quarta-feira, 18 de maio de 2011



Um dos Maiores

Homens de Sempre



Como é difícil aparecer um Homem, com “H” maiúsculo, que mereça o respeito e admiração universal. Uma das razões será o atraso do desenvolvimento deste primata classificado como homo sapiens! Sapiens, muito bem, matar, roubar, enganar o próximo, mas lutar pela dignificação da espécie, ainda vai ter que esperar uns milhares de séculos!
Simples como foi, um dos maiores homens do nosso (?) tempo, continua a ser motivo de profunda admiração e respeito incondicionais: Angelo Giuseppe Roncalli, o grande Papa João XXIII.
A sua trajetória na Igreja, desde simples padre, até ao papado, é a mais profunda demonstração de amor e respeito pelo irmão, fosse ele cristão, ortodoxo ou católico, judeu, muçulmano, ou simplesmente ateu (se é que estes existem!).
De uma simplicidade, humildade e aparente ingenuidade, foi uma permanente fonte de lição de amor a todo o mundo. Era um GRANDE simples.
Nas vésperas do conclave que havia de o eleger , perguntaram a um bispo francês, quem na sua opinião seria eleito Papa, ao que este respondeu com desdém: “Um Rocalli qualquer!” Outro bispo, de Angers, chorou de tristeza ao ter conhecimento da escolha do Sacro (?) Colégio!
Mas junto ao povo, a opinião era muito diferente. Houve um operário comunista que disse: “Aqui está um homem com quem iria de boa vontade beber um copo numa taberna”!
Este Roncalli, era um homem alegre e divertido, gostava do seu petisco, detestava as roupagens de circunstância que, dizia ele, “ficava parecendo um sátrapa persa”, gabava-se somente de ser filho de um humilde, mas são e honesto, trabalhador.
Quando lhe solicitavam uma mercê e ele não podia concedê-la, dizia, como a desculpar-se: “Sou apenas o Papa!”
Assim que chegou a Paris, como cardeal, Núncio Apostólico, a 30 de Dezembro de 1944, corre a casa do embaixador da União Soviética, que na ausência do representante da Santa Sé, devia pronunciar, no Eliseu, em nome do corpo diplomático, o discurso do Ano Nova. Propôs-lhe simplesmente ler em seu lugar o discurso que o russo havia preparado, ao que este anuiu. Após o ter lido, o Núncio disse-lhe:
“Excelência, não vejo que haja a modificar alguma coisa neste texto, a não ser uma pequena alusão à Providência. Estou certo de que não vê inconveniente em que seja eu a lê-lo. Será um excelente início da nossa colaboração diplomática.” E assim foi.
Depois de uma sessão solene na Academia Francesa: “É um belo e impressionante local: ouvem-se lá coisas admiráveis. Infelizmente, porém, os lugares não dão senão para sentar meio-núncio!”
No decurso de uma audiência, João XXIII reconhece o padre Pignatello, capelão geral do exército italiano, sob as ordens de quem servira durante a guerra, quando ainda não era mais do que o padre Roncalli. O capelão ajoelha para lhe beijar o anel. O Papa então, põe-se em sentido, faz continência, e diz-lhe com um sorriso: “Sargento Rocalli! Às suas ordens, meu general!”
Havia em Roma alguém que se fazia passar por conde Roncalli. Perguntaram ao Papa se se tratava de algum primo seu; “É possível que seja meu primo, mas dos meus irmãos com certeza não é”!
Ao ouvir, por acaso, numa rua de Roma, uma mulher dizer a outra: "Meu Deus, olha como ele é gordo!” João XXIII, volta-se e diz-lhe: “Saiba, senhora, que o conclave não é um concurso de beleza!”
Sobre as suas freqüentes saídas do Vaticano: “Dizem que saio demasiadas vezes durante o dia. Pois bem, passarei a sair só noite!”
Quando Núncio apostólico em França, esteve uma vez num banquete ao lado de uma dama elegante, com um decote por demais generoso. À sobremesa pediu-lhe que se servisse duma maçã, que lhe apresentou. Como esta se admirasse de tal iniciativa, acrescentou: “Por favor, minha senhora, sirva-se, pois foi só depois de comer a maçã que Eva percebeu que estava nua!”
Dos comunistas dizia o Papa: “São inimigos da Igreja, mas a Igreja não tem inimigos!”
Joao XXIII, ao receber Adjubel, genro de Kruschev, e sua mulher, volta-se para esta e pergunta-lhe o nome dos filhos. “Nikita, Alexis e Ivan” responde ela timidamente.
“Três lindos nomes, exclama o Papa que faz notar que Ivan corresponde e João. E acrescenta: “Quando regressarem a casa, façam, por mim, uma festa aos vossos filhos, especialmente ao Ivan; os outros não hão-de ficar ofendidos.”
João XXIII recebeu em audiência, cerca de duzentos delegados judeus da United Jewish Appeal dos EUA que se haviam deslocado a Roma. Acolheu-os de braços abertos : “Sou José, vosso irmão!”
Numa carta ao Superior Geral dos Franciscanos, o Papa escreveu, pensando nos judeus: “É preciso lançar mãos de todos os meios para superar mentalidades ultrapassadas, idéias preconcebidas e expressões pouco corteses.”

Como foi Grande este Homem simples.

(Citações do livro “Fioretti do Bom Papa João” de Henri Fesquet, Ed. Liv. Morais Editora, 1964.)

18/05/11

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