terça-feira, 28 de abril de 2015



Gundemaro


Lembro perfeitamente. Era mesmo Gundemaro o nome dele. Eu não teria nem dez anos e volta e meia um homem, bem velhote, cabelinho todo muito branco, andar um pouco curvado, ar humilde, aparecia lá em Sintra, em casa de meu avô. Era o Gundemaro. Quando ouvíamos o nome dele, todos nós, irmãos, tínhamos que sair de perto, para rir.
Aos nossos olhos de crianças, era bem velho. Bem como o nosso avô que naquela ocasião teria quase oitenta anos, e ele passava-lhe uns quantos.
Não sabíamos sobre o que o tal Gundemaro ia falar com o avô, nem ficávamos por perto, até que um dia, estimulado pelos irmãos, que me cutucavam – vai perguntar ao avô se ele é alemão; não vou nada, vai sim – enchi o peito de vento e de coragem e fui perguntar como era mesmo o nome dele, porque jamais aos nossos ouvidos havia chegado tal nome, nem éramos capazes de o pronunciar corretamente.
- O nome deste senhor é mesmo Gundemaro, porque?
- Que nome tão esquisito. Ele é alemão?
- Conheço-o há muitos anos, mas creio que nem ele sabe bem onde nasceu. Mas deve ter nascido em Portugal. Foi criado num orfanato, lá se fez homem e um ótimo marceneiro. A verdade é que Gundemaro é o nome dum rei visigodo de há mais de 1300 anos.
- Ó avô, quem eram os visigodos?
- Foi um povo que veio lá dos lados da Alemanha, a seguir aos romanos e governaram toda a península, o que hoje é Portugal e Espanha.
- ?!?!?! Foi o pai dele que lhe pôs esse nome?
- Deve ter sido, mas nunca lho perguntei. É o melhor marceneiro que eu conheci.
Levei a conclusão das minhas investigações para os irmãos e ficámos todos admirados sobre os conhecimentos do avô, nós que nunca tínhamos ouvido falar em visigodos, nem romanos, e mil e trezentos anos era coisa que as nossas cabeças não tinham capacidade para imaginar o tanto que seria, e muito mais curiosos ainda a pensar que o senhor Gundemaro poderia ser um príncipe. Afinal tinha nome de rei.
Aquilo era um mistério, e crianças adoram mistérios, reis, príncipes, guerras, selva com Tarzan, caubóis, polícias e ladrões, essas “aventuras” que vivíamos no nosso tempo da quase pedra lascada sem internet e joguinhos nos telefones.
Telefones? Lá na Quinta em Sintra tinha telefone, sim. Número: Sintra 98. Levantava-se o auscultador, rodava-se uma manivela, atendia uma simpática voz feminina e nós dizíamos (nós não, porque criança não falava no telefone): “Menina, liga-me a Oeiras 20” – “Pode desligar que eu chamo quando completar a ligação.” Maravilha de tecnologia.
- Quando ele voltar aqui nós vamos-lhe perguntar onde nasceu e quem lhe pôs o nome, mas sem o avô perceber, porque se não vamos todos de castigo. Ainda por cima o senhor está muito velhinho. E temos que decorar o nome dele e dos avós, os visigodos. VI–SI–GO–DOS! Não esqueçam
Passam alguns dias, ou semanas, nós sempre a repetirmos – gundemaro, visigodos, gundemaro, visigodos – lá aparece ao portão da quinta aquela figura simpática. Um de nós correu para o abrir. Antes de irmos avisar o avô que ele tinha chegado, convidámo-lo a sentar-se numa das cadeiras que sempre ficavam na entrada, fora de casa:
- Sente-se um pouco, o senhor deve estar cansado.
- Muito obrigado. Os meninos são muito simpáticos.
Nós, meio envergonhados, não queríamos perder a ocasião de fazer as nossas pesquisas.
- Sabe que nós temos dificuldade em dizer o seu nome? – atrevi-me.
Sorriu e respondeu
- É um pouco estranho, mas foi assim que meu pai me chamou. GUNDEMARO. A minha mãe morreu logo a seguir a eu ter nascido, e o pai que trabalhava numa mina morreu também tinha eu só quatro anos e mais nenhuma família. Como não tinha mais ninguém, puseram-me num orfanato, de modo que nunca cheguei a poder perguntar a origem do meu nome. Dizem que tem origem alemã, mas nada sei.
- O avô diz que é nome dum rei dos visigodos. – e olhei de lado para os irmãos para me certificar de que tinha dito tudo certo.
- É sim, mas foi coisa que só vim a saber era já homem feito.
- Mas se tem o nome dum rei o senhor devia ser um príncipe.
Riu com gosto o simpático velhinho.
- Nada disso. Sou um homem simples, do povo. Mais nada.
- Eu bem dizia aos meus irmãos que devia ser um nome alemão! Deve ter sido muito triste para o senhor, não ter família nenhuma, não foi?
- Foi sim. Mas sempre me trataram muito bem. Lá cresci, depois mandaram-me estudar e aprender marcenaria nas Oficinas de São José, onde com o curso feito fiquei muitos anos como professor. Um dia juntei um dinheirinho, abri a minha marcenaria, pequenina, e pronto, fui marceneiro toda a vida. E abri a marcenaria aqui em Sintra, por isso conheço o vosso avô há muitos anos.
- E o senhor ainda trabalha?
- Já não posso. Não tenho mais forças. Mas fiz muitos trabalhos para o senhor Amorim, que me apresentou muitos clientes e sempre me tratou muito bem e de quem eu tenho muita satisfação e orgulho que ele me considere seu amigo.
- Por isso o avô tem móveis bonitos. Sabe que eu acho muito bonito o trabalho de marceneiro.
- Só nesta casa são uns cinco ou seis feitos por mim. Eu não venho aqui ver os móveis. Como o vosso avô me recebe sempre com muito carinho, cada vez que surge uma oportunidade e as pernas, já fracas, m’o consentem, venho vê-lo, e conversamos um pouco sobre o que calha. Não tenho mais ninguém com quem conversar.
Neste momento da conversa aparece o avô.
- Ó senhor Gundemaro, porque não entrou?
- Sentei aqui um pouco a conversar com os seus netos que queriam saber coisas da minha vida! E eu tive muito gosto em lhes responder.
- Estiveram a importuná-lo?
- Não. Foram muito simpáticos. Este pequenito até me disse que gosta muito do trabalho de marcenaria. Mesmo que ele venha a fazer um curso superior, marcenaria é muito bom para as horas de lazer.
O avô olhou para mim com ar meio sério meio de dúvida, e eu confirmei.
- Gostaria muito, sim avô.
- Um dia falaremos sobre isso.
Nunca calhou falarmos sobre isso. As férias terminaram. No ano seguinte Gundemaro não apareceu.
Perguntámos ao avô. Tinha morrido nesse inverno, com noventa e cinco anos.
Um a dois anos depois, no Liceu, tínhamos aulas de “Trabalhos Manuais”, e era brincando com madeiras que eu mais gostava dessa aula. Fazíamos barcos de guerra, raquetes de ping-pong e outras coisas simples, mas o suficiente para aguçar o meu gosto para mexer com madeira, reparar uns móveis, etc. o que fiz toda a vida. Ainda hoje!
E sempre lembro o príncipe dos marceneiros, Gundemaro.

24/04/2014


quarta-feira, 22 de abril de 2015



As Cruzadas e o Estado Islâmico


Bem clamam por ajuda os cristãos do mundo árabe sobre o genocídio a que estão sendo submetidos, e o ocidente responde com ataques de drones e aviões. Matam uns quantos, mas quando matam um já se juntaram aos terroristas mais cem ou mil. Ainda agora mais trinta cristãos coptas foram degolados! Parece que a solução para a pacificação não vai acabar a não ser quando o EI ocupar Cordova, Marselha e... o resto.
Li, ou vi, há dias uma reportagem sobre um homem extraordinário, muçulmano, paquistanês: Abdul Sattar Edhi, que, junto a sua extraordinária mulher, Bilkis Edhi, criaram a Fundação Edhi. A obra que este homem tem feito é um espanto. Acolhe todos que a ele recorrem sem julgar que seja muçulmano, hindu, budista ou cristão. Já foi distinguido com altos prémios das Filipinas, Paquistão, Suíça, Rússia, etc. Organizam as festas de casamento entre os acolhidos no rito da religião a que pertencem, sabendo que cada um cumpre os seus rituais e orações de acordo com a sua vontade e não pela imposição.
Pena que são raros estes homens, e mulheres. Porquê?
Em 18 de outubro de 1009, o califa fatímida al-Hakim bi-Amr Allah ordenou a destruição da Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém e de todos os edifícios associados, aparentemente enfurecido pelo que ele considerava como uma fraude dos monges na cerimônia "milagrosa" da descida do Fogo Sagrado, celebrada anualmente na igreja durante a vigília da Páscoa. O cronista Yahia nota que "apenas foi poupado o que era muito difícil de emolir". Procissões foram proibidas e, anos depois, todos os conventos e igrejas na Palestina foram destruídas ou confiscadas. Isto provocou grande indignação por todo o mundo.
Mas a história parece não ser “bem assim”! Al-Hakim nasceu no Egito, seria filho dum muçulmano xiita ismaelita e de uma cristã! O pai morreu teria ele uns nove anos, mas logo foi declarado “chefe” daquele grupo. Para acabar com as críticas que lhe faziam por ser filho duma cristã decidiu atacar os cristãos por todo o lado onde os encontrasse. Como se vê era um um cara sério. Se fosse hoje estaria à frente do ISIS!
Al-Hakim ficou conhecido pela sua intolerância religiosa contra judeus e cristãos e pelo seu comportamento excêntrico. Tentou destruir a Igreja Copta do Egipto e, em 1009, mandou destruir a Basílica do Santo Sepulcro. Em 1016 al-Hakim declarou-se Deus; graças à influência do seu vizir Hamzah ibn Ali ibn Ahmad, desenvolveu um culto em torno da pessoa do califa que está na origem da religião drusa.  Foi Hamza que proclamou publicamente pela primeira vez que Hakīm era Deus. Hakīm enfrentou a oposição dos muçulmanos ortodoxos por aquilo que eles consideraram como apostasia e foi desdenhado pela sua violência extrema ao perseguir minorias religiosas
O Papa Urbano II, no Concílio de Clermont-Ferrand, em 1095, quase noventa anos depois da destruição do Santo Sepulcro e da perseguição em Jerusalém aos cristãos, convocou a uma guerra “santa” contra os "infiéis" muçulmanos, o que não teve grande repercussão. Foi Pierre l'Ermite ou Pierre d’Amiens que assumiu a pregação das Cruzadas conseguindo juntar o primeiro contingente que acabou por reconquistar Jerusalém em 1099. Pierre d’Amiens desaparece nessa primeira batalha. Ninguém, em sã consciência se pode vangloriar sobretudo desta Primeira Cruzada, pelo horror que foi a sua caminhada através da Europa, dizimando judeus na sua passagem com a argumentação de que Jesus tinha sido entregue por estes. Foi obra de bárbaros, ladrões, totalmente indisciplinados, uma vergonha histórica.
Há quatro anos escrevi um texto sobre a conquista de Lisboa, e tinha estas passagens:
Não sei se alguém se lembra, mas foi no verão de 1147, que se juntaram (a 28 de Junho) à volta de Lisboa, uns milhares de loucos, chegados em 190 navios – colonienses, bolonheses, flamengos, normandos, francos, bretões, ingleses – e ofereceram seus préstimos ao rei Dom Afonso Henriques, para ajudarem na conquista da cidade de Lisboa.
Entretanto aquela turba de “cruzados”, seguia para a Terra Santa, não por razões de fé, mas desvairados com a possibilidade de saques que os poderiam enriquecer ou tirar da miséria. Eram, na opinião do cronista deste feito, uns bárbaros selvagens, com exceção dos ingleses, uma vez que o cronista, um senhor ”R”, em carta ao senhor “O”, a eles pertencia!
Era difícil o entendimento entre eles, desconfiava cada grupo do outro que lhe poderia “passar a perna”, chegando a afirmar que o rei de Portugal os queria enganar a todos.
Por fim, Afonso Henriques prometeu que o saque ficaria todo com os cruzados e só a cidade com ele. Uma exceção se abria: o alcaide mouro poderia sair da cidade com toda a sua família e seus pertences, ao que se opôs o flamengo conde de Aerschot, porque cobiçava para si uma égua árabe que aquele tinha, e se propunha tirar-lhe de qualquer jeito!
Durou quatro meses esta luta de assaltantes e defensores, estes for fim, esgotados, mas ainda com razoável estoque de grãos e água, decidem parlamentar.
Dias depois a cidade acaba por se entregar.
O assalto foi bestial. Enquanto alguns, como ingleses e bretões procuravam cumprir com o combinado, saquear sim, mas sem maltratar os habitantes, outros grupos saqueavam, roubavam, incendiavam, matavam e estupravam as mulheres. Tão bestiais que até degolaram o bispo cristão moçárabe! Nada escapava à sua sanha.
Os lisbonenses fugiram, vaguearam, miseráveis, pelos campos, morrendo aos milhares.
Não durou um século o “reino” cristão de Jerusalém. Os nobres que ali viviam, não se entendiam o que tinha efeitos perversos na disciplina geral, crivados de invejas, intrigas e até traições, acabaram em 1187 derrotados pelo famoso Saladino -  Ṣalāḥ ad-Dīn Yūsuf ibn Ayyūb – curdo muçulmano, que se tornou Sultão do Egito e Síria, estendendo o seu domínio ao Iraque, Iêmen e Hijaz.
Parece que hoje, face à bestialidade do EI, estão a fazer falta homens como Pierre d’Amiens, Godofredo de Bulhões e até Ricardo Coração de Leão. Parece que há mais al-Hakims do que Templários! E se o EI apanhasse Saladino, grande comandante mas não besta, talvez também o degolasse!
Vale a pena ver como reagiam os cristãos da Índia, no século XIII.
Do livro de MARCO PAULO, conforme a impressão de Valentim Fernandes de 1502.
Ho liuro terceiro
Da prouincía de Abastia.
Capitulo .xliij.
Decraradas sumariamente as principaes ylhas e regiões da Índia mayor que se estendem da prouincia de Maabar ... desceramos pellas terras mais principaes da Índia mediaã. a que per especial nome chamam Abastia. Onde Abastia he hüa grande prouincía que se parte em sete regnos. em que ha sete reys dos quaes huü que he senhor de todos he christaão. E os outros som partidos em duas partes. Os três delles som christaãos. e os outros três som mouros. Os christaãos desta terra tem huü synal douro em a fronte em maneira de cruz que lhe pooem quando se baptizam. E os mouros destas terras tem huü sygnal em a testa longuo atee ho nariz. ... Ho mayor Rey e os outros reys christaãos viuem dentro na prouincía. mas os mouros moram em os regnos dos extre­mos da prouincía contra a prouincia de Adem. Em esta prouincía de Adem preegou ho bemauenturado apostolo sam Thome. que muitos poucos conuerteo a Chrísto. E despoys se passou ao regno de Maabar onde despoys que muytos conuerteo foy de martyrio coroado. E alli he sepultado ho seu sancto corpo segundo em cima he já dito. Em esta prouincia os christaãos som muy boos cauaileyros valentes e ardidos em armas, que acerca ham continuadamente guerras com ho soldam de Adem. e com os Nubianos. e com outros muytos que som em as terras de todollos cabos em rredor e comarcas.
De huú bispo christaão que ho soldam de Adem fez
 cir­cuncidar forçosamente por injuria da ífe christaã
 e em desprezo do rey de Abastia que ho la mandou,
 e da grande vinguança que foy feyta per aquella injuria.
Ca­pitulo .xliiij.
Em ho anno donosso Senhor de mill e cc lxxxviij. ho principal rey desta proumcia de Abastia quis hyr visitar ho sepulcro do nosso Senhor em Jerusalém. E decrarando ho preposito de sua deuaçam a seus barões foy per elles aconselhado que nom fosse la per pessoa, porque temiam que lhe viesse algua cousa em contrairo no caminho por quanto auia de passar por terra de mouros. E que por tanto lhe aconselhauam que enuiasse huu sancto bispo daquella terra ao sancto sepulcro, e que per elle mandasse os doões e offereçimentos de sua deuaçam. E elle consentindo a seus conselhos mandou la com solenne offerta ho dito bispo. Ho qual tornandose e pas­sando polla terra del rey de Adem cujos moradores som mouros, e ham os chrístaãos em grande odio. Ho dito rey de Adem prendeo ao dito bispo ouuindo que era christaão e embaxador dei rey de Abastia. E quando ho bispo foy apresentado ante el rey. ho rey ho ameaçou duramente, dizendolhe que se nom neguasse ho nome de Christo e recebesse a ley de Mafomede. que morreria por ello. Mas ho bispo com forte coraçom em a ffee perseuerando. per crara voz e de voontade se offereçia a morte, ante que ser partido da ffee e caridade de Christo. E emtom ho soldam de Adem veendoo assy firme no preposito. per força ho mandou circuncidar em desprezo da ffee christaã e do seu rey de Abastia. E ho bispo leyxado e assy já circuncidado che­gou ao seu rey de Abastia que era christaão. E quando el rey oüuio as cou­sas que acerca delle eram feytas per aquella muy grande indignaçom. foy yrado. e ajuntado grande exerçitu de gente e alifantes com castellos moueose com sua hoste contra as terras do rey de Adem. Mas ho soldam de Adem auendo em sua companhia dous reys outrosy com grande exerçitu lhe veeo emcontro. e cometerem batalha huu contra ho outro. E seendo muytos mor­tos do rey de Adem. ho rey de Abastia ficou vencedor. E loguo seguyo ao dito rey de Adem e foy tras elle atee dentro em sua terra. Mas os mouros querendolhes contradizer que nom entrassem, em tres lugares forom sem­pre vencidos do exerçitu do rey de Abastia que os seguya. E despoys das victorías todas andou per huu mes destruyndo continuadamente as ditas terras, com grande honrra se tornou a seu próprio regno.

Sobre Lisboa, mais uns dados interessantes:
A cidade de Lisboa, provavelmente de origem nativa - ibérica - após a conquista romana foi sede de um bispado cristão (antes de 357), sendo uma das praças de apoio militar visigodo, a partir de meados do século V (MATTOSO). Os muçulmanos a conquistaram em 714, e a cidade tornou-se capital de distrito (kura). Os cristãos a retomaram em 953 e 1093, sempre perdendo-a pouco depois. Quando da conquista definitiva de Afonso Henriques, a cidade contava com aproximadamente 5.000 habitantes, 20 hectares (MARQUES).

11/04/2015

domingo, 19 de abril de 2015



“Soltas”

1.- Se alguém duvidava da capacidade, coragem e humildade  deste Papa Francisco, mais duas “flores” do seu ramalhete:
            - Corajoso, verdadeiro, frontal, simples como “as criancinhas” (de quem será o Reino dos Céus), foi o único que levantou a voz sobre o genocídio dos arménios, o que muito incomodou o senhor Erdogan. Erdogan que está louco para impor a sharia na Turquia e fazer parte da U.E.!
A Suiça, como há dias escrevi, meteu a viola no saco e não se atreveu a desagradar ao turco! Covardes.
            - A TV5, de França, como todo o respeito e carinho, chamou-lhe “O Papa que chama duas vezes”! Porque ele telefonou para a madama dona Cristina da Argentina, ninguém atendeu o telefone (estranho?!) e deixou uma mensagem com a sua voz, dizendo que ligaria mais tarde!
O mesmo, no Natal, quando ligou para um convento de freiras. Não atenderam e ele, deixou um recado, depois de dizer quem falava, que as abençoava e ligaria, também mais tarde!
Que outro Grande Homem, se é que existe, faria isto, com tanta modéstia e naturalidade?

2.- Uma notícia mostrada hoje, dia 16/Abril, na CNN, informava que, naquele barco de onde caíram ao mar 400 emigrantes que pretendiam chegar à Europa, quinze muçulmanos atiraram ao mar uma porção de cristãos!
Meu Deus! “Onde estás?” como clamavam os judeus sob o nazismo! Que horrores o homem comete.
É este tipo de gente que se está a misturar e virá, em breve, a revolucionar a Europa.
Segundo Houellebecq, no seu livro “Submissão”, a covardia dos políticos e intelectuais franceses acaba por entregar, sem jihad, a França ao Islão e, quem sabe, à sharia.

3.- Omar al Bashir. Vai eleger-se pela “enésima” vez porque só votam os que estão do lado dele. Financia o terrorismo e finge que se prejudica com isso.
E de que vive o Sudão: primeiro pela invasão maciça de chineses que ali estão a construir caminhos de ferro, estradas, etc., e a comprar terras. Mais uma província da China.
E depois por ser o maior exportador mundial de goma arábica – aquilo que eu comprava em criança para me pentear! – que é um dos produtos bases da Coca-Cola!
Já se percebe porque razão porque os americanos olham para o lado e fingem que não sabem que o promotor-chefe do TPI (Tribunal Penal Internacional), Luis Moreno Ocampo, pediu a prisão do presidente sudanês, Omar al Bashir, por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Darfur - onde mais de 300 mil pessoas morreram em cinco anos de conflito.
Se pegarem no pé do Bashirzinho... acaba a Coca-Cola!

4.- Grana. Du jamais vu! Haver tanta dinheirama a correr que agora os bancos, na Europa (onde?) estão a emprestar a juros negativos!
Deve ser a primeira vez na história da humanidade (se é que há humanidade no sentido ético de palavra) que tal acontece: “Eu empresto-te 1.000 e tu daqui a um ano pagas-me 990”!
Deve ser um paraíso a Europa, agora, porque no Brasil o juro do cartão de crédito está em cerca de 300% ao ano. Se eu ficar um ano a dever 10.000 ao tal cartãozinho, 365 dias depois a conta em débito será de 40.000. E depois? Nunca mais poderei pagar, como é evidente.
Será que a impressora de notas, no Brasil, emperrou, ou também a roubaram?

5.- Xiitas x sunitas. Como sabem a guerra entre eles começou logo após a morte do Profeta, quando todos quiseram herdar de Maomé a sua posição dominante. Talvez mais lógico, se é que há lógica no poder e na ganância, seria ficar o genro Ali e seus filhos, estes os únicos descendentes diretos de Maomé, mas a viúva e seu sogro Abu-Bakr, foram-se a Ali e filhos e não deixaram rasto! Portanto o “entendimento” entre eles vem desde o comecinho do Islão.E não se podem ver.
Até na Guiné-Bissau: Há uma semana, um porta-voz da juventude islâmica da Guiné-Bissau chamou a atenção para os "perigos da presença dos xiitas" no país. Em entrevista à RFI, o jurista guineense Fodé Mané, membro da comunidade muçulmana, minimizou as tensões entre sunitas e xiitas no país.
Mas onde a “coisa” está complicada é no Yemen. O mundo sunita a querer bater, diga-se eliminar, os xiitas, mas... e o Irão? Vai deixar? Os EUA que procuram um entendimento com o Irão e já não depende tanto dos sauditas vai meter-se no caldeirão?
O Mané Fodé é que sabe tudo... na Guiné.

6.- É exasperante a quantidade de notícias sobre pedofilia, ataques de doentes mentais a criancinhas, que acabam por matar depois de as estuprarem, como ontem, 16 de Abril, uma besta apocalíptica raptou uma garotinha de 9 anos, estuprou-a e depois estrangulou-a. Estas notícias provocam em mim uma revolta imensa.
O assassino tinha diversos antecedentes criminais, mas com a bondade das leis (leis?) e dos direitos humanos, estes casos vão continuar e continuar...
Há anos que circula na Internet uma curiosíssima sentença proferida em Outubro de 1833, pelo juiz de Sergipe, hoje um estado, cuja capital é Aracaju, sobre o cabra Manoel Duda que agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregancias, coisas que marido della competia  conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana.
A sentença é magnífica:
CONDENO: O  cabra  Manoel  Duda, pelo  malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE.
Há muito que penso que esta seria uma solução para reduzir, e muito, os casos de estupros e pedofilia.
Castração, não química porque, além de ter que tomar hormônios femininos o resto da vida, custa caro e o pilantra foge, mas castração física. Com macete, rápido e eficiente, e ainda dói para eles verem o que é bom, ou então por extração. Eu posso dar uma ajuda porque nos meus tempos de estudantes ajudei a capar muito bezerro!
Ah! Mas os direitos humanos! Ah! Mas a lei não permite amputações! Ah! Porque são todos uns frouxos!
Gostaria de ver os deputados a legislar sobre este assunto, se fossem filhos ou filhas ou esposas deles que tivessem sofrido tais bestialidades.
Criancinhas de 2 anos a serem estupradas e mortas e o assassino ficar andando por aí, ou sendo tratado com todo o carinho numa prisão até que um/uma psiquiatra diga que ele agora está bonzinho, normal?

7.- Pena morte, para estes casos? Isso já passou. Cerca do ano 660 o rei Recesvindo aboliu a pena de morte para delitos políticos na Hispânia visigótica. Deve ter sido o primeiro em todo o mundo. Já acabou em muito lado a pena de morte sobretudo para os políticos (infelizmente), mas um pouco do Código de Hamurabi para os outros: roubou, corta-lhe uma mão, é forte, mas nos casos de pedofilia e estupradores, o tal macete parece ser uma hipótese a considerar.
O que vos parece?


17/04/2015

terça-feira, 14 de abril de 2015



Os “educadores militantes”
Lavagem cerebral à vista

Há anos houve uma grande polémica quando uns “intelectos” se lembraram de apregoar que “Deus está morto”! Como esses cérebros não têm, nem tinham a menor noção do que seja Deus, como ninguém... estão perdoados porque não sabem o que dizem!
Mas o jornal “O Globo” traz hoje, 14 de Abril de 2015, um artigo que é uma “delícia envenenada”, escrito por um senhor, chamado Rodrigo Constantino, colunista desse jornal, de quem Olavo de Carvalho, outro semi filósofo também comunista e ex parceiro dele, fez do sujeito o seguinte “retrato”:
Sendo o sr. Constantino aceito em certos círculos como porta-voz do liberalismo econômico iluminista, disciplina em cujo domínio o ex-ministro Ciro Gomes demonstrou que ele tem a agilidade de uma tartaruga de pernas para o ar, é compreensível que ele pense que todo mundo que não é igual a ele nem comunista, deva ser um esquisitão do tipo Rajneesh ou Reverendo Moon.”
Está apresentado.
Intitula-se presidente de uma ONG - Professores Unidos na Militância (PUM) - (nome que já cheira mal!) que defende o direito de os educadores doutrinarem os seus alunos com a ideologia marxista, dizendo que o guru do PUM é Paulo Freire, porque a sua “Pedagogia[FA1]  do Oprimido” é a sua Bíblia.
Aos outros professores que não concordam com ele chama-lhes “coxinhas”. Uma delícia.
Adiante aplaude o professor que em vez de ensinar a fazer contas ou a ler corretamente, convida os terroristas do MST para fazerem palestras aos “alunos”.
E continua, fazendo a apologia de Mao, Che e Fidel, com frases de que nem Platão ou Aristóteles se lembrariam de proferir:
“Somos a favor da pluralidade de ideias, assim como os liberais. A diferença é que só nos lembramos desse princípio quando é para defender nossa doutrinação. Pluralidade, para nós, significa sempre empurrar pela goela abaixo dos alunos a visão do mundo marxista, e impedir o contraditório. Se os alunos tiverem acesso a todas as vertentes do pensamento ideológico, sabemos que rejeitariam o socialismo em sua maioria, o que não podemos tolerar. Somos tolerantes só com os nossos e intolerantes com os demais. Nossos fins utópicos justificam quaisquer meios.”
Nada mais liberal! Igualzinho a outros liberais como Adolph Hitler, al-Bagdathi, os de Al-Shabaat, Boko Haram e o certamente também venerado Stalin.
Bom, a série de disparates faz até doer os dentes e as meninges, e fico estupefato ao ver que um jornal como O Globo publica uma barbaridade destas! Liberdade de imprensa? Ou o convite à revolução e, pior, a apologia do desensino num país onde a carência de educação é alarmante?
Transformar o Brasil num novo soviete?
O senhor Constantino não percebeu o total fracasso das ideologias que defende?  Os chineses sob Mao – os que sobraram, porque matou muitos milhões – viviam na absoluta miséria. Cuba, com o idolatrado Che a todos os dias ir fazer tiro ao alvo na nuca dos prisioneiros no “paredão” de Havana, e o Fidel a manter o povo num nível execrável, desculpando-se com o embargo. É isto que o senhor Constantino quer para o povo brasileiro?
Foi para isto que estudou numa universidade e fez MBA em “mercado de capitais”?
Foi na PUC e depois na IAMEC que lhe “enfiaram goela abaixo a intolerância”? Difícil de acreditar.
Deram-lhe um ensino liberal que lhe permitiu escolher a sua ideologia. Porque o seu PUM quer impedir isso aos alunos? Que mente depravada!
O artigo, termina de forma “brilhante”:
“Aprendemos com Lenin e tantos outros. Devemos martelar incessantemente os dogmas vermelhos, até que os alunos saiam das escolas e universidades repetindo como papagaios nosso mantra.
E a quem discorda podemos dizer somente uma coisa: que sejam bem-vindos ao nosso paraíso tolerante, como os “gulags” soviéticos ou o paredão cubano. Perdeu, playboy!”
Creio que os únicos comentários possíveis a tamanha barbaridade sejam:
1.- O Fórum de São Paulo, mais o ex-atual-presidente-super-esquerdista-milionário que o fundou, deve ter adorado o texto, e talvez até nomeie o autor para altos cargos... na Petrobrás, ou o mande de presente para a Venezuela ou Equador.
2.- O segundo é que o senhor Constantino... pirou. Caso de internamento psiquiátrico, ou até de cadeia quando faz a apologia de deturpar o ensino no Brasil, objetivando os alunos a não passarem duma vara de porcos obedecendo aos comandos assassinos dos sovietes.
E assim vai o Brasil.
Vai mal economicamente, socialmente, financeiramente e até... futebolisticamente.
Deus deixou MESMO de ser brasileiro.

14/04/2015




Não há dúvidas que o que falta por esse mundo fora são líderes. Os que sabem assumir e encaram os problemas com clareza e vigor.
Este pronunciamento do Mayor de Dorval – Montreal, devia ser cartilha obrigatória em todos os países que recebem imigrantes, sejam eles na Europa, nas Américas ou Austrália.
Imigrantes são necessários porque nos países “desenvolvidos” a população nativa (nos EUA os europeus são os invasores, mas disfarcemos) diminui a olhos vistos. Ou o governo proíbe as pílulas anticonceptivas, preservativos e abortos, ou tem mesmo que receber gente de fora, sejam eles latinos, africanos, árabes, hindus ou muçulmanos, mas que não destruam a cultura e a moral dos hospitaleiros, mas nela se integrem, mesmo que cada um continue a rezar aos deuses que entender. Ninguém tem nada com isso. Mas têm que respeitar a casa onde são acolhidos e dizer ao seu deus, baixinho: OBRIGADO.
A Deus, Adonai, Alá, Shiva, Baal, o que for.

MAYOR REFUSES TO REMOVE PORK FROM
SCHOOL CANTEEN- MENU...
EXPLAINS WHY

Edgar Rouleau - Dorval Mayor

Muslim parents demanded the abolition of pork in all the school canteens of a Montreal suburb.
The mayor of the Montreal suburb of Dorval, has refused, and the town clerk sent a note to all parents to explain why...
“Muslims must understand that they have to adapt to Canada and Quebec, its customs, its traditions, its way of life, because that's where they chose to immigrate.
“They must understand that they have to integrate and learn to live in Quebec.
“They must understand that it is for them to change their lifestyle, not the Canadians who so generously welcomed them.
“They must understand that Canadians are neither racist nor xenophobic, they accepted many immigrants before Muslims (whereas the reverse is not true, in that Muslim states do not accept non-Muslim immigrants).
“That no more than other nations, Canadians are not willing to give up their identity, their culture.
And if Canada is a land of welcome, it's not the Mayor of Dorval who welcomes foreigners, but the Canadian-Quebecois people as a whole.
“Finally, they must understand that in Canada (Quebec) with its Judeo-Christian roots, Christmas trees, churches and religious festivals, religion must remain in the private domain.
The municipality of Dorval was right to refuse any concessions to Islam and Sharia.
“For Muslims who disagree with secularism and do not feel comfortable in Canada, there are 57 beautiful Muslim countries in the world, most of them under-populated and ready to receive them with open halal arms in accordance with Sharia.
“If you left your country for Canada, and not for other Muslim countries, it is because you have considered that life is better in Canada than elsewhere.
“Ask yourself the question, just once: “Why is it better here in Canada than where you come from?”

Tradução:
PREFEITO SE RECUSA A RETIRAR DA ESCOLA CARNE DE PORCO DO
MENU DAS CANTINAS ESCOLARES- ...
Explica porquê:
Os pais muçulmanos exigiram a abolição da carne de porco em todas as cantinas escolares de um subúrbio de Montreal.
O prefeito do subúrbio de Montreal, de Dorval, recusou-se, e o secretário municipal enviou uma nota a todos os pais para explicar porquê ...
"Os muçulmanos devem entender que eles têm de se adaptar ao Canadá e Quebec, aos seus costumes, suas tradições, seu modo de vida, porque é onde eles escolheram para imigrar.
"Eles devem entender que têm de se integrar e aprender a viver em Quebec.
"Eles devem entender que devem ser eles a mudar seu estilo de vida, não os canadenses, que tão generosamente os acolheram.
"Eles devem entender que os canadenses não são nem racistas nem xenófobos. Eles aceitaram muitos imigrantes muçulmanos antes (ao passo que o inverso não é verdadeiro, em que os Estados muçulmanos não aceitam imigrantes não-muçulmanos).
"Isso, não mais do que outras nações, os canadenses não estão dispostos a abrir mão de sua identidade, e da sua cultura.
“E se o Canadá é uma terra de acolhimento, não é o prefeito de Dorval que acolhe estrangeiros, mas o povo canadense-Quebecois como um todo.
"Finalmente, eles devem entender que, no Canadá (Quebec), com suas raízes judaico-cristã, as árvores de Natal, igrejas e festas religiosas, a religião deve permanecer no domínio privado.
“O município de Dorval tem o direito de recusar quaisquer concessões ao Islão e a Sharia.
"Para os muçulmanos que não concordam com o secularismo e não se sentem confortáveis no Canadá, há 57 belos e ricos países muçulmanos em todo o mundo, a maioria deles sob povoada e pronta para recebê-los de braços abertos, de acordo com a sharia.
"Se você deixou seu país para vir para o Canadá, e não para outros países muçulmanos, é porque você tem de considerar que a vida é melhor no Canadá do que em outros lugares.
"Faça a si mesmo a pergunta, apenas uma vez," Por que é melhor aqui no Canadá do que de onde você vem? "


22/03/2015

domingo, 12 de abril de 2015



Uma incursão (atrevida) na Filologia

No meio de tanta perturbação, desvairamento e completa loucura que o mundo atravessa, volta e meia uma pequena incursão filológica, sem quaisquer pretensões de exibir ciência, é um lapso de tempo que distrai e diverte. Porque não?
Há uns onze ou doze anos escrevi um pouco sobre a Lusofonia (Lusofonia 4) e, entre outras coisas:
Eu não conheço uma estatística de palavras portuguesas e/ou... lusófonas (?), mas vou basear-me para efeitos de raciocínio numa italiana, que nos diz coisas curiosissimas, entre elas:
-          64,0 % das palavras são de origem italiana!
-          21,4 % latinas
-          2,8 % gregas (de onde virão as italianas?!)
-          4,1 % francesa
-          2,9 % inglesa
-          0,5 % espanhola
-          0,3 % alemã
-          1,9 % diversas
E tem mais: 62,5% são substantivos, 23,2% adjetivos, 10% de verbos e 4,5% de advérbios.
Para finalizar: no século VIII só existiria uma palavra italiana! Até ao XII só havia 0,5% dos vocábulos atuais! Então no séc. XIII entram 5.338, e 13.961 no seguinte, equivalentes a 21,5%. A língua começava a tomar forma, do mesmo modo que em Portugal foi no tempo de D. Dinis que a língua começou a ser portuguesa. Mas pasmem: só no século XX entraram mais 35,7% dos vocábulos na língua italiana!
Isto, na altura pareceu muito interessante – não deixa de ser – mas hoje sabe-se que está muito errado. O italiano que fez esta estatística esqueceu-se das línguas etrusca, úmbria e osca (no século V a.C. os samnitas, povo guerreiro que também falava a língua osca, tomaram a região e subjugaram os oscos) mais as importadas do oriente, quer através dos gregos, fenícios, árabes, hindus, etc.
Mas vamos às portuguesas.

1.- Açores: Em Portugal sempre se disse que o nome daquelas maravilhosas ilhas provinha dos muitos pássaros, tipo rapina, que sobrevoavam algumas das ilhas, os “açores”, nome de origem árabe para um Falconídeo, astor. Erro, porque primeiro nunca existiram tais aves naquele arquipélago, e depois mesmo porque até os dicionários ao “falarem” sobre “açores” dizem que a palavra pode provir do latim acceptore.
Segundo o livro “A Origem da Língua Portuguesa” (de Fernando Rodrigues de Almeida) o mais provável é que venha diretamente do fenício: “fsr” (âssere, segundo a pronúncia estimada da época) que significava “ave, pássaro”.
Nos Açores havia muitos pássaros mas nenhum açor (Accipiter gentilis).
No mapa Portulano Mediceo Laurenziano, de 1351 antes da descoberta “oficial” do arquipélago, que ninguém sabe quando se deu, uma vez que só em 1445 o Infante o mandou povoar, já figuravam umas ilhas na latitude em que os Açores se encontram, a uma das quais, a Ilha do Corvo, deram o nome de Insule dei Corvimarini.

2.- De acordo com o mesmo livro muitas palavras provém além do fenício, do arcádio, do ugarítico e outras línguas hoje mortas.
Antiga cidade a Noroeste da Síria, Ugarit, foi um grande centro e porto de mar, há mais de 4.000 anos, pertencendo ao clã do alauitas. Como se sabe o governo do que resta hoje da Síria pertence a este clã que teria somente 14% da população.
Ugarit. Entrada do palácio real

Naquele tempo eram ainda desconhecidas as vogais que só foram introduzidas pelos gregos cerca 700 a.C. e logo se expandiram.
Assim, através dos fenícios, dos árabes e, quem sabe, dos gregos e latinos chegaram a nossos dias palavras que têm, possivelmente, suas origens naqueles, muito idos, tempos.
- Abutre: de fbt’r”, (âbetôr);
- Adão: de origem hebraica, depois Adamus do latim, mas em ugarítico “Adm” significa homem, humanidade, gente;
- Adaga: de fdi” (âdi), ornamento e “daku”, matar, destruir. Assim a palavra fdi dk” (âdidake), ornamento de nobre ou “addake” ornamento de matar.
- Galope: de “ql”, (qale), ir ligeiro, correr, mais fwp”, voar, chega-se a “qlfwp(qaleôôpe), desaparecer a correr ligeiro.
Basta de exemplos. Todos podem duvidar do detalhado estudo do autor, mas que tem o maior interesse, ninguém pode negar.

3.- Aia: De origem ainda mais duvidosa. Dizem que vem de “aio”, e este de “hadja” – tutor, protetor – do gótico, ou até do latim haia, avó. Mas na Índia esta palavra existe desde... ninguém sabe quando, e significa o mesmo que hoje na língua portuguesa.

4.- Números: Tenho falado muito da Índia, e ainda hei-de falar mais. Há tanto que aprender naquelas bandas. E coisas simples, como alguns números, já que infelizmente não conheço todos:
- dois – do – doab – dois rios: Jammuna e Ganges;
- três – tri – trimurti – As três finalidades: dharma, religião, ética; artha, interesse económico; kama, prazer dos sentidos;
- cinco – pan (penta) – panjab – cinco rios: Indus, Jhelum, Chenab, Ravi, Satlej
- sete – sapta – saptarshi -  os sete Sábios, saídos do pensamento de Brahma, correspondem à Grande Ursa
- oito – ashta (acht, em alemão, eight em inglês) – ashtamûrti: as Oito Formas, a terra, a água, o fogo, o ar, o éter, o sol, a lua,

5.- Shampoo: Esta palavra, “inglesa”, também é muito curiosa.
Os ingleses, como todos os europeus, não tomavam banho, ou se o fizessem era uma vez por ano, até se encontrarem com povos de regiões quentes, tropicais, que entravam nos rios, nus ou vestidos até várias vezes ao dia. Os europeus certamente exalavam um cheiro insuportável, daí o mês de Maio, primavera florida, ser o mês das noivas que sempre carregavam um ramo de flores, o mais cheirosas possível, para disfarçar o pestilento odor, tanto dela como dele.
Na Índia, os “elegantes gentlemen” que para ali foram, suavam miseravelmente, tendo custado a entender que o trajo enfatuado que queriam exibir era-lhes impossível de usar, até passarem para as roupas indianas. A poderosa Companhia da Índia, para mais outra vez impor o status de dominadora, proibiu os seus súbditos de se vestirem à indiana, obrigando-os até a usarem gravata!
Mesmo não ganhando muitas rupias, dava-lhes para terem em casa uma criada para TODO o serviço (hoje chama-se trabalhadora a domicílio!).
Essas simpáticas “colaboradoras”, também conhecedoras das ancestrais técnicas sanscríticas do Kamasutra, ensinavam aos colonizadores tudo quanto sabiam sobre os prazeres dos sentidos.
Eram as “bibis”.
Uma das coisas que lhes ensinaram foi a tomarem banho com frequência, que elas lhes davam! Como tinham que lhes esfregar o corpo, para ficar bem lavadinho, faziam-lhes massagens: chamna, ou champa, nome adotado pelos súbditos de suas majestades imperiais, para shampoo, visto que este produto serve fundamentalmente para esfregar a cabeça!
(Bons tempos, o das bibis, hein?)

6. Sal e Presunto
Toda a gente sabe que sal vem do mesmo sal latino, recebido do grego ἅλς (hals), na origem σάλς (sals), que passou ao latim como salis.
De onde deriva salário, porque os magistrados e soldados romanos eram pagos com sal, o salarium! De sale com o sufixo arium,
O presunto (que delícia!) também nos chega do latim, via Itália, quem sabe se de Parma!
Presunto – prosciutoprosciugare, este que decompõe em “pro ou pre” e “exsúctus” que dá pré-enxuto. Isto é, o presunto é uma peça de carne a que, com o sal, se tirou toda a humidade!
Por isso presunto sem sal não existiria!
O que era uma pena, sobretudo se faltasse o Pata Negra ou o de Parma ou o de Chaves.


Tudo isto se non è vero... è ben trovato!

terça-feira, 7 de abril de 2015


PÁSCOA


Esta carta é para os filhos e netos e quem mais ache que vale a pena ler; devia tê-la escrito com mais uns dias de antecedência. Por uma ou outra razão não consegui.

A palavra Páscoa vem do hebraico Pesach, que significa libertação, quando os judeus começaram o Êxodo ao saírem do Egito.
No cristianismo Páscoa tem a mesma significação, ligada à Ressurreição de Jesus, no terceiro dia após a sua Crucificação e morte na Cruz.
Libertação, porque deste modo Jesus nos mostrou o caminho da libertação das coisas terrenas, fazendo-nos ver que o Caminho da Vida, está no Bem, na humildade, no perdão, para que todos os homens, e mulheres, se amem como irmãos.
Por isso a quaresma nos dá 40 dias para que meditemos sobre isso, e nos propõe ainda a Igreja que vivamos a Semana Santa com o propósito de nos elevarmos acima dos problemas do ego, da soberba, do egoísmo.
O Natal é a celebração do nascimento do Menino Jesus, que uniu e completou a Família de com Pais. Por isso a festa da família.
A Páscoa vai mais longe ao nos propor que olhemos bem dentro de nós, que façamos um profundo exame de consciência, pondo de lado aquilo que pensamos nos possa valorizar aos olhos dos outros e até de nós mesmos.
É o momento para que possamos compreender que quanto mais humildes mais perto estaremos da Paz.
Uma das cerimónias da Semana Santa é o Lava Pés. Porque? Para mostrar como Jesus nos mostrou a humildade, simples, a perdoarmos aos pecadores, sobretudo aos pecadores.
O Papa mais uma vez foi lavar os pés de presos, na cadeia, homens que pecaram gravemente para serem condenados.
Na medida em que perdoamos e esquecemos ficamos com a alma mais aliviada.
Desde tempo imemoriais, muito antes de Cristo ter estado entre nós, muitos homens sentiam já necessidade de meditar, de se isolarem do mundo que é feito de tentações.
Foram os ascetas, os eremitas, muitos que se refugiaram em conventos, outros se entregaram a pregar “aos pagãos” levando-lhes a Boa Nova, como fonte de Vida autêntica.
Sem jamais deixarmos de pensar em todos vocês, sempre na esperança que a vida vos traga mais felicidade, há estas épocas do ano que nos propõem que nos debrucemos mais e mais sobre os problemas do espírito.
Alguns de vocês estão longe, e isso, como sabem, nos custa muito.
A vida tem sido difícil, e é muito limitada em tempo. E esse tempo será sempre curto para olharmos bem dentro de nós e assim conseguirmos a mais e melhor nos dedicarmos e amarmos os outros.
Espero que ao lerem esta carta tenham, mais uma vez, a certeza de que, a todo o momento estamos a pensar em como seria bom estarmos todos juntos.

Estão. Dentro dos nossos corações.