MANIFESTO - 2
Não sei como é hoje o
ensino primário, secundário ou terciário, de Ciências Animais!
Nos velhos tempos,
como no meu, aprendíamos que o homem (quando falo no homem sempre inclui a
mulher), se distinguia de todos os outros seres vivos (incluindo capim) por
serem os únicos racionais.
Com o tempo constatei
que foi uma das grandes mentiras que nos meteram na cabeça, tal como, e INFELIZMENTE
ainda é, que o comunismo seria a salvação da humanidade.
Basta estar levemente
atento ao que se passa à nossa volta, por todo o mundo, e verificamos que deve
haver, entre os humanos, mais bestas do que, por exemplo, cavalos, cães ou
gatos.
E ao mesmo tempo
recebemos, quase diariamente demonstrações inequívocas da grande capacidade de
raciocínio de muitos dos que nos quiseram fazer crer que eram irracionais.
Já contei, mas repito,
que fiz o serviço militar em Cavalaria 7, em Lisboa, e quando lembro disso vêm-me
à memória amigos que por lá estiveram comigo: Carlos Mariano de Carvalho, Zé
Ravasco, Ramiro da Conceição Antunes, Jerónimo Carneiro, o Nani e o Ernesto
Lami, e mais alguns. Era uma bela equipe.
Mas não esqueço
também de um cavalo. Cavaleiros, tínhamos que sair várias vezes a cavalo, lá
para o alto da Ajuda, campo virgem, onde hoje “vegetam” milhares de prédios de
10 e mais andares. Esse campo ligava ao Parque de Monsanto, e era aí que íamos
fazer as nossas “aulas” de Exterior.
Na cavalariça do RC 7
(não tem nada a ver com o fenómeno CR 7) havia umas dezenas de cavalos, e cada
um aparelhava o que lhe parecia agradar mais para montar.
Logo da primeira vez
eu vi um que era bem maior do que todos e foi esse que passou a ser a minha
montada preferida.
De entrada o sargento
responsável veio dizer-me que era um cavalo velho, antigo vencedor de concursos
hípicos, mas já ninguém mais o montava. O cavalão, ruço, imponente, tinha um
aspecto saudável e eu decidi arriscar.
Saíamos do quartel a
passo, mas o meu grandão tinha uma passada muito mais larga do que os outros,
que para me acompanharem eram obrigados a passar ao trote. O meu seguia-lhes o
ritmo e não tardava muito ia tudo a galope, o oficial instrutor a gritar
comigo, como se eu fosse o culpado. Só... mais ou menos, porque isso me
divertia. Sempre na frente, sem que o bom velhinho desse mostras de
cansaço. Vivia aposentado, bom descanso e boa comia, estava ótimo.
Isto vem a propósito
duma notícia que apareceu há dias: “Em 22
dias, 300 cavalos de corrida acabaram no matadouro no estado de Queensland, na
Austrália!” A reportagem com cenas chocantes, mostra cavalos que
foram até campeões, a serem esquartejados.
“São cenas horrendas e
profundamente perturbadoras”, classificou a premier Annastacia
Palaszczuk após ver o vídeo que mostra o abate de cavalos aposentados.
Ela disse que faria o possível para “garantir o fim desse tipo de crueldade
animal”.
A primeira medida adotada pelo
governo de Queensland foi delegar a uma comissão a função de supervisionar e
investigar essa indústria. Vale lembrar que essa realidade não existe só na Austrália.
Nos Estados Unidos, mais de 100 mil cavalos utilizados com as mais diversas
finalidades acabam nos matadouros a cada ano.
Em Abril de 2013 escrevi já sobre
este assunto, num texto “Estão a comer os Filhos da Puta”! Já não
pode um grande amigo dos homens morrer depois de passar os últimos anos
no sossêgo, a compensar tudo aquilo que lhes deu?
Despois, pesquisei. E vi:
O maior produtor de carne de cavalo é a China, 165,6 mil toneladas no
ano de 2000. O México em seguida, 78,9 mil no mesmo ano. Os grandes
exportadores de carne equina são Bélgica, Argentina, Canadá, e EUA.
No Brasil, que foi
exportador de carne de equinos, em 2004 com 2,7 mil toneladas, agora está na
faixa de 60 toneladas, o assunto continua em discussão, mas o órgão
competente já esclareceu que é proibido o abate de equinos que foram usados
para esporte (corridas).
Custa até saber que se criam equinos só para
abate. Até burros, jegues no Brasil. E pensar que na idade média só os reis e
abadessas tinham autorização para se deslocarem de burro!
Todos sabemos que o cavalo não ataca o seu igual
por prazer ou dinheiro e, em tantos casos, se mostrou um dos melhores amigos do
homem, salvando até vidas.
Incomodou-me muito a
notícia, e lembrei do meu companheiro de Cavalaria 7, que mesmo
aposentado levava uma vida doce e tranquila, e eu via bem como ele gostava dos
passeios que dávamos juntos.
Também se encontram outros casos horrendos, entre
muitos outros, como estes noticiados há dias, um nos arredores de São Paulo e
outro no Espírito Santo:
Uma casa na periferia São Paulo era usada
como abatedouro de cães e gatos. A polícia prendeu um casal suspeito de matar e
vender os animais para restaurantes coreanos. Carnes de bois, cavalos, suínos,
aves e outros. O consumo de carne de cães e gatos é usual em alguns países da
Ásia, como a Coreia do Sul.
Nos fundos da casa estavam 60 kg de carne
canina resfriada, dois gatos mortos e equipamentos usados nos abates, como
machado, ganchos e um maçarico. A carne, conforme a Polícia, era vendida para
restaurantes localizados na região central de SP e custavam entre R$ 180 e R$
220 por bicho.
Na casa do casal, os animais eram
engordados, e mortos a machadadas.
No Espírito Santo:
No Espírito
Santo uma família presa por vender carne de cachorro e
gato em Guarapari, disse à polícia que protegia os
animais. Na casa deles, os policiais encontraram 52 animais, entre cães e
gatos, em situação miserável.
Pai, mãe e
filha foram presos. “Uma sujeira completamente absurda, a quantidade de animais
para uma casa é completamente insalubre, sem alimentação, nem água. Nada disponível”,
disse um policial. No porão da casa, foram encontrados restos mortais dos
animais. A família retirava a carne e
vendia para outra pessoa que comercializava o produto em linguiças numa feira
em Guarapari.
Tudo isto é
revoltante e nojento. Muito.
Os cães que fazem
prodígios de inteligência e sacrifícios para os seus melhores amigos, os
humanos, ou quaisquer outros animais, abatidos como seres repelentes!
Hoje em dia, a
Internet mostra atitudes de cães que são bem comoventes, sabendo que aqueles
maravilhosos seres sempre nos recebem, quando voltamos para casa, com uma
alegria imensa. Correm para buscar alguma coisa com que possam brincar com o amigo,
atiram-se para o seu colo, dão abraços, lambem a cara como sinal de amor,
enquanto os racionais, o que melhor fazem é matarem-se uns aos outros e
desenvolver armas cada vez mais letais, químicos mais destruidores do meio
ambiente, roubar vigarizar, insultar, etc.
Quem já viu um cavalo
ou um cão ou qualquer outro ir-racional fazer isto?
Quem não se emocionou
ao ver o filme Hachiko - Amigo para
Sempre! (Hachi: A Dog's Tale), baseado na
história verdadeira de um cão japonês chamado Hachiko. Alguém se
atreve a chamar-lhe irracional?
Creio que todos temos, com mais ou menos intensidade, histórias
incríveis vividas com os nossas cães. Eu poderia contar mais de meia dúzia, que
nos deixam imobilizados de emoção.
Procurem na Internet a história do Balto, que tem esta
estátua no Central Park em Nova York. Podem abrir este link: http://animaisok.blogspot.com/2015/01/um-cao-que-ganhou-uma-estatua-no.html
Não são só os cães que nos dão mostras de inteligência. Gatos, ratos,
elefantes, passarinhos (98% das aves quando escolhem parceiro é para toda a
vida, em compensação, nos humanos, só 2%!!!) e todos os outros.
Lembro ainda a minha mãe, na velha casa da rua das Trinas, sozinha, à
noite, a fazer o seu tricot, esperava que um ratinho atravessasse a sala,
parava e olhava para ela como a perguntar como tem passado, e seguia
tranquilo o seu caminho. Todos os dias.
Os crocodilos, por exemplo. Podem ficar sem comer durante meses, mas
sabem perfeitamente quando chega o momento em que podem obter alimento e caçam
com uma habilidade incrível. Vão dizer que é instinto.
E uma barata, que quando quer safar-se de ser morta vira-se de barriga
para cima e fica imóvel até sentir que o perigo passou?
Quem se atreve a dizer que são irracionais?
Só um irracional, humano, o poderia dizer... e votar!
Como é possível que se tenha elegido, no Brasil um palhaço, analfabeto,
para deputado federal? E mais incrível: já se reelegeu duas vezes mais!
Do mesmo modo elegeram um líder sindicalista, também quase analfabeto,
para presidente. Este porque teve o apoio da esquerda internacional, e berrava
contra o governo.
Eu também muito critiquei o governo anterior, do FH. Consegui até,
sozinho, que anulasse uma portaria ministerial e um decreto lei.
As minhas crónicas foram publicadas no Diário de Coimbra, porque eram
contra o FH. Assim que mudou para o lulismo e comecei a malhar... nunca mais publicaram
nada!
Para minha alegria em poucos meses o miserável jornal faliu!
Tudo isto vem também a propósito e continuação do meu texto “MANIFESTO”.
Poucos se interessaram pela luta sugerida. E têm muita razão.
E eu, já de muita idade, ainda tenho vontade se voltar a ser jovem e enfrentar.
Agora são só manifestações utópicas, quase infantis, a acreditar que se pode
estimular os acomodados que preferem, das suas poltronas, ver a banda passar
e deixar as manifestações para aqueles que ainda têm raciocínio e disposição.
Então, para aqueles que estão sentadões, que calem a boca e esperem
pelo pior.
Mas não se queixem nem se lamentem.
A vontade é a herança herdada da pobreza! E uma grande vontade gera um
grande valor.
nov/2019
Quem teve garra de combatente, está aposentado, com achaques, vontade de sopas e descanso; a juventude olha-nos como gente desajustada do tempo.
ResponderExcluirA culpa morre solteira e poucos somos os que conhecemos a rosa dos ventos; a maioria anda desnorteada porque as lideranças são frouxas, a autoridade transfigura-se em autoritarismo, a liberdade em libertinagem, a determinação política transfigura-se em demagogia.
Já Platão e Aristóteles se queixaram das fricções intergeracionais e disseram coisas importantes. A mim, apetece-me dizer coisas que o pudor desaconselha escrever.
Sentadões? Não: velhotes, trôpegos e ceguetas.
Abraço,
Henrique