Em 2009 publiquei este
pequeno texto em homenagem às Mães.
É hoje, 8 de Dezembro, o Dia
das Mães, para os católicos.
Por isso estou a repetir.
Dia das Mães
Minha Mãe a Vovó Zé
Dia das Mães
“O mundo gira às avessas
E muitos julgam que não.
Eu que me julgo por mim
Vejo que o mundo é assim
Com tanta contradição.
Há latagões Serafins,
Desventurados Venturas
E Claras que são escuras
...
E muitos julgam que não.
Eu que me julgo por mim
Vejo que o mundo é assim
Com tanta contradição.
Há latagões Serafins,
Desventurados Venturas
E Claras que são escuras
...
Era assim que começava um dos fados cantados por
uma velha fadista, lá pelos anos cinquenta, em Lisboa. Velhota, baixinha, não
sei mais o seu nome, muito alegre. Já esqueci a maioria da letra, mas não
esqueço nunca a verdade da contradição do mundo.
À medida que o desenfreado consumismo vai ditando
e impondo as suas regras de conduta universal, mais e mais o mundo fica às
avessas.
Invertem-se os valores básicos de toda a
sociedade, vendo-se crescer a adulação a qualquer bezerro de ouro, e só a isso.
Cresci no tempo em que a célula base da sociedade
era a família. Nos países subjugados pela super ditadura chamada democracia do
povo, essa noção de família ia sendo destruída e o mundo ocidental tinha mais
medo disso do que da coletivização dos bens de produção.
No fim da guerra dos canhões e dos mortos chegou
a guerra fria e um brutal desenvolvimento daquilo a que se chamou
neo-capitalismo, social democracia, pseudo socialismo ou qualquer outra coisa
bombástica que na verdade pouco significa, e verifica-se que, se de um lado era
a luta dum poder totalitário que se estribava no ateísmo para derrubar valores
tradicionais e transformar homens em máquinas, do outro a ganância, coadjuvada
pela inveja e egoísmo, caminhavam no mesmo sentido mostrando que o único deus
vivo é o dinheiro, o poder, o mando.
Beijando ou não o anel dos bispos ou do papa,
batendo com a mão no peito nas sinagogas ou encostando a testa aos seus tapetes
de oração voltados para Meca, os donos do poder da banda das democracias
sociais, conseguiram mais depressa derrubar os valores morais tradicionais do
que a força bruta dos dirigentes soviéticos.
Mãe! Qualquer que seja a língua em que tal
palavra seja pronunciada, nenhuma se lhe iguala em beleza. Mãe, a mais
bela obra da natureza, como dizia Almeida Garrett!
Mas hoje em que o sexo reina desordenado,
promíscuo, livre e estimulado pelo cinema, revistas, publicidade, e até como
disse o Papa Bento pela facilidade da camisinha, e agora mais pela venda livre
da pílula anticoncepcional do “dia seguinte”, pela facilidade do aborto, a
pergunta que fica é: “Que Mãe és tu”?
No antigamente os cristãos celebravam o dia das
Mães quando a liturgia festejava a Assunção da Mãe de Jesus. O mundo comercial
não quis mais esse dia porque deixava de fora os não cristãos, e a data, perto
do Natal, não favorecia o negócio. A força do dinheiro falou mais alto.
Transferiu-se a festa para um domingo de Maio, passada a Páscoa e longe das
férias, quando não há concorrência de outros festejos e as despesas possam ser
encaminhadas para essa exclusividade, o Dia das Mães.
O comércio e a indústria gastam fábulas de
dinheiro anunciando produtos a vender para presentear a Mãe e, ó espanto dos
espantos, esse dia transformou-se numa desobriga de imensa quantidade de
filhos. Uma vez por ano compram, quase por obrigação, um bagulho qualquer, vão
oferecê-lo às mães e a seguir... até pr’ó ano!
Que filhos são estes? Que Mãe é aquela? De quem é
a culpa? Da Mãe que os teve por “aventuras” ou que não soube manter os filhos
unidos ao seu coração, ou dos filhos que cresceram esmagados pela força dos
cifrões nos olhos e não veem outra coisa que não seja o amor à conta bancária?
Que bom fora que todos pudessem “cantar” com
Casimiro de Abreu:
Feliz o filho que pode, contente,
Na casa paterna, de noite e de dia,
Sentir as carícias do anjo dos amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia:
- Uma mãe!
Na casa paterna, de noite e de dia,
Sentir as carícias do anjo dos amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia:
- Uma mãe!
POR QUEM OS SINOS DOBRAM...
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