A cultura e ... – 4
Estávamos
na “cultura brasileira”!
Se
cultura é um conjunto de tradições, comportamento, etc., de um povo, parece que a cultura “cultuada” nestas bandas será
o emprego público, sempre que possível com acesso a manobras de “mão baixa”
para enriquecimento rápido!
Que
pena.
O
Brasil que tem gente maravilhosa, e alguns nomes que se destacam de forma
admirável mundo fora, fica restrito a essas figuras que quase se transformam em
figuras de legenda, lendárias.
Há
dias perdemos uma dessas personalidades, impar, na cultura brasileira.
Professor, escritor, dramaturgo, profundamente conhecedor da cultura do
nordeste, uma figura ímpar, adorado pelos alunos e aplaudido pelo público.
Homem
de extrema simplicidade, uma graça incomparável a contar histórias, teve uma
vida longa, nunca assaz longa para admiradores, como eu, se poderem beneficiar
do seu saber e humildade.
Ariano
Suassuna tinha 87 anos e fará imensa falta.
Relembro,
ano 2000, vésperas dos festejos da primeira Missa no Brasil, quando alguns dos
que insistem em renegar a história, foram, em delegação, pedir ao Mestre
Suassuna, que os apoiasse na tese e que o Brasil tinha sido primeiro descoberto
(achado, encontrado, etc.) por Pinzon e não por Cabral. Suassuna
respondeu-lhes: “Pode até ser. Mas, ninguém sabe onde terá sido, ele também não contou
para ninguém, não deixou qualquer testemunho, de modo que quem primeiro aqui
chegou, e documentou, foi mesmo o “seu” Cabral”!
O
Brasil tem dado grandes homens à cultura, nas letras, na música, nas ciências;
é fácil lembrar Guimarães Rosa, João Ubaldo Ribeiro igualmente desaparecido há
poucos dias, Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de
Andrade, Vinicius de Morais, Alberto da Costa e Silva, sem nunca esquecer o
homem que escreveu Raízes do Brasil, Sérgio
Buarque de Holanda, e tantos outros nas letras, nas músicas inesquecíveis,
mundiais, e cientistas que se destacam no mercado internacional, como a grande
senhora que foi Dona Zilda Arns.
Indivíduos
de altíssima craveira; exemplos. Mas que ficam em pedestais enquanto o ensino
se mantem num nível de péssima qualidade.
Já
disse e escrevi inúmeras vezes: o mais simpático e acolhedor povo do mundo é o
brasileiro. Não só nas camadas mais desfavorecidas. Conheço algumas pessoas em
altas posições tanto na vida privada, como na esfera oficial. Nos vários ramos
das Forças Armadas, juiz num Superior Tribunal, professores universitários,
executivos fora da política, gente com imensas qualidades humanas e
conhecimento. Poucos, porque aqui cheguei já tarde, mas gente que respeito e
admiro; alguns hoje são como meus irmãos. Uns com a idade dos meus filhos,
outros um pouco mais, a quem considero muito e me honram com a sua amizade.
Infelizmente
uma só andorinha não faz a primavera, e por todo o lado esvoaçam os urubus da
política a inequivocamente procurarem o bom que o Brasil tem para o destruírem.
Mas
também não me canso de apontar os erros, aliás a ganância e a corrupção, e
sobretudo o manifesto desinteresse pela educação.
A
alguns destes urubus já recusei estender a mão. E disso não me arrependo até
hoje.
No
texto anterior reproduzimos uma “brilhante” e
ininteligível passagem de um pronunciamento da madama presidentA, e podem
recordar-se outras brilhantes frases do ex-atual presidentO, como por exemplo,
logo no início do seu reinado, um jornalista do New York Times escreveu um
artigo dizendo que o presidente era um grande cachaceiro! Um pinguço que até
discursos fazia de cara cheia. Sexa quando soube não gostou, nada, berrou e
mandou que expulsassem o jornalista para fora do Brasil! Quando lhe disseram
que isso ia provocar um clamor internacional além de ir contra a Constituição
que autoriza a liberdade de opinião, o tal sexa, com outro grito, altamente
contaminado de aroma alcoólico, ripostou: “Que se f.*@ >. a Constituição!”
Brilhante
cultura e primorosa educação!
O
que se pode esperar dum país onde se vão gastar com a propaganda eleitoral dos
candidatos às eleições deste ano, mais de setenta e dois bilhões
de reais (R$ 72.000.000.000 = € 24.000.000.000) mais do dobro do que foi
prometido previsto gastar-se com a Copa 2014, incluindo infraestrutura de
estradas, estádios, segurança, etc.?
(Concorrem
às vagas de tudo que é rápida e altamente rentável – senado, assembleias
federais e estaduais, governos de estados, e presidência da República – 25.366
candidatos! Entre eles três jovens de mais de noventa anos, cem sacerdotes,
dois coveiros, vinte e três motoboys, vinte e um garis, com nomes muito
prometedores de boa gestão pública: Hora do Rango, Cachorrão, Chiclete, Chupa
Cabra, Cição Bandido, Barack Obama, Mister M, Filho do Padre, Eu te Amo, Bagunça,
e outros sui generis.)
Que
tal para uma população de 200 milhões de habitantes estarem nos tribunais 100
milhões de processos aguardando julgamento?
E
a previsão do PIB, só para este ano, que baixa toda a semana (está agora em
0,7%... oficial) ?
Vale
a pena falar em cultura?
Viva
o Povo Brasileiro.
7-ago-14
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