domingo, 28 de julho de 2013

Do Brasil                                                                                           por Francisco G. de Amorim

Não há mais o que dizer sobre o Papa Francisco. Desde o primeiro momento ele arrasta multidões e ainda ninguém o viu que não estivesse a sorrir ou mesmo a rir às gargalhadas. Nada nele é falso. Tudo é a verdade e a simplicidade. Lindo.

 

Os jovens que vieram ao Rio receberam-no com a mesma alegria contagiante, linda de se ver, mais ainda nesta época quando todo o mundo atravessa genocídios de guerra, de fome, de ostentação e de total desprezo pelo Outro.
O Papa falou de tudo isso, mas o que mais marcou a todos foi o seu sorriso extraordinário, a sua simplicidade, a sua humildade, e a grande mensagem: “Ide, abraçai o Outro, falai-lhe de Jesus e da sua bondade e simplicidade.”
Mais de três milhões de pessoas se juntaram em Copacabana para o ver e ouvir. Um espetáculo para jamais esquecer. E via-se nas suas caras como estavam a receber a bela mensagem.
Talvez tenha começado agora a nascer o futuro do Brasil, porque não tarda estes jovens, que são a esperança, comecem a aplicar esta doutrina, simples, de verdade.
É evidente que as chamadas “altas autoridades” não ouvem nada disto. Não são surdos. São bandidos.
Mas não percamos esta vigorosa esperança que o Para soube incutir nos espírito de quem o quis ouvir.

Paralelamente vêm as desgraças costumeiras e contumazes! A arrogância e inépcia das tais “altas autoridades”.
Basta ler estes dois pequenos artigos para chorar de tristeza, e, infelizmente nos lembrarmos de De Gaulle!


Algazarra do Bem

Por Zuenir Ventura (O Globo, 27/07/2013)

Além dos milagres já anunciados - fazer os brasileiros se apaixonarem por um argentino e, mais, um argentino humilde, alguém conhece outro? - o Papa Francisco está promovendo um espetáculo ao qual nem as nossas mais famosas festas pagãs, o carnaval e o futebol, nem o réveillon, que é meio profano, meio religioso, se equiparam em fervor e alegria natural (sem o estímulo etílico). Levar 500 mil pessoas às areias encharcadas de Copacabana num dia e, no seguinte, o dobro disso para assistirem a demoradas cerimónias religiosas debaixo de uma chuva cortante e sob um frio desconhecido, que parece ter sido trazido na mochila dos peregrinos noruegueses é um feito inédito. Ele atribuiu à força da fé essas multidões molhadas para vê-lo, ouvi-lo e, quando possível, tocá-lo. De fato, tirar as pessoas de casa ou dos alojamentos para enfrentar um trânsito caótico que não poupou nem o Sumo Pontífice na chegada, suportar pane do metro e falta de ônibus, entrar em filas intermináveis para obter senhas, acordar de madrugada, aguentar enfim estoicamente a indesculpável desorganização
de um evento previsto há meses, só mesmo por milagre. Bote fé nisso!
"Sempre ouvi dizer que os cariocas não gostam do frio e da chuva, mas vocês estão mostrando que a fé é mais forte que o frio e a chuva”; ele discursou ontem na comunidade de Manguinhos.
Por modéstia, não acrescentou que, tanto quanto a fé, há o seu carisma e incrível capacidade de mobilizar as massas, empolgá-las e seduzi-las com palavras e gestos, graça e humor. E a resistência física? Enquanto o acompanhava pela TV a Missa da Acolhida em Copacabana, que demorou até a noite, tive que levantar para ir ao banheiro umas duas vezes, e ele lá, após um dia exaustivo, ouvindo e falando, falando e ouvindo durante horas, sem tomar um copo d'água e, pior, sem poder dizer: "Um instantinho que vou lá dentro e volto já." Representante de Deus na Terra, ele com certeza não está submetido às necessidades terrenas de reles pecadores como eu.
Outro destaque. Nesse espetáculo em que Francisco é o protagonista, há um ator ao mesmo
tempo personagem e plateia: os peregrinos daqui e de fora. Temia-se que essa invasão de forasteiros da Jornada Mundial da Juventude tumultuasse o Rio, o que levou muita gente a
sair da cidade. Eu mesmo pensei em fazer isso.
Pois esses jovens barulhentos e vibrantes, cantando e pulando pelas ruas, em vez de tumulto,
promoveram uma pacífica algazarra do bem.

ENSINANDO A REZAR

A presidente Dilma Rousseff tenta pegar carona com a visita do papa ao mostrar o governo petista como protagonista de uma cruzada global contra a miséria

Daniel Pereira  (Revista VEJA)

O ex-presidente Lula já quis dar lições aos Estados Unidos sobre o funcionamento do capitalismo.
A presidente Dilma Rousseff, em visita à Alemanha, também usou um tom professoral para tutorar a
primeira-ministra Angela Merkel sobre como tirar a Europa da crise económica.
Em bom português, esses acessos de empáfia vazia que beiram a insanidade são chamados de  tentativas de "ensinar o pai-nosso ao vigário". Por pouco, mas só por pouco mesmo, o papa Francisco
se livrou de voltar para o Vaticano com uma lista de lições de casa passadas por sua anfitriã no Brasil. Dilma não ensinou o papa a rezar, mas não escapou do ridículo ao propor a Francisco, como se ele fosse um reles diretor de ONG, uma parceria em que o papel dele seria espalhar pelo mundo as "experiências brasileiras de combate à miséria". O santo padre, pelo menos, conseguiu disfarçar seu constrangimento. Logo ele, um jesuíta, ordem lendária por espalhar pelos quatro cantos do mundo os ensinamentos de Cristo, convocado para pregar o petismo eleitoreiro. Ainda bem para o Brasil que ninguém lembrou que o petista José Graziano, diretor-geral da FAO, órgão das Nações Unidas para assuntos de alimentação, já espalha essas "experiências brasileiras" mundo afora - a última foi aconselhar os miseráveis famintos a comer gafanhoto, formiga e outros insetos. É uma vergonha para
Brasil. E para a FAO, que, nos anos 60, quando privada das geniais ideias petistas, teve de se contentar em, com a ajuda do agrónomo americano Norman Borlaug, fazer a "revolução verde", que
salvou a vida de l bilhão de famintos.
Mas o que é isso em comparação com um bom prato de alta gastronomia insetívora preparado pelo chef Graziano, não é mesmo?


28/07/2013

sexta-feira, 26 de julho de 2013



El Fin del Mundo


Até 1434 o mundo acabava para além do Cabo Bojador! E foi precisa muita coragem e saber para enfrentar esse fim do mundo! Sem pararem, os portugueses passaram “além” de todos os fins do mundo, o Cabo das Agulhas, a Taprobana, Timor, Austrália, Tasmânia, Nova Zelândia, para Leste, Oriente, enquanto para o Ocidente João Fernandes Labrador chegava ao Norte da América, Cabral ao Sul e Fernão de Magalhães abria a rota da circunavegação. Passando lá quase no fim da América.
Três séculos mais tarde Fitzroy atravessou duas vezes o canal que hoje leva o nome do barco em que viajou. O “Beagle”, e chamou áquela região Terra Del Fuego.
E é no Canal de Beagle que se encontra a cidade mais autral do mundo: Ushuaia! Onde orgulhosamente se informa que ali é el fin del mundo!


Os primeiros europeus que ali se instalaram foram ingleses, cientistas, até que um dia, bem no final do século XIX a Argentina se lembrou de afirmar que a terra era deles, o que, à moda dos gentlemen (esqueçam as Falklands/Malvinas) os ingleses acharam muito bem.
Mas era necessário ocupar, colonizar a região, e a idéia foi ali montar uma prisão de segurança máxima, como Alcatraz ou Ilha do Diabo; iniciada em 1898 ficou pronta em 1920, e encerrada em 1947. E assim nasce a cidade, num clima gélido, donde os prisioneiros não tinham como fugir. Consta na história que só um de lá saíu e nunca mais ninguém o viu!
(Também lá padeci um quanto tempo, como se pode ver pelos “documentos” abaixo, até obter a sempre almejada liberdade!)

Na triste e gélida cela
Tentativa de fuga infrutífera

Por fim... a liberdade

Deixemos a minha “triste” história e voltemos a Ushuaia. Cidade pequena, no Canal de Beagle, na margem norte, em frente território chileno, uns 90.000 habitantes, e rodeada de morros – o final dos Andes – paraíso do esquiadores... quando a neve cai em abundância, o que não se verificou este ano.
Quem sempre aproveita mais são os netos

Na semana anterior à nossa chegada a temperatura muito tempo em até em 18° em pleno inverno, quando esta é a temperatura do verão! O aquecimento global não perdoa a ninguém.
Naquelas águas gélidas pescam a Merluza Negra (Dissostichus eleginoides) um dos peixes mais saborosos que já comi, incluindo a maravilhosa garoupa das pedras de Angola, e que, infelizmente, como tantas outras espécies, começa a ver a sua extinção a aproximar-se com a pesca ilegal.
A filha - Joana - que foi pescar a Merluza

Outra especialidade é o Cordero Fueguino. Cada dose servida dá para uns quatro, mas como insistem em cobrar por cabeça, o paciente vê-se obrigado a comer alarvemente e depois levar dez horas para digerir. Mas que é uma delícia ninguém o pode negar.
Do vinho pouco há a dizer já que por todo o lado, tanto faz que seja Malbec, Carmenere, Cabernet Sauvignon ou brancos como Chardonay ou Torrientes, ninguém pode reclamar. A não ser para pedir mais.
Vale a pena uma visita a este Fin del Mundo, apesar de estar ainda sob a égide da cretina (pronuncia fuegina para a madama presidenta daquela gente) que com com seu defunto esposo tanto têm feito para desvalorizar um país que tanto já valeu, e ainda vale.
Mais agora com o grande papa argentino que, milagre, conquistou o coração dos brasileiros e de todo o mundo. Até os de lá del Fin!

25/07/2013




terça-feira, 23 de julho de 2013




Pasmem, ó gentes! Nada mais surpreende nesta terra que foi da Vera Cruz! O assalto é generalizado, banalizado, oficializado, acintoso, aceite, e o povo sai às ruas para pedir uma diminuição de $20 – vinte centavos – no custo das passagens de ônibus!
Quando acabarem de ler o texto abaixo, saido hoje no jornal “O Globo”, vão ver que a pilantrada não está só no governo, nas câmaras/congresso, estados, autarquias, polícia, serviços públicos, mas também, e ferozmente instalado, nos tribunais.
Os chineses ainda não explicaram que só se chegará ao tal futuro com o povo culto, mas essa educação/cultura não se faz dum dia para o outro. São cem – 100 – anos! Há muito os ingleses também diziam que para fazer um gentleman eram necessárias quaro gerações.
E por aqui?
A agro pecuária vai dando para tudo. Mas... até quando?


Eles estão de brincadeira

Por MARCO ANTÓNIO VILLA



No já histórico junho de 2013, as ruas foram ocupadas pe­los cidadãos. Foi um grito contra tudo que está aí. Con­tra os corruptos, contra os gastos abusi­vos da Copa do Mundo, contra a impu­nidade, contra a péssima gestão dos serviços públicos, contra a violência, contra os partidos políticos.
Dois poderes acabaram concentran­do a indignação popular: o Executivo e o Legislativo. Contudo, o Judiciário de­ve ser acrescido às vinhas da ira.
Neste mesmo espaço, em 13 de de­zembro de 2011, escrevi um artigo ("Triste Judiciário") tratando do Superi­or Tribunal de Justiça, o autointitulado tribunal da cidadania.
Um ano e meio depois resolvi consul­tar o site do tribunal (www.stj.jus.br) para ver se tinha ocorrido alguma mo­dificação nas mazelas que apontei. Para minha surpresa, tudo continua absolu­tamente igual ou, em alguns casos, pior.
Busquei inicialmente o número de cargos. Vi uma boa notícia. Eram 2.741 em 2012 e em 2013 tinha diminuído pa­ra.... 2.740. Um funcionário a menos pode não ser nada, mas já é um avanço para os padrões brasileiros. Porém, ao consultar as funções de confiança, ob­servei que nos mesmos anos tinham saltado de 1.448 para 1.517.
Fui pesquisar a folha dos funcionários terceirizados. São 98 páginas. Mais de 1.550 funcionários! E tem de tudo um pouco. São 33 garçons e 56 copeiras. Afinal, suas excelências têm um traba­lho desgastante e precisam repor as energias. No STJ ninguém gosta de es­cadas. É a mais pura verdade. São 34 as­censoristas: haja elevadores! Só de vigi­lantes - terceirizados, registre-se - são 264. Por ironia, a empresa contrata­da chama-se Esparta. E se somarmos os terceirizados mais os efetivos, teremos muito mais dos que os 300 espartanos que acompanharam Leônidas até as Termópilas, longe, evidentemente, de comparar suas excelências com o hero­ísmo dos lacedemônios.
Resolvi consultar a folha de paga­mentos de junho. Fiquei só na letra A. Não por preguiça. É que preciso traba­lhar para pagar os impostos que susten­tam os salários das suas excelências.
Será que o tribunal foi isento da aplicação do teto constitucional? Dos cinco ministros que abrem a lista, to­dos recebem salários acima do que é permitido legalmente.
Vamos aos números: António Carlos Ferreira recebeu R$ 59.006,92; António Herman de Vasconcelos e Benjamin, R$ 36.251,77; Ari Pargendler, R$ 39.251,77; Arnaldo Esteves Lima, R$ 39.183,96; e Assusete Dumont Reis Ma­galhães, R$ 39.183,96. Da lista completa dos ministros, a bem da verdade, o re­cordista em junho é José de Castro Meira com o módico salário de R$ 63.520,10. Os ministros aposentados também recebem acima do teto. Paulo Medina, que foi aposentado em meio a acusações gravíssimas, recebeu R$ 29.472,49.
O STJ revogou o artigo 5° da Consti­tuição? Ou alterou a redação para: "To­dos são iguais perante a lei, sem distin­ção de qualquer natureza, exceto os mi­nistros do STT?”
O tribunal é pródigo, com o nosso di­nheiro, claro. Através do que chama de aviso de desfazimento, faz doações. Só em 2013 foram doados dezenas de veí­culos supostamente em estado "anti-econômico." Assim como refrigeradores, mobiliário, televisores e material de in­formática. É o STJ da felicidade. Tam­bém, numerário não falta. Para 2013 o orçamento é de l bilhão de reais. E esta­mos falando apenas de um tribunal. Só para pagamento de pessoal e de encargos sociais estão alceados 700 milhões. Sempre pródiga, a direção do STJ reser­vou para a contribuição patronal da se­guridade social dos seus servidores a módica quantia de 100 milhões (mais que necessário, pois há servidores inati-vos recebendo R$ 28.000,00, e pensio­nistas com R$ 35.000,00).
O tribunal tem 166 veículos (dos quais 20 são ônibus). Por que tantos ve­ículos? São necessários para o trabalho dos ministros? Os gastos nababescos são uma triste característica do STJ. Só de auxílio-alimentação serão destina­dos R$ 24.360.000,00; para assistência médica aos ministros e servidores fo­ram previstos R$ 75.797.360,00; e à as­sistência pré-escolar foram alceados R$ 4.604.688,00. À simples implantação de um sistema de informação jurisdicional foi destinada a fabulosa quantia de R$ 22.054.920,00. E, suprema ironia, para comunicação e divulgação institucio­nal, o STJ vai destinar este ano R$ 14.540.000,00.
A máquina do tribunal tem de funcio­nar. E comprar. Em um edital (e só con­sultei os meses de junho e julho) foram adquiridos 1.224 copos. Noutro, por R$ 11.489,00, foi contratada uma empresa de eventos musicais. Estranhamente fo­ram adquiridos 180 blocos para receitu­ário médico, 50 blocos para ficha odontológica e 60 pacotes - cada um com 100 unidades - de papel grau cirúrgico (é um tribunal ou um hospital?).
É difícil entender a aquisição de 115 luminárias de uma só vez, a menos que o prédio do tribunal estivesse às escu­ras. Pensando na limpeza dos veículos foram adquiridas em julho 70 latas de cera para polimento. Tapetes personali­zados (o que é um tapete personaliza­do?) custaram R$ 10.715,00 e de uma vez compraram 31 estiletes.
Não entendi, sinceramente, a razão de adquirir 3.360 frascos de 1.000 ml ca­da de álcool. E o cronometro digital a R$ 1.690,00? Mas, como ninguém é de fer­ro, foi contratada para prestar serviço ao STJ a International Stress Manegement Association.
Mas, leitor, fique tranquilo. O STJ tem "gestão estratégica" De acordo com o site, o tribunal "concentra esforços na otimização dos processos de trabalho e na gestão da qualidade, como práticas vol­tadas à melhoria da performance insti­tucional e consequentemente satisfa­ção da sociedade! Satisfação da socie­dade? Estão de brincadeira.

Marco António Villa é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos (SP)


23/07/2012

quarta-feira, 10 de julho de 2013


 

São muitos os contos tradicionais africanos, donde sempre se pode tirar uma lição. Muitas das vezes a principal lição é a da esperteza! O sujeito mais vivo é quem leva a melhor.
O primeiro conto é do livro Quilandoquilo do grande escritor Angolano Óscar Ribas, uma das maiores figuras de Angola de todos os tempos.
O segundo foi encontrado em Janeiro de 2000 na Internet e não indica o nome do autor.

 - 1 -
A senhora Maria era exigente na aceitação do homem que a desposaria. Diversos pretendentes se lhe declararam, mas nenhum logrou sua simpatia. Para a senhora Maria, todos eram desprezí­veis, sem envergadura física. Em sua ambição, só um a interessava: - o senhor Elefante. Esse, sim, esse é que lhe convinha. Grande, imponente, ninguém ousaria desrespeitá-lo.
Vivia a senhora Maria nessa ansiedade, quando o senhor Elefante se lhe apresenta por sua vez. Cheia de satisfação, respon­deu-lhe :
- Sim, aceito-te para marido, só tu me agradas pela tua corpulência!
Dias volvidos, o senhor Sapo aparece em casa da senhora Maria, para mulher também a queria.        
- Tu, Sapo, é que me vens pretender? Não sabes que aceitei o senhor Elefante, o teu superior? Então tu, assim tão insignifi­cante, nem sequer lhe tens respeito? - Amesquinhou-se a senhora Maria.
Desdenhosamente, o senhor Sapo retorquiu-lhe:
- Respeito?! Ele é o meu cavalo!... Monto-o quando me apetece!...- E gargalhou zombeteiramente.
Como as mulheres não guardam segredo, a senhora Maria contou ao senhor Elefante a prosápia do senhor Sapo. Furioso, o senhor Elefante saiu à cata do senhor Sapo. Encontrou-o numa lagoa, gostosamente cantando sua cantiga.
- Xe, salta cá para fora, preciso de falar contigo! Depressa! - Intimou-o o senhor Elefante.
O senhor Sapo não se amedrontou.
- Fale com calma, tio! Então que coisa, é essa de berrar comigo em minha casa?- Volveu-lhe o senhor Sapo, vagarosa­mente saindo da água.
- Vem comigo, vais repetir à senhora Maria o que lhe disseste a meu respeito!
Puseram-se a caminho. O senhor Sapo, dificilmente acompa­nhando as passadas do senhor Elefante, propõe-lhe:
- Como vês, tio, ando devagar. Para chegarmos depressa, deixa-me agarrar-me ao teu rabo.
O senhor Elefante assentiu. E o senhor Sapo lá se segurou à cauda do companheiro.
A certa distância, queixou-se:
- Tio, estou a escorregar, sou capaz de cair. Deixa-me subir um pouco mais acima!...
O senhor Elefante anuiu de novo. E o senhor Sapo avançou até ao lombo.
- Pára um pouco, tio, está um galho a bater-me na vista, - pediu mais adiante, num sitio coberto de árvores.
O senhor Elefante fez-lhe a vontade. E o senhor Sapo cortou uma haste.
Quando a senhora Maria os viu - o senhor Sapo, de vergasta na mão, montado sobre o senhor Elefante – desgostosamente excalamou:
Agora acredito no que o senhor Sapo me disse! Tu, afinal, senhor Elefante, és mesmo o cavalo dele! Já não te quero !
E o senhor Sapo ficou sendo o marido da senhora Maria.

Velho Mene-Malakaze

Era uma vez, um velho chamado Mene-Malakaze e sua esposa Khengue tinha uma filha chamada Manzalele. Ela eramuito bonita e a partir dos seus desasseis anos anos, começou a criar confusão entre os mocos da sua aldeia e das aldeias vizinhas. Tinha muitos pretendentes, mas como o velho Malakaze, seu pai, lhe havia ordenado para não aceitar qualquer proposta de casamento, sem que tivesse completado vinte anos de idade, não passava bola a ninguém.
No vigesimo aniversário natalício da  Manzalele, Mene-Malakaze chamou Khengue, sua esposa, e perguntou-lhe:
- Tu tens ouvido as lutas que tem havido entre os moços desta causa da nossa filha? . .
- Sim, meu marido - respondeu a esposa.
- Isto quer dizer que a nossa filha é a mais linda, de todas as garotas desta área...
A Senhora Khengue ficou alguns instantes sem dizer um nem dois e, de repente, perguntou:      
- Velho Malakaze! Que tipo de negocio tencionas fazer com a nossa filha?
- Negocio, não! - respondeu o velho. Sabes como o rio onde buscamos água fica muito longe daqui, vamos exigir água permanente ao nosso futuro genro. Pôr água aquié a condição indispensável para quem quiser ser marido da nossa filha.                      .
Depois de alguns minutos de silencio, o velho precisou:
- Ao moço que quiser ser marido da minha filha vou pedir para trazer-me aqui uma porção do rio para nunca mais andarmos os vinte quilómetros à procura de água.
- A velhice está a estrambelhar-te o miolo. Achas que ha alguém que possa, fazer isso? - interrogou-lhe a esposa, um tanto nervosa.
- Bom, para ti tudo é impossível, mas para os espertos, não. Se a nossa filha tiver sorte e, com a sua beleza, certamente vai encontrar um moço esperto que vai fazer tudo por pôr-nos água    aqui  -respondeu o velho.
Assim, a todos os moços que foram pretender Manzelele, o velho exigia, insistentemente, a porção do rio. Mas por essa uma ser uma exigência impossível, quase todos acabavam por desistir da pretensão sua de casar com a moça.
Finalmente apareceu um moço que disse chamar-se Kudimuka (esperteza) a quem o velho fez a mesma exigência. Por sua vez, Kudimika pediu ao velho para que colocasse à sua disposição uma enxada, pá e picareta e também um moço para lhe mostrar o rio.
O velho, todo satisfeito, preparou o material e o moço que serviria de guia do futuro genro.
Por volta das dezoito horas, Kudimuka enviou o moço ao futuro sogro, com o seguinte recado: "Vais ao velho e diz-lhe que já cortei o pedaço do rio e que ele prepare uma rodilha feita defumo para eu poder pôr a porção do rio no cabeça".
Quando o velho recebeu o recado, ficou surpreendido e disse consigo mesmo: "Esse Kudimuka e mesmo esperto. A minha, exigência foi muito absurda".
Depois virou para o portador do recado e ordenou-lhe: "Vai imediatamente, ao rio e diga ao Kudimuka para vir".
Logo que Kudimuka chegou, o velho pôs-se de pé e abraçou-o efusivamente. Em seguida, disse-lhe: "A partir de hoje, Manzelele, minha filha, é tua esposa. Não precisas dar-me mais nada, porque eu apenas estava à procura de um rapaz esperto que fosse marido da minha filha".


10/07/2013

quinta-feira, 4 de julho de 2013



O Voo do

Presidente da Bolívia


A paranóia anda solta. O medo impera. O Tio Sam manda e os babacas obedecem.
Esta invasão de “terra alheia” (o avião) e detenção do Presidente de um país, seja ele quem for, é uma mancada sem tamanho.
Posso não achar muita graça ao sr. Evo Morales, sobretudo pela sua idiota submissão ao cadáver Chavez, e pelos disparates administrativos que tem feito.
Mas apreenderem o avião de um Presidente é pior que vergonha. Uma afronta. Quase uma declaração de guerra.
Gostaria de ver se fosse o avião do Putin ou do premier chinês Li Keqiang, se alguém se atreveria a impedir o seu voo e desviá-lo para ser inspecionado!
O ato, por ordem dos paranóicos americanos e seus sabujos europeus, no qual lamento ainda mais que Portugal tenha entrado de alegre, é um autêntico ato de terrorismo internacional e de covardia.
Também lamento que o Presidente da Bolívia não tenha mandado o avião seguir em frente. Quem se atreveria a abater o avião?
Pena ainda que ele não tivesse desviado e alterado a rota via Grécia ou norte de África, e até anunciasse que quem ele levava a bordo não era da conta de mais ninguém.
Será que os Marines americanos, ajudados pelo idiota François Hollande iriam invadir a Bolívia à procura do famoso, mais que famoso, Snowden?
Como é evidente os países latino americanos repudiaram vivamente esse ato, e se os americanos já não são personas gratas em quase todo o mundo, atitudes como estas acabam por dar razão ao cadáver Chavez e seu mestre Fidel.
A estas horas já devia estar em La Paz o secretário John Kerry, em cuecas, humilde (que ele não é), a pedir desculpas na praça pública ao povo bolivariano.
Mais uma ferida que vai levar tempo a sarar, se... sarar.
A estupidez e o medo é aonde levam.


04/07/2013

.




Casamento


Dia de casamento é dia de festa. Todos, sobretudo noivos, padrinhos e futuros sogros de ambos os lados gastam por vezes o que não têm para aparecerem “lindos”.
E convidam-se amigos, colegas, clientes e gente “importante”, para que a festa seja um sucesso.
As noivas levam meses a prepararem-se: como fazer o cabelo, a maquilhagem, e acima de tudo, a escolha do vestido! Ah! O vestido de casamento tem que ser de arromba.
Sempre foi assim e a moda não se vislumbra que mude.
Mas os vestidos... Alguns, modernos, modernissimos, já levam as pernas todas de fora, o pouco que sobra cheio de folhos e rendas, e o decote, esse então é para ninguém ficar imaginando como serão os seios da noiva, porque ela faz questão de os exibir generosamente. E tudo isto por uma fortuna!
O noivo esgueira-se dentro dum trage “a rigor”, não mostra nada, até porque na modernidade o que tinha que mostrar à noiva já ela conhece muito bem. E vice versa.
Mas o que vai toda aquela gente festejar? A festa, o comer e beber do bom e do melhor e à borla, talvez aproveitar uma musiquinha para dar uma pé de valsa, bater palmas quando a noiva jogar o buquê de flores, e no fim, ao sair, comentar, homens e mulheres, com toda a tranquilidade, “como a noiva estava bonita”, “o noivo também não estava nada mal”, e o “serviço magnífico”.
Que mundanice. Que pobreza. E quanto mais rico for o festival, mais pobre de essência.
Festeja-se o mundanismo, os vestidos, a comida, a beleza ou feiura desta ou daquele, o vestido horrível que a sicrana levou – que mau gosto, que horror – e ninguém mais se importa com os noivos.
Poucos, raros infelizmente, se dão conta de que a festa é pelo nascimento duma nova família que começa a formar-se. Um novo núcleo base da sociedade humana. Aquilo que Deus disse crescei e multiplicai-vos.
E quantas vezes já se antevê que o casamento é só fogo de vista e que não vai durar! Não tarda a que um ou outro, ou ambos, comecem a trocar de parceiro, e a família, o mais importante de tudo que possa existir sobre este planeta... que se dane.
A festa foi bonita, exibiu-se o poder financeiro das famílias dos noivos e, se o casamento não for religioso, quantos se vão lembrar de pedir ao Senhor pela felicidade da nova família. Quantos vão levantar uma prece para que a felicidade não os abandone jamais?
Confunde-se hoje casamento com liberdade sexual. A semântica, o valor das palvras é, por covardia dos políticos, jogada no lixo.
Como afirmou o Papa Francisco, não somos todos iguais, e há que respeitar as diferenças. Mas casamento, palavra do latim medieval, significa inequivocamente o ato solene de união entre duas pessoas de sexos diferentes. Tudo o mais podem ser contratos civis ou financeiros.
Ainda voltando a usar palavras do Papa Francisco:
“Não se trata de uma questão de mera terminologia ou de convenções formais de uma relação privada, mas de um vínculo de natureza antropológica. A essência do ser humano tende à união do homem e mulher com realização, atenção e cuidado recíprocos, e como caminho natural para a procriação. Isto confere ao matrimónio transcendência social e caráter público. O matrimónio precede o Estado, é a base da família, célula da sociedade, anterior a toda a legislação e anterior à própria igreja.
Com que poder os homens se permitem agora alterar as leis da natureza? Quem lhes confiou essa tarefa, que só pode ser divina?
Quando o homem quer brincar de deus a única coisa que consegue é destruir. Nada suplanta a natureza, e não são as leis humanas, sempre baseadas em interesses, que podem alterar as leis imutáveis e eternas da natureza.
Vamos – eternamente? – continuar a assistir a interesses egoistas destruirem o que a natureza criou em tantos milhões de anos?
E, ainda por cima, hipocritamente, com leis?
Se já, em muito lugar, se legalizou o aborto, para que a pouca vergonha corra solta, o que falta?
Se todas as mães do mundo tivessem entrado nesta modernidade assassina e querido abortar... o que seria do mundo?
Por este caminhar chegaremos à anarquia total, ou ao fim.


02/07/2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Os Terroristas ou Fundamentalistas



Os Terroristas ou Fundamentalistas


Há dez anos, em 2003, escrevi uns textos em que fiz um passeio por intelectuais, pensadores, cientistas, e terminei na engenharia. Nesse tempo ainda não se falava muito em terroristas, ou fundamentalistas, baderneiros, vândalos, e outros execrandos similares, uma vez que estes pertencem, TODOS, a uma classe que se pode definir como covardes ou medrosos.
Covardes ou medrosos são a mesma coisa. O covarde sabuja os mais fortes e quando pode ataca-os pelas costas, como Brutus fez a Julio César, ou aos indefesos, como fazem os ataques dos fundamentalistas na Nigéria, Sudão e até no Egito onde querem acabar com os cristãos. Tudo por medo. Medo de olharem nos olhos do irmão que não pensa como eles. Porque têm medo de os enfrentar face a face.
Já não é necessário que o enfrentamento seja em guerras, mas basta o olhar de um simples, para que os covardes desviem a cara e procurem vingar-se na covardia.
O Brasil, FINALMENTE, despertou para o desastre que os PTralhas vinham fazendo há mais de dez anos, e o povo abriu os olhos e levantou-se.
Como é evidente, no meio dos que que se manifestavam contra o desmando dos (des)governos, surgiram algumas centenas de covardes. Os baderneiros, os vândalos, os que aproveitam a confusão para se vingarem de si próprios, incapazes de lutarem pelo bem comum, mas somente por interesses escusos ou por paranóia destrutiva.
O excelso ex-atual presidento, a quem o povo já chamou de nosso guia (que de acordo com as instruções da madama dona presidente deveria chamar-se o nosso guio – porque ela acha que é necessário separar o masculino do feminino nas gramáticas governantes), apanhado de surpresa pelas manifestações contra o descalabro por ele iniciado – e continuado – fechou-se no instituto com o seu nome e começou com reuniões, à porta fechada, com as zelites da baderna: jovens do PCdoB, do MST, da UNE (que ele comprou) e outras fundamentalistas, porque não aceitam perder o generoso puleiro a que se alcandoraram. E o guio foi claro nas instruções que lhes deu: “misturem-se às manifestações - que deveriam ser pacíficas - e desmoralisem o movimento, porque o que se está passando é obra da direita!”
O honorabilissimus presidentus, ignorante mas vivaço, demasiado vivaço, ainda não aprendeu, apesar de tantas honorificações universitárias, que não há mais esquerda nem direita a não ser quando os sargentos ensinam os recrutas a marchar.
Mas ele quis referir-se aos ricos! As zelites! Hoje, milionário, bem como toda a família, vivendo de várias aposentadorias generosas e como garoto propaganda das grandes empresas brasileiras de construção, viajando e sendo pago por estas para obter obras de grande envergadura em países sul americanos e africanos, ainda não conseguiu outro “chavão” que não seja a luta contra as zelites de que ele é a própria encarnação.
E vá de estimular esses jovens pseudo-esquerdistas a desmoralisarem as manifestações, inclusive com atos de vandalismo em que são especialisados.
O movimento, como todos os movimentos começou pela indignação do preço e das condições dos transportes públicos. Mas logo o povo entendeu que estava na hora de exigir mais.
Em dez anos o des-governo só aplicou na área da saúde 39,3% do que foi orçado, 48,6% em saneamento, 61,3% em educação e 60,5% em transportes. O resto do dinheiro... sumiu. Evaporou-se!
Na saúde o orçado foi de 50,6 bilhões e aplicaram-se 39,3%; sobraram 30,71 bilhões. Do saneamento  8,58 bi, da educação 20,63 bi, e dos transportes 46,81 bi.
Só nestes quatro campos, vitais para o desenvolvimento do país
sumiram  103,73 bilhões de reais.
É muito, muito, dinheiro que foi desviado para os bolsos e cuecas da canalha na qual se inclui o honorabilissimus e seus diletos filhos, noras e outros familiares.
O descalabro é imenso. O ataque à res publica é descarado e tem sido impune.
E o des-governo enrola, mente, através da “compra” dos orgãos de informação, com destaque para as emissoras de TV como se pode ver pelo quadro abaixo.
Só em 2012 o gasto com publicidade, (publicidade para que? Para se elegerem!) alcançou a verba de
R$ 1.126.049.908,98
Um bilhão cento e vinte seis milhões, quarenta e nove mil novecentos e oito reais
e mais um trocadinho!
Em doze anos “foram-se” mais de dez trilhões!!! Ninguém vai acreditar nisto!

(Clicar na imagem para aumentar)

Perdeu-se tudo: a vergonha, a decência, a ética há muito que foi riscada do vocabulário, e ganhou-se em impunidade e descaramento.
Serão do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Joaquim Barbosa, as seguintes afirmações:

"Somos o único caso de democracia no mundo em que condenados
por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.
Somos o único caso de democracia no mundo em que as decisões do Supremo Tribunal
podem ser mudadas por condenados.
Somos o único caso de democracia no mundo em que deputados após condenados
assumem cargos e afrontam o Judiciário.
Somos o único caso de democracia no mundo em que é possível que condenados
façam seus habeas corpus, ou legislem para mudar a lei e serem libertos".

O povo parece estar a acordar, mas o caminho será ainda muito longo, sobretudo se os terroristas que se apropriaram do país continuarem o desmando que bem lhes apetecer.
A solução primária é o voto. Mas aqui é ainda tão fácil comprá-lo!


01/07/2013