De volta ao livro
Guerra
Civil de Espanha
Há
cerca de um mês que fiz uma ligeira apreciação ao livro do Embaixador Luis
Soares de Oliveira, e deixei, no fim, uma dica: “voltaria a falar nele”.
Tem
tanta passagem interessante que, depois duma segunda leitura, continuei
anotando algumas partes que, ou pela atualidade, ou pelo seu “valor”, mesmo que
negativo, é bom que se tome consciência.
A
modernidade selvática a que estamos a assistir num crescendo tenebroso – como a
aberração dos jhiadistas, os anarquistas que se infiltram em qualquer
manifestação que deveria ser pacífica para tudo destruírem, quebrarem,
saquearem, etc. – não é novidade. Está é a tomar conta de grande parte do
mundo, e a luta para os conter, se possível isso for, será longa, muito longa,
e sangrenta.
As
ideias anarquistas, surgidas no final do século XIX, que na sua essência pura
não passam de uma utopia, transformou-se, mercê do crescente desemprego e fome,
numa forma mais radical, o anarco-sindicalismo que “privilegiava a distribuição
e desprezava o crescimento, convocando os excluídos aos atos predatórios, à
revolução”, tendo como uma das máximas que “uma ação vale mais do que mil
brochuras”. O proletariado aprenderia mais nas experiências práticas, na
violência que o anarquismo lhes proporcionava, do que nas publicações que não liam.
Nos
anos 30, a Sociedade das Nações (SDN), acabada de ser criada - mais tarde
“transformada” em Nações Unidas (NU) - com a finalidade de assegurar a paz
mundial, assiste e totalmente se alheia à invasão da Etiópia pela Itália, da
Renânia pela Alemanha, ao massacre de Holodomor pelos sovietes, etc.
Hoje as
mesmas NU assistem impávidas ao retalhar violento da Ucrânia, da Nigéria, dos
países do Médio Oriente, os “sábios” diplomatas fazem sessões de emergência,
escrevem papéis aparentemente bem redigidos, sem a menor intenção de agir, tal
como descrito no livro em questão sobre o Acordo
Internacional de Não Intervenção em Espanha, onde se multiplicam as
reuniões, os compromissos falsos porque sempre com tamanho número de lacunas
que não autorizam qualquer ação, e o mundo flutua, enquanto não se afunda, ao
sabor das balas de canhão e bombas guiadas a lazer e degola de inocentes.
A
França, onde quase diariamente fecha uma fábrica, cujo desemprego não para de
crescer, e que entrou já em recessão, vomita frases bombásticas em prol da paz
mundial, e entretanto se orgulha da sua indústria bélica, o setor que maior
índice de crescimento teve nas exportações do país. Armas “ótimas”, tais como
lança mísseis que um homem leva nas costas, facilmente vendidas a grupos
terroristas!
A
Alemanha, depois da I Guerra foi proibida de fabricar armas. Não teve problema
nenhum em instalar fábricas na Holanda, Suécia, Checoslováquia, Áustria e até
na “sempre neutra” Suíça, onde banqueiros judeus compravam o ouro que os nazis
extorquiam aos que foram para as câmaras de gás.
Todo o
mundo sabia destas manobras. Mas os “altos dirigentes” dos países mais
poderosos, fingiam que não viam, como fingiram que não viram a chegada a Madrid
do embaixador russo com 150 criados (!) 140 dos quais eram pilotos aviadores.
Assim como não viam o fornecimento de armas dos soviéticos, espertos, que
despacharam para os anarquistas espanhóis sucata da I Guerra que compravam
Europa fora a preço de banana, e que se ofereceram para lhes guardar as
reservas de ouro, que os idiotas anarquistas espanhóis aceitaram mandar para
Moscovo e... nunca mais o viram.
Nas
“negociações” entre Inglaterra e Alemanha, outra vergonha sem tamanho: os
ingleses, os velhos aliados de Portugal, vendo o poderio que o III Reich estava
a tomar, desistiram do inquérito sobre o bombardeamento de Guernica, e ainda
prometiam aos boches devolver-lhes as
antigas colônias de África – Tanzânia e a hoje Namíbia – além de lhes acenarem
com mais umas “fatias do Congo e de Angola”! Na velha Albion “uns clamavam por um rápido rearmamento,
outros pediam o entendimento com Hitler às custas de colônias de terceiros!”
Também
“ninguém” viu a imensidão de voluntários que se juntavam às brigadas comunistas
ou às tropas italianas que apoiaram Franco.
Passados
oitenta anos assistimos a algo semelhante: milhares de voluntários, fanáticos,
que saem de quase todos os países, incluindo Portugal e Austrália, para se
juntarem à ferocidade e bestialidade dos jihadistas, e que, se não morrerem,
voltarão aos seus países para formarem células terroristas.
Nada
muda. Se naquela conjuntura (vésperas de II Guerra) os políticos nunca esqueciam que o último objetivo de qualquer política
é a dilatação do poder próprio, hoje, além disso, e em grande porcentagem
dessa casta, o objetivo primário é o enriquecimento rápido.
A União
Europeia tem dois parlamentos! Além do absurdo em si, os parlamentares só se
reúnem uma a duas vezes por semana, quando reúnem! A multidão de conselheiros,
tradutores, seguranças, datilógrafos, e a miríade de outros penduras, ajudam a
tornar inoperante esse elefante de ouro branco, onde os mesmos parlamentares
têm como exclusivo objetivo o seu poder, os seus salários e mordomias.
Pode
ser que haja quem discorde, mas o futuro da EU com as suas rachaduras evidentes
mostra que está tão condenado quanto os impérios de Alexandre Magno, Romano,
Otomano ou Inglês.
Porta do Estábulo Sagrado, templo do século
XVIII no Santuário Toshogu, na cidade de Nikko, Japão: kikazaru (o que tapa os ouvidos) e iwazaru (o que tapa a boca), mizaru, (o que cobre os olhos)
Azaru o nosso, sempre, nas mãos da macacada!
Ninguém deseja o
regresso de ditadores, apesar de continuar a haver uma boa porção deles. As
pessoas querem que alguém governe o país, sim, mas no interesse geral da
população, e não uma casta que após eleita só pensa nos seus bolsos. Infelizmente
é assim a política e será sempre.
Não adianta tapar os
olhos, os ouvidos e a boca. Um dia vamos, todos, chorar.
23-set-14
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