Histórias da África
por onde os portugueses andaram
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Como muito se
fala nisso, e os cientistas aprovam, há um consenso sobre a origem dos Homo Sapiens: África. O avestruz também
é originário de África que, diz a lenda, porque parece não ser verdade, o
avestruz quando sente perigo enfia a cabeça num buraco. O que ele faz é baixar
o pescoço até ao chão para passar mais desapercebido.
Com os
chamados homo sapiens cobardus*,
aqueles que renegam ou insultam a história, passa-se algo semelhante: com medo
de verdades enfiam a cabeça num buraco. Pena que o buraco não se feche de vez
mantendo-os ad aeternum enterrados na
escuridão e covardia.
Portugal tem feito sumir uma quantidade de feriados e dado enfâse político a outros, sobretudo o 5 de Outubro e o 25 de Abril, ambos impostos pela força. O primeiro levou dezoito anos a destruir o pouco que já vinha mal baratado da monarquia, e outro ao fim de 40 anos continua a fazer grande festa, sobretudo dos vermelhuscos e a enaltecer o empobrecimento constante, o desbarato, o conluio e a corrupção.
Portugal tem feito sumir uma quantidade de feriados e dado enfâse político a outros, sobretudo o 5 de Outubro e o 25 de Abril, ambos impostos pela força. O primeiro levou dezoito anos a destruir o pouco que já vinha mal baratado da monarquia, e outro ao fim de 40 anos continua a fazer grande festa, sobretudo dos vermelhuscos e a enaltecer o empobrecimento constante, o desbarato, o conluio e a corrupção.
O 10 de Junho,
chamado da Comunidade Lusíada... vai minguando com o desentendimento gerado
pelo des-acordo ortográfico, e não só. O povo português ainda não entendeu
qualquer processo político e por isso vota mal, quando vota, e depois fica
pacificamente a falar mal dos que eles mesmos lá puseram, enquanto toma uma
bica no café da esquina com os compadres.
Houve época em
que “se estendiam ramos à mocidade que
passava”, orgulhosa de pertencer a uma nação que tinha um passado de
glória, de honra e de ética, que começou a sumir a partir do século XVII, até
chegar a ser uma espécie de massa amorfa.
E como
Portugal tem do que se orgulhar...! Não precisa dos “milagres” de Ourique nem
da batalha de Aljubarrota, mas que lhe contem, sem exageros nem pieguices e,
muito menos sem escamotear feitos dignos duma raça valente, algumas passagens,
entre as quais as que os pseudo maoistas e marxistas quiseram denegrir no pós
“cravos”, como foi o caso de insultar a memória, gloriosa, de Afonso de
Albuquerque.
O tempo
colonial ainda está presente na memória de muitos que, embrutecidos pelo
complexo de vira-latas, teimam em insistir nos “erros” dos portugueses. É evidente
que fizeram muitos, mas levante a primeira pedra quem passou pela vida sem os
cometer.
Os pobres de
espírito que em África ainda insistem nos 500 anos de colonização, não têm a
menor ideia do que foi o tempo que os, pouquissimos, pouquissimos, portugueses
por lá andaram.
Não foram eles
que inventaram a escravatura, nem os maiores negreiros dos últimos séculos, mas
foram, de certeza, os que melhor se entenderam com as populações nativas, tanto
em África, como no Brasil e no Oriente. Quem levou os primeiros africanos para a
Europa e os mandou educar nos melhores colégios? Porque existiu Macau, que
nunca foi uma colônia? Como foi foi possível que um homem só, António
Fernandes, em 1500 e pouco, tivesse entrado sozinho pelo interior da costa
leste de África, atingido o Reino do Monomotapa e ao fim de pouco tempo ter
mais de 3.000 escravos que se lhe foram oferecer e trabalhar sob seu comando?
Há muitas
histórias destas que os meninós que “reinam” nos des-governos de Portugal e/ou
nas escolas e faculdades se “esquecem” de mostrar aos jovens. Mas não esquecem
de dizer que Salazar foi um isto e mais aquilo, que Afonso Costa (alguém sabe
quem foi?) quase foi beatificado pelos bolcheviques, que foi uma pena Humberto
Delgado, o louco, não ter sido eleito, e que “Grândola, Terra Morena” é a
melhor e mais profunda música do país.
Mas... e os
que “por obras valerosas deviam ser da
morte libertados”?
Vamos para
África.
Alguém sabe o
que um grupo de austríacos, chefiados por um vigarista, Guilherme Bolts, andou
a fazer em Lourenço Marques no último quartel do século XVIII? E como de lá
foram corridos?
Há muita história para contar, mas vamos-nos ater a alguns pontos que hoje são sobretudo polémicas inter-africanas, porque Portugal, já moribundo na época do Ultimato, e cobarde com os cravos VERMELHOS, não soube vestir a honra e dignidade dos seus antepassados e virou costas às populações que lhe tinham solicitado, oficialmente, proteção.
Há muita história para contar, mas vamos-nos ater a alguns pontos que hoje são sobretudo polémicas inter-africanas, porque Portugal, já moribundo na época do Ultimato, e cobarde com os cravos VERMELHOS, não soube vestir a honra e dignidade dos seus antepassados e virou costas às populações que lhe tinham solicitado, oficialmente, proteção.
Apesar de nos
dedicarmos agora a África é bom não esquecer a vergonha dos capitãesdeabril em relação a Timor.
Bem antes da
famigerada Conferência de Berlim, 1884-5, ter dividido Angola entre os mais
poderosos da Europa (um pouco do que se passa hoje com a União Europeia... a
desmantelar-se), já Inglaterra começara a pressionar Portugal para não ocupar
militarmente algumas regiões a norte de Ambriz em Angola, porque o rei Leopoldo
da Bélgica já tinha deitado o olho (grande) a todo o território do Congo.
O pouco que
deixaram para os pobres e infelizes portugueses, os que há vários séculos
tinham penetrado África e com os africanos comerciavam, após muita discussão,
foi que só se considerariam sob protetorado as regiões que fossem ocupadas
administrativa e militarmente.
É evidente que
os queridos ingleses sabiam perfeitamente que Portugal não tinha forças para
nada, mas algo se arrancou das suas entranhas e teve que inverter a sua
posição face aos reinos angolanos: de visitantes, autorizados mediante
pagamento de pedágios ou portagens, a dominadores e receptores de impostos.
As divisões
das terras africanas não levaram em conta reinos antigos, nem etnias, mas sim
através de paralelos e meridianos para poderem abarcar as riquezas que aí
dentro ficavam garantidas.
Há documentos
antigos que mostram o grande descontentamento dos povos africanos perante esta
infâmia, todos eles sabendo que não tinham forças para combater os novos
invasores e, sobretudo não se quererem sujeitar a europeus arrogantes e
racistas que ainda durante quase mais um século escreviam “cientificamente” que
os africanos eram seres anatomicamente inferiores e que assim só a escravidão
lhes serviria.
O contato e o
trato com os portugueses, conhecidos de há séculos, era diferente, havendo um
exemplo claro disso, com a vida do sertanejo Silva Porto, que durante décadas
foi o único branco, português, que viveu, sozinho no interior de Angola.
Para
“garantir” a sua sobrevivência como reinos independentes, alguns povos reuniram
todos os seus principais chefes e representantes e, voluntariamente colocam as
suas terras sob o protetorado do rei de Portugal, pedindo que este lhes desse
proteção contra invasores, fossem eles quem fossem, e que ao mesmo tempo lhes
enviasse artífices, professores, e soldados para os defenderem.
O mais
conhecido destes tratados é assinado em Cabinda em 1 e Fevereiro de 1885, cujos
primeiros três parágrafos rezam:
Art.
1º - Os príncipes e mais chefes (de Cabinda) e seus sucessores declaram,
voluntariamente, reconhecer a soberania de Portugal, colocando sob o
protectorado desta nação todos os territórios por eles governados.
Art. 2º - Portugal reconhece e confirmará todos os chefes que forem
reconhecidos pelos povos segundo as suas leis e usos, prometendo-lhes auxílio e
protecção.
Art. 3º - Portugal obriga-se a fazer manter a integridade dos
territórios colocados sob o seu protectorado.
Assinou em nome do rei de Portugal o capitão tenente da Armada Guilherme de Brito Capello, comandante da corveta Rainha de Portugal, que se fosse vivo hoje iria pedir perdão aos
príncipes de Cabinda por ter colaborado numa mentira, como foi Egas Moniz ao
rei de Leão por Afonso Henriques não ter cumprido com a palavra que
seu aio deixara como garantia de vassalagem para que o rei de Leão levantasse o
cerco a Guimarães.
Seguiram-se vários Tratados de
Protetorado, todos no mesmo sentido de aparente responsabilidade, entre
Portugal
- e Mona Samba (Capenda) 1885, 23 de Fevereiro
- e Caungula (Xá Muteba) 1885, 31 de Outubro
- e Tchissengue e os seus
Nobres Muananganas (Quiocos), 1886,
2 de Setembro
- e o Muatianvua Ambinji
Chefe dos Calambas do Moxico, 1886,
1 Dezembro, Lucusse
- e a corte Imperial do rei Muatiânvua, 1887, 18 de Janeiro
Mas vamos
deixar a continuação para a próxima.
05/05/2014
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