NATAL
Desde há muitos anos que
escrevo um pequeno texto por esta ocasião. E acabo por me repetir, não como os
bilhetes de Boas Festas, Festas Felizes, etc., mas porque o tema, mesmo inesgotável,
para as nossas cabeças fica difícil. Por isso vou repetir um texto de 2008, com
algumas pequenas alterações.
É sobretudo nesta época
que procuramos não esquecer um único dos nossos amigos e de lhes mandar votos
de felicidade. Que sempre desejamos, a cada momento e sempre. E pensamos até
nos que direta ou indiretamente são inimigos do bem comum. Procurar não perder
a esperança.
É uma quadra que para
alguns custa a passar. Cada vez menos amigos, que continuam a perdurar em
nossas mentes e corações, é a família muito dispersa, e é também ocasião para
mais profundamente sentirmos a miséria daqueles a quem a vida não consegue
sorrir. Ou por falta mais ou menos recente, ou sempre, de um ente querido,
alguns esmagados por pressões políticas, povos abandonados e perseguidos, por
calamidades naturais, ou... por quaisquer que sejam as razões que os obriguem a
viver na miséria e tristeza
Este ano, em nossa casa,
vão estar ausentes muitos filhos e netos. Dois que nos deixaram já e certamente
nos acompanham lá de Cima, sem que nós os possamos ver, abraçar e deixar de
amar. Os outros a geografia nos separou, outros dois a milhares de quilómetros,
seis netos emigrados, mais a bisneta, londrina, mas com quem temos ainda o
privilégio de falar pelo telefone, que já transporta também as nossas caras e
os sorrisos deles.
Mas o Natal é uma quadra
de alegria? Será? É uma “festa” que procura reunir a família, se não
fisicamente, pelo menos mais fundo em nossos corações, quando se perdoam
eventuais desavenças e desentendimentos.
Não posso deixar de pensar
nos milhares e milhares de miseráveis que os governos espúrios pela indignidade
transformaram, e continuam a transformar, em bandidos que agora desesperada e
perigosamente procuram sobreviver sem qualquer lei.
Também não posso deixar de
me indignar ao ver juízes, desembargadores, presidentes de tribunais e toda a
casta de políticos e governantes constantemente se corromperem sempre em
desfavor do povo que lhes paga, e pensar que a “festa” de Natal desses energúmenos
só pode ser uma ofensa ao Deus Menino e a todos os que procuram amar o próximo.
Vivemos uma época de
ganância desenfreada, do roubo descarado, de golpes biliardários dos
“espertos”, de ver fortunas que se pagam a quem sabe dar uns chutes numa bola, ou
exibir-se como palhaços nos palcos, aplaudidos por milhares, gente que procura
nesses entretenimentos fugir à realidade que a rodeia.
E, como há 2.000 anos lá
na pobre manjedoura, continuam milhões a sofrer.
Mesmo que do fundo do
coração a todos eu queira desejar um Feliz Natal, sinto que nestas palavras há
algo de hipocrisia. Feliz Natal no Congo, no Zimbábue, no Iraque e em tantos
outros lugares, mesmo aqui à minha volta, a poucos minutos da minha porta, sem
que, de fato, eu possa fazer algo para os alegrar?
Vou continuar a pensar no
sorriso do Menino, de todos os meninos, sobretudo daqueles que, sobretudo por
África vivem num estado de miséria muito triste.
E num abraço universal, Katholikós,
meditar sobre os problemas que, quer eu queira ou não, parece jamais terem
solução!
18 dez 2008 e 15 dez 2019
Feliz Natal para toda a Família Amorim e que 2020 seja benigno para todos nós.
ResponderExcluirE continuemos...