sexta-feira, 8 de dezembro de 2017


Em 2009 publiquei este pequeno texto em homenagem às Mães.
É hoje, 8 de Dezembro, o Dia das Mães, para os católicos.
Por isso estou a repetir.

Dia das Mães

Minha Mãe a Vovó Zé

Dia das Mães

“O mundo gira às avessas
E muitos julgam que não.
Eu que me julgo por mim
Vejo que o mundo é assim
Com tanta contradição.

Há latagões Serafins,
Desventurados Venturas
E Claras que são escuras
...
Era assim que começava um dos fados cantados por uma velha fadista, lá pelos anos cinquenta, em Lisboa. Velhota, baixinha, não sei mais o seu nome, muito alegre. Já esqueci a maioria da letra, mas não esqueço nunca a verdade da contradição do mundo.
À medida que o desenfreado consumismo vai ditando e impondo as suas regras de conduta universal, mais e mais o mundo fica às avessas.
Invertem-se os valores básicos de toda a sociedade, vendo-se crescer a adulação a qualquer bezerro de ouro, e só a isso.
Cresci no tempo em que a célula base da sociedade era a família. Nos países subjugados pela super ditadura chamada democracia do povo, essa noção de família ia sendo destruída e o mundo ocidental tinha mais medo disso do que da coletivização dos bens de produção.
No fim da guerra dos canhões e dos mortos chegou a guerra fria e um brutal desenvolvimento daquilo a que se chamou neo-capitalismo, social democracia, pseudo socialismo ou qualquer outra coisa bombástica que na verdade pouco significa, e verifica-se que, se de um lado era a luta dum poder totalitário que se estribava no ateísmo para derrubar valores tradicionais e transformar homens em máquinas, do outro a ganância, coadjuvada pela inveja e egoísmo, caminhavam no mesmo sentido mostrando que o único deus vivo é o dinheiro, o poder, o mando.
Beijando ou não o anel dos bispos ou do papa, batendo com a mão no peito nas sinagogas ou encostando a testa aos seus tapetes de oração voltados para Meca, os donos do poder da banda das democracias sociais, conseguiram mais depressa derrubar os valores morais tradicionais do que a força bruta dos dirigentes soviéticos.
Mãe! Qualquer que seja a língua em que tal palavra seja pronunciada, nenhuma se lhe iguala em beleza. Mãe, a mais bela obra da natureza, como dizia Almeida Garrett!
Mas hoje em que o sexo reina desordenado, promíscuo, livre e estimulado pelo cinema, revistas, publicidade, e até como disse o Papa Bento pela facilidade da camisinha, e agora mais pela venda livre da pílula anticoncepcional do “dia seguinte”, pela facilidade do aborto, a pergunta que fica é: “Que Mãe és tu”?
No antigamente os cristãos celebravam o dia das Mães quando a liturgia festejava a Assunção da Mãe de Jesus. O mundo comercial não quis mais esse dia porque deixava de fora os não cristãos, e a data, perto do Natal, não favorecia o negócio. A força do dinheiro falou mais alto. Transferiu-se a festa para um domingo de Maio, passada a Páscoa e longe das férias, quando não há concorrência de outros festejos e as despesas possam ser encaminhadas para essa exclusividade, o Dia das Mães.
O comércio e a indústria gastam fábulas de dinheiro anunciando produtos a vender para presentear a Mãe e, ó espanto dos espantos, esse dia transformou-se numa desobriga de imensa quantidade de filhos. Uma vez por ano compram, quase por obrigação, um bagulho qualquer, vão oferecê-lo às mães e a seguir... até pr’ó ano!
Que filhos são estes? Que Mãe é aquela? De quem é a culpa? Da Mãe que os teve por “aventuras” ou que não soube manter os filhos unidos ao seu coração, ou dos filhos que cresceram esmagados pela força dos cifrões nos olhos e não veem outra coisa que não seja o amor à conta bancária?
Que bom fora que todos pudessem “cantar” com Casimiro de Abreu: 
Feliz o filho que pode, contente,
Na casa paterna, de noite e de dia,
Sentir as carícias do anjo dos amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia:
- Uma mãe!


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