Saudade
de
Outro GRANDE Amigo
Um dos primeiros sobre quem
escrevi foi um Senhor, Dom Domingos de Sousa Coutinho, o 4° Marquês de Funchal,
da geração acima da minha, sempre de imensa simpatia comigo e com toda a gente,
que me fez sentir como se fosse mais do que um amigo, um membro da sua grande
família.
Nunca ouvi naquela casa
alguma referência ao título nobiliárquico, sendo todos de extrema educação e
simplicidade.
Conheci esta grande família,
em Évora, 1946, quando o quinto filho, o Miguel Nuno, esteve comigo na Escola
de Regentes Agrícolas, onde logo fizemos um bela amizade.
Passei a frequentar a sua
casa, em Évora, cheia de filhos e de vida, e ganhei algumas fortes amizades,
dos que tinham uma idade próxima da minha, que passaram a fazer parte da minha
vida, como irmãos e irmãs.
O mais velho, nessa altura muito
mais velho que eu – oito anos, que o tempo acabou por esquecer essas diferenças
– já raro aparecia em casa, completava a Faculdade, e foi em Angola onde nos
reencontrámos, ambos casados no mesmo ano, ele com uma prima da minha mulher.
E foram nascendo filhos de um
lado e do outro, que se tornaram amigos, irmãos, pela vida fora, e nós, os pais,
consolidando uma amizade profunda.
Foi depois o 5° Marquês, e a
Senhora Marquesa, títulos que só se pronunciavam quando nos juntávamos e
fazendo graça com isso.
Como o pai, uma simpatia contagiante,
sempre alegre, bem disposto, quem o conheceu não pode ter deixado de se
encantar com a sua simplicidade que transformava uma simples amizade em algo
indestrutível.
Depois da independência de
Angola ainda por lá ficou alguns anos a trabalhar, depois em Portugal só parou
com mais de oitenta anos quando teve um grave acidente de carro.
E foi somando anos! Quando
lhe telefonava a dar-lhe um abraço de parabéns, já na faixa dos seus 90, dizia
só: Eu sou teimoso!
Dom Agostinho de Sousa Coutinho,
a quem os amigos tratavam por Titinho, e toda a sua bela família, foi um
dos GRANDES amigos com que o Bom Deus nos presenteou, e a sua teimosia levou-o
até perto dos 97 anos, quando fechou os olhos, em Paz.
Ganhou um merecido descanso. Nós
é que vamos ficando cada vez mais pobres, a ver os amigos adormecerem, e
receberem o prémio pela sua impecável conduta nesta Terra.
Com os olhos humedecidos,
tenho pena, por estar tão longe, de não poder abraçar a todos, a toda a
família.
A vida segue, mas os nossos, infelizmente
raros encontros, vão perdendo a alegria de tantos abraços...
Purificação e Agostinho (Purinha e Titinho)
30/08/2020
Aos poucos estes grandes amigos já ganharam o céu e lá se vão encontrar de novo. Bjs querido tio seja também teimoso ok?
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