NATAL
Meu
87° Natal. Como é de calcular não me lembro dos primeiros, mas, certamente,
recebi muitos e carinhosos elogios como: “que
bebé lindo, gordinho, ar de saúde, parece-se com a mãe, outros diziam que era com
o pai”, (não é vaidade, não!) e hoje acho que me pareço só comigo mesmo, levemente envelhecido, há muito passado
o tempo de ser um homem maduro, hoje, como a fruta, a caminho de podre!
Todos
os anos, em vez do simples “Boas Festas, etc.”, aproveito para um pouco mais de
reflexão, visto que o mundo está muito mais podre do que eu. Podre, injusto,
covarde, ganancioso, assassino.
Vendeu-se
há dias um quadro de Leonardo Da Vinci, “Salvatori
Mundi”, pela vergonhosa e escandalosa soma de mais de 450 milhões de
Dólares = 380 milhões de Euros = 1,5 bilhões de Reais!
E
ainda há “especialistas” que dizem que o quadro é falso. Também já foi tantas
vezes restaurado que da tinta original pouco ou nada deve sobrar. A verdade é
que sobraram US$ 450.000.000, !
Fome
por todos os cantos da Terra, guerras idem, e um quadrito de sessenta e pouco
centímetros de alto arrecada um preço que daria para alimentar, durante muito
tempo, uns milhões de seres que só aguardam que aumente a desnutrição!
São
mais de 800 milhões abaixo do nível mínimo de pobreza,1,5 milhões de crianças
definhadas nos países de África, e um indivíduo só, ou um grupo deles, vai dar
quase meio bilhão de dólares por um pedaço de lona com tinta!
E quanto vale um quadro como este? Há aos milhões.
Tem
pobreza em África, na Europa, nas Américas (Brasil, Venezuela, Porto Rico, ...
e até nos Estados Unidos), os políticos roubam mais do que o valor desse
quadro, o que significa que, cada vez mais “os lá de cima” preocupam-se tanto
com “os lá de baixo” como se valessem menos do que uma barata nojenta. E morta.
E
chega o Natal. Cínica e covardemente muitos ainda têm o descaramento de desejar
“Boas Festas e um Feliz Novo Ano” até a quem vive em profunda infelicidade e
não tem o que comer. Como desejar Boas Festas a crianças e famílias como as da
gravura?
É
uma bofetada na cara dos miseráveis!
Cristo,
ao tomar conhecimento de que houve quem gastasse aquela fortuna por um falso
retrato dele (porque nunca alguém lhe viu a cara para o pintar) deve ter
chorado mais do que chorou quando soube da morte de Lázaro, ou sobre Jerusalém,
antevendo a sua destruição e mais até do que as lágrimas de sangue que verteu quando
orava no Horto.
Desta
vez chorou pela infâmia da humanidade. Pelo desprezo que Ele vê, e que parece
acentuar-se, nas atitudes para com o Próximo, pelo mais ínfimo, pelo mais
humilde.
Há
quem tenha esperança na regeneração da humanidade. Que um dia voltará um
Messias. Confesso que eu não tenho.
Assistir
pela TV ou ler nos jornais e revistas: notícias, a grande maioria é de
desgraças, assaltos, assassinatos, roubos, corrupção, politiquice nojenta, um
crescendo de armamento, de guerras e guerrilhas, de estrangulamento dos
miseráveis pelos poderosos, e as revistas, os filmes e as novelas são um
acinte, um convite à destruição da célula base dos humanos: a família.
Acaba-se
com o pudor, com o respeito, tudo parecem facilidades, gasta-se em drogas e
produtos para embelezar, em academias para se apresentarem mais atraentes, e
tudo não passa de bonecos de plástico: vazios por dentro.
As
pessoas estão a ficar como os tambores, bonitos e muito barulhentos POR FORA, e
completamente vazios POR DENTRO.
Cardeais
com roupas extravagantes, judeus ultra ortodoxos com roupas, chapéus e
penteados ridículos,
os
violentos e assassinos jihadistas e suas mulheres que parecem almas do outro
mundo, todos eles parecem ter-se esquecido de sair dos tempos pré medievais.
A
igreja de Roma foi a única que deu os primeiros passos em frente, quando do “Aggiornamento”
do glorioso Papa João XXIII, e mais agora com o humilde e lutador Papa
Francisco. Mas ainda falta muito. Esperemos que não tarde a desaparecerem do
Vaticano as roupas de gala. Luxo.
Que
aqueles que acreditam que Jesus foi um Messias, o sigam, sem fausto.
E
todos os outros que acham que um Messias ainda virá, se vejam bem no espelho,
deixem de ser tribos ou grupos fechados, mas se lembrem, mesmo que por ora
ainda não aceitem, que somos todos irmãos.
Só
nesse dia, se esse dia alguma vez conseguir penetrar nos espíritos egoístas e
retrógrados, a humanidade começará a entrar no paraíso terreal, não se
esquecendo até de cuidar da Mãe Natureza.
Por
ora façamos um balanço das nossas vidas, tal como um contabilista faz,
escrevendo nas colunas do Deve e do Haver.
Na coluna do Deve, demoremo-nos um pouco: será que eu fiz tudo quanto podia e
DEVIA ter feito?
Na coluna do Haver: será que o Senhor me compensará pelo pouco que fiz e o muito
que deixei de fazer?
Devo esperar pelo Mago Melchior que me
traga ouro e me faça rico, por Baltasar com a mirra para me libertar dos males
do mundo ou por Gaspar com o seu incenso, para que eu sinta o amargo da vida, o
sofrimento e possa enaltecer o espírito?
Paz.
Todos desejamos a Paz, mas poucos lutam por ela.
Façam
um pequeno exercício: leiam, releiam as linhas em azul (sublinhadas), e meditem
sobre o que ali está escrito.
Vão
encontrar um pouco de Paz, mas esperemos que encontrem determinação para fazer
mais e encherem a coluna do Deve!
10/12/2017
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