OS
AMERICANOS
Os
brasileiros, regra geral, sonham com os Estados Unidos. Para a esmagadora
maioria deles “lá é tudo uma maravilha”, quase o éden! É natural quando
se faz alguma comparação com os países da América Latina. Ali tudo é mais
barato, universidades das melhores do mundo, magnífica engenharia, pesquisa,
estradas sem buracos, etc.
Mas...
e os americanos?
Um
amigo meu, há alguns anos, belo currículo, tentou ir viver por lá. Durou um
ano. Toda a gente gabava os seus conhecimentos, mas ignoravam a pessoa! Pior
ainda porque era brasileiro. Creio que não conseguiu mais do um ou dois com
quem pudesse conversar.
Pelo
meu lado, desde que me lembro, sempre disse que preferia um russo a um
americano. Não o regime comunista de que fui e sou total opositor, mas do povo
russo.
Os
americanos construíram uma grande nação, sem dúvida, mas são todos iguais
àquele boneco do Walt Disney, para quem a única coisa que conta é o dinheiro,
aparecendo até, por vezes, com $$ nos olhos em vez da pupila.
Há
muita desumanidade naquela gente que continua a mais racista de todo o mundo,
venerando, porque dá muito dinheiro, os grandes atletas negros do futebol
americano, do basquete, beisebol, hóquei no gelo, atletismo, e outros, como alguns músicos do
rock e do soul.
Os
dois textos abaixo podem ajudar a ter uma mais nítida ideia da sua
personalidade.
O
primeiro, do ex presidente Jimmy Carter, o outro, sobre uma viagem que o grande
pensador Antero de Quental fez aos EUA em 1869.
A
imprensa americana acabou de contar o que o ex-presidente Jimmy Carter disse a
Donald Trump durante sua recente entrevista sobre a China. Isto é
particularmente interessante.
"Você
está com medo que a China vai passar à frente de nós, e eu concordo com você.
Mas sabe por que a China está à nossa frente? Eu normalizei as relações
diplomáticas com Pequim em 1979. Desde então, sabe quantas vezes a China entrou
em guerra com alguém? Nem uma vez, enquanto nós estamos constantemente em
guerra. A América é a nação mais guerreira da história do mundo porque quer
impor a estados que respondam ao nosso governo e aos valores americanos, em
todo o Ocidente, para controlar empresas que têm recursos energéticos em outros
países. A China, por sua vez, está investindo seus recursos em projetos como
ferrovias, infraestrutura, trens-bala intercontinentais e transoceânicos,
tecnologia 6G, inteligência robótica, universidades, hospitais, portos,
edifícios e trens de alta velocidade, em vez de usá-los em despesas militares.
Quantos
quilômetros de trens de alta velocidade temos neste país?
Desperdiçamos
US$ 300 bilhões em gastos militares em países que procuram sair da nossa
hegemonia. A China não desperdiçou um centavo com guerras, e é por isso que nos
supera em quase todas as áreas. E se tivéssemos usado os 300 bilhões de dólares
para criar infra-estruturas, robôs, saúde pública, nos EUA, teríamos trens-bala
e transoceânicos de alta velocidade. Teríamos pontes que não colapsam, sistema
de saúde gratuito para os americanos, não infectando milhares de americanos
mais do que qualquer outro país do mundo pelo COVID-19. Teríamos maneiras de
ficar bem. Nosso sistema educacional seria tão bom quanto a Coreia do Sul ou
Xangai."
Jimmy Carter. (Publicado na
revista Newsweek)
Herbert
Spencer (1820-1903), inglês, filósofo,
biólogo e antropólogo, um dos representantes do liberalismo clássico, visitou
os EUA e deixou a sua impressão nos livros Diálogo e no Discurso sobre os Americanos,
António
Arroyo no seu livro – A viagem de Antero de Quental
à América do Norte (1916) – conta-nos a opinião do filósofo inglês:
“Começa
por louvar o enorme desenvolvimento da sua civilização material: a grandeza e
magnificência das suas cidades, o esplendor
de Nova York, a atividade das gentes,
o seu poder de trabalho, de invenção e de decisão; as suas riquezas
mineiras, a enormidade dos seus
campos virgens e fertilíssimos. Nota depois que eles puderam lançar mão, e de facto lançaram,
dos progressos realizados nas nações da Europa, corrigindo-lhe
os defeitos e aproveitando a longa experiencia
desses velhos países.
Reconhece
por fim que podem legitimamente
aspirar a produzir, passado tempo, uma civilização mais grandiosa do
que todas as conhecidas até hoje. Mas cita-lhes
também a sua vida violenta, feita a alta pressão, a qual acarreta consigo os grandes
desastres financeiros e produz o Surmenage,
a incapacidade permanente e as correspondentes heranças para as
gerações que se sucedem. Diz que o seu único interesse está nos negócios, que esses
são o fim superior da sua vida, e que a eles se contrapõem naturalmente o enfado e a existência sem encantos. E condena o desprezo ilegítimo a que votam os seus competidores na luta
desses negócios. Relativamente à política, afirma e prova a intensa corrupção
que lavra naquele país, a real negação
da liberdade, a falta do respeito mútuo
que faz a essência da vida inglesa, a luta tremenda, sem nobreza, dos interesses
materiais. Numa síntese lapidar, o filosofo acaba por lhes aconselhar
que substituam o poder intelectual pela beleza moral, e o desejo de serem admirados
e de serem amados.
Antero, homem moral por excelência, assim também devia pensar; e a
sua alma profunda mente estética que, segundo Eça de Queiroz que lhe chamava o Santo Antero, pela sua
profunda preocupação com a moral, a ética e sobretudo o social, até na
destruição exigia ritmo, achou nos
Estados Unidos por força completa, e antipaticamente alterados ali os ritmos da
Vida como ele os concebera. Admirou por certo muitíssimo , mas não desejou
lá ficar, nesse país violento, cujo modo de sentir e proceder o ofendia no mais íntimo da sua e santidade e moral, nem
doçura, nem beleza serena; nem tão
pouco liberdade. E desistiu do seu velho projeto;
não quiz lá ficar... ”
Esquecem fácil esses americanos, mas têm criado em muita gente, bilhões,
uma aversão danada.
Venceram os ingleses na Guerra pela
Independência, o que os encheu de orgulho, natural, por muita sorte a União
venceu os Confederados, guerrearam todas as tribos de indígenas das quais
muitas foram dizimadas, ajudaram a ganhar a I Guerra Mundial, quase por milagre
vencem os japoneses na II, foram corridos da Coreia do Norte, da Nicarágua, do
Viet-Nam, no início do século XIX estiveram em guerra com os berberes da
Tripolitânia e com o Marrocos, com o México, com diversas ilhas do Pacífico,
com a Espanha, com as Filipinas, Nicarágua, Dominicana, Turquia, Rússia, Cuba,
Camboja, Granada, Panamá, Iraque, Somália, Bósnia, Yougoslávia, Paquistão,
Afeganistão, Kosovo, Estado Islâmico e... apoiaram uma série de revoltados em
África.
Só não roubaram os Açores a Portugal porque,
desculpe-me a esquerda-caviar, o Salazar não deixou.
Belo currículo, aliás guerrículo. Impresso a
vermelho, de sangue.
Quantos mortos e inutilizados nesta paranóia
financeira?
Isto tem sido uma maravilha, um bodo
dourado, para os fabricantes de armas.
Mas, e quanto, por exemplo, a saúde pública?
Vou gostar dos americães? Não vou. Nem dos
chineses!
18/04/2020
Como de costume, li com gosto.
ResponderExcluirMas os americanos são, com todos os seus defeitos, uma população que se rege por valores semelhantes aos meus enquanto que com russos e chineses nem sempre «batemos certo». Porquê? Por causa das tais razões que fizeram com que esses povos nunca se auto governassem, sempre se submeteram a ditaduras. Não têm uma cultura de liberdade, são do amoxar e calar.
Portanto, prefiro as «máquinas» libertárias à «humanidade» russa vodkalizada ou à «sabedoria» chinesa matreira capaz de soltar vírus e dizer que foram os outros.
Mas reconheço que os americanos têm esses defeitos todos que o Francisco lhes aponta.
NADA COMO LEMBRAR... ABRAÇO.
ResponderExcluir