Isto foi já publicado há sete –7– anos,
e com certeza muitos já esqueceram.
De qualquer modo um novo exame de
consciência não fará mal a alguém.
CONFITEOR
, DEO
Aproxima-se o final do
ano. É época de Natal. Os sentimentos se não afloram no coração e mente,
aparecem, por vezes muito bonitos e muito frios em alguns cartões de Boas
Festas que se mandam por obrigação. Assim mesmo é melhor do que o total
esquecimento do “outro”.
Uns momentos de solidão, no
silêncio, um fixar os olhos além, no horizonte, no infinito, em nada, uma
introspecção, um exame de consciência, não custa nada. E é bom.
Muita, muita gente se
prepara para o Novo Ano com promessas, previamente falsas e sabidamente a descumprir
(sobretudo os políticos), “desejando” que esse novo tempo venha consertar tudo
quanto temos ajudado a destruir, mas... tudo, tudo mesmo, já esquecido antes da
Festa de Reis!
Não é de admirar; é quando
aparece o ouro, as riquezas, e as promessas... esquecidas.
Não é admirar porque todos
sabemos que cheio de boas intenções está o inferno. No entanto é sempre bom –
não tem efeitos colaterais – analisar o tempo que passou, ver o que se fez de
errado, ou pouco, e...
De qualquer modo, venho
fazer um exame de consciência publicamente, já que o blog está à disposição de
quem quiser.
Comecemos por ver como
vivemos dentro do estabelecido pelas Tábuas da Lei, os Dez Mandamentos!
1 - Amar a Deus
sobre todas as coisas! Hhiii...! Quantas vezes tive que colocar uma
venda nos olhos de Deus para ficar “amando” um carrão, sei lá, um Jaguar, outro
cruzeiro à vela pelo mundo fora, apesar de sempre querer que Deus me acompanhasse.
O que, aliás, Ele jamais deixou de fazer!
2 - Não invocar
o nome de Deus em vão! Então aqui não há perdão. Até misturamos o nome
de Deus com palavrões, como por exemplo, quando vimos um político roubar (um
não, a corja quase toda) e exclamamos: “Meus Deus! Olha só o que o f. da p.
agora aprontou”!
3 - Guardar
domingos e dias de festa! Quem guarda? Quantas vezes trabalhei aos
domingos, e até em feriados, e tive subordinados a quem estas tarefas eram
fundamentais. A fábrica não podia parar! Bom, mas isso faz tempo, porque agora
não faço nada! Talvez por isso não me preocupe com este mandamento
4 - Honrar pai
e mãe.
Creio que este sempre foi o meu maior ponto de honra. A memória deles ainda
hoje me faz sentir mais responsável, e cada dia que passa maior é a sua falta,
o seu conselho, o seu carinho, o seu exemplo!
5 - Não
matarás.
Não me recorda de ter morto alguém. Nem à bala, nem atropelamento, nem com
veneno. Simplesmente não vou esquecer nunca, de ter dado um tiro de carabina, e
pesada - .375 - na perna de um amigo! Mas foi culpa dele. Mas isso não me livra
da culpa de pensar que anda por aí muito ser indigno, que precisava de ser
transformado em picadinho. Para salsichas!
6 - Guardarás
castidade!
Aqui o problema complica-se, mas na minha idade este mandamento ... está já bem
guardado!
7 - Não
roubarás.
Pensei, pensei, pensei e, com certeza, alguma vez devo ter roubado alguma
coisa. Ah! Sim! Lembro bem; quando tinha os meus dez ou onze anos e voltava do
liceu para casa, passava na frente duma minúscula mercearia, que tinha na porta
uns sacos com castanhas piladas (secas). Ainda hoje me lembro que roubei umas
quantas, e me devem ter ajudado a quebrar algum dente! O merceeiro ou não via
ou não se importava, porque nunca reclamou. Saravá, amigo merceeiro!
8 - Não
levantarás falsos testemunhos. Não, Deus, isso é que de todo creio que
não fiz. Posso ter feito julgamentos errados; mas, quem não erra?
9 - Não
cobiçarás a mulher do próximo! Outra complicação. Tem cada “avião”
sobrevoando por aí... Quem podia olhar para a Sofia
Loren e ficar indiferente? E a Brigitte Bardot? E a Marylin, a Silvana
Mangano? Fala sério. Isto há 50 anos!!! Se não cometemos adultério, por vezes
éramos obrigados a sonhar, deixando a nossa imaginação percorrer os corpos
daquelas estátuas de carne! Neste mandamento estou ferrado! E poucos se safam. No
entanto, a verdade, é que também nunca tive uma vizinha, boazuda que me
tentasse. E... safei-me!
10 - Não
cobiçarás o que a outros pertença. Cobiçar, na verdade não cobicei, mas que doi
a cabeça por ter sido sempre um idiota, quando tantos bens passaram pelas
minhas mãos e de nada me apropriei... Oh! Deus, acho que me podeis dar aqui uma
nota baixa.
Por enquanto o descanso
eterno está a ficar cada vez mais longe.
Vejamos os pecados ditos
capitais:
- Ira: Senhor! Eu
fico irado com tanta malandragem que nos rodeia, que rouba, que maltrata o menor,
em idade ou situação econômica desastrosa, que abusa do poder, que corrompe ou se
deixa corromper, que vende armas, drogas e abusam as empresas farmacêuticas
fazendo os habitantes dos países pobres a servirem de cobaias, a todos os que
colaboram conscientemente na destruição do mundo; se ira é um pecado, confiteor Deo...
- Gula: este também é
um pecado lixado! Quantas vezes comi demais, porque me apresentavam cada
petisco... Não, Senhor, na altura não podia compartilhar com outrém que tivesse
fome. Não estavam a meu lado. Se estivesse, Senhor, Tu que tudo vês, sabes que
eu até teria comido menos do que o necessário. Mas naquelas horas, quando nos
põem debaixo do nariz um ensopado de cabrito a fumegar, ou a caldeirada do meu
amigo Alberto, ou uma bacalhauzada no restaurante de outro amigo, o Pereira,
não há quem não caia na gula. E a nossa feijoada brasileira??? Confiteor...
- Inveja. Inveja não
tive, mas como atrás digo, algum, vago, arrependimento pelo que poderia ter
feito melhor. Não fiz.
- Orgulho: Até hoje,
velho, nem sei bem o que é o orgulho. Fazemos algo bem feito e se somos
cumprimentados ou elogiados, o nosso ego... ri de satisfação. Será isso
orgulho? Se for, já me aconteceu muitas vezes, mas foi “doença” que rápido se
desvaneceu.
- Avareza: nessa não
caí. Odeio avarentos, mãos de vaca, prestamistas, bancos, agiotas, investidores
ou aplicadores de fortunas em jogo financeiro,
corruptores, etc.
- Preguiça: aahhh! Estou
cada vez mais preguiçoso! As forças vão fugindo, o corpo obedece com
dificuldade, e... ficar na cama mais uns minutinhos... Quando era novo, não!
Este pecadilho chegou tarde!
- Luxúria. Também não
será por esta porta que vou enfrentar o famigerado Lúcifer. Nunca estive nessas
bacanais que hoje são cada vez mais freqüentes, não xinguei nem maltratei
nenhum subordinado. Nessa da luxúria, estou fora.
Chegamos finalmente aos
chamados pecados veniais, que são tratados, como dizem nuestros hermanos, como pecadillos. Não são pecados graves. Mas
por exemplo, o pecado da omissão; se a gente se omite sempre, se deixa a
banditagem pôr-nos, a toda a hora, o pé na cabeça, ou se a vê fazer o mesmo a outros,
sem intervir, aqui o venial passa a ser pecado covardal.
Não sei qual será a minha
“nota” quando enfrentar, primeiro o São Pedro, e, se conseguir “levar este bom
homem no papo”, depois a Deus.
Mas alguma coisa ainda
sei: não vou deixar de lutar, e sempre me manifestar contra a vergonha dos
poderosos. Se possível cada vez com mais violência.
Que Deus me perdoe.
21 dez. 10
Hahahaha!!! Texto genial!!!!!!!
ResponderExcluir