Eu sou daquele Tempo... em Lisboa
Como é de
imaginar, “aquele tempo” já vinha desde há muito tempo! Mas a verdade, a
triste verdade é que esse tempo acabou.
Íamos a pé
para o colégio, chovesse ou fizesse sol, mais tarde liceu, etc., e nesse mais
tarde incluía-se às vezes o carro elétrico e raros automóveis para alguns
financeiramente favorecidos. Até à faculdade nem raros eram. Não eram.
Acordávamos
cedo, muitas vezes a ouvir aquele grito cantarolado que tanta falta nos faz:
Olha
a sardinha, é vivinha da costa.
E passava a
varina vendendo sardinhas maravilhosas, que ela, muitas vezes ainda o sol não
tinha nascido, já esperava no cais da Ribeira a chegada dos pescadores e o
pregão da lota.
Quando não
havia sardinha boa, elas não compravam, mas saíam na mesma correndo pelas ruas
da cidade para ver quem chegava primeiro às boas freguesas com
Olha
a pescada do alto. Fresquinha!
ou na mais
fraca das hipóteses
Há
carapau fresquinho, olha o carapau para o gato!
Poucas levavam
muita variedade de peixe, mas só elas mesmo sabiam dos gostos das freguesas, e
os seus pregões ecoavam por toda a cidade até que esgotassem as canastras.
Ó
freguesa desça a baixo.
Tenho Chicharro lindo, carapau, pescada fina.
Ó freguesa leve um quarteirão, é fresquinha a minha sardinha.
Tenho Chicharro lindo, carapau, pescada fina.
Ó freguesa leve um quarteirão, é fresquinha a minha sardinha.
Varina, o nome
tem sua origem em Ovarina, porque as primeiras a vender peixe pelas ruas
das cidades terão saído de Ovar no século XIX, terra de pescadores, em busca de
melhores proventos.
Mulheres
fortes, mesmo já idosas mantinham um andar altivo, costas direitas, e quase
sempre descalças. Lenço colorido na cabeça, por cima um chapéu de abas largas e
reviradas para cima para apararem alguns pingos que pudessem cair da canastra,
e por cima deste uma roda de pano, muito bem confeccionada, até bonita, onde a
canastra era apoiada. Quando grávidas uma espécie de cinto, que lhes permitia
correrem pela cidade sem afetar o bebé. Na foto abaixo vê-se tudo muito bem
Muitas
levavam, quase tropeçando nos seus pés, gatos vadios dos bairros, à espera de
alguma sobra, um petisco, raramente doado.
Interrompo
aqui os Pregões para contar um causo passado em Lisboa aí por 1952/3, sobre
uma “conversa” cheia de vernáculo, entre uma peixeira e um polícia, que acabou
no Tribunal de Polícia, onde, na ocasião o juiz era, pouco depois, o meu sogro.
A lota do peixe
(lota é o espaço num porto onde a primeira venda do
peixe acabado de pescar é efetuada, quase sempre em leilão com os valores
a começarem altos e descendo até que alguém desse o lance), em Lisboa, era no
antigo cais da Ribeira, e começava sempre bem cedo, no verão às 6 horas da
manhã.
Portões fechados, de madrugada começavam a
chegar as varinas, formando filas, para que as primeiras a entrar fossem também
as primeiras a escolher o melhor.
Chegavam normalmente as mais velhas primeiro.
Um belo dia a fila (bicha) já longa, quase na
hora de se abrirem as portas, chega uma das lindonas, que o polícia, sempre ali
para evitar confusões, manda passar na frente de todas! O que foste fazer!!!
Uma varina que parece uma rainha
As mais velhas que ali aguardavam há horas,
como é óbvio não gostaram, e os “cumprimentos” ao polícia, onde se incluía a mãe do dito
gerou uma confusão que o“autoridade”, deu voz de prisão a umas delas por
ofensa e linguajar indecente.
Nessa troca de “gentilezas verbais”, a jovem lindona também foi suficientemente
adjetivada!
Levadas para julgamento na tarde desse dia,
quando o juiz entra na sala de audiências, segundo ele contou, a sala estava
cheia do que lembrava uma imensa quantidade de grandes borboletas agitando as
asas, porque, as mulheres nervosas não paravam de ajeitar os lenços. Quase
todas as varinas de Lisboa tinham ido assistir ao julgamento apoiando as colegas.
O guarda apresentou a queixa, onde estavam
escritas todas as insultuosas/galanteadoras frases que as mulheres, em fúria,
lhe chamaram, assim como à colega bonitona, onde não foi esquecida a profissão
“extra” que ocupava em horas mais vagas com o chefe da esquadra!
Sexa juiz, ouviu toda a queixa e a seguir a defesa
das vendedoras de peixe.
Estavam ali
desde as 4 ou 5 da manhã e depois chega esta... que é amante do chefe da
esquadra, que dá ordens ao polícia para a fazer entrar na nossa frente.
Sentença: o
chefe despromovido, o polícia posto fora da Corporação e as rés... pensa
suspensa, sem poderem dizer palavrões durante um ano! E a bonitona avisada que
não se atrevesse mais a “furar fila”.
A alegria foi
tão grande que todas, e eram muitas, saíram do tribunal e foram direto à
redação do Diário Popular, quase em frente ao antigo Tribunal de Polícia,
porque se queriam manifestar sobre o doutor juiz que dera uma grande lição de
moralidade, e que o jornal, ainda nesse mesmo dia publicou em grande estilo,
ocupando quase metade de uma das páginas centrais, com a foto de todas aquelas
mulheres, na rua, acenando os lenços!
Muitas delas
jovens, bonitonas, ouviam constantes galanteios ao passar pelos trabalhadores
que àquelas horas matinais caminhavam para os seus trabalhos. Mas línguas muito
afiadas, um vernáculo bem completo, o troco saía mais depressa do que o
galã esperava. E na maioria das vezes este era vítima da risada dos colegas!
Outras
mulheres com um grande panelão à cabeça, enrolado entre papéis de jornais e
serapilheira vinha apregoar
Fava
riiiica, quem quer almoçar.
ou as de cesta de
verga a anunciar
Quem
quer figos quem quer merendar…. olha o figo madurinho.
Olha
o figo da capa-rôta.
Outras com cestos bem
acondicionados em trapos e jornais
O...lha
o bom mar...me...lo assa...dinho no for...no!
Pêra
parda cozida, é da rocha.
E do mar ainda
aparecia o vendedor de mexilhão
Ó
gente! ERRE-ERRE , mexilhão!
Porque só nos
meses com “R” é que os mexilhões eram bons! De Setembro a Março/Abril.
Quem lembra da
vendedora de ameijoas?
Quem
quer ameiii...joas prá arroz!
E o homem, o
saloio, com seu barrete enfiado na cabeça, pelo meio da manhã a vender para as
casas mais finas (naquele tempo era um luxo para alguns) carregando, pendurados
numa vara, um monte de pequenos cabazes. E como eram bons aqueles morangos!
Olha
o cabaz com morangos… é de Sintra.
Outras vezes
trazia amoras
Ó
ri...c’a...mo...ra da ... hor...ta
O homem da
fruta passava com a carroça puxada por um burro, a apregoar
Olha
a laranja é da baía.
e outras
frutas mais “pobres” eram também vendidas consoante a época e a boa safra.
A vendedeira
de hortaliça com um macho
que puxava a carroça toda
enfeitada, por vezes brejeira
Olha
o feijão carrapato, há alface, há repolho.
O sorveteiro
com um triciclo transformado, ora tocando a campainha, ora apregoando
Olha
o gelado, fruta oh chocolate, há baunilha .
Olha
o rajá fresquinho.
E, quase todos
os dias o “amola tesouras”, na sua monocicleta onde girava um esmeril
Amola
tesouras, navalhas e guarda-chuvas. Cá está o amolador.
O funileiro com
o ferro de soldar sempre acesso e caixa de madeira ás costas avisava
Olha
o funileiii...ro á porta. Tachos panelas e alguidares.
Pela manhã ou
pela tarde passava o ferro velho, por vezes já com uma cama de ferro ás costas
Ferro
velho.
Quem tem traaapos, ou garraaafas pra vender.
E quem
lembra do queijo saloio e dos requeijões, que era uma das coisas que o meu pai
mais gostava. Delícias.
Quei...jo sa...lo...io!
Pela manhã ou no final
da tarde, o ardina, na sua correria e pontaria, dobrava o jornal e atirava para
as janelas mais altas dos seus fiéis clientes, ou de um ou outro que o solicitasse
e não falhava a pontaria. Lembro bem de ver um que toda a manhã, bem cedo,
passava na rua onde eu morava. Do outro lado, mesmo em frente, janela aberta onde
um papagaio, preso por uma das pernas se agitava todo ao ver o ardina a surgir
no fim da rua. E lá vinha ele
Olha
o Século, olha o Notícias .
Pelo caminho
ia dobrando os jornais e ensinando palavrões ao papagaio que os repetia todos,
e tão animado ficava que caía da janela, voltando para cima pela correntinha
que o segurava por uma perna.
Entretanto o
jornal era atirado para aquela janela, num 4º andar, o papagaio agachava-se e o
jornal entrava, sempre, direitinho janela dentro. Um espetáculo a que que
assisti inúmeras vezes e que guardo como um filme na memória.
À tarde eram
os ardinas dos vespertinos
Traz
a bola ó Diéééro, olha o Popular, Diéro de Lisboa.
Quando havia
algum desastre ou incêndio maior
Diário
de Lisboa, olha o Popular, traz o desastre.
Lembro de um
garoto, entrava nos carros elétricos a apregoar os jornais da tarde, e se não
vendia nada, antes de sair virava-se para trás olhava para os passageiros e
dizia-lhes:
Bando
de analfabetos!
E o
cauteleiro, já cansado com o
seu boné de chapa identificadora reluzente
É
o mil quatrocentos e vinte oito! Quem se habilita?
Olha
a sorte grande, amanhã é que anda à roda.
Um dia, ao
sair de casa dos meus avós, nos Restauradores, lá estava o cauteleiro, com um
cachorrinho ensinado, bilhete na boca ia parando em frente das pessoas que o
vinham olhar. No meu bolso um resto de dinheiro para voltar para casa de carro
elétrico, e algo mais que daria para comprar um “vigésimo”! Se comprasse tinha
que ir para casa a pé e ainda era longe. Não comprei, mas anotei num pedaço de
papel o número do bilhete que o simpático cãozinho me mostrava. E fui embora.
Dois dias
depois fui ver o resultado da loteria. O “meu” número tinha ganho o segundo
prémio. Não dava para ficar rico, mas para mim teria sido uma fortuna. Nunca
mais quis fixar números de bilhetes!
Os limpa
chaminés, que ainda algumas vezes, quando nós morávamos na rua das Trinas, foram
lá limpar a chaminé da fuligem que fazia o fogão, grande, a lenha. Passavam na
rua gritando a sua profissão, vassouras de comprimento imenso, normalmente
todos enfarruscados da fuligem que saía das chaminés. (Desenho do grande
jornalista, escritor e desenhista Calderon Dinis)
Passava
também a vendedora de galinhas, cesta rasa na cabeça, com uma armação em cone e
uma rede:
- Galiiii...nhas! Quem nas quer e com ovo!
Aquilo
sim, era galinhas e as canjas vinham com os ovinhos a boiar! Ah! Que saudades.
Hoje comem-se frangos eletrônicos e congelados. A diferença como o meio dia de
sol e a meia noite nublada.
Em
muito canto se encontravam os “graxas”
O’ c’roa, ó graxa!
C’roa
eram cinquenta centavos!
Já
o frio chegado, Novembro, ouvia-se por todo o lado o homem das castanhas
assadas
Quentes e boas! Dez um escudo!
Mais
para trás as famosas lavadeiras de Caneças, que deram origem a um filme e foram
cantadas pela Amália, mas antes ainda pela Beatriz Costa:
Ai rio não te queixes. Ai o sabão não mata. Ai até
lava os peixes. Ai põe-nos cor de prata
Contrabandistas,
“disfarçadamente aos olhos de todos”, vendiam produtos de Espanha.
«Guilreteiros»,
«sapateiros», «alfaiates». Desde os mais remotos tempos se distinguiram os
ajuntadores de trapos, que no estilo dos negócios, passam gritando pelas ruas:
“Há por aí farrapos, cera, peles de coelho, lenticão
ou «tarro» (eram as borras das Pipas)?
Havia
outros vendedores ambulantes, mas estes sem pregões:
Os
chineses que vendiam gravatas! Lindas e baratas. Porque chineses? Vai saber.
Qui qué glavatas?
Vendiam
também bugigangas, como colares de vidro, pó-de-arroz especial, e mais
tarde, as canetas esferográficas e as meias de nylon para as senhores, tudo
aquilo de contrabando! Quando apareceram as canetas, levavam-ns escondidas nos
bolsos e forro dos casados, mas como eram novidade, cara, todos almejavam tal
modernice. Cromadas, de um lado com tinta azul e do outro vermelha. Uma beleza,
que só consegui comprar quanto juntei algum dinheirinho!
Mais
sucesso fizeram os tecidos e sobretudo as meias de nylon para senhoras.
Chiquérrimas e caras.
Os pregões
saloios que Lisboa foi ouvindo ao longo dos tempos, em especial nos
anos que vão desde meados do século XIX até cerca de 1960. Contudo os pregões
de Lisboa são muito antigos e que já no século XVI eram
apregoados produtos vindos até nas naus da Índia.
Em
1980 ainda se ouvia, por uma ou outra ruela dos bairros alfacinhas, a voz de
uma ou outra velha varina, tentando perpetuar os seus encantadores mas já
moribundos pregões… era o seu canto de cisne!
Mesmo
hoje, ainda se ouve mas muito raramente, os pregões de um
amolador de facas e tesouras ou dum vendedor ambulante de mantilhas e capachos.
São raridades etnográficas em rápida extinção…
Pesquisado
e já não sei de onde, os tradicionais pregões saloios:
Água: Áá-Áá!
– Áúúú! (1903); Á–ú! – Áááuga! (1903).
Alecrim: Mér-c´Àlecriim! (1903); Mérc-c´ò
mólho d´alecriim! (1903).
Alhos: Mé-c´á
réstia d´ààlhos nóóvos! (1903).
Amêijoas
da Ribeira de Frielas: Quem quér a-mêêi-joas, pr´à àrrõz?! (1903); Amêêijôas
p´r àrrôôz! (1940).
Amoras: Riic´àmóra
da hóórta – Amóóra-friia! (1903).
Azeite,
petróleo e vinagre: Azêêêti dôôci! (1903); Aa-zêite
dôôce! (1903); Aazêite duuce! – Aazêêite dôôôce!
Óh-pritróliine! – Azêite dôô-c´i bom vináágre! (1903); Óh
petroliiii-ne… Azêite dôôce i vináágre! (1903).
Azeitonas: A
trinta réis ô salamiin! Quem quer azêitõonas nóóóvas? (1903); Déz
tostões – salamiim! Quem quer azêitõonas nóóóvas?! (1940).
Broas: Nem
p´lô Natal… há brõa igual! Ó meniinas, vinde comprár as brõas do Manél, que
curam a tosse – e sábem a mél! (1903).
Vassouras,
abanos, chapéus de palha: O abano fáz ô bento – bis, Par´ácender ô
fõgão…, Báárre, báárre, bassourinha – bis, Bassourinha bárr´ô chão…, Ólh´ò
lindo cestiinho!!! (1940).
Favas: Fáva
tôrradiinha! (1903); Fáva riiica! – Fááá-va rii-ca! (1903
e 1940).
Figos: Quem
quér fiigos, quem quér álmôcáár? Quem quér fiigos de capa rôôta?! (1903); Óh
figui-nhu de capa rôôta!… Quem quér fiigos –, quem quér álmôçáár…! (1940).
Galinhas: Éh!
Galiiinhas! (1903); Mérca frâangos! (1903); Galiiiiiiiii-nhas!
Quem nas quér i com ôvo?! (103).
Hortaliças: Ólh´à
cou-ve lombar-da! (1903); Mérc´à mão de náá-bos! (1903); Méérc´ò
mólho de náábos! (1903); Ólh´ò timááti, quem quér timááti? O
móó-di cinou-las… (1940); Ólh´àbóbra, quem quér abóóbra?
Côrteirão de pimentos… Ólh´àlfácia, quem quér àlfáácia…? (1940); Cá
estão nábos, cenouras, tomátes ou pepinosi tud´ô mais que a hórta dá! (1940).
Laranjas: Mééc´à
la-rããnja da Chii-na! (1864); Quem quér do rããmo?! Quem quér
larããnjas nóóvas?! (1940); É do rããmo!… Quem quér laranja
bõõa?! (1940).
Leite: Éééé,
chêga lá vaquiii-nha, chêêga! – Anda lá, Rosita… Então estás a fazer-te
esquerda?! (estas palavras, pregão de 1903, eram dirigidas à vaca que
o saloio trazia até à porta da freguesa. Leite mais fresco não havia… Este uso
de vender leite levando as vacas ou as cabras às portas dos compradores,
terminou em 1920, com proibição imposta por lei).
Marmelos: Óólha
ô marméé-lo – assadiinho nô fôrno! (1940); Quem quér – ôs
ricos marmelos – assadiinhos no fôrno?!!! (1940).
Melancia
e melão: Mérc-c´ ò par de melancii-as! (1903); Mérc-c´
ò par de melõões! (1903); É da Váárzia… Melanci´à – fááca! (1903).
Mexilhão
da Ribeira de Frielas: I-érre, I-éérre, me-xi-lhão! Ih! Êrre-érre,
mexilhão! P´r´à patroa i p´r´ò patrão!… (1903); Éérri éérre,
mexilhão! Cá está ô mexilhãão, óh mexilhãão! (1940).
Morangos: Mérc-c´ò
cabáz de môran-gos! (1903); Ólh´òs môrãangos! São de Siintra! (1940).
Ovos: Mérc´à
dúzia de óóvos! (1903).
Pão: Pãizinhos
quentiinhos – com linguiiça! (antes de 1903).
Pêras: A
vintém o quarteirão! – Quem acáb´às pê-ras?! (1903).
Perús: Méér-c´ò
casál de perús!… – Perú salôôiô! É sa-lôôiô!!! (1903).
Queijo
saloio: Méérca ô quêi-jo sa-lôôio! (1864); Quem n´ô
quér salôôio – ?! (1903); Queijô sa-lôô-io! – Ái! Ô quêi-jô
salôôio…!!! (1903); Óh quêêijô salôôi-ô! Óh quêêijô frêês-co! (1940).
Rebuçados
caseiros: A tôstãão, cada matacãão! (1940).
Tremoços: Óh
tremôô-ço saalôôio! – Tremôôç´salôôi-ô! – Tremôô-çôs salôôi-ôs! (1940).
Uvas: A
quin-ze réis – Quem acá-b´àzúú-vas?! (1903); Quem quér úvas de
vi-nha! Quem quér bôô-as úúvas! (1903).
Os
saloios, depois de venderem as hortaliças e terem almoçado, encetavam o
regresso a casa percorrendo as ruas da cidade apregoando: Léév’às
fôôlhas – Léév’às cááscas… E as donas de casas davam as sobras do que
haviam comprado, pois “não ficavam com lixo em casa”, e que se ia para os
animais da horta.
Tempos
poéticos que a tecnologia matou.
02/04/2020
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