sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

 

O Cabo das Tormentas

Outro irmão que descansou


Há anos que a vida me vem mostrando que raros são os que dobram os 90, com saúde. Raríssimos. Daí eu chamar a essa idade “O Cabo das Tormentas”.
Em Agosto de 1957 entravam para a CUF Portuense, a companhia de cervejas que fazia a ótima Super Boch, na velha fábrica da rua Julio Diniz, que já lá não está, três novos técnicos contratados pela Cuca de Angola, para estagiarem, e depois seguirem para Luanda.
Dois demoraram pouco, seguiram para Louvain, estudar cerveja, e ficou só este que vos conta a história.
Um deles, que conheci quando entrei para o Liceu, em Lisboa, estava ele no 5° ano, e que veio a ser um dos meus mais estimados amigos, e o outro, também agrónomo, acabadinho de casar, que se alojou numa espécie de lar de freiras (tinha um cunhado jesuíta!), e, do mesmo modo, a vida nos juntou como irmãos.
No fábrica, além de acompanharmos todo o processo de fabrico e controle de laboratório, o diretor técnico achou que devíamos também ler os dois volumes do professor de Louvain, De Clerc, sobretudo “tudo” que dizia respeito à cerveja. Almoçávamos sempre muito bem, e a seguir ao almoço íamos para uma pequena sala, tranquila, pouca luz, belas e cómodas poltronas, ler, em francês, o famoso tratado cervejeiro. Não tardava a que um se reclinasse, adormecesse e roncasse, o outro mantinha uma postura erecta mesmo a dormir e eu cabeceava de tal forma que tinha que sair dali com dores no pescoço! Pode-se imaginar o que aprendemos com a ciência do prof. de Clerc!!! Nada, de nadinha. Um chato!
O primeiro deste trio, o Alfredo, foi-se embora há muitos anos, 1987, deixou mulher e seis filhos, ela como nossa irmã e meus sobrinhos queridos, e um grande vazio, que uma amizade assim nunca preenche.
O segundo, chegou a Luanda, com a mulher, e como é de calcular, não conhecia quase ninguém; fomos nós,  minha mulher e eu, que os orientámos na chegada, e como trabalhávamos na mesma fábrica o contato era diário.
A amizade aprofundou-se. Nasceu-lhes a primeira filha e nós apadrinhámos. Veio a segunda, idem. Só não fomos padrinhos do terceiro porque estávamos fora de Angola. Morámos uns tempos a meia centena de metros entre as duas casas, e logo os nossos filhos e as meninas foram crescendo como irmãos.
Um dia resolvemos ser criadores de gado! Pedimos uma concessão de terra ao governo, talvez uma ou duas centenas de hactares mas já não sei quanto, fizemos sociedade no cartório

 para o que o “anto”, António, vendeu o velho Fusca que tinha comprado na Alemanha e com esse dinheiro comprou umas quantas vacas no Sul de Angola que de lá foram levadas por caminhão. Ao “Xic” – Chico – competiu-lhe comprar o touro que fizesse o conveniente serviço para o rebanho crescer. (Nunca cresceu porque, dizia o homem que, teoricamente, tomava conta do gado, que as cobras iam comendo os bezerros, outros animais as vacas e assim o grande negócio acabou em “0”, zero! Os animais que comeram o gado... foi o pessoal dali, mas... era assim!).
O negócio acabou mas a amizade sempre se ia fortalecendo e crescendo.
Mais tarde, 1969, já eu não estava na Cuca, e ele lá e subindo, lembrei-me de montar uma empresa para importação de material de offset, fotocópia, microscopia, a Repro. É evidente que o compadre e sócio da extinta agropecuária tinha que participar; agregou-se um outro sócio, outro irmão, o Bartolomeu, que já nos deixou há uma dúzia de anos. Começou e singrou muito bem até TUDO ser engolido pelo 25/4. Desta sociedade nasceu ainda a mais chique loja de modas de Luanda, a Chiméne, depois a Zimbo, fábrica de calças jeans, e tudo se desfez, como um sonho que estava a ser bonito!
António, seu ar arcebispal, como eu o tratava, volta e meia convocava os sócios – todos amigos de primeira linha – para uma “assembleia geral”, com a finalidade de tratarmos de... qualquer coisa. Lá íamos ao fim da tarde a sua casa, Bartolomeu e eu. Não lembro já se alguma vez chegámos a discutir qualquer assunto da sociedade, mas sei que ficávamos até tarde bebendo uns copos e comendo uns bolinhos que a comadre fazia. O Bartolomeu passou a tratá-lo por “senhor assembleias”!
E histórias de caça! E de filosofias teológicas! Que magníficos tempos! Éramos jovens de 40 e poucos anos, cheios de entusiasmo!
Um dia tudo acabou em Angola.
Vieram os três sócios para o Brasil. Como irmãos, e os nossos filhos também como irmãos uns dos outros.
A vida não correu fácil para todos. Dois regressaram mais tarde a Portugal onde lá sempre tínhamos a oportunidade de os abraçar, jogar conversa fora e, se possível cimentar sempre mais uma grande amizade que vinha de longe.
                                

Durante oito anos colegas na Cuca, desde os primeiros tempos logo compadres e comadres, depois sócios, nunca entre nós houve qualquer desentendimento. Mas ríamos e nos descontraíamos.
Não havia festinha, fadistice ou reunião em nossa casa que os compadres não estivessem presentes.
O Atlântico um dia nos separou. Só fisicamente, porque os nossos corações sempre se mantiveram abraçados.
Destes quatro amigos a que aqui me refiro... resta um! Bem sei que era o mais novo de todos.
Mas como sinto a falta deles.
Ontem o António Nuno Dias Melícias, depois de passar o último ano muito desgastado, adormeceu em Paz.

O meu mundo, egoísta, vai-se fechando. Sobram poucos. Agora pouco mais me resta do que aguardar a minha vez.

 

Hoje telefonei para dois, ambos nos 92. Estão ótimos. E até um primo já nos 97. Que bom.

 

29/01/2021

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

 

Recordando Ernesto Lara Filho

E mais coisas sobre Angola

 

Recordar Ernesto Lara é assunto que só quem peregrinou por Angola deve saber de quem se trata e apreciar.
Uma figura de legenda, cronista e poeta, Ernesto Lara Filho, um dos inventores da angolanidade literária, boémio, generoso, meu amigo e colega regente agrícola, louco por liberdade, sobre quem já escrevi no “Os Meus Amigos” – https://fgamorim.blogspot.com/search?q=ernesto+Lara.
Agora, ao arrumar, aliás tentar dar um pouco de arrumação aos milhares de papeis que fui juntando, “descobri” mais de 30 revistas de Angola, quase todas a “TRÓPICO”, de 1963 a 1965, que me têm deliciado a rever coisas daquele tempo, onde, além de artigos do Ernesto, até aparecem reportagens com a minha figura!!!

Mas alguns textos do Ernesto Lara quero compartilhar, sobretudo este maravilhoso poema que escreveu a seu pai:

" Pergunta " (para meu pai)

Tu,

que lá em Benguela tinhas saudades do Minho

expressas em todos os teus olhares saudosos,

em todas as conversas.

Tu,

que sempre recordavas lá tão longe a tua terra distante

o teu Portugal de menino.

Porquê, meu pai,

me negas o direito simples de amar a minha terra,

a minha Angola?

Por que me negas todos os dias a todas as horas,

o direito sagrado de ter saudades da minha terra,

de olhar com os olhos embaciados, mas contentes,

de escrever longas cartas inconsequentes,

de ter longas conversas melancólicas

sobre a minha terra desflorada,

a minha Angola adiada?

Serei poeta também adiado como a minha terra.

Eu negarei Pai e Mãe pela minha terra.

Três vezes como Pedro o apóstolo negou Cristo

Três vezes antes de o galo cantar no raiar da madrugada.

 

Os textos da revista são sobre assuntos diversos, mas onde se encontra a humanidade e simplicidade de um amigo que todos estimavam. Muito. Temas simples, como o autor, onde ele se confessa boémio incurável!

Aqui vão eles.

Foto da revista de 1964

 CARTA  A  UMA  SOBRINHA

Acabo de receber sua cartinha que tem a beleza das coisas puras. Sua cartinha me comoveu, porque é sincera e revela o desejo de colaborar. Vou dirigir à secção feminina a receita com que se apresenta a dar-nos ajuda e vou desejar-lhe as maiores felicidades e que sempre apareça entre nós. Sabes? Teu irmão é nosso tipógrafo e foi um dos que mais me surpreendeu quando entrei naquela Tipografia pela primeira vez. Desatou a citar crónicas minhas do tempo do Caprandanda de cor e salteado. Eu e o Mário mandámos-lhe ver a exposição de Teresa Gama. A Teresa Neves e Sousa dos meus tempos de menino. Foi e viu e só gostou de três quadros. Quero dizer, só compreendeu três quadros. Foi isso que nos disse e a gente mandou insistir. Mas como eu ia dizendo, já conhecia seu irmão que no dia a dia dos tipos, no dia a dia do carvão que envenena os tipógrafos, vai fazendo singrar a revista. Assim gostei que você tivesse aparecido ao nosso lado pretendendo colaborar. Você não será daquela família muito antiga dos Pintos de Caxito?

Gostava que todas as meninas de «18 anos de idade, cabelos e olhos castanhos e 1m,64 de altura» como você diz tão singelamente na sua carta, colaborassem com coisas positivas como esta revista.

Atravessámos grave crise, minha querida Amiga, mas está vencida e por conseguinte muito nos comoveu essa sua frase com que termina a cartinha que entregou há dias na Tipografia. Frase essa que transcrevo integralmente: «Gosto muito do vosso jornal e nosso também».

Quanto ao tratamento de Tio muito obrigado, pequena, eu não fico zangado, fui até eu que criei. Este velho morcegão solteiro, já a nada mais aspira senão isso, na sua pobre e modesta vida de homem de jornais. A ser tratado por tio por todas as meninas morenas e bonitas de Luanda, um daqueles tios boémios que todos nós temos ou já tivemos na vida, que pastoreia as noites de Luanda e semeia alegrias e sorrisos, nos lábios e nos corações de tanta gente. Sem que nada pretenda receber em troca.

A não ser o carinho dessas sobrinhas todas, loiras, morenas, altas, baixas, lindas, feias que palmilham as ruas desta minha tão linda cidade.

*             *             *             *             *

CAMIONISTAS DE ANGOLA

 Naquele tempo costumávamos sair para Sá da Bandeira no dorso, na carga de uma camionete. Ao volante, sei lá quem! - talvez o Raul Costa, o Magalhães, o Zé Pequeno, Camões, um desses quaisquer heróis esquecidos das estradas de Angola. Íamos para um dos dois únicos liceus de Angola fazer o nosso primeiro anito. Corria o ano de 1940.

Não vale a pena falar da estrada por Catengue quando o Uche dizia não a todo o camionista que queria avançar para a guerra. Guerra de botões, essa guerra dos camionistas de Angola. Lá em Catengue o velho Rodrigues «mata-leões» recebia sempre toda a gente da mesma maneira aquele seu vozeirão ensurdecedor. Que contrastava com as falhas da voz de sua pobre e já falecida esposa - aquela tão simpática mulher que recebeu em sua casa, alimentou e acarinhou todas as duas gerações do meu tempo, de camionistas de Angola.

As realidades no Sul daquele tempo, eram a serra da Cacula e as lamas de Quipungo - não sabemos se a estrada hoje passa por lá! - e víamos tudo quanto era herói da estrada morrer um pouco por esses caminhos. Vi perecerem alguns dos meus melhores amigos nessas estradas de Angola. E se já alguma vez esta criança que trago dentro de mim teve um herói, esse herói era mulato e chamava-se Raul. O Raul, condutor de «Krupp» e mais tarde de uma «GMC» na Fazenda Aurora dos nossos tempos de menino. Hoje quem traz as viandas da Fazenda Aurora para Luanda é aquele rapazinho pequenino chamado Queiroz. E a vida continua.

Umas gerações passam e outras as substituem. O Castanholas e o Carreira aí estão para afirmar que a vida não pára. O Maciel com os seus 4.000 quilómetros por semana entre São Salvador, Luanda e Nova Lisboa, esse homem de vozeirão tremendo e com um coração de menino, esse Hércules das estradas de Angola, aí está, firme, ao volante da sua «Scania», navegando por todos os caminhos, velho marinheiro das calemas de Angola. Varando quilómetros e quilómetros de poeira e de lama, bebendo em todos os bares do caminho, transportando aqui um pobre homem desempregado que precisa de boleia, levando acolá uma senhora grávida para uma Maternidade ou Hospital mais próximo, fazendo Humanidade por essas caminhos, esse Homem e os Outros camionistas de Angola significam para quem quiser perceber que com Ouro deste, Ouro Puro de Lei, poderemos de facto repetir Índias e Brasis de Universalidade.

Não foi impunemente que escrevemos um dia sobre Paulo Rosa. Tinha caído na estrada varado pelas balas que no Norte não perguntam quem passa. Paulo Rosa caiu com uma dignidade extraordinária e nunca perdoarei a suaImageImageImageImagemorte. Nunca o vi recusar uma boleia, uma passagem, um carinho, a um Homem Negro, ou Branco, ou Mulato, do Norte. Como não posso perdoar a sua morte, também não perdoarei a do regente agrícola Albano Gonçalves da Cunha. No momento em que abandonando a sua família, foi avisar as outras famílias do que se passava. Tombando na hora da verdade, deram-me uma certeza. Certeza a que já não Imagepoderemos fugir. É que nascendo ou não em Angola, estamos aqui para ficar. Seja no volante de uma «Scania», seja Imagenas teclas desta «Antares-Micron», venha a ser um dia no Imagevolante do luxuoso «Alfa-Romeo» que usa um antigo colega de Imprensa que estimo e admiro, apesar de tudo. Image

Ouvia a voz monótona do velho Silva contar como tinha acontecido o desastre perto da Munenga. Depois do João Imagedo Muquetixe. Ouvia-o e na sua voz sentia todos os camionistas sacrificados que enchem as estradas de Angola e com o seu terrível esforço, com uma indomável forca de vontade, não deixam que o sangue pare, não deixam que o sangue fique por circular nestas pobres veias que são as nossas estradas. Nada merecem de mim a não ser toda a nossa sincera admiração, nosso profundo carinho e Amor ao Próximo. Porque se há dias vi um polícia multar um desses homens por excesso de velocidade - não defendo o princípio! - ele vinha do mato com 6.000 quilómetros percorridos, seis mil deles, de sangue, suor e lágrimas, Tinha estado debaixo de fogo para os lados do Negage. E foi à entrada de Luanda que vi lágrimas nos olhos desse homem que pedia enraivecido que o multassem sim, por excesso de velocidade lá no Norte - onde sem uma arma que não a sua pobre camionete, ele tivera que acelerar até à loucura.

É pois para vós que hoje escreve um pobre jornalista vagamundo, meus amigos, camionistas de Angola, Para ti, a quem encontrei um dia fazendo a barba no espelho retrovisor, na baixa da Cela. Para ti, que tombaste naquela ribanceira da estrada de Catete, com o tio Ernesto ao lado e debaixo de chuva quando o terreno cedeu. Para si, velho Ferreira - carta 29 619 de Lisboa - que andaste dez anos na linha do Norte de Angola. Para ti, Castanholas. Para ti, meu bigodaças, meu caro Carreira. Para ti Morais da Cela e Lima dos Bois. Enfim, para ti Maciel, para que sempre contes com o nosso pequeno estímulo, estas linhas de um modesto artigo, que sendo a vocês, é para todos os camionistas de Angola.

Vocês, os que levam o «TRÓPICO» aos quatro pontos cardeais da Província.

Trópico, nr.35, 12/03/65

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O  PEDRO

 

Disseram-me um dia que esse Homem não viajava de terra-em-terra. Que viajava de bar-em-bar. Era verdade, pois foi num bar que eu o conheci.

Nada nele me dizia que não era um homem como os outros. Apenas mais triste. E mais desiludido, Apenas mais castigado pelos ventos desencontrados de todos os rumos.

Lembro-me ainda do seu nome. Que nunca se diluirá na tristeza do esquecimento. Chama-se Pedro. Era - e é - um Irmão de todos os que precisassem de um verdadeiro Irmão. Ribatejano. Bebendo demasiadamente. Há algum ribatejano que não beba e não goste de cavalos?

Bebia e gostava de toiros. Amigo das crianças de todo o Mundo, era um verdadeiro Homem.

Um dia - já lá vai um ano - naquela sua voz monótona, começou a falar em Eva Braun e em Hitler. Dizia ele por entre os cacussos grelhados da Casa Verde dos Muceques que Eva Braun se colocava na frente de Hitler, quando este discursava impedindo os atiradores longínquos, de fazerem fogo pela caçadeira de binóculo. Atiradeira, fica melhor. Nessa noite assassinaram o Presidente Kennedy. Lee Oswald. Nunca mais me esqueci dessa noite nem dos companheiros que comigo estavam. Onde andarão eles?

Pedro tinha o raro condão de prever os acontecimentos com muitas horas de antecedência. Os acontecimentos mais trágicos da história do nosso tempo.

Não dizia. «Vamos beber um copo!» Adoptara a frase do João Teles que deve estar a ler isto devidamente comovido enquanto fabrica os já célebres licores Kumbira E a frase do João tem a poesia das frases com sentido. Era: «Ernesto, vamos molhar o bico.» ou «Ernesto, vamos tomar uma gota...»

Não sei onde andará o Pedrinho, o tio Pedro das nossas histórias de boémios. Disseram-me que andava em digressão por Angola. Da «Petisqueira» tinha seguido para o «Bar do Freitas» na Cela. Do Bar do Freitas onde passou o Natal e o Ano Novo, foi para o Galgo Bar em Nova-Lisboa. Creio que a estas horas deve andar pelo Sul de Angola. Se não atravessou o Cunene e passou para Vindoek.

Boa-sorte, Pedro e muitas felicidades do   E. L. F.

Trópico, nr. 31, 12/2/65

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Tem mais crónicas interessantes, mas ficam para outra vez.
Só vou acrescentar alguns dados daquela terra que, mesmo dos “antigos” poucos conhecem e os “de hoje” não devem ter a menor ideia.
Em 1964 Angola ainda sofria com o controle do desenvolvimento industrial e comercial por parte da Metrópole.
Em 1957 um grupo de sócios pediu um alvará para uma fábrica de massas alimentícias. Só em 1964 foi autorizada!!! E a partir dessa data Angola passou a produzir as suas próprias massas! E boas.
Também em 1964 inaugurou uma fábrica de “motorizadas”. A FABRIMOR. Começou com umas motos pequenas de 50 cc que logo tiveram uma enorme repercussão não só em Angola, como até para alguns países vizinhos.
Em Benguela surgia também em 1964 uma fábrica de Acumuladores Elétricos.
Em 1965 a Casa Americana começou a montar tratores, Catterpilar chegando a fabricar algumas partes da sua mecânica.!
Quem sabia disso? Com a independência, TUDO isto e muito mais... desapareceu. Só em 2015 voltou a ter produção própria de massas! 40 anos depois!
Pobre Angola. País tão rico.

NOTA: Quem estiver interessado nestas revistas é só avisar-me e vir buscá-las.

Se ninguém quiser... o destino delas será o lixo.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

 

Um texto transparente

 

Do Mural de Lourdes dos Anjos, que me foi enviado por e-mail.

 

Não sei quem é esta senhora, mas sei que conseguiu fazer um extremamente fiel retrato do Portugal (e não só) de hoje.

 

“Quando os meninos  me pediam "papel macio pró cu e roupa boa prá gente"…

Um dos textos que mais me custou a  escrever e por isso tem mais lágrimas do que palavras.

Estávamos ainda no século XX, no longínquo ano de 1968, quando a vida me deu oportunidade de cumprir um dos meus sonhos: ser professora.

Dei comigo numa escola masculina, ali muito pertinho do rio Douro, na primeira freguesia de Penafiel, no lugar de Rio Mau. Era tão longe, da minha rua do Bonfim, não podia vir para casa no final do dia, não tinha a minha gente, e eu era uma menina da cidade com algum mimo, muitas rosas na alma, e tinha apenas 18 anos.

Nada me fazia pensar que tanta esperança e tanta alegria me trariam tanta vida e tantas lágrimas. Os meninos afinal eram homens com calos nas mãos, pés descalços e um pedaço de broa no bolso das calças remendadas.

As meninas eram mulheres de tranças feitas ao domingo de manhã antes da missa, de saias de cotim, braços cansados de dar colo aos irmãos mais novos, e de rodilha na cabeça para aguentar o peso dos alguidares de roupa para lavar no rio ou dos molhos de erva para alimentar o gado.

As mães eram mulheres sobretudo boas parideiras, gente que trabalhava de sol a sol e esperava a sorte de alguém levar uma das suas cachopas para a cidade, “servir” para casa de gente de posses. Seria menos uma malga de caldo para encher e uns tostões que chegavam pelo correio, no final de cada mês.

Os homens eram mineiros no Pejão, traziam horas de sono por cumprir, serviam-se da mulher pela madrugada, mesmo que fosse no aido* das vacas enquanto os filhos dormiam (quatro em cada enxerga), cultivavam as leiras que tinham ao redor da casa, ou perto do rio e nos dias de invernia, entre um jogo de sueca e duas malgas de vinho que na venda fiavam até receberem a féria, conseguiam dar ao seu dia mais que as 24 horas que realmente ele tinha.

Filhos, eram coisas de mães e quando corriam pró torto era o cinto das calças do pai que “inducava” … e a mãe também “provava da isca” para não dizer amém com eles…E os filhos faziam-se gente.

E era uma festa quando começavam a ler as letras gordas dum velho pedaço de jornal pendurado no prego da cagadeira da casa…o menino já lia... ai que ele é tão fino… se deus quiser, vai ser um homem e ter uma profissão!

Ai como a escola e a professora eram coisas tão importantes!

A escola que ia até aos mais remotos lugares, ao encontro das crianças que afinal até nem tinham nascido crianças…eram apenas mais braços para trabalhar, mais futuro para os pais em fim de vida, mais gente para desbravar os socalcos do Douro, mais vozes para cantar em tempo de colheitas.

E os meninos ensinaram-me a ser gente, a lutar por eles, a amanhar a lampreia, a grelhar o sável nas pedras do rio aquecidas pelas brasas, a rir de pequenas coisas, a sonhar com um país diferente, a saber que ler e escrever e pensar não é coisa para ricos mas para todos, para todos.

E por lá vivi e cresci durante três anos e por lá fiz amigos e por lá semeei algumas flores que trazia na alma inquieta de jovem que julgava conseguir fazer um mundo menos desigual.

E foi o padre António Augusto Vasconcelos, de Rio Mau, Sebolido, Penafiel, que me foi casar ao mosteiro de Leça do Balio no ano de 1971 e aí me entregou um envelope com mil oitocentos e três escudos (o meu ordenado mensal) como prenda de casamento conseguida entre todos os meus alunos mais as colegas da escola, mais as senhoras da Casa do Outeiro. E foi na igreja de Sebolido que batizou o meu filho, no dia 1 de janeiro de 1973.

E é deste povo que tenho saudades. O povo que lutou sem armas, que voou sem asas, que escreveu páginas de Portugal sem saber as letras do seu próprio nome.

Hoje, o povo navega na internet, sabe a marca e os preços dos carros topo de gama, sabe os nomes de quem nos saqueia a vida e suga o sangue, mas é neles que vai votando enquanto continua à espera de um milagre de Fátima, duns trocos que os velhos guardaram, do dia das eleições para ir passear e comer fora, de saber se o jogador de futebol se zangou com a gaja que tinha comprado com os seus milhões, e é claro de ver um filmezito escaldante para aquecer a sua relação que estava há tempos no congelador.

As escolas fecharam-se, os professores foram quase todos trocados por gente que vende aulas aqui, ali e acolá, os papás são todos doutores da mula russa e sabem todas as técnicas de educação mas deseducam os seus génios, os pequenos/grandes ditadores que até são seus filhinhos e o país tornou-se um fabuloso manicómio onde os finórios são felizes e os burros comem palha e esperam pelo dia do abate.

Sabem que mais?!

Ainda vejo as letras enormes escritas no quadro preto da escola masculina, ao final da tarde de sábado, por moços de doze e treze anos com estes dois pedidos que me faziam: “Professora vá devagar que a estrada é ruim, e não se esqueça de trazer na segunda-feira, papel macio pró cu e roupa boa dos seus sobrinhos prá gente”.

Esta gente foi a gente com quem me fiz gente.

Hoje, não há gente… é tudo transgénico .

O povo adormeceu à sombra do muro da eira que construiu mas os senhores do mundo, estão acordadinhos e atentos, escarrapachados nos seus solários “badalhocamente” ricos e extraordinariamente felizes porque inventaram máquinas e reinventaram novos escravos.

Dizem que já estamos no século XXI...”

*          *          *

Dona Lourdes dos Anjos
Como escrevi acima, não conheço a Senhora, nem a consigo encontrar (virtualmente, porque estou no Brasil) mas não posso deixar de lhe apresentar os meus respeitos, pelo que escreveu.
Além de muito bem escrito o texto acima reflete a desastrosa situação em que o país se encontra, e do qual parece ser incapaz de reagir e lutar por uma vida de família, de comunidade, de paz.
Pelas datas que refere vejo que sou quase vinte anos mais velho, o que significa que conheci bem esse tempo, tempo em que havia pobreza, mas dignidade, valores morais, ética.
Talvez hoje haja menos pobreza, física, mas há uma outra pobreza, uma renúncia total dos valores humanos.
Estão a destruir a família, a cultura e deturpando o ensino.
No Facebook vi uma senhora com o mesmo nome, do Porto, professora, que bem pode ser a mesma pessoa.
Também não sei se este meu simples comentário chegará ao seu conhecimento.
Se chegar, com todo o respeito, beijo a sua mão. E lhe desejo longa vida e muita saúde.
Francisco Gomes de Amorim

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

 

Retrospectiva de 2020

e Pantaleão Pantoja 

É! 2020 foi um dos anos mais difíceis desde... talvez desde sempre.
Desde que o homem apareceu na Terra houve inúmeras catástrofes, guerras, epidemias, genocídios, pragas, etc., mas nada que se compare à universalidade desta epidemia.
Destruiu e continua a destruir economias, a matar muita gente e, mesmo com “vacina à vista” já se está a anunciar que diversas mutações têm aparecido, umas mais letais, outras que em vez de atingirem idosos preferem jovens na casa dos 20 anos, há até quem preveja que em vez de melhorar opinam que deve piorar, e que nova epidemia deverá chegar nos finais de 2021 ou 2022.
Se o objetivo era a redução da população mundial, a Covid não satisfez, e muitos países vão declinar em bancarrota e fome.
Além disso, quase isolados aqui no Rio de Janeiro, idade avançada, durante o ano chegaram notícias da perda de familiares e amigos, que, mesmo lá longe, ajudaram a derrubar ainda mais aquilo que deveria ser a “alegria de viver”.
Sobre política, que ocupa cada vez menos tempo as minhas meninges, o panorama mundial é um completo desastre.
A começar pelo Brasil que tendo conseguido safar-se do governo “mais corrupto do mundo”, cai, meio falido, nas mãos de um incompetente que ainda apanha com a pandemia que tem provocado uma profunda recessão, desemprego, violência e banditagem e ainda lidar com os “defensores do mundo” que se arrogam o direito de quererem gerir a Amazónia, região que sozinha ocupa uma área maior que a Europa toda!
Esses “defensores” que estão a colaborar com a Covid, fomentando a destruição da cultura e costumes dos seus países apoiando a invasão descontrolada de muçulmanos.
Depois assiste-se em Espanha a um crescendo bolchevista com um bando de energúmenos no governo, criando leis de desagregação, retirando a educação das crianças dos seus pais para serem “propriedade” do estado/governo, e em Portugal outro governo composto em sua maioria por um nepotismo jamais visto, bando de incompetentes e corruptos, com um presidente da República, se não conivente, ausente, um popularusco ridículo que vê o país a afundar-se abstendo-se, a rir, sem tomar qualquer decisão.
O governo permite festas do Partido Comunista, com uns milhares de idiotas amontoados, mas proíbe por exemplo a Missa do Galo, no Natal
E assim vai a Europa a transformar-se, sempre para pior.
A saúde (minha) teve os seus piripaques – carburador com gigleur meio entupido, bobine gasta passou a ter ignição química, carroceria enferrujada, suspenção com amortecedores de dimensões diferentes – mas tudo se concertou e consertou e agora deve durar um pouco mais sem muitas avarias. Assim se espera! Sem garantia.
 
Mas nem tudo foram situações ruins, difíceis.
Ganhei um novo amigo, o que considero uma dádiva, um outro que vive em Brasília veio ao Rio, almoçou conosco e deu-me um livro especial!
Eu que normalmente só me interesso por história, livros de grandes figuras como Confúcio, Lao Tsé, e semelhantes, recebo um de Mario Vargas Llosa, onde ele mesmo escreve que tinha querido escrever um capítulo da história do Peru, mas com situações tão inusitadas, que o faziam rir às gargalhadas, resolveu escrevê-lo para que todos se divertissem com ele. “Pantaleão e as Visitadoras”.
A história, verdadeira, ter-se-á passado nos anos 50, lá no interior da Amazónia peruana, onde estacionavam vários batalhões militares, das três forças, com vista a reforçarem as fronteiras com Equador, Bolívia e Brasil.
Milhares de militares, um calor sufocante, nada de entretenimento, pouco ou raro contato com índios, porque sempre dava confusão, quando a soldadesca tinha autorização para ir à cidade, Iquitos, entrava no primeiro bar ou comércio que lhe aparecesse e enchia a cara.
Alcoolizados agarravam qualquer mulher que lhes passasse ao alcance e “o atraso sexual” em que se encontravam, mais o calor equatorial e muito álcool que os excitava, traçavam todas as fêmeas que apareciam.
Não escapavam a não ser as que se aferrolhavam em casa. Um dia foi até a mulher e a cunhada do perfeito!
As reclamações dos escândalos choviam no Comando Militar na capital o que era uma vergonha comentada nos jornais e em todo o lado. Um desprestígio a que se devia por fim.
Como?
Os generais tomaram uma decisão. Chamaram um oficial dos serviços administrativos, impecável, eficiente, o capitão Pantaleão Pantoja e confiaram-lhe uma missão ultra secreta: montar um serviço de “visitadoras” – leia-se prostitutas – que fossem “visitar” os soldados nos aquartelamentos, a um preço módico, descontado no soldo de cada um.
O livro, escrito com passagens curiosíssimas é uma fuga à esmagadora publicidade que se faz da epidemia. O “sistema das visitadoras” funcionou a pleno contentamento dos beneficiados, mas um dia toda a organização militar, secreta, disfarçada, foi descoberta!
Escândalo nacional... também!
O livro, muito bem escrito, como seria de esperar, deu para o devorar em dois fins de tarde!
Não é um livro pornô, mas diversas vezes, sozinho a lê-lo, dei boas risadas.
Não direi que seja recomendável para toda a gente – por exemplo freirinhas e madres superioras – mas neste tempo difícil que estamos a viver é um agradável e diferente refrigério para a nossa cansada mioleira, isso é de certeza.
Todos os anos morre gente aos milhares, com doenças cardiovasculares, pulmonares e muitas outras e não se fala nisso. Este ano, cansados, cansados do uso de máscaras e do terror que espalharam, tem que se procurar algo alegre. Aí está uma sugestão.
 

02/jan/2021

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

 

Um dos Últimos da Minha Juventude

 

Há muito que venho constatando que os 90 anos devem ser uma espécie de plano de Deus, porque raros são os que os passam e ainda se aguentam um pouco mais.
Eu, que estou já a trilhar essa senda, olho à volta, com os olhos húmidos, e dos tantos e bons amigos que tive, tantos anos, só cinco conseguiram passar essa “meta” a que chamo “o Cabo das Tormentas”!
Acabamos de perder mais um em vésperas de chegar aos 91.
Amigo dos mais chegados, um irmão que conheci teríamos uns 14 ou 15 anos, que viveu em Luanda, e de quem jamais nos separámos, porque era fundamental, nas idas a Portugal que estivéssemos juntos.
Uma das pessoas mais sociáveis que conheci. Um simples, daí o ser Grande, com quem tive largos e diversos momentos que nos levaram a lembrar histórias divertidas desses tempos, sabia como poucos receber em sua casa.
Dum primeiro casamento, que só terminou quando a mulher, querida amiga Leonor Verde, o deixou bem cedo, com o miserável Alzheimer, tiberam cinco filhos

 que continuam a ser sobrinhos queridos e como irmãos dos meus filhos, depois uma boa porção de netos e bisnetos. Viúvo, pouco tempo depois encontrou outra parceira, ótima pessoa, viúva também, a Kau, Maria Carlota Moreira Rato, com quem esteve ainda mais de 20 anos e que a maldita “zona” levou há pouco tempo. Outra que se tornou nossa muito amiga.
Carinhoso, desde que regressou de Angola para Portugal, instituiu um mais que simpático jantar de Natal, para algumas amigas viúvas, a quem dava sempre uma lembrancinha. Todos os anos.
Quando em Portugal, numa altura em que ele esteve só, a Leonor num lar já sem conhecer ninguém, várias vezes passei em sua casa ao fim do dia. Num instante estávamos na cozinha onde ele preparava um petisco para nos entretermos na conversa enquanto bebíamos uns copos. Momentos de bons papos.
Tinha um maneira muito pessoal de dizer que estava tudo bem: “à maneira”! Estribilho que nos deixou e que, cada vez que o usamos, esse grande amigo está presente... à maneira!
Pelos anos 50/60, em Luanda, com frequência tínhamos amigos para almoçar ou jantar na nossa casa. Não havia tv, nem telefones celulares (que maravilha) e apesar de adultos e com vários filhos, muito vez nos divertíamos com um joguinho de crianças: jogar à mímica. Um dia calhou ao António explicar, só por gestos Nabucodonosor! Muito gesto fez, sobretudo apontando para o traseiro como se a sílaba “cu” ajudasse a resolver. De repente um dos parceiros, cansado de ninguém acertar soltou a palavra: Nabucodonosor. Foi uma farra. Durante muito tempo quando encontrava um amigo na rua ou até no trabalho (Banco de Angola), chamavam-lhe o Nabucodonosor!
Quando comprei uma barraca de campismo foi com ele, o Armando Avillez, e os nossos filhos mais velhos que a estreámos acampando lá para os lados do Mussulo. No dia seguinte as senhoras apareceram com os outros filhos e com um belo almoço. Isto há uns 60 anos!
Artista, grande desenhador, pouco se dedicou a essa sua arte natural. Abaixo, um cartão de Natal, de 2005, mostrando a casa onde nasceu e viveu, na Cruz Quebrada. Podia ser de Roque Gameiro. Uma beleza.


 O outro desenho foi uma brincadeira que lhe pedi para o meu livro “Quem descobriu o quê”, para um dos capítulos sobre uma viagem interplanetária no futuro! Mandou-me estes desenhos, ótimos, com os “astronautas (!) mas disse que não tinha entendido nada da “história”!


Teria muitas outras histórias para contar das nossas vivências e da muito grande amizade que nos unia e que os 10.000 quilómetros do Atlântico jamais esfriou.
Vou guardar sempre essa amizade, mesmo sabendo que não nos voltamos a ver.
Mas um lugar, grande, nos nossos corações, está há muito ocupado por ele.
 

06/01/2021



sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

 

1° Janeiro de 2021

 

Começou o ano “novo”. Começou mal.
- Não nos saiu a loteria;
- Não sabemos quando seremos vacinados e se...
- Continuamos sem ter ideia sobre a ida a Londres (com bilhetes comprados em Março passado) ver dois filhos, quatro netos e uma bisneta (que vai ser, um dia, a PM daquela terra... se os muçulmanos deixarem).
Em compensação acabou bem o 2020. Recebemos inúmeros telefonemas, mensagens, votos, abraços, tudo carinhos de amigos que nos tocam bem fundo. E é por isso, para todos eles, que escrevo esta pequena mensagem, não só de agradecimento.


Uma imagem com os céus em confusão. O Cristo carregando, sozinho, a nossa cruz, e uma pequena luz, um nascer do sol, que pode, se deixarmos, iluminar as nossas mentes e aquecer os nossos corações.
Ao pintar isto deixei propositalmente o Cristo , carregando uma pesada cruz e a subir um íngreme, difícil, caminho da vida.
Quantos milhões de Cristos levam uma vida assim, sofrendo até o desprezo dos que os veem passar, deixando-os abandonados, entregues a si próprios..
É difícil segui-los, mais ainda ajudá-los a carregar as suas e NOSSAS cruzes.
Cristo só disse Amai-vos uns aos outros e ajudai todos os que precisam a carregar as suas cruzes, os seus sofrimentos, suas pobrezas, suas perseguições.
Todos temos como ajudar alguém. Por vezes um só abraço ajuda e muito.
Aqui o Cristo já não empunhava a corda com que expulsou os vendilhões, mas também deixou esse exemplo: Não deixai que os vendilhões destruam as vossas vidas.
E tantos há que estão furiosamente empenhados em destruir todos os que insistem em permanecer na sua cultura, na sua fé, na sua paz.
Os abraços e os votos de Bom Ano que nos mandaram aqueceram os nossos corações.
Vamos procurar, agora, maneira de ajudar tantos outros que sucumbem sob o peso dos seus inúmeros problemas.
Abraçá-los, assumir parte do peso das suas cruzes, amá-los como Irmãos.
Depois, só depois, ajustar contas com os vendilhões.
 

01/01/2021