Efeito Borboleta
Toda
a gente (ou muita gente) já ouviu falar no “efeito borboleta”. De acordo com o
sr. Edward Lorenz, o descobridor ou inventor deste efeito”, o simples bater de
asas de uma borboleta no Japão poderá provocar um tufão nos EUA.
Fenómeno
que faz parte da Teoria do Caos e matematicamente já se demonstrou que tal
teoria afinal é uma verdade.
Este
estudo ajudou muito nas previsões meteorológicas, mas encontra aplicações em
todas as ciências, desde as médicas, biológicas, humanas, sociais, etc.
As
grandes civilizações do Mediterrâneo Oriental – Egito, Creta, Grécia, Chipre,
Hitita, Assíria, Babilónia, e outros – com comércio florescente, grande
desenvolvimento cultural, intensas relações “internacionais”, enfim num período
de globalização regional, de total interdependência entre todos aqueles
povos-reinos ou impérios, de repente desapareceu e todos sumiram do mapa.
Há
cerca de 3.000 anos.
Não
foi dum dia para o outro. Levou alguns decénios e não se encontra para o
desastre explicação absoluta. Foram anos seguidos de secas, terremotos,
invasões, migrações, revoluções internas. Ninguém sabe como começou, mas
sabe-se que acabou, e foram necessários muitos séculos para que, por exemplo a
Grécia, começasse a reaparecer, como “criadora” da civilização ocidental.
Foi
um simples bater de asas duma borboleta, em qualquer lugar que foi crescendo
até se transformar no tufão que derrubaria uma zona próspera e organizada.
A
Teoria do Caos diz que sistemas complexos e dinâmicos apresentam um fenômeno fundamental de instabilidade que os
torna imprevisíveis na prática a longo prazo.
E ainda nos fala no Determinismo como
teoria filosófica em que todo o acontecimento (inclusive o mental) é explicado
por relações de causalidade.
Transportando o desastre das civilizações
antigas, para os nossos dias basta um pequeno olhar sobre a economia mundial,
com olhos de leigo, e ver que estamos em situação semelhante: todos dependemos
uns dos outros! E por enquanto todos dependemos do maldito petróleo que está a
destruir o planeta. Depois dependemos da China porque ela é quem fabrica tudo
mais barato (até o bacalhau do Porto!), e da Índia e Bangladesh, e dos Estados
Unidos porque seguram o dólar como moeda universal.
Todos eles dependem do grande mercado
consumidor que é a Europa, e neste momento a Europa depende do comportamento da
Grécia, o Médio Oriente depende da evolução do EI que depende do entendimento
entre xiitas, sunitas e israelitas (o que toda a gente sabe ser impossível).
A África depende de investimentos estrangeiros
que não se atrevem a fazê-lo dado o elevado grau de corrupção e falta de
seriedade política, o mesmo se passando em quase toda a América Latina, desde o
México que manda 80% das suas exportações para os EUA a toda a América do Sul
com os desgovernos num total desmando e corrupção.
E ainda a imensa corrente de migrantes, fugindo
do terror, da fome e da miséria, à procura dum Eldorado na Europa que precisa
de mão de obra.
Sofrem horrores, arriscam a vida e só, talvez,
dois países estão mais ou menos preparados para os acolher, mas onde vão viver,
por algumas gerações, segregados.
A França em 2014 teve quase setenta mil pedidos
de residência. Foram concedidos menos de vinte mil. Os restantes por lá continuam,
teoricamente clandestinos.
Ninguém pode ficar indiferente a imagens como
esta que apareceu no jornal de hoje.
Não me envergonho de dizer que quando abri a
página do jornal duas grossas lágrimas me correram pela cara. Não há o direito.
É muito violento.
Mas não nos podemos ficar só a chorar pelas
crianças assim jogadas fora como lixo. Este tinha três anos. Era sírio. Um
pouco adiante encontram outro corpinho também já morto. Um irmão de cinco anos.
E os adultos?
Em números “oficiais” rondam os 3.000 os que,
só este ano, morreram tentando chegar ao “céu” humano. Não se sabe quantos mais
que não entraram nas estatísticas.
Cristãos ou muçulmanos chegaram a outro céu onde
não há mais sofrimento.
Sofremos os que aqui estamos, assistimos a
estas barbaridades, como assistimos a genocídios, holocaustos e outras imensas
e indescritíveis barbáries, a maioria de nós sem nada podermos fazer.
Em algum lado uma borboleta começou a bater as
asas.
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