domingo, 31 de março de 2019




O  Puto *


Estou longe de ser fatalista, mas por vezes acredito que, algures, lá nos Altos Desígnios, a nossa vida está traçada desde o momento em que somos concebidos.
Desde que acreditemos que há um Ser Superior que é Onisciente, mesmo antes de nascermos Ele já saberá como vai ser a vida de cada um de nós, apesar de nos ter criado livres, sobretudo para pensarmos, muitos vezes não livres dos nossos corpos e obrigados a esconder ou disfarçar o nosso modo de pensar, de ser ou não religioso, etc.
Ao longo dos muitos anos já vividos sofri pesadíssimos golpes, dores imensas, incuráveis, mas tive a felicidade de ir conhecendo e criando amizades, algumas tão profundas que atravessam os anos, se consolidam e deixam de pertencer a um simples grupo de amigos para se integrarem completamente como membros da família.
E o gratificante, é que apesar de muitos irem ficando pelo caminho, mesmo nesta já provecta idade, ainda vou conseguindo novas amizades que muito prezo.
E isso é um dos maiores prazeres que a vida nos proporciona, os Amigos.
Através de um vem outro, guardam-se e estimam-se aqueles com quem nos entendemos melhor, e assim há poucos dias um novo amigo veio, através de alguns livros, tornar mais agradável a nossa vivência.
Livro lançado há poucos dias com descrições históricas do que foi o abandono da colónias portuguesas, entregues de qualquer modo ao bloco soviético, que levou ao êxodo de milhares de brancos que sentiam africanos e ao genocídio de perto de dois milhões de angolanos e moçambicanos, que um dia haviam pensado que a independência lhes daria o direito de escolher os seus governantes, logro a que que cubanos, russos e asseclas jamais permitiram, como ainda hoje se vê, por exemplo, na tão democrática Cuba.
Através de um valente jovem português, o Puto, somos levados aos bastidores de uma guerra fratricida, à vergonha das tropas portuguesas vergonhosamente vencidas, algumas até vendidas por capitãezinhos pseudo esquerdistas, enfim, à maior vergonha da história de Portugal.
“O Puto” é um livro com descrições da brutalidade daqueles tempos, quando os africanos não comunistas – em Moçambique os não frelimistas, mais de 70% da população, e em Angola os bacongos e os umbundos, imensa maioria de toda a população angolana – tentaram impedir a imposição dum novo colonialismo brutal, incomparavelmente pior do que o que tiveram com os portugueses.


Devem ler o livro quem viveu esses tempos conturbados e aqueles que gostem de ir mais fundo no estudo da história, tão alterada, tão falsa, tão mentirosa como a mídia mostrou durante e pós 25 de Abril. E ainda hoje prefere enaltecer as festas do Avante e discutir, denegrir o nome a dar a um museu, que tão simplesmente se propôs chamar Museu das Descobertas, do que mostrar a verdade atrás dum ato, quase infantil, de alguns capitães poetas e acomodados, logo ultrapassados pela esquerda festiva e destrutiva.
Sem adjetivações e demonstrações de favoritismo político, todas as páginas relatam uma luta levada sem medo nem fronteiras por um jovem PORTUGUÊS, que se sentiu atraiçoado.
Através deste livro tive ainda uma notícia que me deixou mais feliz porque vim a saber que um amigo que eu sabia tinha sido preso e espancado pela Frelimo, afinal havia conseguido safar-se. Nunca mais o tinha visto nem ouvido falar dele, mesmo que tivesse feito diligências nesse sentido, e fiquei agora a saber que viveu depois, até 2009, em Johannesburg.
Ganhei um pouco mais de conhecimento, tive notícias de um amigo e, além disso, ganhei um amigo novo, o autor, Ricardo de Saavedra.
Bem haja, Ricardo.
Às vezes vale a pena viver.

* Do latim “puttus” - menino. “Puto” era o nome, carinhoso, que se dava, em Angola e Moçambique, às crianças, sobretudo portuguesas e a alguns adultos baixinhos. Estes baixinhos, em Angola eram mais chamados de “cambutas”!
Também se usava para referir simplesmente Portugal.

23-03-19




3 comentários:

  1. Exacto! O 25 de Abril de 1974 foi um golpe de Estado comunista perpetrado em Lisboa já que, em Angola e Moçambique, os soviéticos não estavam a conseguir nenhum dos seus intentos.
    Mais: nós somos os autênticos «documentos coevos», não permitimos que nos desmintam.
    As loas à liberdade são loas à liberdade que os comunistas adquiriram de mandar prender aqueles que se lhes opunham.

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  2. NADA HÁ ENCOBERTO QUE NÃO SE VENHA A SABER...
    O pior é que isso já não remedeia a História!

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  3. Sempre bom ver um comentário coerente e verdadeiro do q realmente aconteceu com a 'desmobilizacao' de Angola e Moçambique...uma vergonha imposta a milhares de portugueses q saíram c a roupa do corpo e outros milhares de nativos perseguidos e mortos por nos apoiarem. Estava em Angola no 25 de Abril tirando o curso de Comandos e fui como Alferes pra Moçambique ajudar precisamente essa desmobilização vergonhosa. Ainda ajudei os Comandos em Portugal no 25 de Nov 75 a nos livrarmos dos 'cubanos' q queriam Portugal vermelho. E depois deste tempo todo no Brasil tenho o prazer de ter ajudado a eleger o Bolsonaro..o Moro..o Paulo Guedes....brasileiros bons q vão botar o Brasil no bom caminho.. junto ..c Janaína Paschoal ..Joice Hasselman.....Marcel Van Hatten...Carla Zambelli e tantos outros q realmente batalham por um Brasil de brasileiros bons e patriotas..e aberto ao mundo civilizado!
    Vou ler o livro do Saavedra com prazer.

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