Natal!
Uma trilogia de meditações - 3
Os cristãos
Quando
Deus criou o homem, com ou sem a teoria darwiniana, deve tê-lo feito “segundo a
sua imagem”, isto é, a imagem que Ele para isso concebeu, e deu-lhe a liberdade.
Este foi o grande erro!
É
comum ver-se nos vidros traseiros dos automóveis, aqui no Brasil, dísticos com
dizeres absurdos tais como “Deus é Fiel”, “Quem me deu este carro foi Jesus”, e
outros que parecem demonstração de debilidade mental. Parecem, ou são?
Deus
fez o universo, este planeta, e nele colocou milhões ou bilhões de animais,
deixou-os em liberdade e só os humanos é que se matam até por desporto, como
fazia o tão adulado Che Guevara no início da fidelissima época em Cuba.
A
certa altura os homens começaram a pensar, e...
Há
dois mil e tantos anos nascia em Belém na maior humildade, um Menino, que vinha
sendo prometido pelos profetas. Na mais completa quietude somente foi adorado
pelos Pais, alguns pastores e pelo calor de uns poucos animais. Mas entretanto
não tardou a que viessem do Oriente os três Sábios, que adivinharam no céu
sinais de que nascera o Salvador. Esses sábios que percorreram talvez um milhar
de quilometros para se prostrarem aos pés da inocência, reconhecendo a grandeza
da simplicidade.
Passaram-se
alguns anos e Jesus, seguindo a tradição do povo semita, quando chegou a hora,
ausentou-se para o vazio dos desertos para meditar, firmar-se na sua Mensagem e
voltar para ensinar a Boa Nova.
Continuava
a ser o Cordeiro, o mais humilde, o mais simples e o mais direto de todos os
que até então se tinham pronunciado: “Eu
sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
De
todas as suas mensagens esta será a principal. Mas tem que completar com o “Amar ao próximo como a ti mesmo”.
Entregou-Se,
para poder depois enviar o Espírito Santo.
E
a igreja foi crescendo, de começo cheia de dificuldades e mártires, perseguida mas
coesa, entregando-se à evangelização de todos, fossem judeus ou pagãos, até ao
dia em que o imperador Constantino se converteu.
A
Boa Nova tinha-se já espalhado pelo Médio Oriente, Arménia, Síria, Turquia,
Egito, Etiópia, Grécia e a todo o lado por onde andou o Império Romano.
Mas
a igreja é composta por homens, estes em hierarquias, e dificilmente se entregavam
de corpo e alma às almas dos homens, porque o “bezerro de ouro” não dorme e a
todos incita para que se exaltem e alcancem o poder!
Bem
no começo, em Jerusalém, padres gregos e cristãos de Roma começaram a debater-se
para ver quem ficava com a primazia dos peregrinos: problema de concorrência!
Os peregrinos geravam muitas esmolas e o sustento daquelas igrejas. Logo
ortodoxos e romanos “encontraram” razões teológicas para se desentenderem e se afastarem.
Começa
a divisão com uma discussão que pode ser profundamente teológica mas totalmente
desumana e inoportuna. Uma simples palavra latina “filioque”: o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, (posição
latina) ou procede do Pai pelo Filho, (posição grega)?
A controvérsia da cláusula
filioque provavelmente é um aspecto da pessoa de Deus que nunca poderemos
compreender completamente. Deus, sendo um ser infinito, é essencialmente
incompreensível a nós, seres humanos e finitos. O Espírito Santo é Deus.... e
Ele foi enviado por Deus como a "substituição" de Cristo aqui na
terra. Quer o Espírito Santo tenha sido enviado pelo Pai, ou pelo Pai e Filho –
isso provavelmente não pode ser respondido, nem há necessidade de ser
respondido. A cláusula filioque provavelmente vai continuar sendo uma controvérsia.
Mas
se fosse só isso! Mais tarde Lutero retirou da Missa o sentido do Santo Sacrifício.
Outros não acreditam na transubstanciação, mas somente na consubstanciação, outros...,
outros... outros... e assim a chamada cristandade tem hoje ritos ou seitas que
não acabam mais e continuam a aparecer novas!
São
os católicos romanos, os da teologia da libertação, ortodoxos gregos, russos,
sírios, arménios, coptas, luteranos, calvinistas, puritanos, anglicanos,
batistas, anabatistas, adventistas, testemunhas de jeová, mormons, menonitas,
amishitas, pentecostais, neopentecostais, presbiterianos e talvez mais ainda,
como os maronitas ainda que estes sob a supervisão do Papa.
Quando
a base do cristianismo é “O Caminho, a
Verdade e a Vida” e o “Amarem-se uns
aos outros”, quem, nesta selva de egoísmo, de ambições pessoais, de criação
de novas igrejas por querer discordar de detalhes “técnicos”, pode afinal
considerar-se seguidor de Cristo?
Cristo
representou-se pelo “Cordeiro de Deus”, porque o cordeiro simboliza a humildade,
a simplicidade.
“Bem
aventurado o que se humilha porque será exaltado!”
Sentemo-nos
ou não à volta de um presépio, consideremos ou não que ninguém sabe quando
Jesus nasceu, mas que importa isso? (O Papa agora veio dizer que não havia
vacas nem burros na manjedoura do Tuan Meninu! Deve ser muito velho, o Papa,
para se lembrar de tais detalhes. É de acreditar que vacas não havia, porque na
verdade não as havia naquelas regiões semi desertas. Mas burros... Oh! Papa!
Como foi que a Sagrada Família se deslocou para o Egito? E Jesus, o Cristo,
como entrou em Jerusalém para ser julgado e cruxificado? Dizem os Evangelhos
que foi num humilde burro. Vamos então ter que trocar as vacas dos presépios
por camelos, que esses havia lá muitos.)
Que
sejamos todos irmãos. Esta é a mensagem do Natal... para todos.
Shalom!
Salam! Oxalá!
Dez.
2012
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