Os Correios do Brasil
e o estúpido
Já
um dia contei uma triste história: os medicamentos no Brasil custam entre 3 e 5
vezes mais o que custam em Portugal, na Argentina e maior ainda a diferença
para os EUA.
Aos
velhos, aliás os de idade mais avançada, é recomendável tomar uns comprimidos
que, dizem, retardam a evolução da artrite, e artrite na minha idade tem-se até
no pensamento. Uma droga que acredito não sirva para nada mas... chama-se
Glucosamina – Condoitrina. Dou até ao nosso cão. Jogar dinheiro fora.
Pela
Internet encontrei um fornecedor que me cobrou, por um pacote que dá para cinco
meses o mesmo que o brasileiro de trinta dias. Encomendei, e da primeira vez
com um bônus – leve dois pague um – o que me deu para dez meses. Depois voltei
a encomendar, tudo foi chegando, até que este último ficou retido na Alfândega.
Veio
um telegrama duplo dos Correios:
Por interesse da fiscalização
sanitária exercida pela ANVISA*, neste recinto alfandegado da ECT (Empresa dos
Correios) fica o interessado NOTIFICADO a apresentar no prazo de 30 (trinta)
dias ... a seguinte documentação:
a) Apresentar prescrição do
profissional...etc.
Endereço:
Todos Ponta do Galeão, s/n 1° andar
– Galeão – Rio de Janeiro.
Passa
o Carnaval e o estúpido, este que se assina, depois de ter pesquisado em vários
programas da Internet o dito Todos Ponta
do Galeão, o que todos ignoraram, como eu, sai de casa cedo, temendo
confusão para encontrar o Todos..., lá
vai a caminho de um endereço que nem o Papa sabe onde fica. Mas como dizia
Galeão, objetivo Aeroporto.
Uma
festa. Começa pela Polícia que diz para ir aos Correios, logo ali, ó... Não. Não era ali, nem eles sabiam onde seria. Mas tem outra loja dos Correios no 1° andar.
Bingo,
bem diz o telegrama que é no 1° andar. Não era. Nem eles sabiam onde ficava,
nem o que significava o GEARA/CTCI-RJ (Gerência
da Atividades de Recinto Alfandegado – Centro de Tratamento dos Correios
Internacional).
Por
milagre, surge, abrindo uma porta, um funcionário que sabia onde era!
O senhor volta tudo para trás,
passa junto ao aeroporto militar, vira à direita e entra na segunda rua à
direita.
Lá
vai o estúpido. A segunda rua à direita era de sentido proibido. Anda mais um
pouco, pára mais duas vezes, inquire, alguém explica onde ficam os Correios,
e... finalmente, aparece um edifício dos ditos Correios.
No
portão, fechado com dupla segurança, explico ao que vou.
É no edifício aqui ao lado mas só
abre ao meio dia.
Só ao
meio-dia???????????? !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Eram 10:30. Um
calorzinho razoável.
Meio
dia?
Sim. Abre ao meio dia e fecha às
nove da noite.
Mas
isso deve ser caso único no país inteiro.
O que é que o senhor quer? Eu sou
só o segurança.
Eu
sei que você não culpa alguma, mas isto é uma sacanagem! Não vou esperar. Mas
faça-me um favor: quando vir alguém que trabalhe lá dentro diga-lhe que esteve
aqui um velho, que saiu cedo de casa, andou cinquenta quilómetros, pagou
estacionamento no aeroporto, e duas vezes o pedágio, e não quis sofrer o vexame
de ficar aqui uma hora e meia a assar neste sol. Ele que metam o frasco com o
meu medicamento no... você imagina onde, né?
Ele
riu, assentiu com a cabeça, dizendo
que sabia onde eles deviam meter o frasco, e eu bati em retirada.
Para
variar, aquilo no middle of no where, cheio de ruas e caminhos para desviar da
Linha Vermelha, mas tabuletas indicando qual direção a seguir... NADA. NADINHA.
À brasileira.
Pergunta
mais uma vez a um motorista, que, à boa moda carnavalesca, mas simpático,
explicou exatamente, muito amável, o caminho mas na direção oposta! Ele também
estava meio perdido.
Mais
16 quilómetros para só depois encontrar onde fazer o retorno.
119
quilómetros rodados.
R$
14,00 de estacionamento
2
x R$ 5,90 de pedágio.
Remédio...
nada.
Os
Correios do Brasil já foram um lixo há uns 50 anos. Depois, organizados, eram
os melhores do mundo. Uma carta para a Europa e de lá para cá, demorava uns 3
dias. Hoje demora 3 SEMANAS... quando chega, porque algumas ficam pelo caminho
perdidas. Incrível.
Há
mais de um mês aguardo a chega de um DVD que a minha filha mandou de Londres.
Penso que eles devem estar a fazer sessões lá nos Correios para distrair o
pessoal.
Mas
não há crise. Vou deixar a artrite descansar por uns tempos. Tempo, de qualquer
modo é o que agora tenho de menos.
*ANVISA
– Agência Nacional de Vigilância Sanitária – com quem já há uns anos, a
propósito do preço dos medicamentos troquei uns e-mails absolutamente hilários.
Devia ser, também, no tempo do Carnaval.
20/02/2015
ORDEM E PROGRESSO... E NÓS, PORTUGAS, SEMPRE A DIZER QUE VAMOS À FRENTE NO ATRASO! A MALA-POSTA AO MENOS FUNCIONAVA! ERA MENOS CAVALAR!
ResponderExcluir