sexta-feira, 26 de julho de 2013



El Fin del Mundo


Até 1434 o mundo acabava para além do Cabo Bojador! E foi precisa muita coragem e saber para enfrentar esse fim do mundo! Sem pararem, os portugueses passaram “além” de todos os fins do mundo, o Cabo das Agulhas, a Taprobana, Timor, Austrália, Tasmânia, Nova Zelândia, para Leste, Oriente, enquanto para o Ocidente João Fernandes Labrador chegava ao Norte da América, Cabral ao Sul e Fernão de Magalhães abria a rota da circunavegação. Passando lá quase no fim da América.
Três séculos mais tarde Fitzroy atravessou duas vezes o canal que hoje leva o nome do barco em que viajou. O “Beagle”, e chamou áquela região Terra Del Fuego.
E é no Canal de Beagle que se encontra a cidade mais autral do mundo: Ushuaia! Onde orgulhosamente se informa que ali é el fin del mundo!


Os primeiros europeus que ali se instalaram foram ingleses, cientistas, até que um dia, bem no final do século XIX a Argentina se lembrou de afirmar que a terra era deles, o que, à moda dos gentlemen (esqueçam as Falklands/Malvinas) os ingleses acharam muito bem.
Mas era necessário ocupar, colonizar a região, e a idéia foi ali montar uma prisão de segurança máxima, como Alcatraz ou Ilha do Diabo; iniciada em 1898 ficou pronta em 1920, e encerrada em 1947. E assim nasce a cidade, num clima gélido, donde os prisioneiros não tinham como fugir. Consta na história que só um de lá saíu e nunca mais ninguém o viu!
(Também lá padeci um quanto tempo, como se pode ver pelos “documentos” abaixo, até obter a sempre almejada liberdade!)

Na triste e gélida cela
Tentativa de fuga infrutífera

Por fim... a liberdade

Deixemos a minha “triste” história e voltemos a Ushuaia. Cidade pequena, no Canal de Beagle, na margem norte, em frente território chileno, uns 90.000 habitantes, e rodeada de morros – o final dos Andes – paraíso do esquiadores... quando a neve cai em abundância, o que não se verificou este ano.
Quem sempre aproveita mais são os netos

Na semana anterior à nossa chegada a temperatura muito tempo em até em 18° em pleno inverno, quando esta é a temperatura do verão! O aquecimento global não perdoa a ninguém.
Naquelas águas gélidas pescam a Merluza Negra (Dissostichus eleginoides) um dos peixes mais saborosos que já comi, incluindo a maravilhosa garoupa das pedras de Angola, e que, infelizmente, como tantas outras espécies, começa a ver a sua extinção a aproximar-se com a pesca ilegal.
A filha - Joana - que foi pescar a Merluza

Outra especialidade é o Cordero Fueguino. Cada dose servida dá para uns quatro, mas como insistem em cobrar por cabeça, o paciente vê-se obrigado a comer alarvemente e depois levar dez horas para digerir. Mas que é uma delícia ninguém o pode negar.
Do vinho pouco há a dizer já que por todo o lado, tanto faz que seja Malbec, Carmenere, Cabernet Sauvignon ou brancos como Chardonay ou Torrientes, ninguém pode reclamar. A não ser para pedir mais.
Vale a pena uma visita a este Fin del Mundo, apesar de estar ainda sob a égide da cretina (pronuncia fuegina para a madama presidenta daquela gente) que com com seu defunto esposo tanto têm feito para desvalorizar um país que tanto já valeu, e ainda vale.
Mais agora com o grande papa argentino que, milagre, conquistou o coração dos brasileiros e de todo o mundo. Até os de lá del Fin!

25/07/2013




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