quinta-feira, 16 de janeiro de 2020




É sabido que pelos anos 30-35,  em Portugal, Salazar, para a grande maioria dos portugueses, era o salvador da Pátria. E era mesmo.
Como também era evidente, os comunas tinham-lhe uma raiva danada, tanto mais que Portugal ajudou o Franco na Guerra Civil. Mas não vou falar de política, e sim recordar algumas coisas que marcaram a minha meninice e adolescência, como a Legião Portuguesa, criada como força paramilitar face à ameaça comunista do país vizinho e a Mocidade Portuguesa.
Todas as imagens que se seguem são de uma revista (muitíssimo deteriorada pela humidade e 81 anos em cima), “O Século Ilustrado” – Número especial de 28 de Maio de 1938, no 10° ano da Revolução Nacional do governo de Salazar.
Primeiro os legionários. Vejam o luxo dos meios de transporte

Depois a “malta” em que eu andei metido! Desfilei várias vezes: lembro de uma como estafeta do comandante, palavra levar ordens aos grupos de trás, e outra a tocar tambor!


Hoje a politicalha que desgoverna o país, só sabe falar mal desse GRANDE homem, mesmo com todos os defeitos que quiserem, e alguns foram grandes, como o cercear o crescimento de alguns homens preparados, talvez com inveja ou medo que lhe tirassem o Poder, porque são incapazes, ineptos, para assegurarem uma vida estabilizada, o combate à corrupção de que eles são os primeiros a se locupletarem (deveriam ir para a jaula... dos tigres), e têm até o desplante de proibirem um Museu em Santa Comba.
Ó gentalha covarde e sem miolos! Dentro das suas cabeças só devem ter palha, porque se ao menos fossem burros poderiam comê-la.
Mas enfim.
Este primeiro quadro é elucidativo do modo como se endireitaram as finanças num piscar de olhos. Vejam bem os números e depois procurem inteirar-se do que faz hoje a mesma CGD (a mesma?).

É! Parece que hoje os olhos só servem para chorar e não para verem o descalabro.
Gostaram do que viram? Pois tem mais.
Depois do 25/4 foi chique xingar a alma do morto de Santa Comba, mas muitos desses vira-casacas deveriam estar nas manifestações de centenas de milhares que o iam aplaudir e agradecer o crescimento da economia.

Por muito que bramem hoje, o desenvolvimento do país foi grande. No segundo semestre de 1926 até Abril de 1928, o escudo sofreu a última desvalorização, em consequência de dois aumentos de circulação, do agravamento da dívida flutuante interna e externa e do quase esgotamento das reservas de ouro que o Tesouro Nacional possuía em Londres.
Depois, até 1974... só se valorizou, tudo garantido em ouro, tendo os “gloriosos” do 25/4 derretido em poucos meses a herança salazarista!
Salazar segurava as finanças (e outras coisas!) com mão de ferro e o engenheiro Duarte Pacheco, um dos mais validos homens de TODA a história de Portugal, engrandecia o país.
A Dívida Flutuante era de 2.114.000 contos em 1928 e 0 (zero) em 38. A Dívida Pública reduziu cerca de 20%
Quando Presidente da Câmara de Lisboa, acabou com a construção desregrada. Comprou todas as terras que circundavam a cidade, fez o plano diretor (que não existia), vendeu depois os talhões, o que rendeu à Câmara um lucro significativo que deu para construir o Instituto Superior Técnico (ver a imagem a seguir) o aeroporto da Portela, a Casa da Moeda, e muito, muito mais.

Pelo país algumas indústrias cresciam e tinham o “olho” do governo na questão social, para o que se construíram centenas, milhares de casas para os funcionários.
De 1928 a 1938 os investimentos foram muito significativos:
Na Marinha de Guerra, no Exército, estradas, Caminhos de Ferro, portos, Correios, serviços florestais (olha aí o que se faz hoje!), hidráulica agrícola, melhoramentos rurais, edifícios e Monumentos Nacionais.
O Plano de Reconstituição Económica para 1936 a 1950, que se cumpriu, previa avultados investimentos ainda nas estradas, construção de escolas e liceus, hidráulica agrícola e, mais uma vez, a maior verba era para Povoamento Florestal.

Dizia o “patrão” de Santa Comba: -“Eu sei o que quero e para onde vou!”
O problema é que muitos também sabiam (alguma coisa) e era ele o único que dizia saber!
O ACP – Automóvel Club Português era já uma bela organização. Aqui no 
salvamento dum carro de “luxo”: 


Marinha? Existia, sim. Nos dois navios que se seguem eu viajei. No “Mouzinho” em 1950 numa excursão a Roma. No “Quanza”, em 1955, regressando de Benguela a Lisboa. Reparem no “luxo” do salão do “Quanza”. Foi ali que nasceu e se firmou a minha imensa amizade com o Zé Neto.
Hoje nem navios mercantes tem mais!

   
Este navio, misto de passageiros e carga, levou, para a Madeira 1.500 toneladas de milho produzido em Angola!
E a pesca do bacalhau? Hoje o famoso Bacalhau do Porto vem da Noruega. Naqueles tempos, que lembro bem, e tive muitos amigos na Marinha Mercante que andaram pela Terra Nova à pesca, eram pescados à mão, à linha. Na foto, o dia cerimonial da largada de Lisboa dos lindíssimos bacalhoeiros. Olha a quantidade de navios! Hoje... não resta um único! Missa campal e benção dos navios, a que assistiam largas centenas de marinheiros e uns milhares de familiares, amigos e curiosos. Logo a seguir era uma beleza ver o desfraldar das velas e segui-los com a vista húmida Tejo abaixo. Só voltavam uns seis meses depois.


Infelizmente não consegui recuperar uma foto com o Presidente da República, o tão simpático General Carmona na visita a uma prisão! Onde se vê, nos dias de hoje um presidente visitar presos?

E censura, havia? Havia sim, porque a PIDE era muito mais papista do que o Papa! Muito mais.
Mas reparem bem neste anúncio dos rádios Philips. Vejam a beleza da composição, que mesmo apresentando uma mulher despida nada tem de erotismo ou pornografia.

E hoje? E hoje?
Saudosista, talvez, e espero não esquecer todas essas coisas tão depressa, o que será sinal de que a demência ainda não chegou.
Salazarista? Fui sim, mas só até 1958, quando cansei de tanta intolerância e passei a propagandista do Humberto Delgado. Que aliás deveria ter dado um péssimo presidente!!! Bom general mas político...
Gostei muito da Mocidade Portuguesa, onde só estive até aos 13 anos, e lamento que nada haja que a tenha substituído.
Mas já lá vão mais de 80 – oitenta – anos destas fotos e dos números das Finanças.
Qualquer dia conto mais.

Nota: Quem quiser ver melhor as imagens pode clicar em cima e ampliar

2 comentários:

  1. Meu velho e querido Amigo,
    Não calculas como li cheio de interêsse e sentimento o teu escrito sobre o parque de Monsanto, que durante muitos anos foi o meu paraiso que cruzava a cavalo com o meu Pai todos os sábados e muitas vezes aos domingos. Os cavalos estavam no Regimento de Sapadores Caminhos de Ferro ( Campo de Ourique) donde saiamos muito cedo cujo comandante era amigo do meu pai e não montava a cavalo…
    Mas a fotografia onde está o Gen Carmona e o teu pai , não mostra o meu tio José, nessa altura Secretário do Duarte Pacheco e que ficou em Lisboa por razões de saúde, no dia do desastre de Vendas Novas, o que impressionou profundamente a minha Familia tendo sido rezadas na Capela várias missas no então Palácio dos Mascarenhas, meus Avós, em Santa Apolónia,por alma dos falecidos.
    GRANDE ABRAÇO CÁ DESTA MARGEM DO NOSSO LAGO
    Xico da Calçª.

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  2. Querido tio
    Gostei muito deste texto ilustrado sobre o Salazar, e em geral gosto de tudo o que escreve.
    Ando um bocado atrasada na leitura, porque trabalho muito, e parece que o tempo cada vez rende menos...
    Aprecio imenso a capacidade, a memória e a iniciativa que o tio tem para fazer tantas coisas. Também sei que desenha super bem, e tenho o privilégio de ter uma cópia de um desenho que o tio fez, que me chegou através da Helena, há uns anos atrás.
    Espero que continue a dar-nos muitas mais destas maravilhas.
    Um grande beijo para o tio e para a tia
    🤩❤😘 Ana Avillez

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