terça-feira, 30 de junho de 2015



UBERABA – M G – 2
Um pouco da história do 
Zebu no Brasil


Fico muito recompensado quando alguém comenta ou esclarece o que escrevo. Sempre uma oportunidade de aprender mais e divulgar assuntos que se não interessam à maioria dos leitores, sendo história do que quer que seja, é sempre válida.
De um amigo, agrónomo, recebi o seguinte comentário:

Meu caro
Como eu tenho quase trinta anos de Uberaba (agora vive, aposentado, em Portugal) e sou cidadão honorário, adorei ler as tuas observações que me trouxeram boas recordações... mas gostaria de te fazer uma observação cá da minha profissão e experiência. Vou procurar ser sucinto - e desculpa não saber descrever com a beleza da tua caneta. (gentileza do amigo!)
A estória do Zebu tal como te foi apresentada pelo La Roque (Nota: Não foi o meu parente La Rocque que me falou dos zebus, mas...) é pura fantasia dos uberabenses originada pelos descendentes dos tugas (leia-se “portugas”!) na maioria para não falarem a verdade, não pode ter fundamento real tal como é contada e descrita .
As Naus quando vinham da Índia traziam Zebus indianos e africanos. As naus que vinham de África traziam zebus africanos... e muitas expedições no regresso dos orientes deixaram animais pelo litoral de aí... como deixaram na região do Cabo e em Cabo Verde.
Os antigos colonos tugas e outros europeus nunca acharam que o Zebu fosse boi... sempre preferiam criar o bovino europeu. O zebu era mais para o lado das cabras; mas os Jesuítas e Engenheiros Militares que passaram pela Índia e Cabo Verde e fizeram depois comissão no Brasil, sabiam das vantagens do zebu e azebuados.
Quando o comboio chegou ao Rio Grande e os comerciantes de Uberaba que levavam carretas de mercadorias com bois azebuados (sobretudo de África) ao Tocantins e Campo Grande e acima, se aperceberam que levavam menos tempo e morriam menos naquelas grandes distancias que os bovinos exclusivamente europeus.
Foi nessa observação que um grupo de corajosos comerciantes se decidiu ir à Índia comprar reprodutores corpulentos para puxar e obter descendentes para ir e voltar com menos tempo e menos perdas. Alguém do grupo estaria bem informado das questões climáticas que já eram discutidas na Inglaterra e Bélgica na 2ª metade do século XIX, mas claro, posteriormente não quiseram dar o braço a torcer sobre a origem deixada pelos navegadores tugas pelo menos mais de dois séculos antes, e inventaram estórias sem pés nem cabeça, como o naufrágio de um Circo, importação de Jardim Zoológico e outras patranhas sem pés nem cabeça, claro que  a "malta " nem se apercebe das fantasias originadas por contadores de estórias (comerciantes mentirosos natos).
Tudo começou com a chegada do trem ao Rio Grande e quando transportar mercadorias de Uberaba para Goiás e Mato Grosso foi um excelente negócio, depois claro vem a ousadia e sabedoria fazer bem como fizeram, de selecionar e etc. e, claro que com os azebuados ganhavam muito mais "massa" (leia-se “grana”).

No site abaixo encontramos outra fonte de muito interesse:
O primeiro registro de entrada de zebuínos no Brasil foi em 1813, quando um casal de bovinos, oriundo da costa do Malabar na Índia foi desembarcado no porto de Salvador. Embora estudiosos especulem que os primeiros bovinos que chegaram a São Vicente em 1534, foram mestiços com algum sangue de Zebu.
Mais tarde, da África vieram em 1826, dezenas de animais da região do Nilo e entre 1810 e 1890 do Senegal, do Congo e da Nigéria. Do Madagascar também vieram animais em 1891. Infelizmente não foram deixados registros sobre a identificação das raças dessas importações.

Em 1868, um navio inglês descarregou um casal de zebuínos em Salvador e o puseram à venda. Não se sabe quem adquiriu e o que aconteceu com ele.
Em 1870, o 1º barão de Duas Barras, importou um touro Guzerá para a sua fazenda de Cantagalo, na província do Rio de Janeiro.
No início, os zebuínos eram animais exóticos e adquiridos dos zoológicos europeus.
Em 1874, o barão do Paraná, importou um touro e uma vaca da raça Ongole (Nelore) do jardim zoológico de Londres. Fez outra aquisição da mesma raça do mesmo local em 1877.
No ano de 1878, outro fazendeiro comprou um lote de zebuínos Nelore da ‘Casa Hagenbeck’ de Stellingen, Alemanha, que levou para a sua fazenda de Sapucaia (RJ), onde sobre controle cientifico iniciou o aperfeiçoamento da raça. Na década de 1940, um outro criador adquiriu alguns animais de e continuou o seu trabalho de aperfeiçoamento.
Outras empresas foram envolvidas na importação de gado da Índia, como a ‘Friburgo & Filhos’, sediada no Rio de Janeiro, importantes fazendeiros de café. A ‘Crashley & Co’. de capital inglês, também se envolvia no agenciamento de importações de zebuínos.
Porém, uma das empresas mais atuante foi a ‘Hopkins, Causer & Hopkins’ de Birmingham, Inglaterra, que tinha filiais no Rio de Janeiro, São Paulo e Juiz de Fora (MG), que efetuou muitas importações entre 1908 e 1910, a maior quantidade para o governo de Minas Gerais.  Importante também foi a ‘Casa Arens’, sediada no Rio de Janeiro e com filial em São Paulo.
Nas décadas de 1910 e 1920, começaram as importações diretamente da Índia. Estas importações foram realizadas através das casas especializadas em animais do Rio de Janeiro e por famílias de origem alemã do interior do Rio de Janeiro, principalmente do município de Cantagalo. Os primeiros animais eram da raça Ongole, que ficou entre nós conhecida como Nelore. A razão do nome é que os brasileiros compravam os melhores animais da raça Ongole e usavam a província de nelore como local de embarque dos animais para o Brasil.
A partir destes primeiros animais foram povoados os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. 
Nas primeiras décadas do século XX, embora tenha aumentando o número de criadores, os planteis ainda eram pequenos e seus proprietários, não  tão prósperos, faltava fundos até para substituir os reprodutores que envelhecessem. Queriam melhorar, porém, não tinham incentivos do governo e nem oportunidades comerciais.

Pelas estimativas, da Índia podem ter vindo 6.000 cabeças de bovinos das raças Kankrej (Guzerá), Ongole (Nelore), Gir, Sindhi, Kangayan, Mysore, Malvi, Hissar, Tharparkar, Krishna Valley, Mehwaty, Deangi e Deoni. Apenas as quatro primeiras raças prosperaram e produziram descendentes, Das outras, os rebanhos existentes eram pequenos ou desapareceram.
Em 1920 o governo federal decidiu suspender temporariamente a importação de gado Zebu de origem indiana, até que ficasse completamente comprovada a inexistência de epizootias no gado importado, o que era comum no país de origem. Só em 1962 foi oficialmente sustada essa proibição, porém todos os animais importados deviam permanecer em quarentena de 8 meses na ilha de Fernando de Noronha, chamados na época de ‘lazaretos’ para ficar sendo monitorado, nos mesmos moldes do sistema adotado pelos Estados Unidos.
Naquela época, havia no Brasil uma notada resistência em aceitar o gado zebuíno. Um relatório do Ministério da Agricultura reconhecia que o gado zebuíno em geral, fornecia mais carne do que o de outras raças, porém a carne não era tão ‘boa’.  O governo brasileiro solicitou então, informações oficiais ao governo dos Estados Unidos sobre a qualidade do gado Zebu, que também estava sendo importado pelo país. Em resposta, numa carta datada de 14 de fevereiro de 1920, o chefe do setor de Zootecnia dos Estados Unidos, informava que o gado zebuíno teve um grande desenvolvimento nos últimos três anos, principalmente na região do Texas. Observou que o gado era muito mais resistente à seca do que o gado europeu.
O médico e filósofo positivista Luís Pereira Barreto em diversos artigos publicados no jornal ‘O Estado de S. Paulo’ entre os anos de 1917 e 1921, desancava a raça. Dizia que o Zebu era ‘selvagem, impossível de domesticar’, que ‘a carne tem catinga’ e ainda que ‘os europeus só a comeram durante a guerra porque tinham fome’. Os fazendeiros mineiros eram chamados de ‘boiadeiros e não criadores’, ‘levianos’ e ‘velhacos’, ‘verdadeiros passadores de notas fiscais’. Muitos cientistas e políticos aderiram à causa, defendendo a raça Caracu como a ideal para o Brasil.
Os criadores de Zebu mineiros não ficaram preocupados com a veemência dos artigos do médico. Um velho fazendeiro do Triângulo Mineiro, disse:
‘Nesta região deveria ser erguido um monumento a Pereira Barreto porque sua campanha impediu que os campos paulistas se enchessem do gado Zebu, trazendo riqueza ao Triângulo, que passou a abastecer os frigoríficos paulistas. ’
Novamente em 2007, dessa vez foram os irlandeses que incomodados com a posição brasileira no mercado mundial de carne, decidiram levantar uma polêmica. Membros da ‘Associação dos Fazendeiros Irlandeses’ alegaram que a ‘carne bovina’ produzida no Brasil e exportada para a Europa não seria a ‘autêntica carne bovina, mas um produto híbrido, resultado de um cruzamento de boi com búfalo’. Os produtores e governo brasileiros demonstraram a falácia dos irlandeses.
A carne do Zebu é a mais adequada para a produção de um tradicional produto italiano, a ‘bresaola’ que é preparada de carne bovina seca bem magra, curada no sal por 10 dias e curtida no sol e vento por quatro semanas. É um produto típico da região da Valtellina, no norte da Itália. A carne do Zebu brasileiro é a mais adequada para fazer ‘bresaola’. As carnes do gado europeu são gordas demais e ‘marmorizadas’ e não agradam aos exigentes consumidores.
Em 1939, foi importada uma dezena de animais da raça Africânder dos Estados Unidos, sendo que os animais eram provenientes da África do Sul.
Na década de 1990, foi iniciada a importação de animais da raça Brahman dos Estados Unidos, o que é uma raça bem parecida com o Tabapuã. Até 1994 a raça Brahman esteve legalmente impedida de entrar no Brasil. A liberação veio num esforço conjunto de três criadores e duas maiores entidades encarregadas de promover as raças zebuínas no mundo, a ABCZ e a ABBA.  Os primeiros animais chegaram por via aérea no dia 17 de março de 1994. Vieram 18 animais. Etc.

Enfim, uma história interessante, de que se podem tirar várias:
1.- É assim que o Brasil cresce, muitas vezes – Graças a Deus – à revelia de governos ineptos e inaptos, como o atual, fruto da força, entusiasmo e dedicação de trabalhadores, empresários e do povo em geral, num país ainda jovem e cheio de promessas e reservas para o futuro;
2.- Não há dúvida é que a carne dos zebuínos é tão boa que o Brasil assumiu a liderança mundial nas exportações, com um quinto da carne comercializada internacionalmente e vendas em mais de 180 países.
3.- No Brasil o agronegócio é um dos pilares que mantém a máquina do Estado! O valor bruto da produção de leite e carne ultrapassa R$ 70 bilhões!
Quem quiser saber tudo direitinho sobre a história dos zebus no Brasil, procure; tem muito livros bons sobre o assunto;

Por fim, esqueci de assinalar no texto anterior sobre Uberaba, um importante detalhe: regressei daquela terra, carregando além do desejo de ali voltar, umas garrafas de ótima “pinga minêra” que... é uma delícia!
Melhor ainda tomada enquanto se discute a história dos zebus no Brasil. Aliás... em qualquer ocasião!

Tchim, tchim! Bota abaixo.


26/06/2015  

domingo, 28 de junho de 2015



O país do “FAZ-de-CONTA”


Que se pode dizer, ou esperar, a curto e até médio prazo, do país que tem as seguintes “questões”:

1.- Alguém já imaginou que poderia ir a uma farmácia, perguntar o preço dum medicamento, anotar, ir a outra e ver que tanto pode ser 60 ou 70% mais caro ou mais barato? No mundo inteiro isso seria considerado demência. Aqui é normal.
Mas o mais curioso é verificar que um medicamento que tem “preço marcado” de R$ 100, pode custar 8 ou 10! Como, perguntarão? Sendo.
Vejam na Nota Fiscal abaixo (em Portugal seria fatura) o custo de 3 – três – embalagens:
$23,70 = unidade a $7,90
Em outras farmácias um só custava $27,80. Só aqui já a diferença é de 3,5 vezes de um para outro.
Mas a loucura não fica por aqui.
Vejam que na tal Nota Fiscal, o preço dos produtos seria de $107,58. Mas teve um desconto de $83,88.
Um descontinho de “amigo” de 78%.
Coisa de manicómio, e assim se chega ao preço REAL, em Reais, de $23,70, por três embalagens.


E tem outra curiosidade FENOMENAL. O que está assinalado a amarelo será o imposto devido pela transação: R$ 28,32 sobre uma venda de $ 23,70, o que significa que, conforme aqui declarado, o imposto é de 119,49%! Péraí: eles vendem uma mercadoria por 23,70 e pagam 119,49% de imposto?
Mentira, né? Ou gozação? Mas como por estas bandas vale tudo, tudjinho mêmo...
Já um dia pedi ao Ministério da Saúde explicação para todo este imbróglio. A resposta foi de tal maneira absurda que para manutenção da minha (ainda) sanidade mental, me recuso a comentar e mostrar!
Mas o que esperar de ministérios que são (des)comandados por ex ferramenteiros, ou pintores da indústria metalúrgica?

2.- Muitos já conhecem as bestialidades “vomitadas” da boca para fora do ex-atual e furioso presidente, apesar de termos que confessar que é o mais hábil político que este país conheceu em toda a sua história, e simultaneamente o mais malandro e corrupto de todas as histórias (igualam-se aqui os nomes de muitos presidentes de África), mas agora continuemos na série “Acredite Se Quiser” com a madama dona presidenta, e seus brilhantes pronunciamentos político econômicos.
O jornal de hoje diz tudo:

Numa entrevista com o Jô Soares, a mulier sapiens deu esta fenomenal explicação sobre a Bíblia:
" É uma leitura que ela é, envolve de todas as maneiras, além de ser uma, uma, uma expressão religiosa de uma da, da, da religião da qual nós, nós a maioria do Brasil compartilha mas, além disso e, é ela tem uma alta qualidade literária e tem também (Jô fala; impressionante), histórica. Então é, é uma leitura, quero lhe dizer o seguinte, pra mim foi muito importante, principalmente porquê ela trabalha com metáforas e é muito difícil aí, a metáfora é a imagem, né, que que é isso, que é a metáfora, nada mais do que você transformar a imagem em alguma coisa. Não tem jeito melhor de você entender e compreender do que a imagem."

3.- Há dias a ONU, aquele inoperante organismo, concluiu um “estudo muito interessante”: a classificação de todos os países do mundo pelo nível de felicidade! Difícil mensurar a felicidade, mas eles lá arranjaram maneira de dar o primeiro lugar à Suíça. Tudo bem. A Suíça tem a moeda sempre a valorizar-se, o salário médio da classe média anda por volta de € 75.000/ano, tem bons hospitais, boas estradas, ótimas escolas, lindas paisagens, lagos com peixe fresco, corrupção quase zero, etc.
O Brasil ficou em 16° lugar, logo atrás dos EUA e o melhor da América do Sul! Os caras da ONU descobriram a pólvora! O Brasil ficou à frente do Luxemburgo e muitos outros.
Como acima se viu aqui é o verdadeiro paraíso: mais de 50.000 assassinatos por ano, infraestruturas a caírem aos pedaços, corrupção igual a muitos, perdão, a alguns países africanos, governo (que governo?) podre, um ex presidente continuando a sentir-se igual ao onipotente king kong da Corea do Norte, assaltos a cada segundo (um dos meus filhos acabou de ser assaltado no ónibus, levou uma coronhada e... quatro pontos na cabeça!), e a ONU diz que o Brasil é o 16° país mais feliz do planeta!
Isto é gozação. Podiam ir gozar para... onde cada um que estiver a ler isto imaginará “onde”!
Estamos como a hiena: “O brasileiro ri dji quê?”

Infelizmente poderia apresentar muitos mais absurdos.
Para quê?


 25/06/2015

quarta-feira, 24 de junho de 2015



UBERABA - Minas Gerais


Dizem os uberabenses, e o dicionário, que Uberaba, palavra de origem tupi, significa "água brilhante", de y, "água, rio" e berab, "brilhante". Para quem não tem ideia onde fica esta cidade o melhor é procurar na Internet para não estar aqui a fazer descrições geográficas que poderiam parecer pretenciosas.
Há uns anos descobri lá em Uberaba, por intermédio de uma amiga comum, um primo, afastado, da grande família brasileira La Rocque, sobrenome da minha avó. Aliás descobrimo-nos um ao outro e não foi difícil estabelecermos amizade.
Jovem (71 anos) da geração La Rocque abaixo da minha, vive nessa cidade e há tempos insistia para eu lá ir passar uns dias.
Fui. Passei quase uma semana, encontrei outros parentes, mas sobretudo gente simpática, acolhedora e... minêra, UAI!
Acolhimento simples, amável, descontraído, em todo o lugar que o primo me levou, e olha que aquela região tem muito para ver.
Uberaba é o centro brasileiro do gado Zebu, um bovino da sub-espécie Bos taurus indicus. Como se sabe, na ìndia o bovino é um animal sagrado, de preço barato. Segundo a história destes animais no Brasil, em 1874, um dos muitos barões do II Império, daqueles, milionários que adoravam ir gastar dinheiro na França e Inglaterra, adquiriu, como novidade, em um zoológico de Londres, um casal do gado Ongole repetindo a compra em 1877. Em 1878, um outro uberabense comprou um lote no jardim zoológico de Hamburgo. A adaptação desses animais foi muito boa, e a seguir passaram a encomendar animais diretamente da Índia por empresas especializadas no fornecimento de animais para circos e zoológicos. Dessa maneira, o Ongole foi descoberto pelos brasileiros e migrou para sua nova pátria, onde ocuparia um lugar de destaque no cenário e, partindo dali, chegaria ao mercado mundial. Mais tarde, entre 1900 e 1920, os próprios brasileiros começaram a buscar Ongole na Índia, escolhendo os melhores e reservando-os na província de Nelore, antes do embarque. Dai surgiu o nome "Nelore" para esse gado.
Estes animais adaptaram-se perfeitamente às condições do país; mais tarde começaram os cruzamentos e o aperfeiçoamento da raça, e o Brasil hoje conta com mais de 200 milhões de cabeças de gado, sendo 90% de origem zebu.
Em Uberaba está a ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu – com a raças brahman, cangaim, gir, guzerá, indubrasil, nelore, sindi e tabapuã, e mais de 12 milhões zebus registrados, com as folhas da gentética, etc. Muito interessante.
Surpresa grande foi ter encontrado no terreno desta ABCZ umas árvores que jamais tinha visto, e por coincidência também originárias da Índia. Akosha – Polyalthia pendula longifolia – todos os seus braços, ao nascerem do tronco principal viram para baixo, a árvore cresce, imenso, e fica sempre verde e estreita.
Veja-se na foto abaixo a sua altura. Para referência, em baixo, tem um carro estacionado. Atrás, um imponente Pau Brasil - Caesalpinia leiostachya, árvore que ultrapassa facilmente os 12 metros. Este deve ter 20 metros e a Akosha uns 18! Uma maravilha.


E esta foi a “minha paixão à primeira vista”, a Akosha! Como as famílias ricas daquela região gostam muito de ir a Paris, este foi o meu “coup de foudre”! O meu hospedeiro e simpático parente andou comigo quase um dia inteiro, andando de Herodes para Pilatos até conseguirmos duas mudas que não tarda vão embelezar a entrada do nosso palácio aqui no Rio de Janeiro.
Depois ao visitarmos um amigo em seu magnífico jardim-sítio-fazenda, dei de caras com um fruto que igualmente jamais tinha visto. As opiniões divergiam sobre o seu nome e origem; houve quem dissesse que era uma espécie de maçã de Portugal – Portugal jamais viu tal fruto, nem maçã era – depois que a sua origem seria do oriente, mas a teimosia levou-me a desvendar o mistério: Caimito - Chrysophyllum cainito L. – da família das saponáceas, e originária das Antilhas e América Central.
Uma frutinha redonda, como uma cereja, roxa, com uns 2 cm. de diâmetro e sabor agradável. Há quem lhe chame, no Brasil Abiu roxo! Qualquer dia virá uma ou duas mudas para o Rio! Deve dar uma compota agradável e tem muito passarinho que vai adorar.


Outra novidade para um ignorante itinerante foram as pedras, rochas, muito abundantes naquela região: Tapiocanga. Nome genérico Limonita, conhecida por Tapiocanga, é um óxido de ferro hidratado (ferro pardo), sem estrutura cristalina interna, amorfo. A limonita não é um mineral, mas uma mistura de diversos óxidos de ferro. Por esta razão a limonita é considerada uma rocha. Vermelha.
É usada na construção, pavimentação de ruas (paralelepípedos) e escultura.  Interessante.

Limonita – Tapiocanga

Bonita Igreja de São Domingos, com a rocha Tapiocanga


A 20 quilómetros da cidade tem uma pequena povoação ao lado de um sensacional sítio paleontológico:  montes de dinossauros têm sido ali encontrados, alguns com mais de 80 milhões de anos, e foi recentemente encontrado o Uberabatitan ribeiroi, exclusivo brasileiro, bichinho com 15 metros de comprimento, cerca de 4 a 6 de altura e um peso estimado entre 15 a 18.  Sugeri que o elegessem presidente!

E como Uberaba está em Minas Gerais, há que saber e sobretudo ouvir algumas histórias contadas na linguagem do povo simples, a que chamam Mineirês!
Aqui vai uma para terminar:
Odmilson trabalhava sol a sol na sua roça, lá bem no interiô caipira. Um dia ouvir dizer que ia haver um baile numa povoação “logo ali (para o minêro tudo é logo ali), veste uma roupinha meio nova, camisa quase fechada até ao pescoço, elegante e, a pé, mato fora, enfrenta a jornada de mais dez quilómetros para chegar “logo ali”! Um sol escaldante, lá vai Odmilson a suar que nem cavalo de corrido no verão!
Ao chegá procura uma moça prá dançá, e lá desencanta uma. Dança de pular, Odmilson sua muito mais. Terminada a dança, a moça, vozinha meiga, e olhos de gazela ferida diz-lhe:
- Voucê sua, hein!
E ele, encantado:
- Eu tamém voucê todjinho seu!

Foi uma bela semana passada em Uberaba.

23/06/2015


sábado, 20 de junho de 2015



AFONSO DE ALBUQUERQUE
o Grande


Curiosas foram as suas relações com o descobridor do Brazil, relações de parentesco, ainda que afim e de amizade.
As primeiras por Pedro Alvares Cabral ser ca­sado com sua sobrinha, D. Isabel de Castro, irmã dos Noronhas que tanto se distinguiram na Índia e por sua vez filha da irmã do grande Afonso d'Albuquerque. As segundas porque à evidencia ressaltam da carta escrita pelo governador e datada de Calicut, em 2 de dezembro de 1514. Dela se vê que fora Albuquerque quem patrocinara aquele casamento obtendo para a noiva bom dote. Com efeito, na sua opinião, Pedro Alvares Cabral era muy boom fidalgo e merecedor d'isto digno de toda a medrança e galardam de seus serviços.
Na corte porém tinha havido grandes intrigas pro­venientes das lutas dos partidos originadas nas desinteligências entre Pedro Alvares Cabral e D. Vasco da Gama e por isso Albuquerque o sabia apartado asy de vosa vontade (de D. Manoel I) e prazer, tendo-o el-rei lamçado de voso serviço (de D. Manoel I). Tudo isso eram no entanto arrufos e errados conselhos. E agora vinha o fim da carta: pedir a El-Rei para o chamar, aconselhar e reprehender e assim com elle se congraçar.
Parece porém que a esta carta D. Manoel I se não dignou responder, não conseguindo d'esta forma os serviços do grande herói da Índia desfazer a nuvem sombria que pesava sobre o prestígio do ilustre des­cobridor do Brazil!
O auge do poderio na Índia—Embaixadas dos reis orientais 
A notícia das vitórias e até das atrocidades, feitas para constar, com que Afonso d'Albuquerque precedia as suas marchas, criou aos portugueses uma atmosfera de excepcional prestígio e poderio no Oriente.
Era pois com justa razão que, em 18 de outubro de 1512, o grande governador, escrevendo a D. Manoel I lhe contava como, apenas souberam ter vindo de Por­tugal gente e armas, todos os reis e senhores lhe es­creveram, fazendo muitos oferecimentos, mais com medo que per suas vontades. Conhecia-lhes bem a psychologia! Não contentes com isso mandavam os seus embai­xadores.
Assim, em 12 de julho de 1511, D. Manoel I, escre­vendo ao bispo de Segovia, dizia-lhe para dar notícias ao rei de Espanha da chegada a Goa de um embai­xador do Xeque Ismael, o da Pérsia. Em 6 de dezembro do ano seguinte contava Albuquerque como tinham aprisionado o embaixador do Preste João em Dabul e ele o foi exigir, sendo então entregue. Recebido processionalmente, foi á igreja onde mostraram a Vera Cruz, cujo portador ele era. Contava por fim o seu cativeiro e roubo em Zeila.


Zeila – Costa da Somália – Séc. XIX

De um mandado de 13 de novembro de 1514, consta que Afonso d'Albuquerque mandara entregar aos embaixadores do rei de Narsinga uma peça de veludo preto, uma peça de damasco, côvados de escarlata, barretes de grã, 48 pardáos e especiarias. Em carta, datada de 27 de novembro desse mesmo ano, referia-se ás manilhas e joias enviadas para D. Manoel I, trazidas pelo embaixador do rei de Narsinga. A este rei enviou Albu­querque dois cavalos de preço, vinte e sete côvados de veludo preto e trinta de damasco e meia dúzia de barretes vermelhos.



Este embaixador é o chamado pelos Comentarios Retelim Cherim. Era pessoa das principais e trazia na vanguarda, a anunciá-lo, quatro elefantes com os seus castelos de madeira, paramentados de seda, dentro dos quais vinham pessoas gradas com bacias de prata dourada cheias de pérolas e outras joias. Eram os deslumbradores presentes para o grande governador.
Depois de entregue a sua mensagem, Afonso d'Albuquerque aconselhou-lhe o repouso para no dia se­guinte tratarem dos seus negócios. Com efeito, passada aquela noite, longa foi a conferencia havida entre os dois. Quis o embaixador combinar com Albuquerque a guerra ao Hidalcão, mas Albuquerque, nesse ponto, respondeu-lhe secamente, obedecendo ao seu sistema de tratar com reserva, e só entrou em combinações quando viu o rei de Narsinga decidido a atacar forte­mente as tropas do Hidalcão.
Retribuiu os presentes do embaixador, já com peças provenientes de Portugal, já com outras que Pero d'Al­buquerque tinha trazido de Ormuz.
O Hidalcão, sabedor d'esta embaixada, apressou-se a mandar também a sua, receoso de lhe tirarem o trato dos cavalos. Protelou Afonso d'Albuquerque a res­posta para ver o procedimento do rei de Narsinga. En­tretanto a mãe do Hidalcão, muito desejosa das pazes, enviava um emissário do sexo feminino, a qual gentil­mente foi logo despachada com explicações da demora. Como o rei de Narsinga se mantinha hesitante e o go­vernador desejava partir, despachou o embaixador do Hidalcão, adiando a solução do caso para quando vol­tasse do mar Vermelho, prometendo-lhe todos os cavalos vindos de Goa, contanto que aos portugueses entregasse a terra firme e a passagem dos Gales.
Em 8 de novembro de 1514 enviou Albuquerque ao rei de Cambaya uma adaga d'ouro com rubis no cabo e vários objetos de prata: uma bacia de lavar as mãos, uma albarrada* (infusa) dourada, uma taça, um jarro dourado, um castiçal pequeno de prata e um bernegal*.
Mas a embaixada mais notável foi, sem dúvida al­guma, a do Xeque Ismael, o xá da Pérsia como temos dito. Merece referência especial.
Estava já Afonso d'Albuquerque instalado na for­taleza de Ormuz. Por Miguel Ferreira mandou-lhe o embaixador dizer que lhe queria dar o recado do seu senhor. Não quis o governador recebe-lo imediatamente, pois queria deslumbrá-lo.
Para esse efeito mandou, diante da fortaleza, preparar um estrado grande de madeira, com três degraus, todo alcatifado, tendo em redor muitos panos e um docel de brocado. No estrado algumas almofadas de veludo verde e duas cadeiras da mesma cor, franjadas de oiro. À gente de guerra mandou dispor numa ver­dadeira parada militar. D. Garcia de Noronha foi o mestre de cerimonias e por ele acompanhado o em­baixador. À frente do cortejo dois caçadores d'onças, a cavalo, cada um com a sua nas ancas e após eles doze mouros a cavalo, muito bem vestidos, trazendo joias d'ouro, peças de seda e brocado em bacias de prata e depois as trombetas de Afonso d'Albuquerque. Esqueceu dizer que logo atrás dos caçadores d'onças vinham seis cavalos muito bem ajaezados com cobertas ricas, testeiras e saias de malha nos arções.
Quando D. Garcia com o embaixador chegaram à fortaleza ecoaram os tiros das peças de artilharia da armada surta no porto. Tamanho era o barulho que, na frase dos Commentarios “parecia que se fundia o mundo”.
Apresentou-lhe então o embaixador uma carta do seu soberano para o rei de Portugal e outra para o governador, a qual este entregou a Pero d'Alpoim, seu secretário que junto de ele estava. Quatro coisas dese­java o embaixador da parte do seu rei: primeira que os direitos pagos das mercadorias, vindas da Pérsia a Ormuz, fossem do Xeque Ismael; segunda, que lhe desse embarcação para passar gente sua à terra da Arábia; terceira, que o ajudasse com a sua armada a tomar um lugar insubordinado agora; quarta, que lhe desse porto na Índia para os mercadores da Pérsia tratarem suas mercadorias e licença para assentarem casa de feitoria em Ormuz.
Nada respondeu Afonso d'Albuquerque de defini­tivo, sobre preterições de tanta monta, mas mandou tratar o embaixador o melhor possível.
Assim sabemos que, em 26 de abril de 1515, man­dou-lhe dar l0 quintais de gengibre, 6 de pimenta, 3 arrobas de cravo, 1 quintal de canela e um fardo de açúcar, como presente. Em 5 de maio do mesmo ano mandou-lhe dar um gomil* de prata dourada e ao seu capitão um punhal guarnecido de ouro e prata.
Em 29 de Junho de 1515 mandou lhe Albuquerque dar 5o serafins em ouro e 1 português de 10 cruzados para as suas despesas.
Entretanto, Fernão Gomes de Lemos era enviado á Pérsia para retribuir a embaixada por Albuquerque recebida em Ormuz. Notáveis foram os presentes cujo portador foi: espingardas e armas brancas; dois corpos de couraças; uma espada e um punhal guarnecidos d'ouro; bestas e lanças; uma carapuça de veludo preto guarnecida d'ouro com 181 rubis; manilhas d'ouro; anéis, 3 com rubis e outro com uma safira no meio de 27 rubis; uma espécie de colar com rubis, turquesas e pérolas; uma pêra d'ambar, com 100 rubis e 60 dia­mantes; várias moedas portuguesas e especiarias.
Não se pode dizer que não fosse magnificente! E por isso não admira que o xeque Ismael, numa carta escrita a Albuquerque, lhe chamasse grande senhor que tem o mando e esteio dos governadores da lei do Messias, cavaleiro grande e forte leão dos mares! Pe­de-lhe mestres bombardeiros e, na sua linguagem hiperbólica, compara-o com o amanhecer da claridade e com o cheiro do almíscar!
Também o capitão geral do xá da Pérsia cha­mava a Albuquerque leão bem aventurado, cumulando-o assim de elogios!
É que, com efeito, a fama do grande homem corria veloz e mais não adivinhavam os grandiosos projetos que lhe escandeciam o cérebro.
Os Commentarios contam-nos dois d'eles: um, cortar uma pequena serra para desviar o leito do Nilo, afim de não ir regar as terras do Cairo. Para tal efeito, por várias vezes, chegou a mandar pedir a el-rei D, Ma­noel I, oficiais da ilha da Madeira, dos costumados a cortar as serras para passagem das levadas com que se regam as canas do açúcar. Outro era a destruição da casa de Meca.
Qual deles o mais audaz?
É o brilho incomparável do génio perante o qual todos se devem curvar.

-In Affonso d’Albuquerque, António Baião, Lisboa 1913.

Cortou muito nariz e muita orelha, mas elevou o nome de Portugal às alturas, e vê-se bem o respeito que adquiriu entre os “inimigos”. Mas foi entre os “amigos” que mais inimigos teve.

04-06-2015  

sábado, 13 de junho de 2015



NÃO  HÁ  DÚVIDA !!!


Não há dúvida que o mundo está apavorado com o crescendo do terror fundamentalista, dito muçulmano.
À sombra da mentira e falsidade e da bestialidade esse terror avança pelo mundo.
Todos sabemos que isso começa com o próprio Maomé, pela fúria que ele impôs para dominar o mundo árabe, e pela total ausência de qualquer esperança de entendimento entre os homens que não adotassem a sua crença. O Islão nunca foi uma religião, mas um código político para se impor liquidando todos aqueles que não aderissem.
Vão mais de mil e trezentos anos de ódio, agressão e destruição, e parece que cada vez mais cresce esse ódio pelo Outro.
No entanto os acontecimentos recentes – o aparecimento do Estado Islâmico, Daesch[FA1]  ou ISIS – tem suas raízes, além de tudo quanto tem sido a evolução do islamismo fundamentalista, sobretudo em algumas atitudes que o mundo parece não querer entender, porque só entende, hoje em dia, aquilo que, de qualquer forma traga riqueza e poderio.
Recomeça com força total do wahhabismo na Arábia. A força persuasora de Muhammad ibn Abd al-Wahhab (1703–1792) foi tal que quase fez desaparecer a dinastia saudita, com quem acabou por fazer um acordo: os saudistas governavam e os wabbabistas ficavam com a suprema corte religiosa, a sharia levada ao extremo. Isto é, são eles que mandam!
Mais tarde o wahabismo continua a ameaçar a corte, faustosa, faustosíssima, dos sauditas e querendo acabar com a monarquia, estes decidem encher os “religiosos” de dinheiro para se calarem. E com esse dinheiro nas mãos fundaram por todo o mundo as madrassas que ensinam o fundamentalismo e incitam à guerra contra “os infiéis”.
O ocidente, comandado pelos EUA, manobrado por Israel e seguindo pelo vaidoso e inepto Hollande da França, quando começam, na Síria, as lutas para derrubar o eterno governo do clã pró xiita de Assad, decide que era altura deste Bashar al-Assad ser posto fora. Já teria feito muita estupidez, era um ditador, estava-se bem lixando para os direitos humanos – como os outros chefes árabes e não árabes – e criou, pelo mundo uma onda anti Assad, apoiando os inúmeros grupos que o queriam derrubar.
Outra golpada americana-francesa com olho no petróleo!!!
Gerou-se o caos na Síria, e não foi difícil a um louco, mas muito culto e ultra fundamentalista, Abu Bakr al-Baghdadi, de visualizar que estava aberto o espaço para entrar em ação e se apoderar da Síria e do Iraque!
Quer isto dizer, depois que, sobretudo o trio EUA, Israel (na sombra) e França, depois de terem desmoralizado Bashar al-Assad, abriram a porta aos terroristas, e o resultado está à vista. São eles, assim os culpados da situação que hoje se vive, e da qual não sabem como sair.
Aliás os EUA nunca souberam como sair de lado algum: da Indochina, Vietnam, Panamá, Iraque e ainda do Afeganistão! E se não fosse a bomba atómica ainda hoje talvez estivessem a levar bordoada dos japoneses!   
***
Pelo Brasil “as coisas” também parece que continuam a caminhar de mal para pior!
Só algumas “manchetes” para se avaliar o desgoverno, a bandalheira, o corporativismo, e o pretendido caminho para um tipo de soviete, fidel ou cavez, Uma desgraça de qualquer forma.
Com a bandalha e o permanente e total assalto à res publica, o país está em crescimento zero, ou abaixo, porque o governo tem o que já é conhecido, e comentado nos meios financeiros internacionais, uma “contabilidade criativa”: todos os anos refaz novos métodos para cálculo do PIB, para o aumentar um pouco, faz empréstimos fantasmas a bancos do Estado, o mesmo para cobrir défices fiscais, e muitas outras manobras vergonhosas e proveitosas, sempre com altos lucros para alguém.
O juro básico está em quase 14% e o Banco Central já anunciou que o vai, mais uma vez aumentar.
Entretanto o desgoverno corta nos orçamentos de infraestruturas, educação e saúde e volta a anunciar a redução de impostos para a compra de automóveis, porque quem manda por aqui é o PT e quem manda no PT são os sindicatos dos metalúrgicos.
O Itamarati, o antigamente muito prestigiado Ministério dos Negócios Estrangeiros, hoje desacreditado, acaba também de propor que se declarem secretos uns documentos, já oficialmente abertos à consulta pública, onde se prova a entrega de vários milhões de reais da Construtora Odebrecht ao Instituto Lula. Isto para tentarem proteger a desgastada e corrupta imagem do antigo presidente, o ético lula que quando saiu de Brasília esvaziou a residência oficial, tendo de lá saído com onze – 11 – caminhões carregados, três deles frigorificados! Nesses caminhões foram os roupões de seda que mandou fazer quando se elegeu, toda a roupa das camas, serviços de jantar, móveis, a garrafeira com dúzias de Chateau Lafitte, Don Perignon e outras “bebidas populares”, etc. Ninguém lhe pediu contas!
Aqui sim, nestes casos a sharia faria um belo serviço!
Entretanto o mesmo desgoverno – sempre o mesmo – deu instruções para que nas embaixadas dos países donde saem mais terroristas para o mundo, se dê, sem delongas e burocracias, os vistos requeridos por qualquer um que o peça! A Polícia Federal não sabe quantos já aqui estão, mas em compensação sabe que do Haiti vieram já 45.000, só homens, todos ex-militares, e a todos foram dados vistos de permanência. Estes “refugiados” haitianos, nem um só trouxe família!!!
De um país que tem 39 ministérios, 119.000 cargos de confiança, o presidente do senado com processos na justiça, o presidente da câmara dos deputados idem, um ex-presidente que está podre de rico assim como os filhos, uma presidente que se quer também camuflar, mas quando presidente do conselho da Petrobrás autorizou a compra duma refinaria que valia 100 milhões e pagou 2 bilhões, etc. ... o que se pode esperar?

Em qualquer das situações destes dois apontamentos, não chega a valer a pena cortar a “a cabeça da hidra”!
No Brasil cortando a cabeça do sapo-barbudo, quase com certeza que o PT mete as unhas dentro ou arma uma revolução.
Como no resto do mundo, o mal é como câncer em estado avançado. Há que cortar TODAS “as cabeças de medusa”.
Que esta seria a solução, NÃO HÁ DÚVIDA.
Entretanto dá nojo ver tanta vergonha que nos rodeia, em todo o mundo.
Como exceção sobram-nos, desde quase sempre, os países escandinavos, para nos mostrarem que ainda pode haver ética.
Quando? Onde?

12/06/2015  


domingo, 7 de junho de 2015



Os Falsos Dom Sebastiões


Há, ainda hoje, quem continue à espera do “Enviado” para resolver os problemas TODOS, do país e de cada um.
O sebastianismo permanece, talvez escondido atrás das rezas a Nossa Senhora de Fátima ou de Aparecida, animado por uma velinha lá num altar, ou... para que, com um toque de mágica, acabe com a desgraça que vai crescendo mundo fora.
O primeiro fingido a manifestar-se foi El-Rei D. Filipe I de Portugal no ano de 1582, mandando vir de Ceuta um corpo que lá esta­va depositado, dizendo ser o d’El-Rei D. Sebastião e o enterrou no Real Convento de Belém, em a capela que está no Cruzeiro, da banda da Epístola e achando-se o dito Rei D. Filipe pessoalmente a todas estas cerimónias.
Com isto esperava acabar com a esperança dos portugueses no regresso do seu rei e assim não vir a ter problemas futuros.
O segundo foi chamado Rei de Penamacor, porque em Penamacor fez o fingimento e aí o prenderam, o qual foi trazido a Lisboa onde foi condenado a galés; e indo em uma que da conserva da armada que de Espanha foi contra Ingla­terra, no ano de 1588, se salvou na costa de França, o qual era homem vil; a Sentença foi no ano de 1584.
O terceiro fingido foi chamado Rei da Ericeira, o qual era um oficial de pedreiro, natural da Ilha Terceira e achan­do-se naquelas partes da Ericeira, um Pedro Afonso, lavra­dor rico e morador em Rio Mouro, agasalhando-se o pedreiro em sua casa e estando de noite fazendo oração a voz inteli­gível, entre outras palavras disse estas: - Deus Senhor perdoai-me meus pecados, e o haver sido a causa de tantos males como fui.
Era Pedro Afonso curioso e nesta ocasião estava espreitando o seu hóspede e em lhe ouvindo estas últimas palavras, por elas inferiu e por elas entendeu ser o tal homem o mesmo Rei D. S.; e obrigado desta ilusão ou desta tentação do Demónio, se foi logo a ele e deitando-se-lhe a seus pés lhos beijou muitas vezes e lhe disse que ele era o próprio Rei D. S. Defendeu-se o pobre homem com a ver­dade e desenganos dela; não bastando todas as diligências de suas afirmações contra o ateimado Pedro Afonso, antes cada vez mais firme e mais furioso na sua teima até que o pobre de perseguido veio a conceder na bestial vontade daquele que falsamente o autorizava tanto. Pelo que Pedro Afon­so ficou logo sendo seu Secretário, seu Conselheiro e seu valido, que até com os reis fingidos têm valimento os maus secretários. Convocaram os saloios de todos aqueles contor­nos e só saloios lhe assistiram. Foi este sucesso no ano de 1585. Foram sobre eles os soldados do presídio de Lisboa e desbaratando aos saloios prenderam ao falso Rei e ao seu Pedro Afonso e trazidos a Lisboa, nela foram enforcados e esquartejados. Chamava-se Mateus Alvares era filho de Gas­par Alvares, outro pedreiro.


O quarto fingido foi o pasteleiro de Madrigal, chamado Ga­briel de Espinosa, por amor do qual foi justiçado o Pe. Miguel dos Santos.
O quinto fingido é o nosso calabrês Marco Túlio. O que sucedeu desde o ano de 1600. O qual por sentença d'El-Rei D. Filipe, o Bom, foi deitado a galés, por amor do qual Marco Túlio é que foi justiçado o Pe. Fr. Estêvão Caveira de Sampaio. Deste é que escreveu D. João de Castro alguns livros cheios de muita patarata, enganando-se a si, enganando muitos e querendo enganar todos. Com o que abalou a maior parte dos portugueses, que sempre o número dos néscios é maior, para o que muitos contribuíram com quantias de dinheiro consideráveis; e alguns por requisitarem de maiores e mais finos amantes, pessoalmente foram ver a Veneza a quem tanto desejavam ver em Portugal. O de que mais me espanta é de haver feito esta jornada e com consideráveis despesas nela o Cónego da Sé de Lisboa, António Tavares de Távora, Esmoler-mor, um sujeito de tão boas partes, que a de ser fidalgo era nela o menor; porque assim como no corpo era grande, o que era também na sisudeza e na virtude. Serviu-lhe isto de label pelo qual os reis Castelhanos D. Filipe, o Bom e seu filho, lhe não deram nunca mitra nem outro algum acrescentamento, antes preferiram muitos, por que razão e justiça os devia ele preferir. Enfim, veio a morrer consolado com ver a aclamação d'El-Rei D. João IV e lograr por algum tempo a vista de Rei Português, que era o que ele mais desejava; mas a morte lhe atalhou os aumentos e melhoras a que estava a caber em primeiro lugar de todos os barretes, que naquele tempo havia neste Reino. A sua Conezia é a melhor de todas as de Lisboa, nem há outra que com ela possa compe­tir; porque sendo a venda ordinária de cada uma de 500.000 réis até 600, quando mais, esta passa sempre de três mil cruzados e muitas vezes chega a quatro. Sucedeu-lhe nela seu sobrinho Pedro de Távora, por cuja morte a deram a D. Simão da Gama, filho do Marquês de Niza. Esta Conezia é da apresentação dos senhores de Mafra e Soalhães a qual casa está hoje unida com a do Visconde de Vilanova de Cerveira.
O sexto fingido foi aquele chamado o Peregrino de Tomar, no ano de 1632. Neste dito ano, em uma quarta-feira, chegou à Vila de Tomar aquele notável Peregrino, que tanto deu em que entender à Espanha. Tinha o cabelo que mostrava haver sido louro, faces vermelhas e bem disposto, só, em um cavalo castanho-escuro.
Foi pousar na estalagem de Francisco Lourenço, era pela manhã e já não achou missa; pôs-se logo a rezar, visi­tou o convento e nele ao Superior Fr. Roque de Soveral a quem mostrou trazer o Bentinho da Ordem de Cristo, de que era cavaleiro e lhe deu dois registos, um de Cristo com a Cruz às Costas, para que o desse ao D. Prior Fr. Custódio Falcão como visse, que era, fora. O outro de Santa Helena com a Cruz, para ele Fr. Roque e ambos muito bem ilumi­nados e em pergaminho respançado; e lhe disse sempre por muitas vezes o encomendasse a Deus e esta era a resposta que dava quando lhe perguntava Fr. Roque quem ele era. E lhe respondeu que como era da Ordem de Cristo, não quisera passar por ali, sem dar obediência a seus Prelados. Pediu-lhe Fr. Roque ficasse lá no Convento e nunca o pôde acabar com ele. Falava pouco e nunca deu mercê, nem paternidade a pessoa alguma. Ali se confessou e ouviu a missa, isto no dia seguinte quarta-feira a que lhe disse o Pe. Fr. Matias d'Aguiar e lhe deu comu­nhão; e afirmou este Padre que aquele era El-Rei D. Sebas­tião porque o Pe. era muito velho e o havia muito bem visto, quando El-Rei era moço. Foi-se dali para a estalagem e nela ajustou contas, pagando o que devia e se partiu e foi jantar naquela quarta-feira duas léguas de Tomar de modo que no povoado pagava muito mais. Dali onde havia dois para três meses andava um navio ao pairo e ali se ajuntaram onze homens a cavalo, que com ele e com os cavalos se embarcaram no dito navio e não se soube mais deles. Disse o Pe. Fr. Roque de Soveral, que vinha de Jerusalém e lhe mostrou em um braço, um sinal que lá costumam pôr aos peregrinos.


Neste tempo reinava em toda a Espanha D. Filipe IV, era Presidente do Tribunal do Paço, D. António Pereira, o Beatão, da Casa da Feira, o qual mandou tirar grandes pes­quisas deste caso, por um homem de seu nome António Pe­reira de Sousa, o Tortinho, que depois foi procurador da Coroa, por morte de Tomé Pinheiro. Era o Tortinho nesse tempo Corregedor naquelas partes. As mesmas diligências fez também Nicolau de Brito Cardoso por ser Juiz de fora em Tomar e naqueles dias se achava em Santarém, onde ao presente também assiste por Juiz das Valas. Ele me contou tudo o que aqui é relatado e mo deu por escrito em a tarde dum Sábado, 15 de julho de 1662, em sua casa na rua dos Cónegos, servindo de Desembargador dos Agravos da Casa da Suplicação. Dizendo-me mais, que o tal peregrino dera em Tomar algumas esmolas e que se parecia tanto com o Pe. Fr. Pedro Ramalho, Religioso muito velho da Ordem de Cristo, que se dizia, é Fr. Pedro com barbas e pelo Frade diziam, era o peregrino com elas; e ambos se pareciam muito com os retratos que ha-de El-Rei D. Sebastião em velho.

Do livro “Feiticeiros, Profetas e Visionários – Textos antigos Portugueses” – Casa da Moeda – Biblioteca Nacional, 1981


19/05/2015