quinta-feira, 4 de dezembro de 2014


Portugal no século XX


Volta e meia aparecem uns livros que despertam a minha curiosidade. Desta vez foi “O Século XX Português”, do professor José Miguel Sardica. Uma análise interessante, sem manifestar qualquer tendência político-partidária, acaba por nos levar a comparar a I República, 1910 a 1926, com a gloriosa revolução dos cravos: períodos de anarquia total, perseguições, vinganças, governantes a vomitar o seu ódio represado, levando, a primeira à Ditadura de Gomes da Costa, seguida pelo período de Salazar, que deixou o país rico de finanças e pobre de liberdade, e a segunda, depois de acalmar um pouco, ao des-governo cavaquista que se embandeirou em arco com os dinheiros que recebia da UE e que acabou deixando o país com liberdade mas arruinado. 
Os primeiros, anarquistas, carbonários, ferozmente anti católicos, fecharam-se num grupo “revolucionário, jacobino e ditatorial”, fazendo com que a esmagadora maioria da população aplaudisse a chegada da paz interna com Carmona e Salazar. A “dos cravos” quase leva o país aos sovietes com o famigerado MFA – Movimento das Forças Armadas – perdido, vingativo, sem saber que direção tomar.
Tal a Revolução Francesa, que se quiz impor pelo Terror, a que Napoleão, quer gostem dele ou não, acabou por dar rumo.
Até nos poucos meses que esteve exilado na ilha de Elba, revolucionou aquela pequenina parcela do território, ordenando-o, abrindo estradas, valorizando-o. Portugal não teve um Napoleão! Teve Salazar que afastou tudo e todos que lhe poderiam fazer sombra ou atrapalhar os seus projetos.
Em 1932 ele afimou; “Os que não concordam podem ser sinceros e dignos confessando a sua discordância... mas no que respeita a uma atuação política efetiva, levá-la-emos pelo melhor modo possível, a que não nos incomodem demasiadamente...” . Brilhante! Mas todos os que incomodaram foram postos ou fora ou a ferros, desde a extrema esquerda à extrema direita.
Também dele a frase: “O poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente.”  Ele parece não ter metido um cêntimo no bolso, mas julgou-se imortal e insubstituível.
Nomeou Marcelo Caetano, um dos primeiros a apoiar a Mocidade Portuguesa e a ocupar sempre cargos da mais alta confiança desde que fizesse exatamente o que o chefe queria.
E Salazar tinha dele uma opinião curiosa! Em 1973, em (ainda) Lourenço Marques, um padre, cujo nome felizmente esqueci, diretor do jornal “O Diário”, quase orgão do bispado, tinha sido em tempos capelão da Mocidade Portuguesa, profundo admirador de Salazar, mas, pagar os emprestimos que devia ao banco, onde eu estava... nada. E lá vou eu, poucos dias depois da desastrosa comunicação de Marcelo Caetano ao país, a propósito do livro “Portugal e o Futuro” do general Spínola, uma vez mais ver se conseguiamos receber algum! O padre como já se esperava disse que a diocese estava sem dinheiro, chorou um pouco, etc., e veo à baila o discurso de Marcelo. Diz-me ele: “Eu conheci bem o Presidente Salazar. Várias vezes o fui visitar, e numa delas perguntei-lhe porque não nomeava o professor Marcelo Caetano como primeiro ministro e ia descansar, que bem merecia. Salazar respondeu-me: o professor Marcelo Caetano é um homem inteligente, íntegro, mas quando cria problemas não sabe como os resolver. Foi, por exemplo o que se passou quando me pediu para ser reitor da Universidade de Lisboa. Começou por afirmar que a Universidade mais antiga era a de Lisboa e não de Coimbra, arranjando logo confusão com os coimbrões. Depois, contra a minha opinião, que previa viesse a dar problemas, criou a Casa dos Estdantes do Império, que não tardou a ser um centro de desenvolvimento de movimentos de esquerda e pró independência das colónias. Quando já não sabia o que fazer veio apresentar a demissão. Um homem de valor mas não para conduzir um país!”
Curiosa esta opinião de Salazar. Dias antes todos tinhamos ouvido pelo rádio o pronunciamento de Marcelo Caetano, que foi um balde de água fria na abertura para o diálogo com os movimentos de libertação. Tal e qual a personalidade que Salazar definira!
O livro do professor Sardica dá-nos outra confirmação desta visão: a guerra de África consumia todos os recursos do país, não só económicos mas sobretudo em gente. 2% da população estava nas frentes de batalha. “Não querendo, não podendo ou não sabendo libertar-se deste fardo, o governo marcelista entrou em paralesia a partir de 1970-71. Foi o momento em que Caetano desistiu de liberalizar mantendo a guerra, passando a manter a guerra sem liberalização. E o sinal mais claro do recuo foi a recandidatura de Américo Tomás à Presidência, aceita por Caetano no verão de 1972.”
Do blog Portugal Vitorioso
Por Vitor Santos
Para muitos, o 25 de Abril que se comemora, é o expoente máximo da liberdade e da independência nacional. Intocável na sua génese, 40 anos depois, é imprudente discordar dos militares que lhe deram corpo. Passados 40 anos, temos uma associação liderada por uma figura que mais parece ter sido tirada de uma banda desenhada que mais não faz do que manter a todo o custo a insegurança, dividindo o povo e semeando o medo entre aqueles que discordam das suas palavras e dos seus actos.
Tinha razão Marcelo Caetano quando um dia se pronunciou sobre o 25 de Abril. 
Disse ele: “Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma Nação que estava a caminho de se transformar numa Suiça, o golpe de Estado foi o princípio do fim. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa”.
E acrescenta: “Veremos alçados ao Poder analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República”.
Comemorar, hoje, o 25 de Abril é deixar a esmagadora maioria dos portugueses com “amargo de boca”. Livramo-nos de uma ditadura para acolher e votar em ladrões e vigaristas oriundos de todas as classes sociais.
Deixemos Caetano em paz. Foi um professor de direito muito estimado e admirado por seus alunos, pelo seu saber e sua postura.

Só mais um aspeto de Portugal no século XX: a Mocidade Portuguesa. Criada por Decreto-Lei em 19 de maio de 1936, pretendia abranger toda a juventude - escolar ou não - e atribuía-se, como fins, estimular o desenvolvimento integral da sua capacidade física, a formação do carácter e a devoção à Pátria, no sentimento da ordem, no gosto da disciplina, no culto dos deveres morais, cívicos e militares.
Há que se divirta a comparar a Mocidade Portuguesa – MP – com a juventude hitlerista, ou as juventudes fascistas italiana ou espanhola.
É evidente que foi uma obra de Salazar, o que era bem visível nos cintos da farda, com um grande S na fivela!



Jovens da MP dando início à plantação da floresta de Monsanto em 28-Maio-1938
(Eu sou o que esta atrás, à esquerda, assinalado com a cruz azul)
Quem, como eu passou uns anos na MP, deve lembrar-se como era uma organização bem estruturada, e onde os jovens, primeiro só rapazes e mais tarde também as moças, tiveram oportunidade de preticar uma imensa variedade de desportos como vela, equitação, campismo, atletismo, jogos divesros, etc.
Fomos nós que plantámos as primeiras árvores do que é hoje o Parque Florestal de Monsanto. E fizémo-lo com o maior prazer. Ainda hoje consigo econhecer a árvore que lá plantei há 76 anos!!!


Primeira página do número especial do Século Ilustrado” de 28-Maio-1938

Em 74 a famigerada “dos cravos” acabou com tudo. Todos éramos ou tínhamos sido fascistas! E em seu lugar simplesmente, covardemente e incopetentemente deixou... NADA.
Tenho muito orgulho, e saudade de ter sido esse fascista! Fiz muito desporto, sobretudo atletismo, sem nunca me ter preocupado em ser uma capeão – atletas profissionais nem me lembro se havia – e tão fascista fui que quando das eleições de 1958, quando me indignei ao ouvir pelo rádio um surpreendetemento idota discurso do major Botelho Moniz, mais salazarista do que o próprio dizer “não saimos daqui nem a votos nem a tiros”! Lembro bem de ter dado um pulo da cadeira e dizer que essa gente está a fazer de nós todos uns carneiros.
As listas de eleitores em Angola, onde não havia nada organizado, foram pedidas às empresas, e só votavam os que os diretores lá inscreviam. Depois daquele “soco no estômago” que me deu o tal major, coloquei em letras bem grandes no vidro traseiro do meu carro
“VOTE NO HUMBERTO DELGADO”.
Foi o suficiente para que o diretor geral da Cuca, em Luanda, ter feito a seguinte observação: “Você não está maduro para votar!”, e riscou o meu nome da lista!
Não serviu de nada porque o “general sem medo”, em Angola deve ter ganho com mais de 90%, mas “oficialmente” creio que foi só com uns 58%!
Graças a Deus! Nunca votei, nem jamais votarei.


03/11/2014

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