segunda-feira, 9 de dezembro de 2019






MANIFESTO - 2

Não sei como é hoje o ensino primário, secundário ou terciário, de Ciências Animais!
Nos velhos tempos, como no meu, aprendíamos que o homem (quando falo no homem sempre inclui a mulher), se distinguia de todos os outros seres vivos (incluindo capim) por serem os únicos racionais.
Com o tempo constatei que foi uma das grandes mentiras que nos meteram na cabeça, tal como, e INFELIZMENTE ainda é, que o comunismo seria a salvação da humanidade.
Basta estar levemente atento ao que se passa à nossa volta, por todo o mundo, e verificamos que deve haver, entre os humanos, mais bestas do que, por exemplo, cavalos, cães ou gatos.
E ao mesmo tempo recebemos, quase diariamente demonstrações inequívocas da grande capacidade de raciocínio de muitos dos que nos quiseram fazer crer que eram irracionais.
Já contei, mas repito, que fiz o serviço militar em Cavalaria 7, em Lisboa, e quando lembro disso vêm-me à memória amigos que por lá estiveram comigo: Carlos Mariano de Carvalho, Zé Ravasco, Ramiro da Conceição Antunes, Jerónimo Carneiro, o Nani e o Ernesto Lami, e mais alguns. Era uma bela equipe.
Mas não esqueço também de um cavalo. Cavaleiros, tínhamos que sair várias vezes a cavalo, lá para o alto da Ajuda, campo virgem, onde hoje “vegetam” milhares de prédios de 10 e mais andares. Esse campo ligava ao Parque de Monsanto, e era aí que íamos fazer as nossas “aulas” de Exterior.
Na cavalariça do RC 7 (não tem nada a ver com o fenómeno CR 7) havia umas dezenas de cavalos, e cada um aparelhava o que lhe parecia agradar mais para montar.
Logo da primeira vez eu vi um que era bem maior do que todos e foi esse que passou a ser a minha montada preferida.
De entrada o sargento responsável veio dizer-me que era um cavalo velho, antigo vencedor de concursos hípicos, mas já ninguém mais o montava. O cavalão, ruço, imponente, tinha um aspecto saudável e eu decidi arriscar.
Saíamos do quartel a passo, mas o meu grandão tinha uma passada muito mais larga do que os outros, que para me acompanharem eram obrigados a passar ao trote. O meu seguia-lhes o ritmo e não tardava muito ia tudo a galope, o oficial instrutor a gritar comigo, como se eu fosse o culpado. Só... mais ou menos, porque isso me divertia. Sempre na frente, sem que o bom velhinho desse mostras de cansaço. Vivia aposentado, bom descanso e boa comia, estava ótimo.
Isto vem a propósito duma notícia que apareceu há dias: Em 22 dias, 300 cavalos de corrida acabaram no matadouro no estado de Queensland, na Austrália!” A reportagem com cenas chocantes, mostra cavalos que foram até campeões, a serem esquartejados.
“São cenas horrendas e profundamente perturbadoras”, classificou a premier Annastacia Palaszczuk após ver o vídeo que mostra o abate de cavalos aposentados. Ela disse que faria o possível para “garantir o fim desse tipo de crueldade animal”.
A primeira medida adotada pelo governo de Queensland foi delegar a uma comissão a função de supervisionar e investigar essa indústria. Vale lembrar que essa realidade não existe só na Austrália. Nos Estados Unidos, mais de 100 mil cavalos utilizados com as mais diversas finalidades acabam nos matadouros a cada ano.


Em Abril de 2013 escrevi já sobre este assunto, num texto “Estão a comer os Filhos da Puta”! Já não pode um grande amigo dos homens morrer depois de passar os últimos anos no sossêgo, a compensar tudo aquilo que lhes deu?
Despois, pesquisei. E vi:
O maior produtor de carne de cavalo é a China, 165,6 mil toneladas no ano de 2000. O México em seguida, 78,9 mil no mesmo ano. Os grandes exportadores de carne equina são Bélgica, Argentina, Canadá, e EUA.
No Brasil, que foi exportador de carne de equinos, em 2004 com 2,7 mil toneladas, agora está na faixa de 60 toneladas, o assunto continua em discussão, mas o órgão competente já esclareceu que é proibido o abate de equinos que foram usados para esporte (corridas).
Custa até saber que se criam equinos só para abate. Até burros, jegues no Brasil. E pensar que na idade média só os reis e abadessas tinham autorização para se deslocarem de burro!
Todos sabemos que o cavalo não ataca o seu igual por prazer ou dinheiro e, em tantos casos, se mostrou um dos melhores amigos do homem, salvando até vidas.
Incomodou-me muito a notícia, e lembrei do meu companheiro de Cavalaria 7, que mesmo aposentado levava uma vida doce e tranquila, e eu via bem como ele gostava dos passeios que dávamos juntos.
Também se encontram outros casos horrendos, entre muitos outros, como estes noticiados há dias, um nos arredores de São Paulo e outro no Espírito Santo:
Uma casa na periferia São Paulo era usada como abatedouro de cães e gatos. A polícia prendeu um casal suspeito de matar e vender os animais para restaurantes coreanos. Carnes de bois, cavalos, suínos, aves e outros. O consumo de carne de cães e gatos é usual em alguns países da Ásia, como a Coreia do Sul.
Nos fundos da casa estavam 60 kg de carne canina resfriada, dois gatos mortos e equipamentos usados nos abates, como machado, ganchos e um maçarico. A carne, conforme a Polícia, era vendida para restaurantes localizados na região central de SP e custavam entre R$ 180 e R$ 220 por bicho.
Na casa do casal, os animais eram engordados, e mortos a machadadas.
No Espírito Santo:
No Espírito Santo uma família presa por vender carne de cachorro e gato em Guarapari, disse à polícia que protegia os animais. Na casa deles, os policiais encontraram 52 animais, entre cães e gatos, em situação miserável.
Pai, mãe e filha foram presos. “Uma sujeira completamente absurda, a quantidade de animais para uma casa é completamente insalubre, sem alimentação, nem água. Nada disponível”, disse um policial. No porão da casa, foram encontrados restos mortais dos animais. A família retirava a carne e vendia para outra pessoa que comercializava o produto em linguiças numa feira em Guarapari.
Tudo isto é revoltante e nojento. Muito.
Os cães que fazem prodígios de inteligência e sacrifícios para os seus melhores amigos, os humanos, ou quaisquer outros animais, abatidos como seres repelentes!
Hoje em dia, a Internet mostra atitudes de cães que são bem comoventes, sabendo que aqueles maravilhosos seres sempre nos recebem, quando voltamos para casa, com uma alegria imensa. Correm para buscar alguma coisa com que possam brincar com o amigo, atiram-se para o seu colo, dão abraços, lambem a cara como sinal de amor, enquanto os racionais, o que melhor fazem é matarem-se uns aos outros e desenvolver armas cada vez mais letais, químicos mais destruidores do meio ambiente, roubar vigarizar, insultar, etc.
Quem já viu um cavalo ou um cão ou qualquer outro ir-racional fazer isto?
Quem não se emocionou ao ver o filme  Hachiko - Amigo para Sempre! (Hachi: A Dog's Tale), baseado na história verdadeira de um cão japonês chamado Hachiko. Alguém se atreve a chamar-lhe irracional?
Creio que todos temos, com mais ou menos intensidade, histórias incríveis vividas com os nossas cães. Eu poderia contar mais de meia dúzia, que nos deixam imobilizados de emoção.
Procurem na Internet a história do Balto, que tem esta estátua no Central Park em Nova York. Podem abrir este link: http://animaisok.blogspot.com/2015/01/um-cao-que-ganhou-uma-estatua-no.html


Não são só os cães que nos dão mostras de inteligência. Gatos, ratos, elefantes, passarinhos (98% das aves quando escolhem parceiro é para toda a vida, em compensação, nos humanos, só 2%!!!) e todos os outros.
Lembro ainda a minha mãe, na velha casa da rua das Trinas, sozinha, à noite, a fazer o seu tricot, esperava que um ratinho atravessasse a sala, parava e olhava para ela como a perguntar como tem passado, e seguia tranquilo o seu caminho. Todos os dias.
Os crocodilos, por exemplo. Podem ficar sem comer durante meses, mas sabem perfeitamente quando chega o momento em que podem obter alimento e caçam com uma habilidade incrível. Vão dizer que é instinto.
E uma barata, que quando quer safar-se de ser morta vira-se de barriga para cima e fica imóvel até sentir que o perigo passou?
Quem se atreve a dizer que são irracionais?
Só um irracional, humano, o poderia dizer... e votar!
Como é possível que se tenha elegido, no Brasil um palhaço, analfabeto, para deputado federal? E mais incrível: já se reelegeu duas vezes mais!
Do mesmo modo elegeram um líder sindicalista, também quase analfabeto, para presidente. Este porque teve o apoio da esquerda internacional, e berrava contra o governo.
Eu também muito critiquei o governo anterior, do FH. Consegui até, sozinho, que anulasse uma portaria ministerial e um  decreto lei.
As minhas crónicas foram publicadas no Diário de Coimbra, porque eram contra o FH. Assim que mudou para o lulismo e comecei a malhar... nunca mais publicaram nada!
Para minha alegria em poucos meses o miserável jornal faliu!
Tudo isto vem também a propósito e continuação do meu texto “MANIFESTO”.
Poucos se interessaram pela luta sugerida. E têm muita razão.
E eu, já de muita idade, ainda tenho vontade se voltar a ser jovem e enfrentar. Agora são só manifestações utópicas, quase infantis, a acreditar que se pode estimular os acomodados que preferem, das suas poltronas, ver a banda passar e deixar as manifestações para aqueles que ainda têm raciocínio e disposição.
Então, para aqueles que estão sentadões, que calem a boca e esperem pelo pior.
Mas não se queixem nem se lamentem.
A vontade é a herança herdada da pobreza! E uma grande vontade gera um grande valor.

nov/2019

Um comentário:

  1. Quem teve garra de combatente, está aposentado, com achaques, vontade de sopas e descanso; a juventude olha-nos como gente desajustada do tempo.
    A culpa morre solteira e poucos somos os que conhecemos a rosa dos ventos; a maioria anda desnorteada porque as lideranças são frouxas, a autoridade transfigura-se em autoritarismo, a liberdade em libertinagem, a determinação política transfigura-se em demagogia.
    Já Platão e Aristóteles se queixaram das fricções intergeracionais e disseram coisas importantes. A mim, apetece-me dizer coisas que o pudor desaconselha escrever.
    Sentadões? Não: velhotes, trôpegos e ceguetas.

    Abraço,
    Henrique

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