sexta-feira, 5 de outubro de 2012



Crónica Londiniana


Depois de sofridas doze, doze, horas de avião, e os pés tão inchados que não entraram nos sapatos, o que me fez sair do aeroporto com eles na mão, finalmente lá estava a filha e uns netos à nossa espera na capital da Britannia. Abraços, beijos, etc., logo a caminho de casa algo soava estranho: no carro não se sentiam “poços de ar”, vulgo buracos nas ruas e estradas, seguiamos com um dia lindo – coisa ali rara já desde o tempo dos romanos – sem ver daqueles motoristas “espertos”, os fura-fila, nem aqueles que entram num cruzameto como se estivessem em Silverstone! E quem não está habituado... estranha!
Tudo britanicamente em ordem – Oh! Yes! – e, para quem tem em casa uns 30 ou 50 metros quadrados de área gramada, que tem de regar a toda a hora e cortar uma vez por mês para, ou não secar ou virar “ferolesta”, passar por aquelas imensas áreas verdes, lindissimas, tranquilas, é um regalo para a vista e uma esplêndida perspectiva para obrigar a fazer caminhadas! Gramados imensos, limpos, umas quantas árvores em plena pujança. E fiz, mesmo arrastando a carcaça meia carcomida, umas boas caminhadas, que me faziam sentir livre, longe do barulho, da poluiçao... e da política! Uma beleza.
No dia seguinte, as inevitáveis compras de supermercado para alimentar mais as bocas que chegavam. E, ó deuses do Olimpo, espantai-vos por encontrar em Londres inumeros produtos a preços muito mais baixos do que no Brasil – a grande esperança de acabar com a fome do mundo, e o maior produtor de alimentos do planeta. Vinhos da Austrália, Nova Zelandia, Chile, California, etc., massas e pão de qualidade excepcional, frutas de fazer crescer água na boca, peixe e mariscos de todo o lado, especialmente da Escócia, chocolates e doces que fazem os gulosos babar... e comer, praticamente só encontrando as carnes de valor mais elevado.
No último trimestre a economia britânica recuou mais 1,5%, o desemprego vai afligindo a população, mas lendo com cuidado as notícias e crónicas sobre a economia tem-se a sensação de que o Reino Unido será o primeiro a sair da crise mundial. Há seriedade no trato da “res publica”, discute-se abertamente o problema e ouvem-se hipoteses de solução, e com tudo isto Londres continua a ser a mais aberta e cosmopolita cidade do mundo.
Não é dificil adivinhar que a ida a Londres não teve objectivos desportivos – as Olimpíadas estavam a acabar – nem culturais – apesar de haver mais museus, magníficos, em Londres do que bandidos no Rio – mas unicamente familiares visto que quarenta por cento dos netos estão lá a estudar e, bem a propósito, comparar as escolas públicas britânicas com as brasileiras... tem a mesma semelhança que existe entre uma roda de bicicleta, nova, e uma caixa de papelão... velha e rasgada!
É conhecido o belo o “sense of humor” britânico, mas comparar escolas... nem por piada!
Uma das mais hilariantes, aliás chocantes notícias que surgiram enquanto “londiniei” foi a de um juiz, aqueles que colocam na cabeça umas ridículas cabeiras brancas – que até hoje não consegui entender com que finalidade – e ficam com cara de babacas, ao julgar um reconhecido bandido, com diversas passagens na polícia por assaltos e tráfico de drogas, e que mais uma vez tinha sido preso por mais três assaltos a residencias numa única semana.
Sentença de “sua excelência” o juiz: “Para assaltar três resdidencias numa só semana é preciso ter muita coragem! Assim, em face dessa coragem... vou absolvê-lo!”
Resultado: a polícia vai ter que o apanhar outra vez e o juiz... foi despedido! Devia estar de porre!
Por estas bandas brasílicas, há juizes da mesma laia: a polícia prende um monte de “menores” – de 16 e 17 anos – acusados de assaltos e tráfico pesado, propõe mandá-los para centros de correção e o juiz ou juiza determina que não há razão para prendê-los.
E assim vai o mundo.
Depois queixem-se da crise. A crise é sempre igual, tem sempre o mesmo princípio: a falta de gente capaz, honesta, íntegra.
Basta ver também o exemplo destas eleições no Brasil. A madama dona presidenta fez um intervalo na des-governação: anda a correr o país, de palanque em palanque, dizendo besteira para ajudar a eleger gente do PT.
E eu que julgava que ela era Presidente do Brasil, de todos!



05-10-2012

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