quinta-feira, 2 de abril de 2020


As Coroas e os Viros

Este mundo é, na realidade, estranho. Mesmo cada vez mais estranho.
Desde o princípio, quando o princípio era só o verbo, nós percebemos que o velho Adão era fraco. Fraco em tudo, o que é fácil de constatar começando por haver a certeza de que quem mandava, MESMO, era a Eva.
Todos sabem a triste história dos seus dois primeiros filhos, mas poucos devem saber que o terceiro se chamou Sete. Se fosse fazer o exame de instrução primária, Adão estava ferrado. Podia, e devia ter-lhe chamado, por exemplo... Tértio, o que faria até pressupor que, na ocasião, já sabia latim.
Hoje é voz corrente, que o grande sete é o CR 7, admirado, às vezes criticado por inveja, mas um viro a admirar por suas ações, dentro e fora do gramado do futebol.
Como os povos, nas suas antigas, primitivas deslocações, muitas vezes perdiam a língua de origem e adotaram uma outra, os termos das línguas Indo-Europeias ou Indo-Germânicas, foram abandonados e decidiu-se que o termo mais apropriado para os falantes dessas línguas deveria ser Viros, que significa homens, na grande maioria das línguas em questão.
Então para os latinistas, em Roma, in illo tempore, “viro” era uma variante de viril ­ - macho, corajoso - e a palavra virose, vinda lá de Roma (agora vem da China) como adjetivo e que significa “que procura os homens!”
Então, entendamo-nos: viro, tem a ver com homem, mesmo que houvesse já em Roma o vírus, que podia significar também humor, mau cheiro, veneno, etc.
O cheirinho bom deveria então vir das puella que tanto significa donzela como amante, e amante, como todos sabem, pode ser a esposa ou a vizinha, ou algo um pouco mais distante, mas também significa, “é a que tem o pessoal sob seu mando”. Ó... se tem.
Vamos agora às coroas.
A coroa é alguma coisa que se coloca na cabeça para... para quê mesmo?
O Brasil, com seu jeitinho e calor humano, chama aos mais velhos de coroas! Nada depreciativo, pelo contrário, demonstra respeito e reconhecimento pela idade, certamente pelos conhecimentos adquiridos, que os cabelos brancos à volta da cabeça indicam. A coroa de honra dos mais velhos, dos sekulus ou kotas em Angola, ou madala em xangana, Moçambique.
Está esquecida a tão simples Coroa de Louros - Δάφνινο στεφάνι. O louro era o símbolo da imortalidade por permanecer verde durante todo o inverno. Assim a coroa representava a suprema glória para a alma grega, e os seus portadores eram recebidos nas suas terras como heróis.

E não precisavam de as altear para melhor as mostrarem. Nem as de ouro que os imperadores de Roma passaram a usar!
Há milhares de anos os homens, os tais viris ou viros, para se sobressaírem frente à população, inventaram alguma coisa para pôr na cabeça e os fazerem parecer mais altos, mais imponentes, em cima da sua idiota pesporrência.
Vê-se isso nos monumentos da antiga Pérsia, no Egito, na Idade Média, por todo o tempo. Nas Américas os índios se enfeitavam com cocares, em África com barretes de onça ou leão, e hoje os militares têm uns chapéus, ou quepes, quanto mais altos melhor e, subindo na hierarquia, enfeitam-nos com floreados em ouro, ficando iguais aos antigos porteiros de cabarés!
E, valha-nos o Deus que dizem representar ou venerar, os bispos e até o Papa, têm que enfiar na cabeça uma ridícula mitra para... para se exibirem melhor.
Vejamos alguns exemplos, e pensemos com a cabeça fria, para ver o ridículo da exibição:

Um assírio, Akenahton, Carlos Magno, Guankxu e o chapeuzinho de Ivan... o Terrível

Mais perto de nós:
Os “humildes”: Napoleão, Idi Amin, Mobutu, e até Lincoln

Passemos aos não imperadores, reis e semijantes:

O chapéu de um general brasileiro, de um russo(olha o louro... de ouro) e um porteiro de cabaré.

Estes chapéus de generais sempre me trazem à memória uma história, verdadeira, que se contava no Regimento onde cumpri o meu dever para com a Pátria;
“Um brigadeiro – general de uma estrela – apareceu lá no Regimento em inspeção à recruta! Chamou um dos novos soldados e perguntou-lhe se ele sabia distinguir um general de um coronel.
- Sei, sim senhor. O coronel tem faixas douradas nos ombros e o general tem uma ou duas estrelas.
- E que mais?
O rapaz ficou entalado e não sabia mais o que responder, quando o brigadeiro lhe deu a dica:
- E os bonés são iguais?
- Não senhor. Os dos generais têm mais umas paneleirices na pala!” (no Brasil seriam veadices!)
O brigadeiro engoliu em seco. O recruta tinha toda a razão lógica.
Vamos ver o que se passa com outras “organizações” religiosas que também querem ser olhadas de baixo para cima:
Só nos interessam os acrescentos artificiais: Ulemá sec. XIX, Papa, Aiatolá, Bispo ortodoxo, Judeu.

E as viras”? As mulheres que não riam porque usam cada chapéu! E devem pagar pelas palhaçadas uma nota alta. Nas corridas de cavalos em Ascot, o desfile feminino parece um passeio de débeis mentais em asilos; são para chorar pela estupidez e debilidade humana. Chegam estes exemplos, que levam a perguntar: “O que estas duas piruas procuram? E a Isabel, baixinha, com a panela de pressão na cabeça? E para que tanto diamante?”


Houve, sim uma coroa, pesada, que devia ter marcado os homens – e mulheres – que não se destinava a engrandecer quem a levou, mas, muito pelo contrário a mostrar a sua humildade.
Quem a carregou foi o Filho do Homem.

Infelizmente parece que TODO o Seu exemplo e palavras estão já no esquecimento. Incomodam e não dão lucro. Mas ao olhar, bem, para esta coroa, e para as que mostramos atrás, uma dá vontade de chorar e as outras nem para rir servem.
Continua a reinar o “Bezerro de Ouro”, o espaventoso, o poder, a vaidade.

17/03/2020


Um comentário:

  1. Boa ideia! Tenho cá no jardim um loureiro imponente, vou fazer uma coroa para que a sombra me diga que sou imortal. Espero que a vizinhança não veja para que não pensem que ensandeci.

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