quinta-feira, 23 de outubro de 2014


O REMADOR É UM INCOMPETENTE

(Esta “história” é velha, mas sempre atual, e lembra muito alguns governos de países que estão em crescimento, mais ou menos, zero)

Lê-se numa crónica que no ano de 94 se celebrou uma competição de remo entre duas equipas, uma composta por trabalhadores de uma empresa publica brasileira e outra pelos seus congéneres japoneses.
Dada a partida, os remadores japoneses começaram a destacar-se desde o primeiro instante, chegando à meta em primeiro lugar. A equipa brasileira chegou com uma hora de atraso.
De regresso a casa a diretoria da empresa reuniu-se para analisar as causas de tão desastrosa atuação e chegaram à seguinte conclusão: detectou-se que na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto que na brasileira havia um remador e dez chefes de serviço, situação que teria que ser alterada no ano seguinte.
No ano de 95 após ser dada a partida, rapidamente a equipa japonesa começou a ganhar vantagem. Desta vez a equipa brasileira chegou com duas horas de atraso.
A diretoria voltou a reunir após forte reprimenda do governador do estado, do ministério competente e do congresso, e constataram que na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto que a brasileira, após as eficazes medidas adotadas sobre o fracasso do ano anterior, era composta por um diretor de serviços, dois deputados, três acessores especiais, três chefes de seção e um remador.
Após minuciosa analise chegou-se à conclusão seguinte:
O REMADOR É UM INCOMPETENTE
No ano de 96, a equipa japonesa ganhou terreno desde a largada. A embarcação brasileira que este ano tinha sido encomendada ao departamento de novas tecnologias, chegou com quatro horas de atraso.
No final da competição, e para avaliar os resultados alcançados, celebrou-se uma reunião ao mais alto nível, no ultimo piso do edifício da administração, chegando-se à seguinte conclusão; a equipa japonesa era composta por um chefe de equipa e dez remadores.
A equipa brasileira, após uma auditoria e um acessoramento especial do departamento de informática, tinha optado por uma formação mais vanguardista, composta por um senador, dois deputados, dois diretores da receita federal, dois acessores políticos da diretoria e um massagista que controlavam a atividade do único remador, ao qual se tinha aberto um processo disciplinar e retirado todos os bónus e incentivos, devido ao fracassos das competições.

Nota: no Brasil negam que isso se tenha passado com a equipa deles. Dizem que houve um caso destes, sim, mas com uma equipa portuguesa!
Aqui para nós: parece que foi com ambas, só que os portugueses disputaram com os alemães.


*  *  *  *  *

A lenda da Mani Oca

(Em 2001 ofereci seis meses do meu tempo à Obra da Rua – Casa do Gaiato, em Moçambique. Foi uma experiência de valor imenso. O que abaixo vai escrito é dessa época, vão já 13 anos!)

Moçambique é um dos grandes produtores de mandioca. No entanto não é fácil encontrar-se, em restaurantes, pratos com base neste produto que, pela sua larga utilização, podia considerar-se nacional. (Hoje, 2014, em praticamente todo o lado, no Brasil, se encontra a mandioca, mesmo em restaurantes caros.)
A palavra mandioca (Manihot esculenta, Grantz) poderá ter a sua origem numa lenda brasileira. De qualquer modo parece ser planta oriunda da América do Sul. OCA em língua tupi, da maioria dos índios do Brasil, significa casa. A lenda conta que MANI era o nome da filha dum cacique, um chefe:
“Em tempos antigos... a filha dum cacique apareceu grávida. O cacique quis punir quem desonrara a sua filha e ofendera o seu orgulho, mas, por mais que castigasse a filha, esta sempre afirmava que não tinha conhecido nenhum homem. Em face desta teimosia o cacique decidiu matar a filha. À noite, enquanto dormia, apareceu-lhe em sonhos um homem, duma raça que ele nunca tinha visto, dizendo-lhe que não matasse a filha porque ela era, de fato, inocente.
Passado o tempo, a filha do cacique deu à luz uma menina lindíssima, muito branca, que a todos surpreendeu. Puseram-lhe o nome de Mani.
Mani andou e falou muito precocemente, não dormia nunca, nem tinha dores. Ao fim de um ano morreu.
Foi enterrada dentro da própria casa, e regada diariamente conforme o costume daquela tribo. Ao fim de algum tempo brotou da cova uma planta inteiramente nova, desconhecida. Cresceu, deu flores e frutos, e vieram os pássaros que comeram os frutos e ficaram embriagados, o que fez aumentar a superstição sobre esta planta.
Um dia a terra fendeu-se. Cavaram-na. Os índios julgaram ver nas grossas raízes o corpo, já seco, de Mani.
Num ritual sagrado comeram-no, gostaram e multiplicaram-no” .
MANI OCA. A Casa da Mani. Mesmo que seja só uma lenda, é bonita.
A mandioca é como a Mani da lenda: planta-se, rega-se e ela oferece-nos um magnífico alimento!
A mandioca tem sido desde tempos que se perdem na memória, uma das mais importantes culturas das regiões tropicais, tornando-se numa das suas principais fontes de energia alimentar, e ocupa o quarto lugar em área plantada, no mundo, sendo cultivada em mais de noventa países.
O cultivo da mandioca, sob o ponto de vista agrícola, apresenta uma série de vantagens, que fazem dela uma das culturas de maior importância nos trópicos, sendo para muitos povos o alimento preferido e quase insubstituível. Tem uma elevada tolerância a períodos de seca relativamente prolongados, produz satisfatoriamente em solos de baixa fertilidade, e é muito rústica, oferecendo grande resistência a pragas. Além disso, uma das suas importantes qualidades é a possibilidade de ficar armazenada no próprio solo, por um bom espaço de tempo, o que significa, entre outras vantagens, não ter custos de armazenagem e ficar defendida da maioria dos predadores.
Segundo alguns historiadores, depois que a mandioca foi levada para África foi nítido o aumento da população, porque se alimentava melhor.
Por todas estas razões e por tradicionalmente a mandioca ser um dos produtos base de grande parte de Moçambique, a FAO, o organismo das Nações Unidas para a alimentação, continua a incentivar a sua cultura por todos os países de clima tropical. A Casa do Gaiato, pela sua idoneidade e capacidade, foi escolhida para colaborar com este programa, e tem estado a multiplicar esta planta que depois é enviada para outras regiões onde as variedades estão ou degeneradas ou em carestia. Com alguma regularidade técnicos da FAO vão acompanhar a evolução da cultura, estudar o seu estado sanitário e de desenvolvimento, para garantir a distribuição de plantas saudáveis e de boa qualidade.
Entre os técnicos que ali apareceram, chegou um nigeriano, homem maduro e experiente, professor universitário, um mestre. Analisou as plantas com cuidado e minúcia enquanto agachado e sem tirar os olhos das mesmas dava as suas instruções a duas técnicas que o acompanhavam. Uma delas observou:
- Mas nesse caso não conseguimos obter um rendimento de 100%.
- 100%? Mas eu não quero 100% para nada. 20% já é muito bom. O que eu quero é dar de comer às populações que neste momento nada têm.
Até que enfim! Apareceu um homem sensato. Inteligente. Ao contrário de tantos sábios que continuam inutilmente agarrados a compêndios universitários, alheios às realidades da terra e social das populações.
Enquanto
Há um imenso abismo entre a agricultura na Europa ou nos Estados Unidos, de grande extensão, subsidiada, e agricultura de subsistência ou pouco mais, dos povos de África, sem qualquer apoio, nem sequer do São Pedro que lhes alterna os anos normais com outros calamitosos. Este é um dos profundos calcanhares de Aquiles nas relações Norte-Sul.

2001, revisto em 13-out-14

quarta-feira, 15 de outubro de 2014


O Sumico do Aco

Acredite se quiser

Neste país tudo é possível. Não dizem que Deus é brasileiro? Então vamos lá a algumas estórinhas muito interessantes.
Há uns meses derrubou-se a Via Perimetral, um elevado de um ou dois quilómetros, para reformar o centro da Cidade Maravilhosa.
Esse elevado era montado sobre vigas de aço, cada uma com 40 metros de comprido e 20 toneladas. Implodiu-se o elevado, arrumaram-se as vigas para desimpedir o trânsito e... numa noite sumiram 6 vigas! S U M I R A M !!!
Ninguém viu nada, ninguém sabe nada, ninguém reclamou de nada.
Deve ter sido um larápio comum que passou ali, viu o “desperdício”, meteu as vigas no bolso da camisa e... levou para casa para fazer uma brincadeirinha!
Agora a “Veja” apresenta outro caso ainda mais sensacional

Rio de Janeiro, 02/10/2014 - 13:46
Depois das vigas da Perimetral, 54 trens somem no Rio
Relatório revela que carros antigos desapareceram de patrimônio do governo do estado e da Supervia, concessionária do serviço. Leilão dos vagões poderia render milhões de reais aos cofres públicos
Thiago Prado, do Rio de Janeiro


Passageiros na estação São Cristóvão da Supervia (Marcelo Piu/Ag. O Globo-04/02/2014/VEJA)

(Atualizado às 23h51)
Mais um mistério envolvendo o desaparecimento de toneladas de aço ronda o Rio de Janeiro. Um relatório concluído no mês passado por técnicos da Secretaria de Transportes do governo revela que um lote de cinquenta e quatro carros de trens antigos – substituídos por novos – não foi encontrado no patrimônio do próprio estado ou da Supervia, concessionária responsável pela malha ferroviária fluminense. Quando um vagão é trocado, o contrato de concessão prevê um leilão da composição e o repasse do dinheiro arrecadado para os cofres públicos. É o segundo caso deste tipo que vem à tona em menos de um ano – em outubro, sumiram sem qualquer explicação seis vigas de aço que eram do elevado do Perimetral, demolido para a revitalização da Zona Portuária da cidade. 
A venda de vagões velhos poderia ser revertida em uma bolada para o governo fluminense. Para ilustrar o prejuízo, o documento feito por quatro técnicos da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central) relembra um leilão feito em 2005 de 83 carros que levantou 60,3 milhões de reais. Os vagões que sumiram, segundo o relatório, são da série 800 e entraram em circulação comercial entre 1980 e 1984. Os carros foram trocados por novos entre os governos de Rosinha Garotinho e Sérgio Cabral.


 O desaparecimento das vigas e dos trens tem uma personagem em comum, a Odebrecht. A empreiteira tem o controle da Supervia desde 2011 e é uma das sócias do Consórcio Porto Maravilha, responsável pela demolição da perimetral no ano passado. Avaliadas em 14 milhões de reais, as seis vigas da perimetral tinham, cada uma, 40 metros de comprimento e pesavam cerca de 20 toneladas. A prefeitura do Rio também faturaria com o leilão das vigas. Um inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro aberto no ano passado já ouviu dezenas de pessoas, mas não conseguiu avançar um milímetro na solução do caso. Em breve, mais trens vão virar sucata pronta para entrar em leilão. O governo do Rio de Janeiro fechou acordo para a compra de 60 novos trens para a rede ferroviária – alguns, inclusive, já estão em circulação ou fase de testes.
Em meio a colisões de trens, agressões a passageiros e problemas operacionais, a Supervia foi agraciada com uma série de benefícios durante o mandato de Cabral. Há quatro anos, o governo do Rio renovou a concessão para a operação do sistema ferroviário até 2048. Além disso, a empresa ganhou sem licitação o direito de explorar o teleférico do Complexo do Alemão – que gera um lucro de 13 milhões de reais ao ano. As boas relações entre Supervia e o governo coincidiram com a contratação de Adriana Ancelmo, amantíssima esposa de Sérgio Cabral (o governador do Rio), para advogar pela concessionária em causas trabalhistas.
Respostas - Procurados, o governo do Rio de Janeiro e a Supervia deram respostas evasivas aos questionamentos do relatório. A concessionária informa que “todos os bens patrimoniais recebidos pela concessionária estão regularizados”. Já a assessoria do governo, depois de dois dias, não deu nenhuma explicação para as denúncias do relatório produzido pelos seus técnicos.
A Central entrou em contato após a publicação da reportagem e negou a informação de que existam carros desaparecidos. Em nota, o órgão afirma: "Na verdade, um lote de 108 carros deteriorados foram objeto de ação judicial movida pelo governo do Estado contra a Supervia em 2007, o que resultou no reconhecimento, por parte da concessionária, de um débito de 96 milhões de reais. Esse valor faz parte do conjunto de investimentos que estão sendo executados pela SuperVia. Cabe informar que o documento citado por VEJA contém assinaturas não reconhecidas pelos funcionários, o que já está sendo objeto de apuração administrativa do órgão".
VEJA mantém a informação de que o relatório está inserido em um processo administrativo que corre desde 2013 na Central. Enquanto ninguém esclarece nada, resta acreditar que uma espécie de mágico do aço está atuando no Rio de Janeiro desaparecendo com vigas e trens.

Parece até que roubaram também as cedilhas do título desta informação!!!
Outro assunto desta vez folclórico:
A Amazónia é dos lugares do Mundo que mais merece ser visitado. É quente, sim, mas é um deslumbramento. A determinados cantos só se pode ir com autorização da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) o que é perfeito.
Como é evidente, os turistas gostam de ver folclore: homens e mulheres nus ou quase, corpos pintados, danças chamadas exóticas, etc.
É claro que os índios recebem uns trocos por esse espetáculo, mas alguns já cansaram e viraram as costas a essas exibições de “povos da floresta”.
Solução: em muitos dos lugares daquela maravilhosa imensidão, continuam as dancinhas e corpos pintados exibindo-se mas... aqui é que vem o verdadeiro folclore, com índios que vão buscar à Colômbia. Também tem Amazónia lá.

Os de lá saem mais barato!
E Deus é brasileiro. Será?


04/10/2014

quinta-feira, 9 de outubro de 2014




O Médio Oriente


É bem complexa a história dos países do Próximo ou Médio Oriente.
Se foi do Crescente Fértil que saíram inúmeros alimentos que se espalharam pelo mundo, onde houve civilizações avançadíssimas, o povo daquela região era todo semita: egípcios, berberes e cuchitas (idos da Somália). Limitados a norte por caucasianos – arménios, curdos e outros – a leste por persas e a poente pelos hititas, acabaram conhecidos genericamente pelo nome de árabes e hebreus, duas palavras que têm a mesma origem, e que significava os homens do deserto, os nómades.
Viviam da criação de camelos ou cabras, negociavam com os que praticavam a agricultura, agrupados em tribos que se reuniam à volta de famílias que foram adquirindo mais prestígio e normalmente viviam nos oásis, lugares de passagem obrigatória a quem se deslocava, e onde sempre tinham de pagar “pedágio”.
Mais conhecidos por estarem junto ao Mediterrâneo, eram moabitas, amorreus, edomitas, arameus que saíram da Mesopotâmia e se estenderam para o norte da atual Síria, assírios, fenícios, judeus, filisteus (palestinos) nabateus, e uma porção de outros que a Bíblia refere, e no sul os povos de Saba e Hadramaut.
Falavam línguas diferentes, havia constantes guerras entre as tribos, roubavam-se e matavam-se uns aos outros e pouco mais sentiam de sobrenatural do que o sol e as estrelas, e uma vaga noção de que tudo seria comandado por um só Deus.
Em todo aquele povo só os descendentes de Isaac criaram uma religião que continua viva até hoje, mas face à heterogeneidade do povo semita, ao mesmo tempo se segregaram.
Chegou um dia o Cristo que pregou o entendimento universal, a todos, judeus e pagãos. Era pedir muito a quem por dezenas de séculos vivia de guerras e rapinas.
Surge mais tarde um homem, perspicaz, de rara inteligência, que cria uma nova religião adaptada à mentalidade e hábitos daquela gente, sabendo que os grandes impérios só se mantiveram enquanto os imperadores conseguiram unir os povos debaixo dum rigoroso sistema religioso oficial. Passou-se isso na China no século III a.C. na dinastia Han e novamente na dinastia Tang quando já a religião era uma mistura de confucionismo, taoísmo e budismo. Os budistas, querendo preparar-se para a vida eterna, sem mais reencarnações, procuravam os mosteiros, que fundaram por todo o lado, e se enriqueciam com doações, bibliotecas com escritos sagrados, etc. Como era de esperar essa situação levou o imperador a persegui-los, destruindo mosteiros, queimando ídolos e bibliotecas para assegurar a sua “religião oficial” a quem todos tinham que obedecer.
Durante milénios os reis quiseram mostrar-se “Filhos de Deus”, os seus mandatários na Terra, e criaram títulos extravagantes como os romanos “Augusto”, o divino, os chineses “Huan ti”, radiante, glorioso filho de Deus, Carlos V, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Luis XIV, o rei sol, D. Manuel de Portugal, rei pela Graça de Deus, etc., impunham, pelo medo e pela burocracia o temor de Deus o que lhes permitia governar mais facilmente.
Maomé, um homem do deserto, conhecedor da filosofia daquele povo, criou também a sua religião. E intitulou-se o Único Profeta, o detentor de toda a verdade. Uma religião imposta, com castigos severos para quem a transgredisse, e prémios etéreos para os “heróis” que dessem a vida por ele, garantindo-lhes uma imensidão de virgens à sua espera nos elíseos[FA1]  arábicos. A expansão do Islão é o maior fenómeno sócio-religioso de todos os tempos. Espalhado por todo o mundo, mais de um bilhão de seguidores, com uma cláusula que anima os pobres de espírito: podem matar à vontade, a sharia os autoriza, e é muito mais realista do que ficar fazendo joguinhos de guerra na televisão.
Tal como há pouco os talibãs destruíram uma imensa estátua de Buda com cerca de 2.000 anos, os muçulmanos destruíram igrejas e sinagogas e quando entraram no continente indiano, repetiram as barbaridades procurando apagar os vestígios da religião hindu, roubando tudo que era de valor.
Todos têm que rezar várias vezes ao dia em locais públicos ou nas mesquitas, e pobres daqueles que o não fazem. O medo obriga-os a exibirem a sua religiosidade que se está a transformar num grito de guerra universal contra tudo e todos que não obedecem.
E melhor do que tudo isso as mulheres não tinham e continuam a não ter quaisquer direitos, escravas sexuais que os donos podem até mandar matar só por lhes apetecer.
O que se chama hoje de países árabes, há pouco mais de cem anos não mais era do que inúmeras s heterogêneas tribos que se guerreavam, e toda a região, incluindo o norte de África, estava sob o domínio dos turcos, o famoso Império Otomano.
Poucos anos após a morte de Maomé os muçulmanos dividiram-se numa guerra de morte que os mantem divididos até hoje: sunitas e xiitas.
Na 1ª Guerra Mundial, os turcos alinharam ao lado da Alemanha (austro-húngaros), e ameaçavam a hegemonia dos ingleses no Egito, onde o Canal do Suez lhes era vital, e no norte de África que a França queria dominar.
Todo o mundo árabe vivia sob o domínio turco e, apesar de serem todos muçulmanos, odiavam-se. Os ingleses aproveitaram essa situação para promoverem a revolta árabe, prometendo-lhes independência, desde que eles não perdessem o petróleo, nessa atura já indispensável, e jorrava quase que exclusivamente em território curdo, em Mosul.
No fim da guerra os árabes exigiam as promessas feitas, mas eram grandes os interesses da França e Inglaterra sobre a região. Os franceses invocavam direitos baseados no tempo dos Cruzados, derrotados pelos muçulmanos mais de seis séculos antes. Os ingleses não abdicavam de manter o controle sobre o Egito e Mesopotâmia, por causa do Canal do Suez e do petróleo de Mossul, Os Arménios que tinham sofrido o primeiro genocídio foram abandonados até pelo presidente dos EUA que, consultado sobre o apoio a dar a este povo disse que não valia a pena porque os turcos acabariam por dizimá-los todos (só mataram mais de um milhão e meio!), os curdos queriam o seu Curdistão, eles que nem árabes são, até hoje lutam também pela sua independência. Mas os “democratas ingleses” com medo de perderem o petróleo anexaram-nos ao Iraque. Sob o governo de Saddam Hussein foram deportados e massacrados talvez um milhão deles. Os curdos devem isso aos ingleses, assim como os arménios. Os judeus com a promessa de terem uma área na Palestina-Judeia foram comprando terras cada vez em maiores proporções e quantidade, continuam a expandir-se e os cristãos maronitas do Líbano e da Síria, tinham a “garantia” dos franceses, ficando a Síria balançando entre árabes e França, para ter depois caído nas mãos destes.
A família al Saud depois de ter conquistado Riad em 1902, cidade de origem da família, apropriou-se da maioria da Península Arábica, e estabeleceu um islamismo intolerante, o wahabismo, ou salafismo.
Em 1918 Inglaterra e França repetiram o infame escândalo que fora a partição de África em 1884.
Hoje estamos a assistir ao extremismo salafista[FA2]  a querer dominar toda a região, matando e destruindo com a mesma barbaridade que era característica das tribos que há um século ainda se matavam entre si. A intolerância, a violência e o desprezo pela vida é impressionante. Há dias uma notícia informava que para reduzir a tensão dos selvagens guerreiros, uma quantidade de mulheres foi convocada a terem relações sexuais para que os “heróis” tivessem momentos de prazer! A notícia ainda dava detalhes: cada mulher era “oferecidamente violentada” 20, 50 e até 100 vezes por dia.
Assim vai o mundo, e ninguém melhor para o explicar do que os americanos.
Explicação americana para o que se passa com os jihadistas:
Eu entendo que alguns de vocês estão confusos pelo que está acontecendo no Oriente Médio.
Deixem-me explicar.
Apoiamos o governo iraquiano na luta contra o ISIS.
Não gostamos do ISIS, mas o ISIS é suportado pela Arábia Saudita, de quem nós gostamos.
Não gostamos de Assad na Síria. Apoiamos a luta contra ele, mas ISIS também está lutando contra ele.
Não gostamos do Irã, mas o Irã apoia o governo iraquiano na sua luta contra ISIS.
Então alguns dos nossos amigos apoiam nossos inimigos, alguns inimigos agora são nossos amigos, e alguns dos nossos inimigos estão a lutar contra nossos inimigos, que queremos que percam, mas não queremos que os nossos inimigos, que lutam os nossos inimigos, vençam.
Se as pessoas que queremos derrotar são derrotadas, elas poderão ser substituídas por pessoas que nós gostamos ainda menos.
E tudo isso foi iniciado por nós, invadindo um país para expulsar os terroristas que não estavam realmente lá até que fomos lá para expulsá-los.
É muito simples, realmente. Vocês entendem agora?

Quanto tempo vai tudo isto durar? Algumas décadas.
Quem vai vencer? Quem por aqui estiver verá.

09.10.2014


domingo, 5 de outubro de 2014



De volta ao livro
Guerra Civil de Espanha

Há cerca de um mês que fiz uma ligeira apreciação ao livro do Embaixador Luis Soares de Oliveira, e deixei, no fim, uma dica: “voltaria a falar nele”.
Tem tanta passagem interessante que, depois duma segunda leitura, continuei anotando algumas partes que, ou pela atualidade, ou pelo seu “valor”, mesmo que negativo, é bom que se tome consciência.
A modernidade selvática a que estamos a assistir num crescendo tenebroso – como a aberração dos jhiadistas, os anarquistas que se infiltram em qualquer manifestação que deveria ser pacífica para tudo destruírem, quebrarem, saquearem, etc. – não é novidade. Está é a tomar conta de grande parte do mundo, e a luta para os conter, se possível isso for, será longa, muito longa, e sangrenta.
As ideias anarquistas, surgidas no final do século XIX, que na sua essência pura não passam de uma utopia, transformou-se, mercê do crescente desemprego e fome, numa forma mais radical, o anarco-sindicalismo que “privilegiava a distribuição e desprezava o crescimento, convocando os excluídos aos atos predatórios, à revolução”, tendo como uma das máximas que “uma ação vale mais do que mil brochuras”. O proletariado aprenderia mais nas experiências práticas, na violência que o anarquismo lhes proporcionava, do que nas publicações que não liam.
Nos anos 30, a Sociedade das Nações (SDN), acabada de ser criada - mais tarde “transformada” em Nações Unidas (NU) - com a finalidade de assegurar a paz mundial, assiste e totalmente se alheia à invasão da Etiópia pela Itália, da Renânia pela Alemanha, ao massacre de Holodomor pelos sovietes, etc.
Hoje as mesmas NU assistem impávidas ao retalhar violento da Ucrânia, da Nigéria, dos países do Médio Oriente, os “sábios” diplomatas fazem sessões de emergência, escrevem papéis aparentemente bem redigidos, sem a menor intenção de agir, tal como descrito no livro em questão sobre o Acordo Internacional de Não Intervenção em Espanha, onde se multiplicam as reuniões, os compromissos falsos porque sempre com tamanho número de lacunas que não autorizam qualquer ação, e o mundo flutua, enquanto não se afunda, ao sabor das balas de canhão e bombas guiadas a lazer e degola de inocentes.
A França, onde quase diariamente fecha uma fábrica, cujo desemprego não para de crescer, e que entrou já em recessão, vomita frases bombásticas em prol da paz mundial, e entretanto se orgulha da sua indústria bélica, o setor que maior índice de crescimento teve nas exportações do país. Armas “ótimas”, tais como lança mísseis que um homem leva nas costas, facilmente vendidas a grupos terroristas!
A Alemanha, depois da I Guerra foi proibida de fabricar armas. Não teve problema nenhum em instalar fábricas na Holanda, Suécia, Checoslováquia, Áustria e até na “sempre neutra” Suíça, onde banqueiros judeus compravam o ouro que os nazis extorquiam aos que foram para as câmaras de gás.
Todo o mundo sabia destas manobras. Mas os “altos dirigentes” dos países mais poderosos, fingiam que não viam, como fingiram que não viram a chegada a Madrid do embaixador russo com 150 criados (!) 140 dos quais eram pilotos aviadores. Assim como não viam o fornecimento de armas dos soviéticos, espertos, que despacharam para os anarquistas espanhóis sucata da I Guerra que compravam Europa fora a preço de banana, e que se ofereceram para lhes guardar as reservas de ouro, que os idiotas anarquistas espanhóis aceitaram mandar para Moscovo e... nunca mais o viram.
Nas “negociações” entre Inglaterra e Alemanha, outra vergonha sem tamanho: os ingleses, os velhos aliados de Portugal, vendo o poderio que o III Reich estava a tomar, desistiram do inquérito sobre o bombardeamento de Guernica, e ainda prometiam aos boches devolver-lhes as antigas colônias de África – Tanzânia e a hoje Namíbia – além de lhes acenarem com mais umas “fatias do Congo e de Angola”! Na velha Albion “uns clamavam por um rápido rearmamento, outros pediam o entendimento com Hitler às custas de colônias de terceiros!”
Também “ninguém” viu a imensidão de voluntários que se juntavam às brigadas comunistas ou às tropas italianas que apoiaram Franco.
Passados oitenta anos assistimos a algo semelhante: milhares de voluntários, fanáticos, que saem de quase todos os países, incluindo Portugal e Austrália, para se juntarem à ferocidade e bestialidade dos jihadistas, e que, se não morrerem, voltarão aos seus países para formarem células terroristas.
Nada muda. Se naquela conjuntura (vésperas de II Guerra) os políticos nunca esqueciam que o último objetivo de qualquer política é a dilatação do poder próprio, hoje, além disso, e em grande porcentagem dessa casta, o objetivo primário é o enriquecimento rápido.
A União Europeia tem dois parlamentos! Além do absurdo em si, os parlamentares só se reúnem uma a duas vezes por semana, quando reúnem! A multidão de conselheiros, tradutores, seguranças, datilógrafos, e a miríade de outros penduras, ajudam a tornar inoperante esse elefante de ouro branco, onde os mesmos parlamentares têm como exclusivo objetivo o seu poder, os seus salários e mordomias.
Pode ser que haja quem discorde, mas o futuro da EU com as suas rachaduras evidentes mostra que está tão condenado quanto os impérios de Alexandre Magno, Romano, Otomano ou Inglês.


 Porta do Estábulo Sagrado, templo do século XVIII no Santuário Toshogu, na cidade de Nikko, Japão: kikazaru (o que tapa os ouvidos) e iwazaru (o que tapa a boca), mizaru, (o que cobre os olhos)

Azaru o nosso, sempre, nas mãos da macacada!
Ninguém deseja o regresso de ditadores, apesar de continuar a haver uma boa porção deles. As pessoas querem que alguém governe o país, sim, mas no interesse geral da população, e não uma casta que após eleita só pensa nos seus bolsos. Infelizmente é assim a política e será sempre.
Não adianta tapar os olhos, os ouvidos e a boca. Um dia vamos, todos, chorar.


23-set-14

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Do Brasil                                                                                 por Francisco G. de Amorim

Carta aberta aos portugueses

Para que serve um Parlamento

Só ontem tomei conhecimento duma proposta que alguns deputados, chamados de esquerda, apresentaram na Assembleia Nacional para fossem eliminados os bustos dos presidentes da República dos tempos da “Ditadura”, em uma exposição na Assembleia Nacional comemorando 100 anos de república, e que em 2014, bem feitas as contas seriam 104!
Mas até aqui tudo bem se nem sequer sabem fazer contas, nós desculpamos.
Aqueles deputados podem não gostar dos presidentes do tempo do Salazar; direito deles, assim como talvez não gostem do Benfica ou do Sporting ou do F.C. do Porto. Eu por exemplo também não gosto dos tais deputados que se dizem de esquerda, porque só de esquerda é que se ganham prémios Nobel, como não gosto do rei Sancho II, nem da Leonor Teles, nem de João III que gastou uma fortuna para impor a Inquisição em Portugal, e de muitos outros, como Afonso Costa que jurou um dia que em dois anos não haveria mais católicos em Portugal, e por acréscimo posso afirmar que nunca gostei de nenhum dos presidentes pós 25 de Abril, abrindo uma exceçãozinha – zinha mesmo – para Ramalho Eanes.
Mas jamais me passaria pela cabeça rasgar as páginas da história de Portugal onde estes personagens aparecem, até porque dificilmente se aprende com o que outros fizeram bem feito, mas sobretudo com os erros que podem e devem ser analisados, para se daí se tirarem lições.
Uma das lições que tiro da atitude destes deputadinhos que não gostam do Carmona, do Craveiro Lopes e do Américo Tomás, é que antes de tomarem atitudes imbecis deveriam ter consultado os eleitores sobre o seu parecer, sem esquecer que há poucos anos o português mais querido da história de Portugal foi exatamente Salazar.
Esses mesmos deputadinhos não devem ter a menor noção do que seja um Parlamento, a não ser que é um meio brilhante para dele se tirarem vantagens pessoais, já que na vida privada possivelmente não conseguiriam trabalho nem como ajudantes de bar.
Uma dica para esses senhores: o Parlamento, em teoria, deveria servir para ajudar a conduzir o país, o povo, os portugueses, a níveis de dignidade, cultura, economia, saúde, etc., hoje quase tudo relegado ao “que se dane o povo”.
Mas enquanto continuarem a eleger-se mentecaptos... a Assembleia Nacional só servirá para esbanjar dinheiro, muito dinheiro, do país que empobrece.
E empobrece sem dignidade, sem valores humanos, sem cultura.
Que pena.
Fico a pensar se hei-de rir da estupidez desses deputados se chorar pelo mal que fazem.


3 de outubro de 2014