quarta-feira, 5 de março de 2014




A nova Pena de Morte


A Pena de Morte foi abolida há muitos anos e em muitos países. Portugal foi um dos primeiros. Não se sabe, ninguém sabe, se foi na maioria deles ou numa simples e rara minoria. Mas terá sido abolida?
Há onze anos – 15/03/2003 – escrevi para um ou dois jornais uma crônica de que repito uma parte que vem agora a propósito; o seguinte:

Pena de Morte, Pena da Vida

O que é mais estarrecedor? O jornal ou rádio que difunde notícias para além de surrealistas, ou as notícias em si mesmas, ou ainda a situação do país que permite assistir-se a tudo isso. O quê?
O famoso e famigerado bandido Fernandinho Beira Mar, depois de criar o caos e o terror no Rio de Janeiro, foi transferido para uma outra prisão, de “segurança máxima”, no interior de São Paulo.
O juiz responsável pela prisão, proibiu dom Fernandinho de receber visitas da mulher e amigos, de receber refeições especiais encomendadas a restaurantes da cidade, obrigou-o a cortar o cabelo como os outros presos, enfim cortou as mordomias que sexa tinha no Rio de Janeiro, e tratou-o como um prisioneiro, perigoso, condenado pela justiça.
Parabéns doutor juiz e os meus mais sentidos pêsames a sua família porque logo a seguir foi executado com quatro tiros à saída do fórum.
A minha indignação não tem tamanho e não será menor do que a dos restantes 170 ou 180 milhões de brasileiros que assistem a tamanho descalabro.
O juiz é condenado à morte e executado num piscar de olhos. Não é o primeiro, nem o vigésimo, nem certamente o último que o bandido condena e executa.
E ele? O bandido? Vão lhe servir refeições de luxo, deixar a mulher visitá-lo quantas vezes queira, entregar-lhe telefones celulares e deixar-lhe crescer o cabelo?
O próximo juiz tem duas opções, só: ou o deixa fazer tudo e talvez sobreviva, ou procede com justiça e não tarda que tenhamos de enviar nossos pêsames a outra família. E a todos nós.
...
A pena de morte? Existe sim. Sem burocracias, nem intervenções judiciárias. Simples e eficiente. No sentido inverso.
- Liquida F... , manda o bandido.
- Pum! Já está.
É uma pena.

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Desta vez porém não é esta pena de morte que vou referir se bem que ela exista em todo o mundo, desde a Noruega, onde vimos o massacre perpetrado pelo louco (?) Andres Breivik, aos paranóicos americanos obcecados por armamento e sangue, às carnificinas contra cristãos no Mali, na Nigéria, Camarões, República Centro-Africana, Sudão, Somália, Iraque, Irão, Indonésia, Argélia, Egito, Marrocos e Líbia, na Síria, e etc., etc., e até na França, à paranóia da família do gorila King Kong na Coreia do Norte, aos assassinatos permanentes no Brasil, Colômbia, Equador, sem esquecer as frias execuções na China e na Rússia, às repressões na Venezuela e Equador, enfim um nunca mais acabar de licenciosos executores de penas de morte, todas gratuitas. Além das guerras!
Mas há outra, talvez ainda mais covarde, e que tem sido oficialmente proclamada e autorizada em muitos países, também eufemisticamente chamados de civilizados: o aborto.
Nada mais fácil do que matar um ser que nem sequer viu ainda a luz do dia, na maioria das vezes porque a mãe – será mesmo Mãe? – quis ou somente quer “usar o seu corpo como muito bem lhe apetecer”, e andar em orgias sexuais, tanto faz que só como acompanhada de um ou mais parceiros homo ou hetero. Vale tudo, em nome da liberdade individual. Sexo, sexo, sexo, e depois mata-se o inocente.
Aqui no Brasil, um extorcionário, espécie de arqui-milionário internacionalmente conhecido como bispo Macedo (outro eufemismo), proprietário da igreja IURD, tem um pronunciamento no Facebook, digno de Hitler ou Stalin, quando diz apoiar o aborto porque assim se evitará que venha ao mundo um monte de gente que vai sofrer, ser infeliz, ter doenças, etc. Depuração pré nazista!
Há alguns anos indignei-me quando um tribunal daqui, do Brasil, não permitiu que uma mãe abortasse. Ela sofria com o ser que se desenvolvia no seu seio: anencéfalo. Sabia que era um sacrifício vão e que jamais iria poder ter aquele filho. A mãe teve que carregar o fardo para ver o pequenino ser nascer e logo morrer. E guardar pelo resto da vida a visão dum filho que saiu de dentro dela sem que ninguém lhe pudesse valer.
Só em 2009 é que o I Congresso de Direito de Família, realizado entre 28 e 30 de setembro, concluiu que o Supremo Tribunal Federal deve reconhecer o direito das mulheres a interromperem a gestação de feto anencéfalo.
Há outras situações em que a mãe corre risco de vida, e nesse caso o aborto parece ser, infelizmente, a única solução que a medicina encontra.
Vale a pena ler, na íntegra o documento deste Congresso:
Mas o aborto descriminado, para se andar na pouca vergonha – se é que ainda há alguma – e depois, em nome duma suposta liberdade, de nome libertinagem, matar um ser inocente e indefeso, é muito mais covardia do que a de um bandido assassinar um qualquer indivíduo.
Este ano o des-governo do Brasil, para que o pessoal chamado “carnavalesco” se esbanjasse na pouca vergonha, na promiscuidade, distribuiu, oferecidas, 600 mil camisinhas. Isto pressupõe três camisinhas por cada brasileiro, incluindo idosos,  jovens e criancinhas, para usarem no Carnaval! Não necessitou do acompanhamento e recomendações óbvias: “esbaldem-se na sacanagem!”
Há casais (casais ?) que se despedem no início do Carnaval, para que cada um se vá “esbaldar” com quem quiser, e só voltam a encontrar-se depois das Cinzas! E é um salve-se quem puder, que as fotografias das siliconadas bem mostram! Aliás, bem exibem, e o mais estranho, são elas que pagam, e pagam caro, para se exibirem, praticamente nuas, pelas ruas das cidades, além do que já pagaram para “turbinarem” seios, coxas, bundas e até pantorrilhas! O que elas procuram? Espetáculo? Não. Procuram, com certeza, dar consumo à oferta do governo: aqueles milhares de camisinhas.
Se alguma se romper... o aborto resolve!
E agora sentem-se, porque esta notícia faz qualquer um cair de costas, o cúmulo do inimaginável, aqui, neste país do faz de conta, acontece: a prefeitura do Rio colocou nalguns pontos do Centro, por onde andam os carnavalescos, umas cabines para quem lá quisesse ir experimentar as camisinhas! Podem não acreditar. E eu só acreditei quando o jornal noticiou e mostrou a fotografia duma máquina a retirar uma dessas cabines depois da festa!
É sabido que a idade ideal para a procriação, para as mulheres, para que os filhos venham mais saudáveis, é entre os vinte e vinte e cinco anos. Hoje, com esta libertinagem, além da dificuldade de um casal se estabelecer, algumas só querem engravidar, as que querem, muito mais tarde. E quanto mais tarde, maiores as probabilidades dos filhos virem mais fracos.
Entretanto com o casa-descasa, ou casa-divorcia que é bem mais complicado e caro, acabam ficando só no dorme junto e sai de fininho.
Como o mundo está a entrar numa paranóia total, com a avacalhação dos costumes, o politicamente correto, os distorcidos direitos humanos, a emancipação da liberdade dos corpos, não há lei que consiga acabar com esta nova Pena de Morte.


05/03/2014

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