Dinheiro
Falso
Uma
destas noites, quando tentava, ferozmente, adormecer, combate que me acontece
com frequência, pior ainda reconhecendo uma total incapacidade para contar as
ovelhinhas saltando em prados verdes – coisa que, como tudo o que é bom, tende
a desaparecer – o pensamento vaga e divaga, confunde-se e com nada atina, mas...
de repente, a minha deteriorada coronária (a única que me resta) tremeu ao
surgir no turbilhão do nada a ideia de que, afinal, todos somos passadores ou traficantes
de dinheiro falso!
Logo
eu, babaca, que nem me lembro de ter visto aquelas notas que os caixas dos
bancos após o tal olhar de raio X, como o Superman, descobrem que uma nota é
falsa e a devolvem ao pobre coitado que, como aliás, todos nós, foi enganado. Eu
nem as seis distinguir. Nem quero.
Preocupado,
remexendo-me na cama fiquei a pensar nessa história de dinheiro falso, e de que
eu, repito, como TODOS NÓS, sou um “passador”.
A
noite se adentrava, sem que precisasse da minha colaboração, tal como os
ponteiros do despertador que inexoravelmente (bonita palavra!) continuavam a
girar no tal sentido a que chamam “clokwise”, e eu, quase me sentindo um
pecador, um fora da lei, assustado, comecei a concluir que dificilmente a
polícia poderia me prender ou acusar, porque ao fim e ao cabo, quem me paga a
(miserável) aposentadoria é o próprio governo, repassada através dum banco
suficientemente acreditado junto às máximas autoridades financeiras do país.
Então,
vamos lá ver: se o dinheiro que eu recebo é falso, e vem das tais altíssimas
autoridades do país, serão elas certamente que o fabricam.
Pensa
daqui, pensa dali, liga isto com aquilo, sabe-se que o tal des-governo tem uma
dívida ativa de dois trilhões de Reais (cerca de 50% do PIB) e como o país não
pára – muito menos os escândalos e a roubalheira em todos, TODOS, os setores
continua enormemente – alguma máquina estará lá... lá atrás, bem escondidinha, a
imprimir notas, possivelmente 24 horas por dia, 365 dias por ano.
Impossível
que não seja assim.
Era
já de madrugada. Comecei a aliviar a minha consciência, quando novo sobressalto
me sacudiu.
E
os dólares? A moeda mais falsificada no mundo? A moeda que tem aceitação em
todo o canto do planeta, e em todo o canto tem quem imprima?
Aí
é que está a vantagem. Como existem milhares de falsificadores, os EUA podem ter
uma dívida ainda maior – agora já vai em dezessete trilhões de dólares – e
continuar a viver com muita gente do velho “american way of life”.
A
diferença com o Brasil é que eles devem ter muito mais máquinas a imprimir
dólares, concorrendo com os, injustamente chamados de falsários, e ainda por
cima nem satisfação dão ao presidente e congresso lá dos gringos, porque o
chamado Federal Bank, não é federal coisíssima nenhuma. É um banco privado,
privadissimo, que imprime o que quer, vende as notas de barato aos outros
bancos – de que os donos são os mesmos – e assim se começa a vislumbrar o que
toda a gente sabe, menos eu que fingia que não sabia, e ficava incomodado para
adormecer.
E
os americanos ainda têm um outro banco especial: o Reserve Bank! Sabem quanto o
tal de Reserve Bank tem de reservas para “aguentar” o país? 0. Isso mesmo ZERO de reservas. Para
que ter reservas se eles têm as máquinas de imprimir notas e num abrir e fechar
de olhos inundam o mercado com mais uns trilhõesitos? Os outros bancos, os
comuns, onde entram, de chapéu na mão, os pobres indivíduos, pedem empréstimos
ao Federal ou Reserve, que, num passe de mágica lhes empresta um porradão de
grana – falsa – e fica a mamar os juros infindamente. E os bancos emprestam aos
babacas, e os babacas endividam-se, e assim vai a festa... ad aeternum, num
crescendo em sufocante espiral.
A
matemática financeira é simplérrima, lá nos USA como em qualquer outro lugar:
os países europeus TODOS estão endividados, TODOS, mas a quem? À UE, que lhe
emprestou o dinheiro, e que, vejam o caricato, a UE são eles mesmos. Péraí,
então Portugal, Espanha, Grécia, etc. devem bilhões a eles mesmos e obrigam apertar
a goela do povo para pagar? Pagar a quem?
Será
que os des-governantes desses países, os tais pobres da Europa, não conseguem
comprar uma maquininha de imprimir e começarem a fazer as suas notas?
Em
Portugal muita gente (?) se deve lembrar do famoso caso do Banco Angola e
Metrópole, quando em 1925 o sr., sim, o Senhor Alves dos Reis, num golpe
de mestre, conseguiu emitir notas a que chamaram falsas, num total equivalente a
1% do PIB do país. Infelizmente a fraude – fraude? – foi logo descoberta,
porque se se tem aguentado durante alguns anos Angola teria tido um
desenvolvimento notável.
Ah!
E os chineses? Com os chineses é diferente, porque são iguaisinhos aos outros!
Compram títulos de crédito dos USA e se um dia exigirem o pagamento vão receber
caixotes e caixotes de notas ainda com cheiro de tinta fresca.
Moral
da história: quer tudo isto dizer que este panorama de degradação humana –
fazerem os pobres pagarem o falso – é tudo uma mentira dos donos da banca.
Claro que é, porque JAMAIS pode passar pela cabeça de alguém que, mesmo que
aparecesse a linda “fada madrinha” e sua varinha mágica ou o mago “Merlin” com
sua flauta, não haveria hipótese alguma de juntar toda essa montuera de grana
que o mundo anda a bramar que alguém deve milhões de trilhões a alguém, o que é
uma total mentira e uma forma de terror psicológico.
Então
como parar este ciclo vicioso e mentiroso de débitos, dívidas, juros, etc.?
Com
a velha e conhecida fórmula, simples: “Dever,
não nego, pagar, não pago”. Nunca.
E
como estamos em vésperas natalinas, dizer, com sorriso simpático, fraterno e
carinhoso, aos agiotas de todo o mundo, que já desgraçaram o planeta:
Boas Festas!
11/12/2013
Pois é, Francisco.
ResponderExcluirEsta da "grana" é uma complicação do diabo.
Mas como ter uma sociedade de base contratual (isto é, quem tem de entregar, entrega; quem tem de pagar, paga) sem dinheiro (isto é, liquidez) que sirva de contraprestação geral, que tenha poder liberatório (isto é, poder de extinguir dívidas independentemente da vontade de quem delas seja credor)?
É que, tanto quanto hoje se sabe, só uma sociedade de base contratual é compatível com a liberdade de escolha (incluindo a liberdade de hoje preferir isto, amanhã coisa diferente), a propriedade individual, a mudança sem drama nem tragédia.
A alternativa é, inevitavelmente, a violência: a violência bruta, sob a forma de extorsão; a violência suave sobre quem não pode escolher, sobre quem tem de aceitar aquilo que lhe queiram dar, sobre quem tenha de comer e calar, sempre.
Apontar a imperfeição do modelo de mercado (o que eu tenho feito de quando em vez) não significa que haja alternativa melhor. Não há, no estado actual da organização social. Todas as alternativas implicam violência. É isto que o marxismo (fruto maduro do Iluminismo) nunca percebeu. Tal como tantos outros, das Esquerdas às Direitas, também nunca quiseram perceber.
Ah! E os Federal Banks que formam a infra-estrutura do sistema bancário nos EUA não são privados. São públicos, tendo, porém, nos respectivos Conselhos de Administração representantes dos "3 estados": Bancos estaduais, empresários e "homens bons da comunidade". Só os respectivos Presidentes são indicados pelo Governo Federal, com a aprovação do Congresso.
Abraço
APM