segunda-feira, 23 de março de 2015


As manifestações anti-governo


No passado dia 15 do corrente, a manifestação foi um sucesso, mas quase virava desastre, quando um bando, composto de uns 20 – vinte – gorilas, machos e fêmeas, se preparava para a baderna, levando nas mochilas “soco inglês”, porretes, bombas caseiras, rojões e outras meiguices. Com a graça de Deus a Polícia viu a tempo e enjaulou a gorilada na Delegacia (não tinha homem, nem mulher com menos de 90 a 100 quilos e músculos académicos). Até hoje, uma semana já passada, não se sabe se ainda estão no “bem bom” ou cá fora a preparar a próxima investida.
Dizem que uns quatro milhões foram às ruas dizer à madama dona presidenta que isto está uma grande m***, a roubalheira outra m***, que a madama sabia SEMPRE de tudo, que o desgoverno está para além de desmoralizado, etc.
Tudo pacífico, incluindo famílias que levaram até filhos pequenos para que aprendam desde crianças a usar do seu direito de cidadania. Beleza.
No dia seguinte a palhaçada foi outra! Primeiro a opinião duns ministrecos engasgados a dizerem que boa tinha sido a primeira – a favor da madama e contra a corrupção – que em todo o país não deve ter juntado nem quatrocentos mil (onde os jornalistas encontraram pelo menos três imigrantes ilegais, africanos, que nem português falam e a quem pagaram R$ 30, e deram uma camiseta para aumentar a farra!).
Uma chalaça dos ministrecos e da madama, que parece não entender porque, com 84% da população a dizer que o desgoverno dela é péssimo, não vai de férias... permanentes.
Mas o que mais gozo veio emprestar a estas manifestações foram as declarações do sr. Bresser Pereira, advogado, master em não sei o que, com um caricato e desastroso currículo ao passar, em 1987, pelo ministério da Fazenda, quando, levianamente afirmou que a manifestação anti governo foi das “elites”. Que delícia. Eu que recebo de aposentadoria o equivalente a 1,5 salários mínimos –hoje menos de US$ 480, por mês, por ter participado na manifestação, fui incluído no grupo das elites do Brasil!
Sinto-me profundamente lisonjeado e aguardo só um convite para ingressar nos quadros diretivos da Petrobrás, Banco do Brasil ou Caixa Económica Federal, lugares onde as bolsas estão mais abertas... às elites. Às elites dele.
Assim como eu, centenas de milhares ou milhões de outros devem estar sonhando com o elitismo a que foram promovidos.
Para melhor nos situarmos, um pouco da história do glorioso sr. Bresser Pereira (Wikipédia):

Em abril de 1987, em meio à crise provocada pelo fracasso do Plano Cruzado (um plano além de desastroso, idiota), e com a inflação em alta, Luiz Carlos Bresser Pereira assumiu o Ministério da Fazenda do Governo José Sarney.
Um mês após a sua posse, a inflação atingiu o índice de 23,21%. O grande problema era o déficit público, pelo qual o governo gastava mais do que arrecadava, sendo que nos primeiros quatro meses de 1987, já se havia acumulado um déficit projetado de 7,2% do PIB. Então, em junho de 1987, foi apresentado um plano econômico de emergência, o Plano Bresser, onde se instituiu o congelamento dos preços, dos aluguéis, dos salários e a URP (Unidade de Referência de Preços) como referência monetária para o reajuste de preços e salários.
Com o intuito de diminuir o déficit público algumas medidas foram tomadas, tais como: desativar o gatilho salarial, aumentar tributos, eliminar o subsídio do trigo e adiar as obras de grande porte já planejadas, entre elas o trem-bala entre São Paulo e Rio, a Ferrovia Norte-Sul (obras que NUNCA se concluíram) e o polo-petroquímico do Rio de Janeiro. As negociações com o FMI foram retomadas, ocorrendo a suspensão da moratória. Mesmo com todas essas medidas a inflação atingiu o índice alarmante de 366% no acumulado dos 12 meses de 1987.
É evidente que este Plano foi outro desastre!
No seu livro “Pactos Políticos” escreveu também: “Com a extinção do AI-5, em 3l de dezembro de 1978, o país dava um grande passo no sentido da redemocratização. Esse passo fora uma clara conquista da sociedade civil, e dentro desta, particularmente da classe dominante, a burguesia, que desde o pacote de abril de 1977, abandonara finalmente a postura autoritária e optara pela redemocratização do país”.
Nesse tempo Bresser Pereira era Administrador do Grupo Pão de Açúcar, um dos mais fortes do país. Não seria ele da elite burguesa dominante?
E continua no citado livro: Quem é intrinsecamente autoritária é a fração mercantil (especulativa e latifundiária) da burguesia brasileira, que sempre dependeu dos mecanismos de acumulação primitiva para apropriar-se do excedente econômico”.
“Fração mercantil, especulativa e fundiária” em que ele colaborava, no comando.
Sr. Bresser Pereira: o senhor voltou ainda a ser ministro, presidente do Banco do Estado de São Paulo e outra mixarias, e eu é que sou das elites?
Dá aulas nos EUA e em Paris. Já contou aos alunos a desgraça que foram as suas experiências como governante? Será que terá a hombridade de lhes contar todas estas bobagens?
Tenha dó, e respeite a opinião dos outros, mesmo que sejam dessas tais elites de salário mínimo.


22/03/2015

Um comentário:

  1. Se não é aconselhável jogar as pêras com o amo, muito menos o é se o amo se chama Bresser Pereira (árvore de furto e não de fruto).

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