- Jango era o vice de Jânio Quadros, o presidente que renunciou.
A bandalha instalou-se no país, sargentos a mandar em generais, cabos da Marinha nos almirantes, os comunas a tomarem conta de tudo... até que
- em 1964, as Forças Armadas deram um basta, correram com o Jango e instalaram a ditadura.
- Jango exilou-se; mas quanto voltou ao Brasil, foi para a sua fazenda, grande, uma noite foi dormir e... acordou morto.
- agora a esquerda procura veneno!
_Celso Daniel era o prefeito duma cidade em São Paulo e foi assassinado pelos comparsas porque parece que sabia demais. Nunca se apurou quem foi o mandante e o assassino
- José Dirceu e Roberto Jeferson são dois "inocentes" do famoso "mensalão".
Com a devida vénia:
OS DEFUNTOS FRESCOS
“Peixes e convidados fedem em
três dias.”
Benjamin Franklin
Waldo Luís Viana*
Jango é
defunto antigo; Celso Daniel, também. A esquerda exumou o primeiro e quer
esquecer o segundo. Dilma, em seu incoercível caminho para a reeleição, tentou
fazer barretada eleitoral com os restos do primeiro. Deu tudo errado.
Taticamente não fala no segundo porque jamais agradaria à direita, em virtude
de que o prefeito de Santo André foi morto por motivo político. Ah, isso não
foi provado! – exclamarão alguns; mas também não há evidência de que Jango foi
envenenado! – atacarão outros. Por que tanta preocupação com um defunto e o
desprezo comissivo por outro?
Enquanto
honras militares eram concedidas a alguém que fora varrido antanho por eles
mesmos, o presidente do STF preparava o maior golpe já perpetrado sobre a nuca
do PT. Preparou-se para, no dia da proclamação da República, resgatar o país do
gozo da impunidade. Cumprindo somente a lei, mandou para a cadeia a quadrilha
infame que perpetrou o crime do mensalão. Foram sete anos de espera, longos
estudos e perícias e julgamento de um semestre. Melhor que isso, só viajando a
Marte...
Pobre
PT, que com a sua política de “dois passinhos pra frente e um pra trás”,
comissões da verdade para os que lutaram bravamente pela implantação de uma
democracia comunista, defuntos esquecidos e outras trampolinagens culturais –
acabou colhido pela prisão emblemática dos mensaleiros.
Qual
será a resposta governamental a esse triste destino? O projeto de José Dirceu
de chegar à presidência foi destruído por Roberto Jefferson, personagem
esdrúxulo que, tendo pertencido à máfia, resolveu não cair sozinho e levou
consigo a cúpula de então do partido majoritário e demais membros da quadrilha.
Enfim, a piada de salão transformou em defuntos frescos os imortais da
corrupção que se consideravam imbatíveis. “Happy end”, afinal...
E tais
defuntos não receberam nem réquiem da presidenta. Ela foi instruída por seus
marqueteiros a não se envolver com o cemitério. Reis mortos, reis postos, não é
o que diz o ditado?
Já estava muito ocupada com os restos de
Jango, cujo odor só interessava à esquerda. Aliás, a esquerda habitualmente
escolhe a dedo quem deseja ressuscitar. E que gosto, meu Deus! Nesse caso, o
retrovisor valeria a pena, mas como a história teimosamente olha para a frente,
a presidenta não contava com as iniciativas de outro poder da República.
Pensava-o morto, mas ele também reviveu. E como?
Esquerda
e direita vivem agora no país uma guerra de defuntos. Qual seria o mais notório? Quem despertará mais
interesse da patuléia, narcotizada como sempre por duplas caipiras e bailes
funk? Se 67% do povinho pascácio só tem o curso primário e não tem médicos nem
hospitais, como fazer a choldra chorar pelos defuntos frescos?
O país
submerge nas covas da corrupção e não sobra culpa pra ninguém, o que que falta
é cadeia. Segurança máxima para pretos, pobres e prostitutas, enquanto
políticos, fiscais, pegadores de propinas de empreiteiras, construtoras,
multinacionais e firmas sonegadoras de impostos encontram absolvição nos
tribunais, na medida em que o tempo passe, os alienados esqueçam e os recursos
abundem.
Os três
poderes republicanos são árvores velhas de corrupção e estão em agonia. Diante
deles, a população não chora nem leva velas. Continua amando o carnaval e o
futebol, a despeito dos black blocks, os baderneiros arrasa-quarteirões da
pós-modernidade.
Imagino
a raiva petista nos bastidores. O que fazer com o Joaquim que não bancou o pai
Tomás. Se acontecer de ele também virar defunto, a coisa ficará muito
evidente...
O que
fazer, então, PT? Afinal, os lorpas da classe C só se interessam por fogão,
geladeira e carro popular à prestação, pra ficar em engarrafamentos e estradas
esburacadas. Não irão se debruçar sobre defuntos nem chorar por anistiados
endinheirados.
Serão
necessárias novas estratégias. Naturalmente, nossos impostos pagarão os
cientistas políticos que irão auxiliar a presidenta a “pensar” em novas manobras para a conquista do
eleitorado. As últimas foram mesmo um desastre!
Pois a
imprensa só fala em mensalão e uma revista com taxímetro desviou-se dos fatos
atuais para comentar a ecologia. Afinal, isso seria mais importante para o
governo do que aludir aos novos defuntos frescos!
O dia 15
de novembro de 2013 será lembrado pelos pósteros como uma data de libertação
nacional. No Brasil, a partir daí, canalha rico e poderoso poderá ir pra cadeia
e seus objetivos torpes descerão á cova juntamente com as suas ambições.
E o
partido no governo não vai conseguir reverter o processo, tentando capitalizar
o feito, porque Joaquim Barbosa demonstrou ser independente, apesar de ser
chamado “negro traidor” pela ofendida
militância no poder.
Muito
cuidado, então, ao escolher a dedo os ministros do STF. De preferência que
sejam os de passado militante, embora se tornem vitalícios (e inamovíveis)
depois. E é aí que a porca torce o rabo, porque os ministros podem desobedecer
os heróis de plantão e deixar novos mortos pelo caminho...
Pobre
Brasil, cujos defuntos antigos não se revolvem nas covas. São os defuntos vivos
e frescos que sofrem dentro e agora fora do governo. E não há saída porque irão
feder do mesmo jeito...
______
*Waldo Luís
Viana é escritor, economista, poeta e, por enquanto, ainda vivo, bem vivo...
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