sexta-feira, 14 de setembro de 2018



Como tem sido fácil falar em pedofilia de padres. E ninguém ataca o mesmo assunto que se passará com responsáveis de outras crenças, que os há da mesma forma, ou até mais.
A prova é que também entre muçulmanos isso acontece, e no caso de homossexuais a “penitência” é a forca ou a cimitarra no pescoço.
Há, sempre houve e vai continuar a haver homens fracos, perdidos, que cometam esses horrendos atos. Esses crimes.
Normalmente com crianças, que por vergonha escondem o que se passou ou passa, e só muito depois, alguns, raros, deixam a verdade aparecer. E muitos outros, a quem nada aconteceu, juntam-se ao coro à espera de obter quaisquer vantagens.
Parece que esta doença, pedofilismo, se tem expandido de forma impressionante, e é raro não haver notícias de crianças sequestradas e mortas depois de abusadas.
A pena para os pedófilos e assassinos ainda é pequena.
Mas, e os milhares de padres e outros religiosos mesmo não católicos, que há séculos se dedicam à educação de crianças, pobres, paupérrimas, doentes, abandonadas, e transformam a sua maioria em indivíduos que acabam por se integrar na sociedade?
No Brasil, ainda hoje, também é hábito malhar nos jesuítas que criaram as Missões, onde recolheram centenas de milhares de índios para os livrarem da ganância dos colonos à procura de escravos.
Congregaram-nos em lugares onde os ensinavam, lhes transmitiam uma nova cultura, o sentido de família, a produção de alimentos sem necessidade da vida nômade que a maioria levava, e naturalmente isso exacerbou a cobiça dos colonos e até da coroa, ao ver que expulsando os religiosos confiscava todas as suas obras que renderiam um bom dinheiro.
Algo semelhante aconteceu com Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão ("Pauperes commilitones Christi Templique Salomonici"), conhecida como Cavaleiros Templários, financiadores do rei Filipe IV de França que profundamente endividado com a Ordem, começou a pressionar o papa a tomar medidas contra eles. Em 1307, muitos dos membros da Ordem em França foram detidos e queimados publicamente, acusados de homossexuais. Pretextos e acirramento da população levaram a essa vergonha.
No Brasil a “razão” apresentada foi que os jesuítas se estavam a enriquecer à custa dos índios, quando “esqueceram” que esses religiosos têm voto de pobreza e nada têm que lhes pertença! As obras que aqui fizeram eram grandes, mas nada lhes pertencia individualmente.
Os mesmos jesuítas que chegaram à Índia no século XVI e aí criaram escolas, hospitais e até a primeira faculdade de medicina de todo o Oriente, o Colégio de São Paulo que em 1568 era frequentado por mais de três mil estudantes. Um dos hospitais, uma bela construção, com jardins internos onde os doentes podiam passear, um leito para cada doente, com colchão e coberta de algodão e tafetá, uma grande quantidade de médicos, cirurgiões e farmacêuticos que visitavam os doentes duas vezes ao dia, contava com mil e quinhentos leitos. (Tem no Brasil algo similar... quatro séculos e meio passados?)
Nos tempos mais modernos, padres seculares, como eu conheci pessoalmente um bom número, e que até hoje venero e respeito imensamente, porque vi darem as suas vidas inteiramente ao “outro”, às crianças abandonadas, em Portugal e em África.
Homens que deram tudo quanto possuíam, as suas vidas, para ajudar os mais necessitados, com enormes sacrifícios das suas saúdes, sem jamais baixarem os braços, e considerando os milhares a quem deram guarida, alimentação e educação, como filhos, queridos, como filhos de sangue. O sangue que por eles derramaram.
“Quem receber um destes meninos, em Meu nome, é a Mim que recebe”. Mat, 18-5.
Desses a mídia não fala. Por vezes até os ataca. Covardemente como acontece muitas vezes por quem tem acesso fácil aos órgãos de informação.
Mas se um desgraçado cai, erra, esses covardes e infelizes embandeiram e jogam todas as pedras que podem.
Já um dia, nestes escritos manifestei a minha opinião sobre pedofilia. E mantenho: castração!
Faz-se isso em zootecnia, quando, por exemplo um cavalo inteiro é irrequieto, perigoso e impossível de o conduzir, a solução é castrá-lo. Fica dócil.
Lembro que um dia, um desses padres que conheci e muito venero, me contou que uma das últimas aulas no seminário foi dada por um bispo que os avisou: “A igreja católica vai ser vítima de perseguição, vai continuar a ser o alvo, de outras religiões e/ou crenças. Sobretudo dos mais poderosos que têm acesso à informação, seja ela nos jornais como no cinema (não havia ainda Tv).”
Isso é bem visível na destruição da família, a base de toda a sociedade humana.
Não quer dizer que não haja padres que tenham caído tão baixo. Certamente há. Como há o mesmo tipo de degradação em todos as camadas das sociedades, de que ninguém fala.
Mas o pior ataque à Igreja está vindo hoje de dentro do seu cerne, e o visado é o próprio Papa Francisco.
São bispos e cardeais a encabeçarem os ataques, para manterem o seu status quo de grandes chefes, como no tempo na Inquisição.
Não querem ver entrar na Igreja os desquitados, os homossexuais, os pecadores. Eles, os ultra, é que são a encarnação do demo!
Jesus sempre teve palavras de compreensão para com todos os pecadores, sem jamais condená-los ao inferno, indicando para todos eles o caminho da reparação. Assim Ele procedeu com a mulher que cometera adultério. Quando os seus acusadores viram Jesus, perguntaram-lhe: "Moisés ordena que ela seja apedrejada, e tu, o que dizes?"
Jesus serenamente respondeu: "Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra!"
Não há salvação para os que se julgam justos, mas para os que se reconhecem pecadores. Se Jesus é amigo dos pecadores, há esperança para todos nós, pecadores. Todos carregamos lá bem no íntimo a consciência de havermos pecado alguma ou muitas vezes. Se nos arrependemos e lutámos para não voltar a cair, ficámos perdoados, mesmo que nos reste uma “ferida” que teima em não fechar.
Ser desquitado, casado pela segunda ou terceira vez, homossexual, não são todos filhos de Deus? Será pecado a situação em que vivem? Muitos, muitos deles levam uma vida de entrega ao próximo, extremamente louvável, independendo da sua vida pessoal.
Pecado é aquilo que ofende o outro ou a natureza. Pecador é o que rouba, não para comer por ter fome, mas o que pratica furtos e assaltos para enriquecer, o corrupto, o que mata por banditismo, o falso, e muitos no mesmo gênero.
Nada disso tem a ver com a vida pessoal, íntima de cada um.
A Igreja enferma ainda de muito problema, os “velhos do Restelo” que a povoam e que não querem perder a sua posição, em grande maioria são uns horrendos retrógrados, vaidosos e prepotentes.
Uma coisa imensamente complexa é o caso dos santos.
Como se “fabrica” um santo? Um processo infindável em que opinam um monte desses pressupostos donos da Igreja, que exigem uma documentação interminável, tudo complicam, para se darem ares dos únicos donos da verdade.
O sucesso do Concílio de Trento –1545-1563 – se foi um sucesso deve-se sobretudo à atuação dum arcebispo português, Dom Frei Bertalomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga. Uma extraordinária figura da Igreja. Esperou mais de quatro séculos para ser beatificado!
Remeto o leitor para um texto posto no blog há pouco, mas que fala de SANTOS:
Para o cristianismo católico, "santo" é todo aquele que já está no céu, junto de Deus. Um exemplo a ser seguido. Mas para se tornarem “oficialmente” santos é necessário que se abra um complicadíssimo processo no Vaticano.
Não precisaria, certamente de tanta complicação. Mas a imensa burocracia faz com que os poderosos de Roma se sintam mais importantes.
Salta à vista uma pergunta: quem são eles para julgarem a vida de homens que realmente deram inteiramente as suas vidas para ajudar os Outros?
Quem são eles para julgarem a vida pessoal e íntima de cada pessoa?
Quem pensam que são, vestidos de hábitos de damasco e sedas caríssimas, exibindo (pelo menos até à chegada do Papa Francisco) colares e crucifixos e anéis de ouro, havendo tanta fome e miséria à sua volta, intitulando-se os guardiães de palavra de Cristo que andou sempre esfarrapado?
Quem são eles para julgarem aquela maravilhosa mão que o Papa Francisco estende aos que foram escorraçados da Igreja?
Esses “donos da verdade” lembram-me a situação de alguns países, especialmente o Brasil, quando o governo, o corpo legislativo e o judiciário se limitam a criar leis e sentenças em proveito próprio, ignorando totalmente o país, a população, o futuro. Há exceções, mas são uma ínfima maioria.
Tudo isto gera uma conclusão simples: ou o ser humano não presta, ainda não evoluiu como o jacaré que tem 400.000.000 anos, ou, pior, a sua evolução caminha para uma destruição total, para o Apocalipse.

11-set-18


2 comentários:

  1. PARABÉNS, Francisco, por mais esta lúcida análise!
    Haja gente que ainda pensa e não se deixa ir na carneirada, lenta, do politicamente correcto.
    Abraço.
    Helena

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  2. Parabéns Xico, tanta Verdade que não se quer ouvir...

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