O Padre José Maria
Obra da Rua – Casa
do Gaiato
Há
já anos que a Obra da Rua procura canonizar o grande Homem que foi o Padre
Américo Monteiro de Aguiar, o fundador desta Obra maravilhosa. E não tem conseguido.
Acabo
de receber a notícia que outro dos Grandes Homens que abraçaram esta Obra, em
idade avançada, e há vários anos a sofrer dum mal incurável, estaria deixando
esta Terra onde tanto bem e tanto se dedicou sempre aos outros de forma
integral, total, humilde.
O
meu muito querido amigo, irmão, exemplo, o Padre José Maria que conheci em
Lourenço Marques em 1971.
Fez
uma grandiosa Obra em Moçambique. Há anos a sofrer, e conseguindo, Deus sabe
com que sacrifício, esquecer as dores físicas, para continuar, simples como as
criancinhas que Jesus chamou para o seu lado, a trabalhar arduamente para que a
Obra da Rua não parasse e seguisse sempre em frente com a sua Casa do Gaiato,
as creches, os postos de saúde, a construção de casas para velhinhos que tudo
haviam perdido e com outras inúmeras ações e problemas.
Neste
momento está, lá no altíssimo, o Cristo, de braços abertos, à espera da alma de
um Homem que cumpriu, integralmente com o ensinamento: “amai aos outros como a
ti mesmo... sobretudo as criancinhas”!
“Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos”.
Além
da muita admiração e profundo respeito pela sua dedicação, aliás doação total
da sua vida, uma amizade muito profunda nos unia, certamente fruto da minha
pequenez humana face à grandeza da alma deste irmão.
Lembro
com imensa saudade ver o Padre Zé, aos domingos, na linda capela que ele
projetou e lá está na Casa de Moçambique, fazer a sua homilia para aqueles
fiéis moçambicanos que mal falavam português. Padre Zé, sem nunca ter perdido o
seu sotaque do norte de Portugal, voz baixa, sem microfone, seu ar humilde, sua
imensa simplicidade, falava àquele povo que o ouvia em profundo e respeitoso
silêncio, sem possivelmente entender o que ele dizia. Não precisavam entender.
Na frente deles estava um homem de Deus, que os amava, e daquela alma, daquela
boca, só podiam sair palavras que os abraçava a todos, no mesmo abraço
fraternal, no abraço do Cristo que os amava.
Outro
homem que deveria ser canonizado.
A
vida segue. Mas o Padre Zé vai fazer muita falta.
Até
a mim que há anos estou a milhares de quilómetros de distância, mas não esqueço
aquela figura amiga de Homem de Deus, do seu exemplo, da sua amizade.
Impossível
não deixar rolar cara abaixo umas quantas lágrimas.
A
verdade é que nos sentimos mais pobres.
De
dor, saudade, ternura, e muito respeito.
Que
o Senhor tenha piedade de nós, os egoístas.
À
Irmã Quitéria, que admiro profundamente, e que fica agora responsável por
aquela admirável Obra em Moçambique, todo o meu carinho, amizade e respeito.
Que
Deus a ampare, sempre.
25/09/2016
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