial de alimentos: soja, milho, feijão, café, carnes bovina, suína e aviária, e sozinho pode alimentar 1,5 bilhões de pessoas, 205 da população mundial.
Teve um violento ataque da COVID e há muita gente, por exemplo em Portugal, que pensa que os hospitais aqui não têm respiradores! É a mídia mundial a massacrar o governo atual. Tem respiradores, sim, e muitos hospitais estão já com leitos vazios. Foi o país que teve mais recuperados da doença.
Esquecem-se até de mencionar o número de habitantes – 211 milhões – e procuram compará-lo, por exemplo com Portugal!
Não imaginam que há muitas mortes atribuídas ao COVID para que nalguns municípios e estados possam roubar, e ninguém fala de mortes por outras causas. Basta ver o mapa abaixo, (Fonte IHME – Global Burden of Disease) para se ter uma ideia da desinformação que reina... EM TODO O MUNDO, e se compararmos com as mortes pela COVID vê-se que aquelas por doenças cardiovasculares e cânceres são bem superiores e parece que ninguém quer saber disso.
Quem se preocupa com as mortes, sobretudo em África, com a fome, a mortalidade infantil, malária, etc. onde uma pequena parte do que se tem gastado a difundir o terror da COVID já teria ajudado milhares a serem salvos.


Por hoje chega. Cada um se informe e não aceite, no seu conforto, as mentiras que os órgãos de desimformação lhe metem pelos ouvidos e cérebro a toda a hora

10/07/2020



quinta-feira, 2 de julho de 2020





CONGOS, ex francês e ex belga, o ZAIRE 

Deixemos o Covid a fazer os seus estragos, fechemos um pouco os ouvidos
 à canalha jornalística luso e brasileira e ao vergonhoso STJ,
totalmente empenhados em destruir o Brasil no seu Presidente,
e vamos, sem máscara, dar um giro por África.


Em 1962 ou 3, por sugestão do distribuidor da cerveja Cuca em Cabinda, foi decidido fazer um rápido estudo de mercado para a eventual exportação de cerveja para o Congo, ex-francês, e da decisão de gabinete à ação foi um instante.
A viagem revestiu-se de algumas situações hoje caricatas, mas cansativas. Começa com a saída de Luanda, num vôo da Air Congo, uma subsidiária da Air France, num avião DC-4 quadrimotor. Dois passageiros para embarcarem para Brazzaville. O avião, quase o único ali estacionado em frente ao edifício do aeroporto, horário de saída de acordo com o previsto, tudo aparentemente em ordem, vou aguardar na esplanada, onde havia um pequeno bar. Só outra mesa ocupada, com o outro passageiro. Chegada a hora vêm avisar que o vôo ia sair um pouco atrasado. Uns trinta minutos. Depois destes trinta, mais trinta, e outros trinta, e...
Da esplanada via-se algum movimento em volta do avião. Um ou dois mecânicos e mais uns tripulantes, o que pressupunha problema técnico.
- Afinal o que se passa? Já estamos com três horas de atraso e nada?
- É o motor de arranque que não funciona, mas já estão a terminar.
Mais uma hora.
- Então?
- Quebrou-se a corda.
- Essa agora! Quebrou-se a corda? Qual corda? Não me diga que aquilo é como os motores “outboard” que pegam com uma corda?
- Não sei. Mas foi o que me informaram.
Nessa altura os dois únicos passageiros para aquele vôo, e também únicos clientes no bar naquela esplanada, já conversavam e dividiam cervejas que iam bebendo em conjunto, e quando olham para o avião, vêem, com espanto q.b. um pequeno trator a ser engatado a uma corda, por sua vez enrolada à volta do motor do avião!
- Querem ver que é verdade! Que aquilo pega mesmo como os motores dos barcos!
Azar o nosso, porque o tratorista não era marinheiro, e arrancando de repente, voltou a quebrar a dita corda. Matámos a charada, continuámos esperando, já se fazia quase noite e no aeroporto não havia mais cordas! Foram comprar mais cordas! Decidi intervir.
- Se vocês continuarem a usar o trator de esticão, não há corda que aguente!
Expliquei a complexa tecnologia da corda! Passado um bocado chegou outra corda, e eu gritava do alto da esplanada:
- Cuidado. Devagar. Devagar.
Duvido que tenham ouvido alguma coisa, corri para lá, assumi o controle marítimo e o motor pegou. Repassámos o controle (só havia dois a controlar e já tínhamos sido convenientemente controlados), e levando um monte de vento e poeira no nariz, porque o motor ficou ligado, logo o que ficava do lado da porta do avião, e nos acomodámos.
O vôo fazia escala em Pointe Noire, na costa, um pouco ao norte de Cabinda, onde aí sim, entrou um bom número de passageiros, sem que o motor fosse desligado. Chegámos, só com seis horas de atraso a Brazzaville!
O hotel, reminiscência do savoir vivre francês nos trópicos, era uma delícia. Fora da cidade, no topo de um morro, uma maravilhosa vista sobre o rio Zaire, enorme, larguíssimo, caudaloso, vendo-se em baixo a cidade e na outra margem a capital do ex Congo Belga, Leopoldville, hoje Kinshasa. Quartos amplos, confortáveis, muito bom gosto, bela sala de jantar, larga varanda em toda a frente sobre o rio... Muito bom.
Sair dali só de taxi. A pé até à cidade não era nenhuma viagem, atravessava-se uma parte de estrada sem casas, só mata, depois a área suburbana e finalmente o centro onde habitualmente se encontram, ou encontravam, os lugares de decisão económica, e além disso, África é quente! A nossa pele, segundo os especialistas e nós mesmo constatamos, aguenta mal o calor, pior ainda quando se tem que aparecer vestido minimamente decente para tratar de negócios. Não necessariamente de casaco e gravata, mas pelo menos que não se esteja coberto de poeira e suor!
Nas andanças pela cidade cruzei-me com um angolano, de Benguela, que eu conhecera no meu primeiro ano de Angola. Espanto mútuo, o que faz você aqui, quando chegou, etc. Ele estava ali refugiado. Perseguido pela famigerada PIDE, trabalhava como locutor da Rádio Brazzaville nas suas emissões em língua portuguesa dirigidas aos povos de Angola, mentalizando-os, incitando-os à luta contra o colonialismo. Já não me lembro, nem um pouco, do seu nome. Só tenho idéia que era bem mais velho do que eu, (uns dez ou quinze anos?) baixinho, entristecido por viver longe da terra de que tanto gostava, apesar de não ter, que me lembre, quase cor alguma nas veias. Tinha, sim, amor à terra. Mas...
Ficou entusiasmado com a minha presença e com a idéia de Angola, a sua terra, ter já uma indústria capaz de exportar. Bebemos umas cervejas e pediu-me para me entrevistar lá na Rádio.
- Com uma condição. Nada de políticas.
- Só quero falar da nossa terra, e mostrar aos angolanos que até temos uma companhia que pode exportar cerveja para aqui. Se eu sinto orgulho disso, penso que todos os angolanos gostarão de saber.
Combinámos os tópicos da conversa e no outro dia lá fui. Meia hora de conversa radiodifundida, sobre Angola. Verdade, verdadinha, fiquei com receio de após o meu regresso a Luanda ser chamado à PIDE. Não fui, mas os gajos não devem ter deixado de vasculhar a minha vida!
Perguntei-lhe se correria algum perigo em atravessar o rio e visitar Leopoldville. Eu era português, vivia em Angola, e do Zaire saíam muitos guerrilheiros para ali combaterem. Podia ir descansado.
Dia seguinte, sábado, cauteloso, desconfiado, e, por que não?, receoso, lá fui. Atravessei aquele imenso e caudaloso rio e, uma vez na outra banda achei que a melhor maneira de visitar a cidade seria de taxi. Foi. O motorista era um sujeito novo, simpático pra caramba, muito prestável.
- Onde o senhor quer ir?
- Eu não conheço nada, nada, de Kinshasa. É a primeira vez que aqui venho, estou de passagem em Brazzaville, e vim fazer um pouco de turismo. Você vai ser o meu cicerone. Leva-me onde quiser, demora o tempo que quiser, e vai-me explicando o que achar que vale a pena.
Olhou para mim com ar de espanto e lá vamos nós beirando o rio, acompanhando a corrente. Via-se na outra margem, altaneiro, o hotel onde eu estava hospedado e, agora do nosso lado, numa imensa fortaleza em posição igualmente altaneira, fortemente guardada por soldados, a residência de sua majestade o dono do Zaire, Joseph Kasavubu.
Muito mal dele falou o motorista! Como todos, tinha esperado que a independência trouxesse uma melhoria generalizada para o povo! Coitado.
Seguimos um pouco por fora da cidade, que como qualquer cidade, em qualquer parte do mundo, pouco tem para mostrar! No regresso, numa praceta no meio dum cruzamento de duas ruas, ou avenidas, dois carros chocados e uma meia dúzia de homens discutindo.
Fomo-nos aproximando e já em cima diz-me o eficiente cicerone:
- Isto é normal. Esta gente conduz de qualquer modo e depois de chocarem saem dos carros e esmurram-se. Mas este acidente é melhor! Um dos carros é de um ministro que está apanhando porrada do outro que não quer saber se ele é ministro!
Deixámos a caricata refrega acesa! No meio dum cruzamento um ministro sai do carro, depois de chocar com um cidadão comum, para reclamar sem razão, só porque se investia na dignidade de ministro, e apanha uns chapadões no focinho! Quem dera que essa moda chegue ao Brasil! Ou a Portugal. Vamos em frente. Voltámos ao ponto de partida. Paguei a corrida, e dei uma boa gratificação ao simpático motorista, africano puro, mas gente muito boa. Gente simples.
Faltava ainda meia hora para o ferry sair de volta a Brazza. Numa praceta perto do cais um vigarista sacava dinheiro aos simplórios que se atreviam a apostar adivinhando onde estava estaria uma moeda escondida debaixo de um de três copos invertidos. Conhecem aquele jogo, não é? O famoso jogo da Laranjinha. O sujeito coloca a moeda debaixo de um dos copos, troca a sua posição com bastante velocidade de um lado para o outro, a gente segue com a vista o copo debaixo do qual ele colocou a moeda, aposta que está lá, mas não está. Não está nunca em lugar nenhum porque aquilo é um truque de mãos e a moeda fica sempre escondida na mão do habilidoso vigarista, que assim, ganha sempre. Rouba sempre. Uns dez ou quinze de volta do vigaristazito, largando algumas notas sempre acompanhadas dum Ooh! de espanto, porque de fato a moeda nunca fica onde todos tinham a certeza que devia estar!
Aproximei-me, já conhecia o truque, e fiquei um pouco a ver e divertir-me a ver aquelas caras quando perdiam! O vigarista quando me viu achou que tinha ali pato mais rico, o único claro no meio de tantos escuros, e insistia para que eu apostasse também. Não. Só ver. Quase a hora da saída do barco, achei então que para despedida, e retribuir um pouco pelo espetáculo que me tinha ocupado os últimos momentos naquela cidade e país, decidi também pagar uma nota para ver. Ainda nem tinha perdido, como todos os outros, quando surge a polícia para prender o vigarista e mais os que estavam jogando! O meu coração bateu com força, tanto mais que não era fácil disfarçar-me sendo o único facilmente diferençável! Aquela gente foi sensacional. Rodearam-me, procurando interpor-se entre mim e os polícias que corriam na nossa direção, e diziam-me:
- Foge, foge depressa!
A uns vinte metros dali havia um café, bar. Eu não podia correr porque ainda mais nas vistas daria. Rabo entre as pernas virei costas e consegui entrar no café, de onde através das janelas podia acompanhar o que se passava. O vigarista apanhado, discutia com a polícia que acabou por levá-lo. Os apostadores e meus protetores mostravam-se satisfeitos por me verem a salvo, e faziam-se sinal para que me mantivesse ali escondido ainda um bocado. Pedi uma cerveja que bebi com a mão trémula e deixei-me ficar até que a vida naquela praça e os batimentos do meu coração voltassem ao normal. Logo que pôde fui para o cais e no primeiro barco voltei para Brazzaville, para o hotel! O susto foi forte!
Ficou-me de Kinshasa a saudade daquela atitude do povo que, parecendo impossível, protegeu o único branco que por ali se tinha arriscado a “jogar” com eles!
Já de volta a Brazzaville, onde reinava a tranqüilidade, a seguir ao jantar no hotel, noite escura, decidi ir dar uma volta a pé. Depois de atravessar aquele pedaço de estrada ou caminho deserto em que me cruzei somente com meia dúzia de pessoas que me ignoraram, cheguei a um cruzamento onde havia uma espécie de bar com boate. Povo. Aproximo-me, o que espanta aquela gente, talvez porque ali nunca tivesse entrado europeu algum, e pergunto se posso entrar e tomar uma cerveja.
- Bien sur! Porquois pas?
Lá dentro, muita conversa e muita dança. Dizer que a dança estava animada seria pleonasmo porque em África dança e música são a vida daquela gente. Em pé, no bar, sob o olhar curioso dos presentes, fui apreciando o ambiente e bebendo devagar a minha cerveja. Não tardou que me viessem perguntar o que eu fazia ali naquele lugar, parecendo perdido.
- Nada.
De fato tudo quanto fazia era passear um pouco. E ver. Ver o que se passava à minha volta. Acabei por dizer quem era, onde vivia, o que estava a fazer no Congo, como era a vida em Angola, e não tardou que tivesse razoável auditório à minha volta. Eu era, naquele meio, a avis rara. Conversámos, bebemos mais uma ou outra cerveja e quando achei que era hora de me ir deitar, a conta estava paga!
Esta era a África que eu conheci e amei.
Como a viagem ainda teve algumas peripécias mais, vamos seguir. Domingo, dez horas da manhã no aeroporto para apanhar o vôo para Pointe Noire.
- O vôo está atrasado, porque só sai depois que chegar o vôo de Paris.
- Quanto tempo de atraso?
Não sabiam. Comprei um livro qualquer e sentei-me ali, a ler e olhar para um pequeno avião de vôo à vela, que descia daqueles céus com uma calma impressionante. Sempre me atraiu o vôo à vela. E nunca fiz!
Encurtando a história, o vôo de Paris chegou com seis horas de atraso! Seis. Deu para ler o livro todo e ainda tive tempo de o oferecer à moça da companhia aérea a quem entretanto perguntei cem vezes se ainda faltava muito para sair!
Finalmente em Pointe Noire a estadia prevista era de dois dias. O suficiente para contatar possíveis clientes, e a saída de regresso a Luanda prevista para quarta-feira seguinte às nove e meia da manhã. O aeroporto era a cinco minutos do hotel, e bastava lá estar com meia hora de antecedência porque normalmente não embarcava vivalma! No dia do regresso saí cedo do hotel para ir comprar alguma recordação para os filhos, já que em Pointe Noire os artigos de importação, sobretudo franceses quase não pagavam direitos alfandegários, e quando voltei bem antes das nove horas o gerente do hotel, aflito:
- Telefonaram do aeroporto a dizer que mudou o horário do vôo e vai sair uma hora mais cedo!
- Meu Deus! Está na hora.
Peguei nas malas e corri para um taxi. Quando este começa a andar, por cima de nós passou o avião! Perdido! Depois de ter esperado seis horas em Luanda e mais seis em Brazzaville, agora perdia o vôo, único semanal, porque adiantaram o horário sem me darem conhecimento! Fiquei com uma raiva...
Esperar uma semana em Pointe Noire, terra de mais ou menos nada... não era programa que me interessasse. Fui procurar saber como sair dali.
- Há sempre carros-tanques de gasoil (óleo diesel) a sair daqui para Cabinda. Procure informar-se ali na Mobil.(O ali era mais ou menos no fim da rua do hotel)
Por sorte ia sair um, que se prontificou a levar-me, avisando que parecendo ser perto, em linha reta talvez menos de cinquenta quilómetros, até à fronteira de Cabinda, a estrada daí para a frente seguia pelo interior, pela floresta, e naquela época, Abril, de muita chuva, o tempo de viagem seria o que fosse! Antes um dia de viagem de caminhão do que uma semana em Pointe Noire.
Lá fomos. Dia seguinte, de manhã, bem cedo, já muitas horas de viagem no lombo, estrada esburacada e conforto de caminhão, já em Cabinda a uns escassos trinta quilómetros de Lândana, a que houve pretensões de chamar Vila Guilherme Capelo em homenagem ao oficial da marinha portuguesa que assinou pelo rei de Portugal o Tratado de Simulambuco, e que já se chamou Cacongo, as chuvas tinham cortado a passagem no meio da floresta.
Carros querendo seguir para o interior, atravessar o lago que se formara, e nós na nossa “margem” sem podermos passar para a costa.
Mas valeu a pena atravessar, mais uma vez a floresta do Maiombe! É uma beleza, imponente.
Agradeci muito a boleia que me deram, arregacei as calças, mala e sapatos na mão, atravessei o lamacento lago e convenci um outro caminhão a regressar a Lândana, onde apanhei um taxi que, voando, me levou a Cabinda. No último minuto, já o avião a fechar as portas, consegui entrar no vôo da DTA para casa. Foi uma odisséia e tanto.
Mas África tinha destas coisas (e muitas outras) que são páginas inesquecíveis da nossa história, e muitas delas, apesar da idade, gostaria de repetir.
Mais ou menos na mesma época, quando proibiram a TAP de sobrevoar países africanos, a primeira solução encontrada foi voar pela Suissair que saía de Leopoldville, hoje Kinshasa, que dali ia direto a Lisboa. Primeiro pela DTA, de Angola, de Luanda a Leopoldville.
Tive que ir a Portugal falar com a administração da Cuca.
A guerra estava brava em Angola e muitas famílias de militares, em missão no interior foram aconselhadas a regressar a Portugal. O avião não ia muito cheio, mas umas quantas jovens mães, todas com filhos muito pequenos.
Uma delas ia com três, irrequietos como todos, e eu “assumi” o controle de um deles, talvez com uns 3 anos, que foi tranquilo, ou no meu colo ou a dormir ao meu lado! Coisa de papai treinado – naquela altura eu já tinha 5 filhos!
Em Leopoldville, fomos aguardar a transferência para o novo vôo no edifício (velho) do aeroporto, muita confusão, e aquelas mamães estavam aflitas. O Congo tinha sido um imenso desastre na sua independência.
Finalmente nos chamaram, eu feito guardião daquelas famílias, quando ao descermos as escadas para ir embarcar, um oficial congolês (zairense), baixinho, cheio de dragonas e condecorações, seguido de uns quantos “às ordens”, ao ver-me passar, perfila-se, em sentido faz-me uma aparatosa continência ao que eu correspondi com um “Olá meu rapaz”, que ele não entendeu, e a partir daí toda a gente abria passagem para o nosso grupo.
As senhoras loucas para saberem como eu conhecia um tão medalhado general zairense. Não sabia, nunca soube, nem consegui saber por que fui tão militarmente saudado!
Só dentro do avião pude confessar a minha ignorância!
E chegámos a Lisboa sãos e salvos!