Há uns poucos anos, cerca de 2550 atrás, reinava na
Pérsia, na dinastia dos Aquemênidas, filho de Ciro I, o rei Cambises II, que
deixou como retrato, e fama, ser um
sujeito bravo pra caramba.
Ganhou umas batalhas lá nos arredores do seu Império e
decidiu depois aventurar-se pelo Egito, que não foi difícil dominar, mas acabou
por receber o título de Faraó.
Depois, inchado, importante, achou que podia
conquistar toda a África, e começou por mandar uma parte do seu exército, só
uns 50.000 homens, conquistar Cartago. Esses estúpidos meteram-se a caminho, a
pé pelo Saara e... nunca chegaram ao destino nem voltaram para trás. O deserto
os engoliu! Até hoje.
Cambises não parece ter sido “um bonitão”,
mas o chapéu dele faz inveja
a qualquer um.
Pensou então: se não dá para o Poente então para o Sul, convencido que
África acabava logo ali só um pouco abaixo, quase ao virar a esquina. Pensou ir
até à Etiópia, mas os sudaneses deram-lhe uma surra que o obrigaram a
retroceder e voltar para a sua terra.
Reza ainda a história que o imperador estava deprimido quando, a caminho da sua
terra, deixou o Egito na primavera de 521 a.C. Além de seus desastres
africanos, chegavam notícias de uma rebelião na Pérsia. Estabelecida a
soberania no Nilo, seguiu para casa através de Gaza e Damasco, levando consigo
Dario. Em algum lugar da Síria, talvez Damasco, Cambises... pifou.
Dario recorda o
momento numa frase enigmática: "Ele morreu sua própria morte" que
foi interpretada como um veredicto de suicídio, teoria plausível em face dos
contínuos contratempos, leia-se derrotas.
Antes de se meter
nestas alhadas, Cambises governava com mão de ferro (o que tanta falta faz nos
dias de hoje...!
Em 1487-88 as autoridades
municipais de Bruges encomendaram ao pintor flamengo Gerard David uma série de painéis para o gabinete do burgomestre
da Câmara Municipal. Gerard David pintou um díptico a óleo sobre o
famoso Julgamento de Cambises, onde é representada a detenção e
esfolamento por ordem de Cambises, dum juiz persa, Sisamnés, baseado
na História de Heródoto.
Segundo Heródoto o juiz terá feito
um ou mais julgamentos favorecendo algum comparsa ou quem lhe pagasse.
Vejam bem o
“cara” a ser esfolado como um coelho... vivo!
Esta obra pintada sobre painéis de
carvalho, aparece mencionada pela primeira vez nos arquivos de Bruges
como O Último Julgamento. Serviu como referência, aos
funcionários da Câmara, para encorajar a honestidade entre os magistrados, e
uma apologia pública à detenção do imperador Maximiliano I de Habsburgo em
Bruges, 1488, quando andou a guerrear os Países Baixos. (E o chato disto é que o
Maximiliano era neto do rei português D. Duarte, através da sua filha Leonor,
que parece ter sido uma gatinha).
A Imperatriz
Leonor
Voltando ao esfolamento do juiz, o
rei Cambises mandou que a pele do desgracento Sisamnés fosse curtida para
revestir a cadeira do magistrado, lembrando-lhes assim que corrupção na justiça
era assunto a evitar.
Porque estou a falar disto?
Porque me parece que o tal
Cambises está a fazer uma tremenda falta aqui no Brasil, e até em Portugal.
Com o bando que aqui se apoderou
do STF, reinando à moda de Luis XIV – “La loi c’est moi” – e
tendo determinado que os seus cargos são perpétuos, intocáveis, e pior, tendenciosos
(para não lhes chamar corruptos, porque é chato), há evidências
indiscutíveis de que esses donos do Brasil (o Presidente não manda nada!)
teriam já dado mais do que muitas sentenças torcidas a favor dos comparsas que
poderiam levá-los, bem esfolados, vivos ou mortos, a estofarem umas quantas
cadeiras no tribunal.
Citar nomes? Para quê? O povo
brasileiro, nestas alturas já tem ódio dessa gente, sobretudo aos do trio LGT*,
todos os dias, sobretudo mas redes sociais, lhes chamam malandros, corruptos,
etc., mas eles continuam vomitando opiniões e sentenças pseudo constitucionais
ilegítimas, com ar de deuses do Olimpo. E todos já milionários.
Mas não riam, portugueses, porque
as informações que por aqui desembarcam, poucas mas firmes, também nos levam a
suspeitar que o senhor Cambises deveria fazer um rapa nesse tribunal
Constitucional, e mandar estofar umas quantas cadeiras.
Lembro ainda de um juiz em Luanda
que, depois de me dar razão, condenou-me a pagar uma multa de trânsito e ainda
dar uma grana a um defensor oficioso que não abriu a boca em todo o julgamento.
O miserável devia ter medo dos polícias, mas a sua pele pouco aproveitamento teria
porque o desgraçado era baixinho. Complexo de altura.
Mas cuidado juízes. Sobretudo se
acreditam na reencarnação!
Olha se o Cambises aparece!
Para despedida, duas opiniões de
muito valor.
Ámen.
18/01/2020
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