segunda-feira, 28 de dezembro de 2015




Domine, quo vadis?

Perdidos. Homens e mulheres. Reclamam, uns com os outros, em casa, nos cafés, por vezes nos órgãos de comunicação, mas... nada acontece.
Andam perdidos, revoltados, a reclamar, a falar mal de qualquer um que alcance o poder, mas... quanto ao resto deixam-se ficar na maledicência, chorosos, a maioria das vezes sem saberem que caminho tomar ou para onde ir.
Cristãos e não cristãos todos têm algum “pedacinho” de fé. Os ateus têm plena fide, por exemplo que podem desconverter os religiosos, ou que o Botafogo ou o Benfica vão ser campeões, e mais fé ainda de que Deus... talvez não exista. Mas lutam pelas suas ideias.
Os cristãos, e os de muitas outras religiões têm Fé. A maioria não sabe bem o que é a Fé, mas jura a pés juntos que tem Fé, sim senhor. Só não acreditam na palavra do Senhor que, claramente afirma: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível.
Dificilmente se encontrará alguém com tamanha Fé, concordemos, mas porque passar a maior parte do pouco tempo que nos foi dado para viver na Terra, sendo comandados por políticos inábeis, inescrupulosos, que se garantem com a impunidade dos votos dos covardes ou gananciosos?
Não será necessária uma “fé que remova montanhas”. Uma fé muito mais simples e quase infinitamente menor poderá resolver esses problemas: a fé nas nossas possibilidades e sobretudo na coragem para as advogar e fazer valer.
Neste momento, países como Portugal e Brasil atravessam uma das mais difíceis fases de toda a sua história.
Em Portugal uma esquerda de inábeis e igualmente gananciosos não tem a menor ideia do que fazer para elevar a prosperidade do seu povo, as previsões são muito negativas, e já começou a vomitar da boca para forma abomináveis projetos cuja única consequência será levar o país para um buraco ainda mais fundo.
No Brasil o caos é total. Nunca, jamais, em tempo algum... foi possível imaginar que um grupo de malfeitores pudesse em tão poucos anos destruir um país que, com todos os seus problemas, estava a crescer e a impor-se como potência.
Desde há alguns anos que não há governo. Há lutas de interesses politiqueiros, dos tais sanguessugas corruptos que, cada um, quer unicamente ver como roubar o máximo da res púbica, manter-se eternamente no poder, esmagar o adversário a quem no dia seguinte se une. E o desenvolvimento do país... parou.
O relógio do desenvolvimento é exato: parou um segundo atrasa a vida de todos em alguns dias. Aqui parou, como está a acontecer há 12 anos, e o país recuou quase meio século no seu crescimento. Estamos de volta a meados do século passado, mesmo com Internet e satélites de GPS!
É verdade que, como em todo o mundo, milhões saíram da pobreza, mas mais milhões nela entram todos os dias. É verdade que, como em todo o mundo, o crescimento do número de bilionários aumenta de forma quase exponencial. E a mais triste verdade é que a classe média, empurrada por baixo e esmagada por cima tende a empobrecer de forma, para muitos, ou quase todos, fortemente.
Quo vadis, domine? Empurrado, como um pacífico e obediente rebanho de ovelhas, o homem, e a mulher, vão pastando um pouco da grama seca que ainda lhes sobra, sem reagir.
E a Fé? A Fé nas possibilidades de cada um? A vergonha de se sentir um carneiro não mexe com as possibilidades que em cada um se reconhece? Enxovalhado o orgulho, desonrado por ser considerado pouco mais do que um objeto, não faz aparecer aquela Fé que remove montanhas? Ou somente acorda aquela fézinha, ridícula de acender uma velinha a uma imagem de barro e esperar um milagre, que jamais acontece?
Sentar-se tranquilamente nas praias, ao pôr do sol e ver se aparece o Encoberto?
Vem o Papa ao Brasil, o Grande Papa Francisco, e junta milhões de pessoas. Fé no Papa.
Mas logo a seguir a Fé autêntica, a Fé nas capacidades quase ilimitadas dos homens... dorme ao som dolente do balir do rebanho.
O tempo corre. Poucos, raros, se mexem. Não erguem a bandeira da decência, daquelas virtudes que não há muito tempo representava a garantia dada com um fio da barba!
Em Portugal parece que esperam o “milagre” marxista que derruba, não montanhas, mas economias. No Brasil ninguém espera a não ser a esmola do programa “Bolsa-Voto”. Não há instrução, não há cultura, não há professores competentes em número suficiente para elevar a educação do povo, e surge do esgoto fétido a voz dum bandido, a dizer que a incultura se deve, ainda hoje, 183 anos depois da Independência, aos portugueses!
É verdade que as colónias espanholas tiveram universidades desde muito cedo. Mas não há a mínima possibilidade de comparar o nível de conhecimento científico do Brasil com os vizinhos, talvez com exceção da Argentina que parece que finalmente levantou a voz contra a podridão peronista.
O mal das Américas Latrinas parece endêmico.
Nos altiplanos os índios reforçam a resistência mascando folhas de coca.
No Brasil, na baixaria, só os bandidos se reforçam.
O povo, aquele povo simples, mais pobre ou menos pobre, assiste. Os mais ricos, poucos se atrevem a mover uma palha com medo de perder a sua capacidade de influenciar o caminho das leis e justiça a seu favor.
Será que todos perderam a dignidade e se incorporaram ao submisso rebanho?
Quo vadis, domine?
Surge et ambula, cum gravitas!

25/12/2015



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