De Olisipo a Lisboa
Avieno
(Sec. IV) na sua Ora Maritima, afirma
que desde 2.000 antes de Cristo os gregos já conheciam Olisipo. Platão na mesma
época o confirma. Mais tarde os romanos chamaram-lhe Municipium Julia Felicitas
Olissipo, os árabes ou mouros Al-Uscbuna, até que por fim
chegamos, juntos com Afonso Henriques, a Lisboa.
Quer
dizer que a fundação de Lisboa se perde no tempo, e as ilusões de ter sido
fundada por Ulisses estão há muito detonadas.
No
muito antigamente sabia-se que era terra de inundações e terramotos, e talvez
por essas razões os mais antigos vestígios humanos foram encontrados na serra
de Monsanto, e quando da reconquista os seus habitantes viviam no morro
oriental que se chamou Mouraria, Alfama e mais tarde se expandiu para a Graça.
Este
texto não pretende fazer história, o que seria um disparatado atrevimento, mas
quando nos deparamos com elementos de interesse, gostamos de os compartilhar.
Pelos
mapas abaixo pode ver-se o desenvolvimento da cidade, mas há uma nota curiosa
no mapa de 1147 que chamou a nossa atenção: a “cidade” não encostava nas águas
do Tejo! A razão deverá ser por causa das tais inundações crónicas, mas foi
essa uma das circunstâncias que favoreceu a sua tomada aos mouros.
Os
exércitos da Reconquista – portugueses, flamengos, franceses, portugueses e
outros – acamparam onde é hoje a Baixa, e durante algum tempo foram repelidos
nas suas tentativas de assalto. Mas uma bela noite, maré baixa, boa parte da
orla ficou a descoberto o que permitiu aos atacantes contornarem a cidade e
irem atacá-la pelas colinas orientais, o que os sitiados não esperavam! E...
perderam.
Se
não se lembram bem da história podem voltar a consultar
Lisboa
em 1147, pelos cálculos de alguns historiadores não teria mais do que uns 15.000
moradores, o que parece, para aquela época, ser um aglomerado importante, e não
ocupava mais do que a pequenina mancha negra que se vê na planta do que mais
tarde ficou Lisboa, em 1950.
Em
1375, D. Fernando, a cidade tendo crescido e já considerada a capital do reino,
receando ataques à capital resolveu envolvê-la com novas muralhas (a “Cerca
Nova” ou “Fernandina”) quando as antigas, a “Cerca Velha”, estavam quase
desaparecidas, destruídas.
Teria,
como se vê na gravura uns 60.000 habitantes, e uma área equivalente a uns cem
campos de futebol!
Em
1755 havia triplicado de área, com crescimento populacional não porporcional,
quando grande parte foi arrasada pelo terramoto.
Lisboa dos "janotas" vai crescendo, as muralhas fernandinas, ou o que delas resta, atrapalha o
desenvolvimento da cidade, e em muitos lugares, alguns arcos foram desmontados,
como o do Marquês do Alegrete, junto à famosa capelinha da Senhora da Saúde, a
velha Porta de Ré, ou Porta do Ré, onde, nesta, se encontraram dezenas de
lápides tumulares do tempo dos romanos, hoje no Museu de Etnografia.
Pedras
retiradas de um desconhecido cemitério e que serviram como material de
construção!
Em
1950 alcança o tamanho que praticamente mantem até hoje. Algumas avenidas ainda
só projetadas nesse ano, mas o plano diretor estava feito.
Quem hoje visita
Lisboa, continua a ter muito que ver. Há muita história nas suas casas e ruas.
Ao ouvir o fado sente-se
um pouco a dolência do norte de África, o sentimento de fatalidade do português
que vem desde... desde quando? se bem que o fado, cujas origens não são
conhecidas, tenha sido elevado a canção nacional através da famosa Maria Severa Orofriana dita A Severa, tão celebrada
e cantada, morta em meados do século XIX com 26 anos, eternizada no quadro do
grande Malhoa. Este só exagerou nas formas
da Severa, forte, bem nutrida, quando se sabe que ela morreu magrinha,
talvez de tísica.
Mas, para variar e sonhar com os
tempo mouriscos e sua ligação – possível – ao fado experimentem ouvir a
algeriana Suad Massi: http://www.youtube.com/watch?v=mc4uPYu3P4U
30/11/2012
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