segunda-feira, 16 de dezembro de 2019




NATAL

Desde há muitos anos que escrevo um pequeno texto por esta ocasião. E acabo por me repetir, não como os bilhetes de Boas Festas, Festas Felizes, etc., mas porque o tema, mesmo inesgotável, para as nossas cabeças fica difícil. Por isso vou repetir um texto de 2008, com algumas pequenas alterações.
É sobretudo nesta época que procuramos não esquecer um único dos nossos amigos e de lhes mandar votos de felicidade. Que sempre desejamos, a cada momento e sempre. E pensamos até nos que direta ou indiretamente são inimigos do bem comum. Procurar não perder a esperança.
É uma quadra que para alguns custa a passar. Cada vez menos amigos, que continuam a perdurar em nossas mentes e corações, é a família muito dispersa, e é também ocasião para mais profundamente sentirmos a miséria daqueles a quem a vida não consegue sorrir. Ou por falta mais ou menos recente, ou sempre, de um ente querido, alguns esmagados por pressões políticas, povos abandonados e perseguidos, por calamidades naturais, ou... por quaisquer que sejam as razões que os obriguem a viver na miséria e tristeza
Este ano, em nossa casa, vão estar ausentes muitos filhos e netos. Dois que nos deixaram já e certamente nos acompanham lá de Cima, sem que nós os possamos ver, abraçar e deixar de amar. Os outros a geografia nos separou, outros dois a milhares de quilómetros, seis netos emigrados, mais a bisneta, londrina, mas com quem temos ainda o privilégio de falar pelo telefone, que já transporta também as nossas caras e os sorrisos deles.
Mas o Natal é uma quadra de alegria? Será? É uma “festa” que procura reunir a família, se não fisicamente, pelo menos mais fundo em nossos corações, quando se perdoam eventuais desavenças e desentendimentos.
Não posso deixar de pensar nos milhares e milhares de miseráveis que os governos espúrios pela indignidade transformaram, e continuam a transformar, em bandidos que agora desesperada e perigosamente procuram sobreviver sem qualquer lei.
Também não posso deixar de me indignar ao ver juízes, desembargadores, presidentes de tribunais e toda a casta de políticos e governantes constantemente se corromperem sempre em desfavor do povo que lhes paga, e pensar que a “festa” de Natal desses energúmenos só pode ser uma ofensa ao Deus Menino e a todos os que procuram amar o próximo.
Vivemos uma época de ganância desenfreada, do roubo descarado, de golpes biliardários dos “espertos”, de ver fortunas que se pagam a quem sabe dar uns chutes numa bola, ou exibir-se como palhaços nos palcos, aplaudidos por milhares, gente que procura nesses entretenimentos fugir à realidade que a rodeia.
E, como há 2.000 anos lá na pobre manjedoura, continuam milhões a sofrer.
Mesmo que do fundo do coração a todos eu queira desejar um Feliz Natal, sinto que nestas palavras há algo de hipocrisia. Feliz Natal no Congo, no Zimbábue, no Iraque e em tantos outros lugares, mesmo aqui à minha volta, a poucos minutos da minha porta, sem que, de fato, eu possa fazer algo para os alegrar?
Vou continuar a pensar no sorriso do Menino, de todos os meninos, sobretudo daqueles que, sobretudo por África vivem num estado de miséria muito triste.


E num abraço universal, Katholikós, meditar sobre os problemas que, quer eu queira ou não, parece jamais terem solução!

18 dez 2008 e 15 dez 2019

Um comentário:

  1. Feliz Natal para toda a Família Amorim e que 2020 seja benigno para todos nós.
    E continuemos...

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