A
burocracia das religiões
Discutir
religião é uma autêntica perda de tempo, assim como discutir qual a melhor
equipa de futebol.
Hoje
ganham espaço os muçulmanos nas regiões onde são todos OBRIGADOS a cumprir os preceitos de rezar várias vezes ao dia,
voltados para Meca, onde quer que estejam, inclusivé fechando ruas de cidades
como em Marselha. E além da França, na Inglaterra, EUA, etc.
E
ganham espaço e muito, muito dinheiro, os vendedores de milagres, os
chamados “evangélicos”, habilissimos
vendedores que se espalham pelo mundo como praga, apesar de, como em tudo,
entre os seus haver muita gente de boa vontade.
Cada
religião tem as suas crenças mas, infelizmente, acima de tudo, tem os seus
cerimoniais que cada vez menos se cumprem. Não que isso faça grande diferença
para a fé de cada um.
E quando
analisamos esses cerimoniais, alguns com vários milhares de anos, tentando
através da ortodoxia obstinada dos pseudo “donos da verdade”, manterem-se
imutáveis, não é dificil perceber que todas as religiões necessitam, sem sair dos
seus príncípios fundamentais, de um “aggiornamento”!
Na
igreja católica este primeiro passo foi dado pelo “Bom Papa João XXIII”, e
agora pela imensa simplicidade e firmeza do Papa Francisco, o que faz admitir
que o catolicismo comecará a perder menos devotos.
Os cristãos têm também muitos dos seus costumes
alterados, quase sempre por “decretos”, sem que isso os faça perder a fé, mas
que a muitos tem afastado.
Por exemplo a Quaresma,
o Ciclo Pascal, compreende
três tempos: preparação, celebração e prolongamento.
Os serviços religiosos desse período
intentam a preparação da comunidade de fiéis para a celebração da festa pascal,
que comemora a ressurreição e a vitória de Cristo. Esta
preparação é feita através de jejum, abstinência de carne, mortificações,
caridade e orações.
Quantos católicos cumprem estes preceitos?
Raros.
Os
judeus discutem também entre si os preceitos talmúdicos do shabat, o dia do descanso, originado no Génesis, que diz que “havendo
Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a
sua obra, e abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou
de toda a sua obra.” E
ainda hoje manda o preceito judaico que esse dia seja dedicado à meditação,
duas horas e meia, à família e ao descanso. E, em princípio nada mais podem
fazer, nem preparar as refeições que são feitas de véspera.
Os ortodoxos, em Israel querem até introduzir
uma lei proibindo que o comércio abra aos sábados! Como é evidente têm uma
tremenda oposição, e como praticamente em todo o mundo o domingo é que se
tornou o verdadeiro dia sem comércio,
procuram um sofisma para alinhar com o que se tornou normal, considerando o domingo como integrante do fim de semana!
Hoje, de acordo com as regras, quem por exemplo
tem filhos pequenos, nem sequer os pode
levar à praia, ou levá-los para brincar com amiguinhos, judeus ou não judeus, e
são obrigados a ficar em casa o que se torna um pesado fardo para a família.
Não podem “gerar energia”, o que significa que
não podem ligar o ar condicionado, a TV ou sair de automóvel, etc., o que nos dias
de hoje cheira a absurdo.
Quando o Talmud tudo isto decretou, parece que
há mais de 2.500 anos, era perfeitamente normal ficar-se em casa, orar,
descansar, etc. Mas hoje em dia?
Bélgica flamenga, Mortsel, um município
encostado a Antuérpia, onde vive uma grande colônia judaica, e importante
centro de negócio e lapidação de diamantes. Ali tinha, e tem, a sede da
Agfa-Gevaert onde em 1965 estive estagiando por três semanas.
Bem perto da empresa, um hotel modesto mas
suficiente; no último dia de manhã, malas na mão, no 3° ou 4° andar do prédio,
chamo o elevador para me levar ao restaurante tomar o meu “mata-bicho”.
Enquanto aguardava, apareceu ao meu lado ainda
em mangas de camisa um judeu, ortodoxo – não se confundem com os outros – que
me pede para acender a luz dum pequeno banheiro que havia ali ao lado. Eu com
ambas as mãos ocupadas, e o “cara” sem nada nas mãos a pedir-me uma coisa
completamente insólita!?! Mas não quis fazer perguntas e meio de costas toquei
no interruptor, que fez um barulhinho – clic – mas não virou, e portanto não
acendeu a luz. Olhámos um para o outro e eu, em francês disse-lhe que
possivelmente a lâmpada estava queimada.
Mas aquilo mexeu com as minhas meninges, e
quando cheguei ao restaurante informei o pessoal do hotel que possivelmente
havia uma lâmpada queimada no tal andar.
Fui para a fábrica, meu último dia, e comentei
a história a alguém que, conhecedor dos costumes, me disse: “os judeus ao sábado não podem nem acender
lâmpadas!”
Custou-me a acreditar, porque em locais escuros
deviam andar todos aos tombos, o que seria uma estupidez, mas jamais esqueci o
absurdo de tudo isto.
Só agora, passados que são 48 anos, quase meio
século, ao ler duas revistas judaicas – muito boas - sobretudo a “Hebraica”, fui encontrar, escrito
por um rabino e um escritor religioso, o problema do shabat que, certamente a imensa maioria dos judeus espalhados no
mundo não cumpre com este rigor.
Uma lei que se pretende prepetuar e tem já mais
2.500 anos, e que não interfere com o básico da crença... é, no mínimo,
estranho.
Quanto aos
muçulmanos, além de, alguns, terem que fazer as cinco orações do dia – a
oração da manhã (Salát Assobh), a do meio-dia (Salát Addohr), a da tarde (Salát
Al-Açr), a do crepúsculo (Salát Al-Maghreb) e a do anoitecer (Salát Al-Ichá) – há o seu comprometimento com o Ramadan, um
dos cinco pilares do do Islão, o mês
durante o qual praticam o seu
jejum ritual, passeiam-se nas ruas a lere o Corão em voz alta, e têm que se abster de
relações sexuais.
Mas
toda a gente sabe que só alguns cumprem este preceito com rigor, sem deixarem
de acreditar que Maomé seja o seu único
profeta.
Moçambique, 1992.
Depois do acordo de paz que acabou com a guerra civil – é bom notar que foi o
único acordo de paz até hoje cumprido, desde que o tempo é tempo, em todo o
mundo (honra e glória aos moçambicanos) – a ONU mandou para a Beira –
centro-norte de Moçambique – uma missão cuja função era a recolha das armas dos
então chamados rebeldes, missão essa composta de militares, todos com postos
entre capitão e major, exceto os “velhos chefões” suecos, hindus e pouco mais.
Chegaram imensos
países, como Tailândia e Bangladesh, além duns quantos latinos do Brasil,
Uruguay, Argentina, Cuba, Cabo Verde e até um “latino” da Guiné-Bissau, mesmo
este sendo muçulmano, mas, como ele mesmo dizia “mau muçulmano”, porque bebia
bem, era um grande farrista e além das seis mulheres que tinha na sua terra
ainda “comprou” uma moçambicana pela qual pagou um saco de arroz!
Um dos capitães bangla,
sempre com ar de superioridade, sentia-se acima dos alegres latinos que desde o
início fizeram um grupo à parte, alegre, descontraído, que se juntava para uma
boa almoçarada, violão em punho, aquela alegria contagiante que faz inveja à
grande maioria dos habitantes desta antiga Pangea, mais ainda aos bangla ainda
com complexo de subjugados dos ingleses, e seu teórico rigor religioso.
E, sempre que
ocasião se apresentava, o capitãozinho, permitia-se criticar as alegres
atitudes dos latinos, que forçosamente tinham que rir na sua cara.
Até que um dia
estes decidiram pregar-lhe uma boa peça.
Ramadan. O capitão
vivia num hotel, onde se fechava ao fim do dia sem ninguém saber, nem com isso
se preocupar, como ele estaria cumprindo o seu dever com o Islão.
Uma noite os
ladinos latinos resolveram vingar-se daquele presunçoso e chato camarada de
serviço.
Contrataram uma
prostituta, a mais bonitona que encontraram, pagaram-lhe com generosidade, e
mandaram-na bater na porta do “impecável” bangla, mas que antes tirasse a blusa
e se apresentasse com os seios de fora! No corredor do andar do quarto deste,
os latinos, escondidos, espreitavam a reação do fervoroso adorador de Alá. Este
ao ouvir o “toc-toc-toc” na porta, abre-a, dá caras com uma oferecida
moçambicana bonitona, estaca, exita, espreita para os dois lados do corredor,
não vê vivalma, e puxa a garota para dentro!
O grupo dos
latinos, em silêncio, senta-se no corredor, alguns bem em frente da porta do
chato muslim, e aguardam a noite toda, até que ao romper do dia o bangla abre a
porta e afetuosamente se despede da sua companhia noturna.
Mas, ó desgraça,
nessa altura repara que os camaradas latinos, sem dizerem uma palavra, lhe
fazem um sorriso trocista. Pobre bangla. Debaixo da sua pele escura um violento
rubro aparece, e pede encarecidamente que ninguém conte o sucedido, promessa com
rigor cumprida.
A partir desse dia
o capitão-bangla virou um “doce” com suas atenções e sorrisos para aqueles que
antes desprezava.
Tudo isto por
causa da burocracia religiosa, e do pavor incutido no espírito dos crentes
sobre o temor do fogo dos infernos.
Nunca se ficou
sabendo se naquela noite a cama do bangla pegou fogo! O que vos parece?
05/10/2013
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