quinta-feira, 5 de outubro de 2023

 

Antes do Propósito

(rebuscado do francês, Avant-Propos) ou

A Propósito

 Escrito em 2013, para juntar os "contos de amantes em um livro

O amor ou só a atração física entre dois corpos, tem sido, desde o tempo que nem tempo era ainda, um dos primeiros motivos para guerras, traições, escândalos, suicídios, assassinatos, divórcios, e muito mais.

Basta pensar na bela Helena, raptada por Páris e a guerra, monstruosa, que por culpa da sua beleza aconteceu em Troia, e quantos foram mortos, por tão fútil motivo.

Páris raptando a bela Helena

Escândalos, estão a acontecer a todo o momento, em todo o mundo. Lembro do famoso Caso Profumo, um escândalo político britânico com origem numa ligação sexual, em 1961, entre John Profumo, o Secretário de Estado da Guerra, no governo de Harold Macmillan, e Christine Keeler,  uma futura modelo de 19 anos. Como era de prever, o Profumo dançou e a Christine ficou famosa!

Ora se o Profumo não havia de ficar louco com uma gatinha destas...

Que se danasse a guerra!

Suicídios de amor têm sido contados desde sempre, envolvendo reis, príncipes e outros ditos “grandes”, porque do povo ninguém quer saber, e lembro da triste história da doce Cio-Cio-San (Butterfly em japonês), baseada em fatos reais, que Puccini nos mostra na sua magnífica ópera Madame Butterfly, quando Cio-Cio-San, esperando ansiosa e cheia de saudades do seu amor, sabe que ele ao fim de vários anos vem visitá-la, mas casado com outra, enfia a faca na barriga, e faz o hara-kiri.

 E o que conta Shakespeare, com o seu Otelo? Depois de muito intriga, muita mixórdia, muita inveja, Otelo, enlouquecido, mata a linda Desdemôna e depois suicida-se.

 

"Othello e Desdêmona em Veneza" por Théodore Chassériau (1819–1856)

Divórcios são aos montes, e como dizia Jô Soares no programa “O Gordo” : casa, descasa, casa, descasa, por isso é que eu não me caso!

Traições então...

Por que as estátuas gregas mostram as mulheres e os homens despidos? Por quê tanto monumento, desde tempos imemoriais, ao falo e àquilo que se chama deusas da fertilidade representando uma mulher nua?

Por que aparecem agora em Aveiro, norte de Portugal, num sítio arqueológico dentro do mar a sessenta metros de fundo, imagens, partes de cerâmicas de 3.000 a 4.000 anos a.C, com seios femininos de mamilos destacados? E o templo de Kajuharo? Milhares de esculturas em situações eróticas, ou pornográficas, representando possivelmente o Kama Sutra, um antigo texto indiano sobre o comportamento sexual humano, desde as antigas antiguidades, sendo amplamente considerado o trabalho mais completo sobre amor na literatura sânscrita. Uma espécie de enciclopédia sobre “as técnicas de fazer amor”.

  “Mil e Uma Noites”! A história conta que Xariar, rei da Pérsia, descobre que sua mulher é infiel, dormindo com um escravo cada vez que ele viaja. O rei, decepcionado e furioso, mata a mulher e o escravo, convencendo-se por este e outros casos de infidelidade que nenhuma mulher do mundo é digna de confiança. Decide então que, dali em diante, dormirá com uma mulher diferente cada noite, mandando matá-la na manhã seguinte: desta forma não poderá ser traído nunca mais.

Este rei, louco pela traição da sua primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas as noites, mandando matá-las na manhã seguinte. Sheerazade consegue escapar a esse destino contando, durante a noite, histórias maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao amanhecer, Sheerazade interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de várias noites - as mil e uma do título - ao fim das quais o rei se arrependeu de seu comportamento e desistiu de executá-la.

Conta a Bíblia, ainda, que avisado por Deus, Lott, deve sair de duas cidades onde imperava a pouca vergonha, Sodoma e Gomorra. Que não olhassem para trás pois Deus iria pôr fogo e destruir tudo. Saiu, com a mulher e duas filhas. A mulher (curiosas as mulheres), voltou-se para trás, para ver o estrago e foi transformada numa estátua de sal. Lott não terá tido tempo para chorar essa perda, mas vê-se sem descendentes, e isso, diz a Bíblia, o fazia sofrer. Resolveu o assunto do modo mais simples. Deitou-se com as filhas, uma de cada vez e assegurou assim a descendência! Ou... cama confortável?

E o incesto? Fica deste modo sacramentado pelo Livro dos Livros?

 

Todo este “A Propósito” serve só para dizer que as histórias que se seguem são todas baseadas no mais profundo de todos os sentimentos humanos: o amor, seja ele profundo... ou Profumo!

Erótico ou não, toca todas as idades.

 14/12/13

 

 

 

3 comentários:

  1. Francisco,
    Ai o Amor, o Amor!
    Coisa complicada, que a cultura trovadoresca inculcou nas sociedades europeias ocidentais.
    O caso do Páris e da Bela Helena é uma excentricidade nas culturas greco-latina, anteriores ao séc. XIII. A vertente judaica praticamente ignora-o e a Igreja de Roma nunca o viu com bons olhos.
    Só um pequeno reparo. A ópera Madamme Butterfly saiu da inspiração de G. Puccini.
    Abraço
    APM

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    1. Indesculpável erro musical! E eu até sabia que Puccini é que... mas!

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