Passou o Natal. Os que puderam beberam do melhor, e talvez muito. Agora podem procurar saber um pouco mais sobre essa bebida de excelência
O Vinho e suas Origens
Há
muito que se calculava que o vinho, as videiras, as verdadeiras Vitis Vinicola, teriam vindo de algures
lá dum qualquer longínquo algures, como o grão de bico e o trigo saiu da
Mesopotâmia, o café dos altos da Etiópia e muito conhecido como Moca por ser
exportado do Iêmen, o arroz da Índia, a laranja da China, o tomate e as batatas
da América Central, a mandioca do Brasil, e tanta outra coisa hoje indispensável,
e tradicional da nossa alimentação. (A vigarice e a corrupção é que são
endémicas all over sem origem
definida, mas ora instalada nas políticas. Enfim!)
E
o vinho? Supunha-se, conjeturava-se, mas... a verdade é que acabou por ficar
famoso sobretudo na Europa, toda ela, de Leste a Oeste, e daí repartiu à
conquista do mundo. Hoje há vinho bom, ótimo, na África do Sul, Austrália,
Estados Unidos, Brasil e sobretudo Chile e Argentina, China, Magrebe, etc. e
etc. e até já se começa a produzir na Inglaterra e na Suécia!
E
lá nos algures? Tem muito bom vinho no Cáucaso, Geórgia e Armênia, e por todo o
lado.
Têm-se
encontrado milhares de ânforas onde os fenícios transportavam vinho para a
Europa, Cristo abençoou o vinho, os romanos mandavam busca-lo ao Alentejo
porque era o melhor que conheciam (eu devo ter uma costela românica!),
encontram-se referências ao vinho em todos os escritos e escavações
arqueológicas de todo o lugar, mas finalmente encontrou-se num local, onde o Carbono
14 garante que 8.000 anos a.C. já se fazia vinho e, o mais entusiasmante dessa
descoberta é que eles cultivavam a Vitis
Vinifera, donde saíram a Merlot, Cabernet, Pinot, Ramisco, Touriga,
Alfrocheiro, Moscatel, todas.
Onde
encontraram isso? Na Ibéria !!!
Imaginem
só! Na Ibéria. Nada de Vinho do Porto, ou Rioja, ou qualquer outro muito
conhecido nas bandas da dita Península Ibérica.
Foi
na “outra” Ibéria de há milhares de anos, que continua a produzir magníficos vinhos
como os Kvareli, Kindzmarauli e Saperavi, tintos e Tsinandali e Mtsvane, brancos, e mais uma
boa quantidade de outros lados da fronteira
que hoje separa essas antigas regiões, como Azerbaijão e além Mar Cáspio, e
sobretudo na Arménia, que tem uma Província que se chama Shiraz, que me lembra
uma ótima “pinga” em que, sobretudo os australianos se têm vindo a destacar.
Uvas da Georgia
Em ambos os países,
hoje Georgia e Arménia, onde dantes era a Iberia, o conhecimento da cultura da
vinha Vitis Vinifera e a produção de
vinhos remonta a mais de 10.000 anos, e ambos têm, nos últimos anos aumentado
substancialmente a sua produção, que, esperemos que não tarde muito, possa
chegar às nossas mesas.
Arménia: vinhedo em Artashat, com vista para o
Monte Ararat
A Ibéria atual
também não pode queixar-se dos seus pergaminhos antigos, porque há indícios e
provas de que por ali já se produzia vinho há, pelo menos 5 ou 6.000 anos.
Foi rapidinho da
Ibéria antiga para a Ibéria nova!
Como ninguém sabe de
onde vieram os Iberos... há evidências linguísticas, como esta – duas regiões
com o mesmo nome, que nos levam a supor que os avozinhos dos iberos, hoje
ibéricos, tenham vindo do Cáucaso, com a sua tecnologia vinícola.
Naquele tempo
primitivo os agricultores ainda não sabiam como conservar o vinho por muito
tempo, o vinho era produto exclusivo do suco da uva, e assim tinha que ser
consumido em relativamente pouco tempo.
Só um “pouco” mais
tarde, e nessas épocas, um “pouco mais tarde” talvez fossem uns milhares de
anos, descobriram que a resina de pinheiro era um bom conservante, e vá de o
utilizarem para poderem mais tempo usufruírem desse magnífico néctar sem que
ele azedasse.
Bons tempos.
A partir do século
XIX, começou a usar-se dióxido de enxofre, anidrido sulfuroso, metabissulfito
de potássio, goma arábica, açúcar e outras coisas que os expert não nos dizem.
Então o Champagne... nisso é campeão!
Hoje o vinho leva
uma tal montuêra de química que, como já escrevi, permitia até que o meu amigo
Pereira fizesse vinho de tudo menos de uva! O curioso é que até bem bebível.
A verdade, por fim,
é que cada vez se bebem melhores vinhos, mesmo que estejamos a encher a barriga
de química.
Mas os frangos não
são engordados com hormônios femininos? E os agricultores não estão a usar
herbicidas altamente perigosos que além do mal direto poluem rios, estragam os
solos e depois ainda vão acabar com a fauna e flora marinhas?
E as toneladas de
medicamentos que nos fazem ingerir quando a maioria das vezes aquela velha
mezinha caseira fazia o mesmo ou muito melhor efeito sem consequências
colaterais?
Estamos nos tempos
que assim anunciam o fim do mundo.
O meu não está
longe. Mas prefiro bater a bota com o papo cheio de metabissulfito e dióxido de
enxofre dissolvidos no vinho, do que todo enferrujado se só beber água!
Que lhes parece beber um destes? (Sem essa do "semi-sweete"!)
Dez. 2017
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