Como tem sido fácil
falar em pedofilia de padres. E ninguém ataca o mesmo assunto que se passará com
responsáveis de outras crenças, que os há da mesma forma, ou até mais.
A prova é que também
entre muçulmanos isso acontece, e no caso de homossexuais a “penitência” é a
forca ou a cimitarra no pescoço.
Há, sempre houve e
vai continuar a haver homens fracos, perdidos, que cometam esses horrendos
atos. Esses crimes.
Normalmente com
crianças, que por vergonha escondem o que se passou ou passa, e só muito
depois, alguns, raros, deixam a verdade aparecer. E muitos outros, a quem nada
aconteceu, juntam-se ao coro à espera de obter quaisquer vantagens.
Parece que esta
doença, pedofilismo, se tem expandido de forma impressionante, e é raro não
haver notícias de crianças sequestradas e mortas depois de abusadas.
A pena para os
pedófilos e assassinos ainda é pequena.
Mas, e os milhares
de padres e outros religiosos mesmo não católicos, que há séculos se dedicam à
educação de crianças, pobres, paupérrimas, doentes, abandonadas, e transformam
a sua maioria em indivíduos que acabam por se integrar na sociedade?
No Brasil, ainda
hoje, também é hábito malhar nos jesuítas que criaram as Missões, onde
recolheram centenas de milhares de índios para os livrarem da ganância dos
colonos à procura de escravos.
Congregaram-nos em
lugares onde os ensinavam, lhes transmitiam uma nova cultura, o sentido de
família, a produção de alimentos sem necessidade da vida nômade que a maioria
levava, e naturalmente isso exacerbou a cobiça dos colonos e até da coroa, ao
ver que expulsando os religiosos confiscava todas as suas obras que renderiam
um bom dinheiro.
Algo semelhante
aconteceu com A Ordem dos Pobres
Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão ("Pauperes commilitones Christi
Templique Salomonici"), conhecida como Cavaleiros
Templários, financiadores do rei Filipe IV de França que profundamente
endividado com a Ordem, começou a pressionar o papa a tomar medidas contra
eles. Em 1307, muitos dos membros da Ordem em França foram detidos e queimados
publicamente, acusados de homossexuais. Pretextos e acirramento da população
levaram a essa vergonha.
No Brasil a “razão”
apresentada foi que os jesuítas se estavam a enriquecer à custa dos índios,
quando “esqueceram” que esses religiosos têm voto de pobreza e nada têm que
lhes pertença! As obras que aqui fizeram eram grandes, mas nada lhes pertencia
individualmente.
Os mesmos jesuítas
que chegaram à Índia no século XVI e aí criaram escolas, hospitais e até a
primeira faculdade de medicina de todo o Oriente, o Colégio de São Paulo que em
1568 era frequentado por mais de três mil estudantes. Um dos hospitais, uma
bela construção, com jardins internos onde os doentes podiam passear, um leito
para cada doente, com colchão e coberta de algodão e tafetá, uma grande
quantidade de médicos, cirurgiões e farmacêuticos que visitavam os doentes duas
vezes ao dia, contava com mil e quinhentos leitos. (Tem no Brasil algo
similar... quatro séculos e meio passados?)
Nos tempos mais
modernos, padres seculares, como eu conheci pessoalmente um bom número, e que
até hoje venero e respeito imensamente, porque vi darem as suas vidas inteiramente
ao “outro”, às crianças abandonadas, em Portugal e em África.
Homens que deram
tudo quanto possuíam, as suas vidas, para ajudar os mais necessitados, com
enormes sacrifícios das suas saúdes, sem jamais baixarem os braços, e
considerando os milhares a quem deram guarida, alimentação e educação, como
filhos, queridos, como filhos de sangue. O sangue que por eles derramaram.
“Quem receber um destes meninos, em Meu nome, é a Mim que recebe”. Mat,
18-5.
Desses a mídia não
fala. Por vezes até os ataca. Covardemente como acontece muitas vezes por quem
tem acesso fácil aos órgãos de informação.
Mas se um
desgraçado cai, erra, esses covardes e infelizes embandeiram e jogam todas as
pedras que podem.
Já um dia, nestes escritos
manifestei a minha opinião sobre pedofilia. E mantenho: castração!
Faz-se isso em
zootecnia, quando, por exemplo um cavalo inteiro é irrequieto, perigoso e
impossível de o conduzir, a solução é castrá-lo. Fica dócil.
Lembro que um dia,
um desses padres que conheci e muito venero, me contou que uma das últimas
aulas no seminário foi dada por um bispo que os avisou: “A igreja católica vai ser vítima de perseguição, vai continuar a ser o
alvo, de outras religiões e/ou crenças. Sobretudo dos mais poderosos que têm
acesso à informação, seja ela nos jornais como no cinema (não havia ainda
Tv).”
Isso é bem visível
na destruição da família, a base de toda a sociedade humana.
Não quer dizer que
não haja padres que tenham caído tão baixo. Certamente há. Como há o mesmo tipo
de degradação em todos as camadas das sociedades, de que ninguém fala.
Mas o pior ataque à
Igreja está vindo hoje de dentro do seu cerne, e o visado é o próprio Papa
Francisco.
São bispos e
cardeais a encabeçarem os ataques, para manterem o seu status quo de grandes chefes, como no tempo na Inquisição.
Não querem ver
entrar na Igreja os desquitados, os homossexuais, os pecadores. Eles, os ultra, é que são a encarnação do demo!
Jesus sempre
teve palavras de compreensão para com todos os pecadores, sem jamais
condená-los ao inferno, indicando para todos eles o caminho da reparação. Assim
Ele procedeu com a mulher que cometera adultério. Quando os seus acusadores
viram Jesus, perguntaram-lhe: "Moisés
ordena que ela seja apedrejada, e tu, o que dizes?"
Jesus
serenamente respondeu: "Aquele que
estiver sem pecado atire a primeira pedra!"
Não
há salvação para os que se julgam justos, mas para os que se reconhecem
pecadores. Se Jesus é amigo dos pecadores, há esperança para todos nós,
pecadores. Todos carregamos lá bem no íntimo a consciência de havermos pecado
alguma ou muitas vezes. Se nos arrependemos e lutámos para não voltar a cair,
ficámos perdoados, mesmo que nos reste uma “ferida” que teima em não fechar.
Ser desquitado,
casado pela segunda ou terceira vez, homossexual, não são todos filhos de Deus?
Será pecado a situação em que vivem? Muitos, muitos deles levam uma vida de
entrega ao próximo, extremamente louvável, independendo da sua vida pessoal.
Pecado é aquilo que
ofende o outro ou a natureza. Pecador é o que rouba, não para comer por ter
fome, mas o que pratica furtos e assaltos para enriquecer, o corrupto, o que
mata por banditismo, o falso, e muitos no mesmo gênero.
Nada disso tem a
ver com a vida pessoal, íntima de cada um.
A Igreja enferma
ainda de muito problema, os “velhos do Restelo” que a povoam e que não querem
perder a sua posição, em grande maioria são uns horrendos retrógrados, vaidosos
e prepotentes.
Uma coisa
imensamente complexa é o caso dos santos.
Como se “fabrica”
um santo? Um processo infindável em que opinam um monte desses pressupostos
donos da Igreja, que exigem uma documentação interminável, tudo complicam, para
se darem ares dos únicos donos da verdade.
O sucesso do
Concílio de Trento –1545-1563 – se foi um sucesso deve-se sobretudo à atuação
dum arcebispo português, Dom Frei Bertalomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga.
Uma extraordinária figura da Igreja. Esperou mais de quatro séculos para ser
beatificado!
Remeto o leitor
para um texto posto no blog há pouco, mas que fala de SANTOS:
Para o cristianismo católico, "santo" é todo aquele que já está no céu, junto de
Deus. Um exemplo a ser seguido. Mas para se tornarem “oficialmente” santos é
necessário que se abra um complicadíssimo processo no Vaticano.
Não precisaria, certamente de tanta complicação. Mas a imensa burocracia
faz com que os poderosos de Roma se sintam mais importantes.
Salta à vista uma pergunta: quem são eles para julgarem a vida de homens
que realmente deram
inteiramente as suas vidas para ajudar os Outros?
Quem são eles para julgarem a vida pessoal e íntima de cada pessoa?
Quem pensam que são, vestidos de hábitos de damasco e sedas caríssimas,
exibindo (pelo menos até à chegada do Papa Francisco) colares e crucifixos e
anéis de ouro, havendo tanta fome e miséria à sua volta, intitulando-se os
guardiães de palavra de Cristo que andou sempre esfarrapado?
Quem são eles para julgarem aquela maravilhosa mão que o Papa Francisco
estende aos que foram escorraçados da Igreja?
Esses “donos da verdade” lembram-me a situação de alguns países,
especialmente o Brasil, quando o governo, o corpo legislativo e o judiciário se
limitam a criar leis e sentenças em proveito próprio, ignorando totalmente o
país, a população, o futuro. Há exceções, mas são uma ínfima maioria.
Tudo isto gera uma conclusão simples: ou o ser humano não presta, ainda
não evoluiu como o jacaré que tem 400.000.000 anos, ou, pior, a sua evolução
caminha para uma destruição total, para o Apocalipse.
11-set-18
PARABÉNS, Francisco, por mais esta lúcida análise!
ResponderExcluirHaja gente que ainda pensa e não se deixa ir na carneirada, lenta, do politicamente correcto.
Abraço.
Helena
Parabéns Xico, tanta Verdade que não se quer ouvir...
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