domingo, 30 de agosto de 2020

 

Saudade

de Outro GRANDE Amigo

 Em 2018 comecei a escrever umas pequenas notas lembrando os Meus Amigos, que tantos já não estavam entre nós, mas que permanecem na nossa memória, e deixaram no nosso coração uma saudade imensa.

Um dos primeiros sobre quem escrevi foi um Senhor, Dom Domingos de Sousa Coutinho, o 4° Marquês de Funchal, da geração acima da minha, sempre de imensa simpatia comigo e com toda a gente, que me fez sentir como se fosse mais do que um amigo, um membro da sua grande família.

Nunca ouvi naquela casa alguma referência ao título nobiliárquico, sendo todos de extrema educação e simplicidade.

Conheci esta grande família, em Évora, 1946, quando o quinto filho, o Miguel Nuno, esteve comigo na Escola de Regentes Agrícolas, onde logo fizemos um bela amizade.

Passei a frequentar a sua casa, em Évora, cheia de filhos e de vida, e ganhei algumas fortes amizades, dos que tinham uma idade próxima da minha, que passaram a fazer parte da minha vida, como irmãos e irmãs.

O mais velho, nessa altura muito mais velho que eu – oito anos, que o tempo acabou por esquecer essas diferenças – já raro aparecia em casa, completava a Faculdade, e foi em Angola onde nos reencontrámos, ambos casados no mesmo ano, ele com uma prima da minha mulher.

E foram nascendo filhos de um lado e do outro, que se tornaram amigos, irmãos, pela vida fora, e nós, os pais, consolidando uma amizade profunda.

Foi depois o 5° Marquês, e a Senhora Marquesa, títulos que só se pronunciavam quando nos juntávamos e fazendo graça com isso.

Como o pai, uma simpatia contagiante, sempre alegre, bem disposto, quem o conheceu não pode ter deixado de se encantar com a sua simplicidade que transformava uma simples amizade em algo indestrutível.

Depois da independência de Angola ainda por lá ficou alguns anos a trabalhar, depois em Portugal só parou com mais de oitenta anos quando teve um grave acidente de carro.

E foi somando anos! Quando lhe telefonava a dar-lhe um abraço de parabéns, já na faixa dos seus 90, dizia só: Eu sou teimoso!

Dom Agostinho de Sousa Coutinho, a quem os amigos tratavam por Titinho, e toda a sua bela família, foi um dos GRANDES amigos com que o Bom Deus nos presenteou, e a sua teimosia levou-o até perto dos 97 anos, quando fechou os olhos, em Paz.

Ganhou um merecido descanso. Nós é que vamos ficando cada vez mais pobres, a ver os amigos adormecerem, e receberem o prémio pela sua impecável conduta nesta Terra.

Com os olhos humedecidos, tenho pena, por estar tão longe, de não poder abraçar a todos, a toda a família.

A vida segue, mas os nossos, infelizmente raros encontros, vão perdendo a alegria de tantos abraços...

Purificação e Agostinho (Purinha e Titinho)


30/08/2020

Um comentário:

  1. Aos poucos estes grandes amigos já ganharam o céu e lá se vão encontrar de novo. Bjs querido tio seja também teimoso ok?

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