Índia – 5
O nosso objetivo ao
começar a escrever um pouco sobre a Índia foi com a preocupação de compreender
duas situações:
- porque a Índia tinha
tanta gente de côr negra, de onde vieram, como se misturaram;
- e a origem do
sistema de castas que, abolido oficialmente, se mantém ainda em grande parte do
povo;
Pensamos ter
conseguido ir às fontes mais antigas encontrar as necessárias explicações para
esses dois assuntos.
Depois, com a chegada dos
chamados arianos, novos caminhos surgiram no sub continente indiano, e sobre
eles vamos passar “voando”, porque não era, nem é, nossa intenção escrever
história, o que seria um absurdo, mas divagar sobre a evolução dos povos.
Vimos que chegaram os
arianos, de onde terão vindo, e como o Rigveda, a memória mais antiga que se
manteve, conservou e esclareceu alguns dos princípios filosóficos que
presidiram os destinos de toda aquela gente.
Cerca de 600 a.C.
surgem dois pequenos desdobramentos da mais antiga religião, o hinduismo, que
vem desde todos os tempos, o jainismo e o budismo. A primeira fundada por Mahavira,
voltada sobretudo para o ascétismo, a pureza, o total respeito pela natureza
incluindo o vestiário, que aboliram. Nada mais completo do que o contato com a natureza
seria o corpo não ser coberto de panos ou andrajos. Mais tarde foram proibidos
de entrar nas cidades sem no mínimo um pano que lhes cobrisse o sexo. A mais
alta estátua isolada da Índia, com dezoito metros de altura, é em honra dum
santo jainista Gomateshwara Bubali, que se apresenta completamente nu.
Na
mesma época aparece Siddhartha Gautama, o
Buda (em sânscito, O Iluminado) que procurou pela introspeção ultrapassar a
dor e o sofrimento, o apêgo às coisas materiais, para, em paz alcançar o
Nirvana.
A maior
estátua do mundo em Leichan, China. Buda, 71 metros de altura
Nesta época começa a fixar-se
a gramática do sânscrito, língua de origem ariana (veja-se a relação entre
sânscrito, a língua nobre porque podia ser escrita, e a palavra portuguesa escrita,
em relação à língua do povo, somente falada, o prácrito, prático!)
Cerca de um século
depois de Mahavira e Buda, os persas sob o comando dos reis Ciro, Cambises,
Dario e Xerxes, expandem-se para ocidente ocupando o vale do Hindus. Depois é
Alexandre quem conquista todo o Império Persa, atravessa as montanhas Hindu
Lush, e a seguir o rio Hindus, vence um exército indiano comandado por Poro na
batalha de Hispades, e em 326 a.C. desiste de seguir em frente. Perto dali
perde o seu famoso cavalo Bucéfalus que manda enterrar junto a uma nova cidade,
Nicea, que manda construir e deu ao lugar onde enterrou o cavalo o nome de
Bucefala.
A Índia já estava
muito dividida por reinos maiores ou menores, mas aparece uma tendência a se
unificarem para ganhar forças, sobretudo depois de terem assistido ao poderio e
organização dos exércitos helénicos.
Neste cenário surje um
personagem chave na história da Índia: o
primeiro grande império fundado
em 321 a.C por um obscuro
guerreiro, Chandragupta,
comandante do exército de Magadha, da dinastia Nanda. Revoltou-se contra o rei Dhana
Nanda, que era extremamente cruel e perverso com o
seu povo, mas a revolta falhou e fugiu para junto de Alexandre Magno pedindo
refúgio e conselho, quando este se encontrava no noroeste da Índia. Assegurado levou
a cabo um novo ataque ao rei Nanda, matando-o e subindo ao trono. Dava-se
início a uma nova dinastia na História da Índia, a dinastia Máuria, que reinou
um século e meio e unificou de imediato todo o norte do sub continente.
Sob Chandragupta, seu ministro Kautalya Chanakua escrevia
o Artha shastra que é o mais antigo e um dos maiores
tratados sobre economia, política, administração, assuntos exteriores e guerra
que, junto com os Éditos de Ashoka se constituiram no arcabouço
doutrinário de todos os governantes do império.
Com a unificação, a Índia experimentou um longo período
de paz e prosperidade com desenvolvimento da economia e ciência, melhoria do
comércio, agricultura e sistemas administrativo, tributário e legal. No campo
da religião Chandragupta incentivou o jainismo enquanto Asoka, seu neto, que conquistou
o sul e se tornou o maior de todos os reis da Índia, favoreceu enormemente o
budismo a que se converteu, tornando-se
o predecessor da tutela dos direitos dos animais.
Deve-se ao Império Gupta, também, a
invenção dos conceitos de zero e infinito e
os símbolos para o que viria a ser conhecido como os algarismos arábicos (1-9).
Com as castas,
sobravam servos, escravos, muita mão de obra disponível para os grandes
senhores, uma imensa concentração de poder nos bramanes e sobretudo nos kshatryia ou rãjanya – os que
ficaram conhecidos por rajás – para a construção de grandes templos ou palácios
e começa então o período da monumentalidade.
Acaba
o Império Gupta com a invasão dos hunos brancos, nos séculos V e VI d.C., idos
do atual Afeganistão, que também arrasaram a Europa central e do leste, e
continuamente a ser invadida por tribus e exércitos vindos de outras terra,
começa a invasão islâmica no século VIII que se apodera de Deli no século XII.
Iconoclastas, foram destruindo na sua passagem imagens de figuras humanas como
há pouco fizeram os talibãs com as estátuas de Buda. Deixaram uma obra
magnífica, sim, o Taj-Mahal, mas como tudo no islão, somente decorado com
flores e frases do Corão.
Finalmente
a colonização britânica acaba vencendo os imperadores muçulmanos, sempre mal
recebidos pelos indianos, e que termina com a separação dos atuais países,
Paquistão, islamizado e Índia, ainda com quase 14% de muçulmanos,
constantemente hostilizados pelos hinduistas, que são mais de 80% da população
total.
A
colonização britânica pode ter tido muitos males, como todas, mas foram os
cientistas ingleses que decifraram e conseguiram traduzir os textos sagrados do
sânscrito, que descobriram e prospectaram sítios arqueológicos e deram a
conhecer ao mundo as maravilhas daquele país.
07/04/2014
Ainda continua.
Só mais uma vez!
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