sábado, 21 de maio de 2011



Não é para ter inveja !

Mas a verdade é que, onde vivemos (i.é, eu vivo) no Rio de Janeiro, estamos felizmente afastados do centro, de ruas movimentadas, casa isolada no meio do terreno, muita árvore, sossego, silêncio, tranqüilidade.
O nosso palácio! Apesar desta “maravilha”, se quisesse, hoje, ir morar num apartamento mixuruco, lá no meio dos emergentes da Barra, teria que vender esta casa duas ou três vezes! Estamos no meio do “mato”... o que será pouco chique, mas é uma delícia!
E deliciamo-nos com as visitas daquilo que a natureza nos oferece como uma pequenina amostra da sua generosidade.
Quase diariamente temos que gastar uma ou duas bananas para dar aos pequeninos macacos, os Sagüis, que nos visitam, sem medo, sempre em grupo, uma família com seis a dez membros. Uma beleza. Os filhotinhos quando nascem têm, no máximo uns oito centímetros de comprimento!




Na casa ao lado, num coqueiro junto ao nosso muro, vive, desde que viemos para esta casa há, outra família, mas de “Bem-ti-vis”. Barulhentos, sem vergonha, todo o dia vêm “roubar” um pouco da ração do nosso fiel guarda! Quando pegam um pedaço maior, que não lhe entra logo na goela, voam até uns quatro metros de altura, soltam o granulado que se quebra ao bater no chão. Depois... é muito mais fácil comer!

  
E um “Sabiá”, que não canta, mas marca a presença constante batendo com o bico numa das janelas do andar de baixo! “Tuca, tuca, tuca”, olho muito vivo, olha para os lados e continua: “tuca,tuca...” mas é demasiado arisco. Só o conseguimos ver com um espelho! Se sente o mínimo barulho ou a aproximação de alguém, voa e esconde-se no meio da folhagem!



A seguir as “Rolas”, que durante anos fizeram sempre o ninho no mesmo arbusto e um dia... sumiram. Estão de volta, com moradia em lugar mais escondido!




“Beija-flores”, sempre por aqui estão, beijando uma ou outra flor! Pairando no ar, as suas asas fazem um ruído de ventilador! Não se assustam muito com a nossa presença. Creio até que alguns já nos conhecem bem!

Desde há alguns anos que, dependendo da época ano, temos a visita mais espetacular! Os “Tucanos de bico preto”. São uma maravilha. Sempre aos pares, às vezes três, possivelmente um filhote, têm um grito próprio. Sempre que aparecem, aqui no topo das árvores, corremos para fora de casa, binóculo na mão, para gozar este espetáculo maravilhoso!


Agora começou a aparecer a “Gralha cancã”. Originária do Nordeste, com o desmatamento daquela região, já se está instalando no Rio. É um pássaro lindo, branco e preto, mesmo nas costas, uns 40 a 50 cm. de tamanho, só que o gralhar dela, lembra, infelizmente, o de alguns políticos conhecidos: muito barulho sem se fazerem entender.




Mais raro, infelizmente, é o “Papagaio Fura Mato”. Só o temos visto isolado. Deve ser ainda solteiro ou viúvo!





Agora que uma das nossas árvores está completamente carregada de frutos, “Abiu” (Pouteria caimito), frutos com a consistência de nêsperas, maiores um pouco, agridoce, que faz a delícia da passarada, e, dentro dela – uma árvore com uns 6 a 7 metros de altura, e copa, bem fechada, com diâmetro igual – andam dezenas de pássaros que, os meus conhecimentos ornitológicos não permitem identificar. Tudo lindo, na comilança.



 Mas além destas delícias, volta e meia aparece um “Gambá”, mas morto, talvez mordido pelo cão, que há tempos se atreveu também a dar uma mordida num “Ouriço” – que só saem de noite para comer – e à meia noite teve que ir ao veterinário para lhe tirar da boca, beiças e nariz, mais de cem pequenos espetos! Esperamos que tenha aprendido a lição!

Filhote de Gambá



Bravo para o nosso “Mike” – uma belíssima cruza entre São Bernardo e Pastora Belga – que um dia matou, à porta da cozinha, uma “Surucucu”! Tinha uns 80 cm. de comprimento, e veneno suficiente para matar qualquer um!
Surucucu ou Jararaca ?


Volta e meia também vemos, muito bem dissimulada entre os verdes a “Cobra verde”. Parece ser inofensiva – o que não desejamos confirmar pessoalmente – mas tem uma cor linda.





E para finalizar um “Hurra” ao nosso guardião. Uma maravilha de cão. Enorme, fortíssimo, ronco e pata de leão, mas um doce, com os donos e seus amigos.

O “Mike”(com um ano e pouco!) e o Lourenço


E aqui têm uma visão de “história natural” caseira. Se não acreditam, podem vir confirmar. Além das portas estarem abertas, temos sempre um prazer especial em receber os amigos. E... até os outros. Porque não?

Até já.

21/05/2011

2 comentários:

  1. Que beleza vovô! É realmente um privilégio (pra pouquíssimos nesse Rio de Janeiro urbano) conviver com uns vizinhos tão lindos! Mas o avô está negligenciando nesse relato a classe mais "bio-diversa" do mundo, e responsável por sustentar todo esse ecossistema: Os insetos! Me lembro bem, das muitas férias que passei aí, das imensas libélulas (uns 15-20cm) que voavam de razante pela piscina, das borboletas azuis gigantes, tão lindas quanto efêmeras, das esperanças delicadas e das cigarras abrutalhadas. E também não podemos esquecer (eu principalmente não posso...) dos lagartos, correndo pela rampa da garagem!

    Mas gostei muito desse relato, e fiquei até com saudades dos saguizinhos fofos! Beijos, vovô!

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  2. Tem razão a bióloga! Falta muita vida animal!
    Morcegos, frutíferos e insetívoros, dezenas de espécies de formigas, o famigerado cupim, que já comeu livros, portas, armários e agora a árvore mais frondosa que aqui tinhamos, a mangueira,talvez mais umas dezenas de pássaros diferentes, as tais libélulas, as cigarras e as borboletas (de quem já escrevi a propósito) e os lagartinhos, lagartixas.
    Esta força de vida nos trópicos, aos políticos só lhes dá para, com força... roubarem!
    Que se danem os políticos. Apreciemos o que, ainda, é belo!

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