quinta-feira, 3 de setembro de 2015


Efeito Borboleta


Toda a gente (ou muita gente) já ouviu falar no “efeito borboleta”. De acordo com o sr. Edward Lorenz, o descobridor ou inventor deste efeito”, o simples bater de asas de uma borboleta no Japão poderá provocar um tufão nos EUA.
Fenómeno que faz parte da Teoria do Caos e matematicamente já se demonstrou que tal teoria afinal é uma verdade.
Este estudo ajudou muito nas previsões meteorológicas, mas encontra aplicações em todas as ciências, desde as médicas, biológicas, humanas, sociais, etc.
As grandes civilizações do Mediterrâneo Oriental – Egito, Creta, Grécia, Chipre, Hitita, Assíria, Babilónia, e outros – com comércio florescente, grande desenvolvimento cultural, intensas relações “internacionais”, enfim num período de globalização regional, de total interdependência entre todos aqueles povos-reinos ou impérios, de repente desapareceu e todos sumiram do mapa.
Há cerca de 3.000 anos.
Não foi dum dia para o outro. Levou alguns decénios e não se encontra para o desastre explicação absoluta. Foram anos seguidos de secas, terremotos, invasões, migrações, revoluções internas. Ninguém sabe como começou, mas sabe-se que acabou, e foram necessários muitos séculos para que, por exemplo a Grécia, começasse a reaparecer, como “criadora” da civilização ocidental.
Foi um simples bater de asas duma borboleta, em qualquer lugar que foi crescendo até se transformar no tufão que derrubaria uma zona próspera e organizada.
A Teoria do Caos diz que sistemas complexos e dinâmicos apresentam um fenômeno fundamental de instabilidade que os torna imprevisíveis na prática a longo prazo.
E ainda nos fala no Determinismo como teoria filosófica em que todo o acontecimento (inclusive o mental) é explicado por relações de causalidade.
Transportando o desastre das civilizações antigas, para os nossos dias basta um pequeno olhar sobre a economia mundial, com olhos de leigo, e ver que estamos em situação semelhante: todos dependemos uns dos outros! E por enquanto todos dependemos do maldito petróleo que está a destruir o planeta. Depois dependemos da China porque ela é quem fabrica tudo mais barato (até o bacalhau do Porto!), e da Índia e Bangladesh, e dos Estados Unidos porque seguram o dólar como moeda universal.
Todos eles dependem do grande mercado consumidor que é a Europa, e neste momento a Europa depende do comportamento da Grécia, o Médio Oriente depende da evolução do EI que depende do entendimento entre xiitas, sunitas e israelitas (o que toda a gente sabe ser impossível).
A África depende de investimentos estrangeiros que não se atrevem a fazê-lo dado o elevado grau de corrupção e falta de seriedade política, o mesmo se passando em quase toda a América Latina, desde o México que manda 80% das suas exportações para os EUA a toda a América do Sul com os desgovernos num total desmando e corrupção.
E ainda a imensa corrente de migrantes, fugindo do terror, da fome e da miséria, à procura dum Eldorado na Europa que precisa de mão de obra.
Sofrem horrores, arriscam a vida e só, talvez, dois países estão mais ou menos preparados para os acolher, mas onde vão viver, por algumas gerações, segregados.
A França em 2014 teve quase setenta mil pedidos de residência. Foram concedidos menos de vinte mil. Os restantes por lá continuam, teoricamente clandestinos.
Ninguém pode ficar indiferente a imagens como esta que apareceu no jornal de hoje.

Não me envergonho de dizer que quando abri a página do jornal duas grossas lágrimas me correram pela cara. Não há o direito. É muito violento.
Mas não nos podemos ficar só a chorar pelas crianças assim jogadas fora como lixo. Este tinha três anos. Era sírio. Um pouco adiante encontram outro corpinho também já morto. Um irmão de cinco anos. E os adultos?
Em números “oficiais” rondam os 3.000 os que, só este ano, morreram tentando chegar ao “céu” humano. Não se sabe quantos mais que não entraram nas estatísticas.
Cristãos ou muçulmanos chegaram a outro céu onde não há mais sofrimento.
Sofremos os que aqui estamos, assistimos a estas barbaridades, como assistimos a genocídios, holocaustos e outras imensas e indescritíveis barbáries, a maioria de nós sem nada podermos fazer.

Em algum lado uma borboleta começou a bater as asas.

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