segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Passou o Natal. Os que puderam beberam do melhor, e talvez muito. Agora podem procurar saber um pouco mais sobre essa bebida de excelência

O Vinho e suas Origens

Há muito que se calculava que o vinho, as videiras, as verdadeiras Vitis Vinicola, teriam vindo de algures lá dum qualquer longínquo algures, como o grão de bico e o trigo saiu da Mesopotâmia, o café dos altos da Etiópia e muito conhecido como Moca por ser exportado do Iêmen, o arroz da Índia, a laranja da China, o tomate e as batatas da América Central, a mandioca do Brasil, e tanta outra coisa hoje indispensável, e tradicional da nossa alimentação. (A vigarice e a corrupção é que são endémicas all over sem origem definida, mas ora instalada nas políticas. Enfim!)
E o vinho? Supunha-se, conjeturava-se, mas... a verdade é que acabou por ficar famoso sobretudo na Europa, toda ela, de Leste a Oeste, e daí repartiu à conquista do mundo. Hoje há vinho bom, ótimo, na África do Sul, Austrália, Estados Unidos, Brasil e sobretudo Chile e Argentina, China, Magrebe, etc. e etc. e até já se começa a produzir na Inglaterra e na Suécia!
E lá nos algures? Tem muito bom vinho no Cáucaso, Geórgia e Armênia, e por todo o lado.
Têm-se encontrado milhares de ânforas onde os fenícios transportavam vinho para a Europa, Cristo abençoou o vinho, os romanos mandavam busca-lo ao Alentejo porque era o melhor que conheciam (eu devo ter uma costela românica!), encontram-se referências ao vinho em todos os escritos e escavações arqueológicas de todo o lugar, mas finalmente encontrou-se num local, onde o Carbono 14 garante que 8.000 anos a.C. já se fazia vinho e, o mais entusiasmante dessa descoberta é que eles cultivavam a Vitis Vinifera, donde saíram a Merlot, Cabernet, Pinot, Ramisco, Touriga, Alfrocheiro, Moscatel, todas.
Onde encontraram isso? Na Ibéria !!!
Imaginem só! Na Ibéria. Nada de Vinho do Porto, ou Rioja, ou qualquer outro muito conhecido nas bandas da dita Península Ibérica.
Foi na “outra” Ibéria de há milhares de anos, que continua a produzir magníficos vinhos como os Kvareli, Kindzmarauli e Saperavi, tintos e Tsinandali e Mtsvane, brancos, e mais uma boa quantidade de outros lados da fronteira que hoje separa essas antigas regiões, como Azerbaijão e além Mar Cáspio, e sobretudo na Arménia, que tem uma Província que se chama Shiraz, que me lembra uma ótima “pinga” em que, sobretudo os australianos se têm vindo a destacar.
Uvas da Georgia

Em ambos os países, hoje Georgia e Arménia, onde dantes era a Iberia, o conhecimento da cultura da vinha Vitis Vinifera e a produção de vinhos remonta a mais de 10.000 anos, e ambos têm, nos últimos anos aumentado substancialmente a sua produção, que, esperemos que não tarde muito, possa chegar às nossas mesas.

Arménia: vinhedo em Artashat, com vista para o Monte Ararat

A Ibéria atual também não pode queixar-se dos seus pergaminhos antigos, porque há indícios e provas de que por ali já se produzia vinho há, pelo menos 5 ou 6.000 anos.
Foi rapidinho da Ibéria antiga para a Ibéria nova!
Como ninguém sabe de onde vieram os Iberos... há evidências linguísticas, como esta – duas regiões com o mesmo nome, que nos levam a supor que os avozinhos dos iberos, hoje ibéricos, tenham vindo do Cáucaso, com a sua tecnologia vinícola.
Naquele tempo primitivo os agricultores ainda não sabiam como conservar o vinho por muito tempo, o vinho era produto exclusivo do suco da uva, e assim tinha que ser consumido em relativamente pouco tempo.
Só um “pouco” mais tarde, e nessas épocas, um “pouco mais tarde” talvez fossem uns milhares de anos, descobriram que a resina de pinheiro era um bom conservante, e vá de o utilizarem para poderem mais tempo usufruírem desse magnífico néctar sem que ele azedasse.
Bons tempos.
A partir do século XIX, começou a usar-se dióxido de enxofre, anidrido sulfuroso, metabissulfito de potássio, goma arábica, açúcar e outras coisas que os expert não nos dizem. Então o Champagne... nisso é campeão!
Hoje o vinho leva uma tal montuêra de química que, como já escrevi, permitia até que o meu amigo Pereira fizesse vinho de tudo menos de uva! O curioso é que até bem bebível.
A verdade, por fim, é que cada vez se bebem melhores vinhos, mesmo que estejamos a encher a barriga de química.
Mas os frangos não são engordados com hormônios femininos? E os agricultores não estão a usar herbicidas altamente perigosos que além do mal direto poluem rios, estragam os solos e depois ainda vão acabar com a fauna e flora marinhas?
E as toneladas de medicamentos que nos fazem ingerir quando a maioria das vezes aquela velha mezinha caseira fazia o mesmo ou muito melhor efeito sem consequências colaterais?
Estamos nos tempos que assim anunciam o fim do mundo.
O meu não está longe. Mas prefiro bater a bota com o papo cheio de metabissulfito e dióxido de enxofre dissolvidos no vinho, do que todo enferrujado se só beber água!
Que lhes parece beber um destes? (Sem essa do "semi-sweete"!)




Dez. 2017



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