El Fin del
Mundo
Até 1434 o mundo acabava para além do Cabo Bojador! E foi precisa muita
coragem e saber para enfrentar esse fim do mundo! Sem pararem, os portugueses
passaram “além” de todos os fins do mundo, o Cabo das Agulhas, a Taprobana,
Timor, Austrália, Tasmânia, Nova Zelândia, para Leste, Oriente, enquanto para o
Ocidente João Fernandes Labrador chegava ao Norte da América, Cabral ao Sul e
Fernão de Magalhães abria a rota da circunavegação. Passando lá quase no fim da
América.
Três séculos mais tarde Fitzroy atravessou duas vezes o canal que hoje
leva o nome do barco em que viajou. O “Beagle”, e chamou áquela região Terra
Del Fuego.
E é no Canal de Beagle que se encontra a cidade mais autral do mundo:
Ushuaia! Onde orgulhosamente se informa que ali é el fin del mundo!
Os primeiros europeus que ali se instalaram foram ingleses, cientistas,
até que um dia, bem no final do século XIX a Argentina se lembrou de afirmar
que a terra era deles, o que, à moda dos gentlemen (esqueçam as
Falklands/Malvinas) os ingleses acharam muito bem.
Mas era necessário ocupar, colonizar a região, e a idéia foi ali montar
uma prisão de segurança máxima, como Alcatraz ou Ilha do Diabo; iniciada em
1898 ficou pronta em 1920, e encerrada em 1947. E assim nasce a cidade, num
clima gélido, donde os prisioneiros não tinham como fugir. Consta na história
que só um de lá saíu e nunca mais ninguém o viu!
(Também lá padeci
um quanto tempo, como se pode ver pelos “documentos” abaixo, até obter a sempre
almejada liberdade!)
Na triste e gélida cela
Tentativa de fuga
infrutífera
Por fim... a
liberdade
Deixemos a minha “triste” história e voltemos a Ushuaia. Cidade
pequena, no Canal de Beagle, na margem norte, em frente território chileno, uns
90.000 habitantes, e rodeada de morros – o final dos Andes – paraíso do
esquiadores... quando a neve cai em abundância, o que não se verificou este
ano.
Quem sempre aproveita mais são os netos
Na semana anterior à nossa chegada a temperatura muito tempo em até em
18° em pleno inverno, quando esta é a temperatura do verão! O aquecimento
global não perdoa a ninguém.
Naquelas águas gélidas pescam a Merluza Negra (Dissostichus
eleginoides) um dos peixes mais saborosos que já comi, incluindo a
maravilhosa garoupa das pedras de Angola, e que, infelizmente, como tantas
outras espécies, começa a ver a sua extinção a aproximar-se com a pesca ilegal.
A filha - Joana - que foi pescar a Merluza
Outra
especialidade é o Cordero Fueguino. Cada dose servida dá para uns quatro, mas
como insistem em cobrar por cabeça, o paciente
vê-se obrigado a comer alarvemente e depois levar dez horas para digerir. Mas
que é uma delícia ninguém o pode negar.
Do vinho pouco há
a dizer já que por todo o lado, tanto faz que seja Malbec, Carmenere, Cabernet Sauvignon
ou brancos como Chardonay ou Torrientes, ninguém pode reclamar. A não ser para
pedir mais.
Vale a pena uma
visita a este Fin del Mundo, apesar
de estar ainda sob a égide da cretina
(pronuncia fuegina para a madama presidenta daquela gente) que com com seu
defunto esposo tanto têm feito para desvalorizar um país que tanto já valeu, e
ainda vale.
Mais agora com o
grande papa argentino que, milagre, conquistou o coração dos brasileiros e de
todo o mundo. Até os de lá del Fin!
25/07/2013
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