segunda-feira, 19 de outubro de 2020

 

Imaturidade e senilidade

Esquerda e direita

Ser de esquerda e direita? Não custa muito imaginar que se há alguém assim eu sou um deles. Só que as “definições políticas” que configuram estes dois vocábulos geométrico-políticos, nada teriam a ver com as que os denominados profissionais da política usam.
Para eles ser de direita é proteger investimentos, trambicar em negócios escusos com fortunas virtuais, pagarem o mínimo de impostos possível, manterem-se bem instalados na vida, enriquecerem, enriquecerem, negociarem com moedas vitruais e depois fomentar Covides e desestabilizarem países pobres! Os de esquerda é badernar, falar mal de tudo e todos, procurar lugarzinhos e lugarzões nos governos para se alcandorarem a fazer exatamente o mesmo do que os seus inimigos de direita. E tudo isto, em nome do povo... idiota, às vezes até apoiando-se em religiões!!!
Estranho, né? São iguais, e tudo em que pensam é no seu problema pessoal. Como sacar de qualquer lado, melhor ainda metendo a mão no erário público com projetos que só servem para a próxima eleição, i. é, reeleições, qualquer deles, esmagar o próximo, o povo.
O povo?... O que é isso mesmo de povo?
Eu que não sou político, exaspero-me com a canalha que desvirtua tudo, não deixo de ter na cabeça o que considero ser de direita ou extrema esquerda.
Primeiro, a palavra “direita” está errada. Não por ser uma palavra no feminino, mas por estar conspurcada pela política. Isto de esquerda e direita, serve bem para a circulação de veículos nas estradas, tem origem na geometria: do lado esquerdo ou do lado direito! Idiotice, mas parece que terá começado assim. Daí eu me considerar ser um homem “direito”, que nem no meio me encaixo.
E não há explicação mais simples para esta postura, porquanto considero que tudo que não está certo, está errado e tem que ser endireitado. Posto a direito, doesse a quem doesse.
Vou recordar um dos mais extraordinários homens de que Portugal se deve orgulhar, e deveria ter como exemplo: o engenheiro Duarte Pacheco, que foi Presidente da Câmara de Lisboa e Ministro das Obras Públicas. Infelizmente um acidente levou-o quando tinha só 43 anos. Deixou o país dividido, mais de noventa por cento o venerava e uns poucos o odiavam porque nunca se vendeu, nunca recuou perante pedidos e/ou ameaças, sempre fazendo o que era o melhor para o seu país. Morreu pobre, mas a sua obra e os seus projetos já aprovados permaneceram por décadas.
Só uma historinha dele com o big chefe Salazar. Salazar, ex seminarista, super católico, queria que as escolas tivessem salas separadas para meninos e meninas, e dava essas ordens ao ministro. Este dizia a tudo que sim, porque com o Salazar não havia diálogo possível. Indiferente, construía as escolas e... depois de prontas tinha poucas salas, onde teriam que entrar ambos os sexos. Salazar reclamava e ele dizia que não tinha havido verba para fazer maior!
Um grande, extraordinário homem, apolítico, DIREITO.
Agora o caso mais complicado: a esquerda, extrema declarada ou disfarçada de socialista, i. é, vulgo falso comunismo.
En passant, alguns nomes do super comunismo para ver se compreendemos esta ala política.
Stalin, que não era o seu nome, mas que o acrescentou porque significa “aço”. Forte como o aço! Jamais pensou no povo, jamais. Só lhe interessava o poder, pelo poder. Matou milhões à fome quando lhes sequestrou a produção alimentar na Ucrânia, para ter dinheiro para fazer armas, mandou matar todos aqueles que ele imaginava que tinham capacidade para lhe fazer sombra e deixou um monte de países cheios de canhões, tanques, bombas atómicas e um povo miserável, além de outros milhares de mortos com frio e fome na Sibéria.
Bregenev de quem se contava uma historinha curiosa. Gostava muito de automóveis. Quando visitava um país o melhor que lhe podiam dar era o mais luxuoso carro que esse país fabricava. Guardava na sua garagem. Um dia a sua mãe, ao ver tanto luxo, lhe terá dito: “Meu filho toma cuidado! Olha se os comunistas sabem que tens tudo isso!”
Só mais um, o gangster Ceausescu. Dono da Democrática República da Roménia, que governava a ferro e fogo, quer dizer a tiros, prisões, etc., “em nome do povo”. Só na revolução de Timisoara matou 60.000 romenos, os tais do povo. Em casa vivia modestamente: as torneiras dos banheiros eram de ouro puro! Um dia o povo chateou-se, julgou-o mais a amantíssima esposa, condenou ambos que foram fuzilados.
Estes três são exemplos simpáticos do comunismo.
O mais antigo dicionário que possuo (1931) define assim comunismo:
- “Sistema dos que aspiram à felicidade do género humano pela separação dos bons e dos maus.”
Brilhante a ingenuidade do professor Francisco Torrinha! (Sr. Torrinha : gostei do género!)
Mas... face a esta explicação, fiquei a pensar quem seriam os bons e os maus! Pelo que se viu, e se continua a ver, bons seriam os que acima já citei, mais Bakunin, Mao, Fidel, Mário Soares, Lula, Zédu, o Monhé português e outros quejandos, e os maus, horríveis, eternamente apontados como péssimos, De Gaulle, Salazar, Franco, e eu, que devo estar na lista dos péssimos, até porque o meu comunismo é ligeiramente diferente. Daí que até dois velhos dicionários de francês (dos anos 30 e 40) simplesmente aboliram esse vocábulo!
Mas é simples o meu conceito de comunismo, que não é novidade alguma porque já Zoroastro falou nisso, Buda também e Jesus deixou essa mensagem bem clara. Se é para ser comum, a primeira coisa a fazer é dividir todos os bens e valores do mundo, por exemplo o PIB mundial, pelos atuais sete bilhões de habitantes. Se o tal PIB for de 100 trilhões de dólares, atribui-se a cada um o valor, resultado da divisão, que dá mais ou menos uns US$ 1.400, por cabeça/ano, configurados não em moeda mas bens.
É claro que há que levar em conta que as crianças dependem dos pais, de modo que estes poderiam ser subsidiados durante algum tempo, mas ninguém, jamais, em tempo algum, nem por alma do diabo, poderia receber por mês ou ano mais que o seu igual: qualquer outro humano, seja ele presidente, ministro, etc.
A barriga, estômago de um presidente é igual à de um pobre.
Não seria necessário dinheiro: trocas. Trabalhar para produzir o que quer que fosse e trocar por comida ou qualquer outro item.
Nesse sistema, só combustível eólico, solar ou do movimento das marés, etanol ou semelhante, renovável e pouco ou nada poluente.
Petróleo jamais explorado. Completamente abolido.
Plástico esquecido.
Veículos automóveis só para quem necessitasse dele para trabalhar, como médicos, i. é, ambulâncias dos hospitais ou postos de saúde e só usado quando alguém, longe, estivesse mal. E os bombeiros. Combustível? Solar ou etanol.
Hospitais em todo o lugar, assim como centros de saúde.
Escolas idem.
Religiões: cada um escolheria a que entendesse, mas templos não haveria. Não há necessidade de interiorização em templos, muito menos daqueles grandiosos como Notre Dame de Paris, a Grande Sinagoga de Budapeste ou a Grande Mesquita de Meca, bem com as das miríades de outros cultos. Orar para a magnificência de um templo sem olhar para a magnitude do ser humano?
Túmulos iguais para todos. Nada de Mausoléus de Halicarnasso, Pirâmides ou Taj Mahal.
Campos desportivos, quantos o povo quisesse, mas jogador nenhum ganharia mais que qualquer outra pessoa e ninguém pagaria para assistir. Eu também joguei futebol, ténis e golf e nunca recebi um centavo. Nem quando me arvorei em toureiro!
Trens – combóios – automóveis e/ou caminhões só com a energia acima citada. E até aviões se houvesse necessidade deles.
Nos navios uma mistura de energia solar, velas e, se... etanol.
Fábricas poderiam continuar a existir, sempre os donos seriam o povo, por comunidades, e nem diretores nem engenheiros receberiam mais do que qualquer outro trabalhador.
Não se fabricariam armas. Para quê? Nem para caçar.
As cidades seriam despovoadas; toda a gente teria que providenciar a sua alimentação ou trocar o fruto da sua profissão – pedreiro, marceneiro, médico, etc. – por alimento.
Moeda... para quê? Sobretudo esta, moderna, escriturada, falsa, que esmaga os mais fracos.
Morriam as bolsas de valores, as empresas de investimentos, de câmbios, etc.
Tribunais? Nada de juízes e/ou leis. Seria mais do que suficiente uma estela como a de Hamurabi (que falta faz hoje!!!) se o povo começasse a sair da linha. O bom senso é suficiente. Pode seguir-se o sistema dos Inuits da Groelândia, que o Canadá aboliu: os anciãos da comunidade ouvem o prevaricador confessar o seu crime e esperam que ele dê mostras de arrependimento. Se se arrependesse totalmente voltaria a ser integrado na sociedade. Se não... privado de quaisquer bens, morreria de fome e isolado, ou voltaria a ser um indivíduo normal. (Há hoje muitos indivíduos normais?) Juízes e ainda por cima corruptos? Toda a gente sabe distinguir o bem do mal.
Sobre juízes do STF brasileiro, o meu “amigo” Hamurabi tinha um lei magnífica, a nr. 5:
Se um juiz dirige um processo e profere uma decisão e redige por escrito a sentença, se mais tarde o seu processo se demonstra errado e aquele juiz, no processo que dirigiu, é convencido de ser causa do erro, ele deverá então pagar doze vezes a pena que era estabelecida naquele processo, e se deverá publicamente expulsá-lo de sua cadeira de juiz. Nem deverá ele voltar a funcionar de novo como juiz em um processo.
(Que limpeza faria no STF brasileiro, o prende/solta. Prende solta! Os bandidos e amigalhaços que pagam!)
Eleições? Nada. Cada comunidade escolheria, em reunião, aquele/aquela que os pudesse representar em diálogo, no ensino, em liderar grupos, etc.
Igrejas, sinagogas, mesquitas, prédios e/ou palácios para assembleias, governos ou poderosos, os que existem seriam transformados em habitações ou serviriam de exemplo para que se visse como o povo era explorado por gananciosos, ladrões ou falsos profetas, até ao dia em que caíssem de velhos. Mais ou menos o mesmo o que se passa hoje com as pirâmides do Egito que só servem para o turismo e para mostrar como era fácil juntar milhares de escravos para se “mostrar” grande.
Padres, pastores, imanes, rabinos, etc., não teriam seminários ou madrassas, estudariam como quisessem e trabalhariam para terem o que comer, como qualquer um e, quando e se quisessem iriam “proselitando” o povo, ao ar livre, para lhes exporem as suas ideias de salvação, se é que... o povo não estava já nesse caminho. Salvação??? Proselitismo sem lucro??? Onde já se viu isso?
Continuaria a escrever-se e publicar livros. Todo o povo tem direito à mesma educação e instrução. Não para depois a usar para explorar o seu semelhante.
E etecetera.
Este é o meu comunismo. O da Verdade.
Dar aos outros o que a mim às vezes sobra, amá-los como irmãos, jamais olhar de cima para baixo, será isto utopia? Creio que nem Thomas More se atreveu a ser tão utópico, porque limitou a sua utopia a uma ilha.
Comunismo como o que acima se descreve é uma super utopia. Pode ser que um dia, talvez daqui a mil ou dez mil anos venha a acontecer.
Um sonho de igualdade
Eric Blair, conhecido como George Orwell, nos seus livros mais emblemáticos, expõe também as suas utopias mas acaba por afirmar que se nem os animais são todos iguais, a afirmação de que o futuro pertence aos proletariados é uma grande inverdade. A revolução bolchevique foi há mais de um século, “previu” o domínio dos proletários (como stalins, fidéis e outros...) e cada vez mais o mundo é dominado pelos bezerros de ouro.
Alexandre Herculano, homem de total ética e integridade, afirma (em1836) a certa altura:
Os homens que entenderam ser do seu interesse ou do interesse do país fazer surgir daquele estado anormal uma situação regular viram que a primeira necessidade era elevar o motim à altura de uma revolução. ... Basta para isso a ação mais ou menos lenta, mas segura e pacífica, da liberdade da palavra, da imprensa e do voto. Mas o povo com estes recursos não sabe tirar os seus negócios das mãos de quem os gere mal, é um povo ou que ainda não chegou à maioridade ou que já se arrasta na senilidade.”
Estou a ver nestas palavras o que se passa, por falta de maioridade, em África e na América Latina, e por senilidade... Portugal, Espanha, França e praticamente toda a Europa Ocidental, incluindo os “mais avançados” Dinamarca, Noruega e Suécia. A Oriental, apesar dos ataques de EU parece estar a renascer das cinzas da URSS, o que lhe dá um vigor novo.
Face a tudo isto ter que esperar uns tantos milénios para ver se o paraíso sai do etéreo e se instala na terra. Ver se um dia o espírito consegue dominar a carne, o ego.
Vou ver lá de cima, onde o tempo não conta. Na eternidade é sempre presente, passado e futuro.

30/09/2020

 

 

2 comentários:

  1. Gostei Só podia ser pensado por um idealista ue esreve muito bem

    (estou om um vírus não me deixa esrever letras )

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  2. A natureza Humana é que troca as voltas à utopia.

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