O
Médio Oriente
É bem
complexa a história dos países do Próximo ou Médio Oriente.
Se
foi do Crescente Fértil que saíram inúmeros alimentos que se espalharam pelo
mundo, onde houve civilizações avançadíssimas, o povo daquela região era todo
semita: egípcios, berberes e cuchitas (idos da Somália). Limitados a norte por
caucasianos – arménios, curdos e outros – a leste por persas e a poente pelos
hititas, acabaram conhecidos genericamente pelo nome de árabes e hebreus, duas
palavras que têm a mesma origem, e que significava os homens do deserto, os
nómades.
Viviam
da criação de camelos ou cabras, negociavam com os que praticavam a
agricultura, agrupados em tribos que se reuniam à volta de famílias que foram
adquirindo mais prestígio e normalmente viviam nos oásis, lugares de passagem
obrigatória a quem se deslocava, e onde sempre tinham de pagar “pedágio”.
Mais
conhecidos por estarem junto ao Mediterrâneo, eram moabitas, amorreus, edomitas,
arameus que saíram da Mesopotâmia e se estenderam para o norte da atual Síria,
assírios, fenícios, judeus, filisteus (palestinos) nabateus, e uma porção de
outros que a Bíblia refere, e no sul os povos de Saba e Hadramaut.
Falavam
línguas diferentes, havia constantes guerras entre as tribos, roubavam-se e
matavam-se uns aos outros e pouco mais sentiam de sobrenatural do que o sol e
as estrelas, e uma vaga noção de que tudo seria comandado por um só Deus.
Em
todo aquele povo só os descendentes de Isaac criaram uma religião que continua
viva até hoje, mas face à heterogeneidade do povo semita, ao mesmo tempo se
segregaram.
Chegou
um dia o Cristo que pregou o entendimento universal, a todos, judeus e pagãos.
Era pedir muito a quem por dezenas de séculos vivia de guerras e rapinas.
Surge
mais tarde um homem, perspicaz, de rara inteligência, que cria uma nova
religião adaptada à mentalidade e hábitos daquela gente, sabendo que os grandes
impérios só se mantiveram enquanto os imperadores conseguiram unir os povos
debaixo dum rigoroso sistema religioso oficial. Passou-se isso na China no
século III a.C. na dinastia Han e novamente na dinastia Tang quando já a
religião era uma mistura de confucionismo, taoísmo e budismo. Os budistas,
querendo preparar-se para a vida eterna, sem mais reencarnações, procuravam os
mosteiros, que fundaram por todo o lado, e se enriqueciam com doações,
bibliotecas com escritos sagrados, etc. Como era de esperar essa situação levou
o imperador a persegui-los, destruindo mosteiros, queimando ídolos e
bibliotecas para assegurar a sua “religião oficial” a quem todos tinham que
obedecer.
Durante
milénios os reis quiseram mostrar-se “Filhos de Deus”, os seus mandatários na
Terra, e criaram títulos extravagantes como os romanos “Augusto”, o divino, os
chineses “Huan ti”, radiante, glorioso filho de Deus, Carlos V, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Luis XIV,
o rei sol, D. Manuel de Portugal, rei pela Graça de Deus, etc., impunham, pelo
medo e pela burocracia o temor de Deus o que lhes permitia governar mais facilmente.
Maomé,
um homem do deserto, conhecedor da filosofia daquele povo, criou também a sua
religião. E intitulou-se o Único Profeta, o detentor de toda a verdade. Uma
religião imposta, com castigos severos para quem a transgredisse, e prémios
etéreos para os “heróis” que dessem a vida por ele, garantindo-lhes uma
imensidão de virgens à sua espera nos elíseos[FA1] arábicos. A expansão
do Islão é o maior fenómeno sócio-religioso de todos os tempos. Espalhado por
todo o mundo, mais de um bilhão de seguidores, com uma cláusula que anima os
pobres de espírito: podem matar à vontade, a sharia os autoriza, e é muito mais
realista do que ficar fazendo joguinhos de guerra na televisão.
Tal
como há pouco os talibãs destruíram uma imensa estátua de Buda com cerca de 2.000
anos, os muçulmanos destruíram igrejas e sinagogas e quando entraram no
continente indiano, repetiram as barbaridades procurando apagar os vestígios da
religião hindu, roubando tudo que era de valor.
Todos
têm que rezar várias vezes ao dia em locais públicos ou nas mesquitas, e pobres
daqueles que o não fazem. O medo obriga-os a exibirem a sua religiosidade que
se está a transformar num grito de guerra universal contra tudo e todos que não
obedecem.
E
melhor do que tudo isso as mulheres não tinham e continuam a não ter quaisquer direitos,
escravas sexuais que os donos podem até mandar matar só por lhes apetecer.
O
que se chama hoje de países árabes, há pouco mais de cem anos não mais era do
que inúmeras s heterogêneas tribos que se guerreavam, e toda a região,
incluindo o norte de África, estava sob o domínio dos turcos, o famoso Império
Otomano.
Poucos
anos após a morte de Maomé os muçulmanos dividiram-se numa guerra de morte que
os mantem divididos até hoje: sunitas e xiitas.
Na
1ª Guerra Mundial, os turcos alinharam ao lado da Alemanha (austro-húngaros), e
ameaçavam a hegemonia dos ingleses no Egito, onde o Canal do Suez lhes era
vital, e no norte de África que a França queria dominar.
Todo
o mundo árabe vivia sob o domínio turco e, apesar de serem todos muçulmanos,
odiavam-se. Os ingleses aproveitaram essa situação para promoverem a revolta
árabe, prometendo-lhes independência, desde que eles não perdessem o petróleo,
nessa atura já indispensável, e jorrava quase que exclusivamente em território
curdo, em Mosul.
No
fim da guerra os árabes exigiam as promessas feitas, mas eram grandes os
interesses da França e Inglaterra sobre a região. Os franceses invocavam
direitos baseados no tempo dos Cruzados, derrotados pelos muçulmanos mais de
seis séculos antes. Os ingleses não abdicavam de manter o controle sobre o
Egito e Mesopotâmia, por causa do Canal do Suez e do petróleo de Mossul, Os
Arménios que tinham sofrido o primeiro genocídio foram abandonados até pelo
presidente dos EUA que, consultado sobre o apoio a dar a este povo disse que não valia a pena porque os turcos acabariam
por dizimá-los todos (só mataram mais de um milhão e meio!), os curdos
queriam o seu Curdistão, eles que nem árabes são, até hoje lutam também pela
sua independência. Mas os “democratas ingleses” com medo de perderem o petróleo
anexaram-nos ao Iraque. Sob o governo de Saddam Hussein foram deportados e
massacrados talvez um milhão deles. Os curdos devem isso aos ingleses, assim
como os arménios. Os judeus com a promessa de terem uma área na
Palestina-Judeia foram comprando terras cada vez em maiores proporções e
quantidade, continuam a expandir-se e os cristãos maronitas do Líbano e da
Síria, tinham a “garantia” dos franceses, ficando a Síria balançando entre
árabes e França, para ter depois caído nas mãos destes.
A
família al Saud depois de ter conquistado Riad em 1902, cidade de origem da
família, apropriou-se da maioria da Península Arábica, e estabeleceu um
islamismo intolerante, o wahabismo, ou salafismo.
Em
1918 Inglaterra e França repetiram o infame escândalo que fora a partição de
África em 1884.
Hoje
estamos a assistir ao extremismo salafista[FA2] a querer dominar toda
a região, matando e destruindo com a mesma barbaridade que era característica
das tribos que há um século ainda se matavam entre si. A intolerância, a
violência e o desprezo pela vida é impressionante. Há dias uma notícia
informava que para reduzir a tensão dos selvagens guerreiros, uma quantidade de
mulheres foi convocada a terem relações sexuais para que os “heróis” tivessem
momentos de prazer! A notícia ainda dava detalhes: cada mulher era
“oferecidamente violentada” 20, 50 e até 100 vezes por dia.
Assim
vai o mundo, e ninguém melhor para o explicar do que os americanos.
Explicação
americana para o que se passa com os jihadistas:
Eu entendo que alguns
de vocês estão confusos pelo que está acontecendo no Oriente Médio.
Deixem-me explicar.
Apoiamos o governo
iraquiano na luta contra o ISIS.
Não gostamos do ISIS,
mas o ISIS é suportado pela Arábia Saudita, de quem nós gostamos.
Não gostamos de Assad
na Síria. Apoiamos a luta contra ele, mas ISIS também está lutando contra ele.
Não gostamos do Irã,
mas o Irã apoia o governo iraquiano na sua luta contra ISIS.
Então alguns dos
nossos amigos apoiam nossos inimigos, alguns inimigos agora são nossos amigos, e
alguns dos nossos inimigos estão a lutar contra nossos inimigos, que queremos
que percam, mas não queremos que os nossos inimigos, que lutam os nossos
inimigos, vençam.
Se as pessoas que
queremos derrotar são derrotadas, elas poderão ser substituídas por pessoas que
nós gostamos ainda menos.
E tudo isso foi
iniciado por nós, invadindo um país para expulsar os terroristas que não
estavam realmente lá até que fomos lá para expulsá-los.
É muito simples,
realmente. Vocês entendem agora?
Quanto
tempo vai tudo isto durar? Algumas décadas.
Quem
vai vencer? Quem por aqui estiver verá.
09.10.2014
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