sexta-feira, 8 de maio de 2015

Carta enviada à redação do jornal "O Globo"
Para variar, NUNCA publicaram qualquer das minhas críticas ou observações! Como a madama presidenta que nem acusa a recpção do que mando!

Às voltas com Zumbi


Muito gostam determinados indivíduos de falar, e enaltecer, um hipotético Zumbi.
Desta vez foi o senhor Irapuã Santana que escreveu para “O Globo” e sempre martelando na nota da descriminação racial.
Só um pouco de “marcha à ré” e lembrar os feitos de Zumbi:
- atraiçoou e assassinou o tio, Ganga Zumba, que depois de lutar mais de 30 anos contra o governo, tinha negociado, como ninguém, liberdade e direitos para os escravos;
- a seguir o próprio Zumbi, arvorou-se em rei, rodeou-se de escravos e tratava-os tão mal quanto qualquer escravocrata da época. Os textos coesos o mostram claramente.
Qual é afinal o legado de Zumbi? A luta contra a escravidão? Essa não foi com certeza.
Descriminação racial? Também não.
O que ele não queria, e nisso estamos de acordo, era não servir a terceiros, quer como escravo ou liberto, o que também desejei toda a vida e não consegui. Queria a sua independência e, enquanto a teve, foi um senhor de escravos, também. Era assim em África desde tempos imemoriais, porque não haveria de ser no Novo Continente?
Quer o senhor Irapuã que durante o feriado de Zumbi, Dia da Consciência Negra, se discuta a descriminação racial.
Há alguns anos que este tema tem sido muito discutido e, de forma insistente, procurando impor ao povo brasileiro que somos um povo racista.
Não senhor Irapuã, não somos um povo racista, mas um povo que navega às escuras, desgovernado, sem que se deem oportunidades iguais a todos. Agora o senhor vai dizer: É isso mesmo. É, mas isso não começa por distinguir as cores das peles, mas por promover um ensino básico de qualidade para que todos possam chegar onde chegou, por exemplo, o grande ministro Joaquim Barbosa.
Não é racismo que existe: é desprezo pelo povo, povo de qualquer cor de pele, e eu conheci muito bem esse problema porque tive netos em escolas públicas e vi o quanto eram maltratados, desprezados pelos professores.
E não acha o senhor Irapuã estranho que não haja o Dia da Consciência do Índio? Com mais razão ainda do que o da Consciência Negra? Afinal europeus e africanos ocuparam as terras que eram deles!
O que falta no Brasil é o Dia da Consciência Nacional, que só se empolga quando ganhamos um campeonato de futebol!
Há anos saiu uma lei obrigando ao ensino da cultura africana. O que se fez sobre isso? O que faz, por exemplo, o Município de Mauá – SP nas suas escolas?
E o ensino da cultura indígena? Alguém, até no seu Município, conhece alguma coisa de Tupi-Guarani?
Costumes, tribos?
Fala-se demais em “discriminação social”, enfeitam-se notícias sobre “desenvolvimento social”, mas o Brasil permanece em vergonhosa situação de IDH.
Racismo existe sim, em muitos lugares, como por exemplo nos EUA, na África do Sul, agora negros contra negros, mas no Brasil o que existe mesmo é segregação financeira.

“Tudo tens tudo vales, qualquer que seja a tua pele” ou “Nada tens nada vales”.

Rio, 06/05/2015 

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