Para se poder acompanhar o caminhar deste
país. Ou o descaminho que tem levado nos últimos dez anos.
Agora, a madama presidentA, já se propôs à
reeleição em 2014, tomou medidas “excepcionais”: criou mais 70.000 mil famílias
para receberem o Bolsa Família, mais conhecido por “Bolsa Voto”.
Vale a pena ler os artigos abaixo, todos do
jornal “O Globo” e, no que respeita a estradas, rever o meu texto sobre a ida
ao Mosteiro de 08/12/2012. O que sofri naquela estrada!
A recepção à cubana Yoani foi uma verdadeira
demonstração de fidelismo ou stalinismo, a que o (des)governo de Brasília está
sujeito. Uma vergonha. E uma tristeza.
De qualquer modo o Brasil é imparável. Cresce
e vai continuar a crescer mesmo com os buracos nas estradas e os poços cavados
pelos políticos nas finanças públicas. Mas roubá-lo tão vergonhosamente e
desgovernar assim...
UMA ESTRADA FEDERAL COM BURACOS A CADA 38
METROS
Motoristas sofrem com precariedade da BR-493,
que liga Manilha a Magé
elenilce
bottari - elenilce@oglobo.com.br
SlMONE cândida
- simone.candida@oglobo.com.br
São 25 quilómetros de
uma estrada estreita (cerca de dez metros, somando os dois sentidos de
tráfego e os acostamentos), marcada por grandes desníveis, sem iluminação e
com sinalização precária. Além disso, como O GLOBO constatou na quarta-feira da
semana passada, havia 665 buracos ao longo da via—uma média de um a cada 38
metros. Apesar do cenário de abandono, ela está longe de ser um caminho da roça
qualquer. Trata-se da BR-493 (que liga Manilha, em Itaboraí, a Santa
Guilhermina, em Magé), por onde são transportados 70% dos alimentos que abastecem
o Rio. Na estrada, passam diariamente 18 mil veículos, 60% deles caminhões. A
rodovia é também o principal acesso da Região Metropolitana e do Sul do
estado ao Norte Fluminense e a grande parte do Nordeste do país.
O próprio
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) reconhece que a
estrada não comporta mais tamanha carga: são mais de 150 mil toneladas por dia
sobre a pista. Numa parceria fechada em 2008 entre o governo do estado e a
União, centro das obras do Arco Metropolitano, caberia ao Dnit realizar a
duplicação da BR-493. No entanto, após quatro anos sem nenhum quilómetro
construído, o consórcio foi desfeito. Isso aconteceu depois de denúncias
envolvendo a Construtora Delta, que fazia pare do consórcio contratado para
obra, orçada na época em R$ 950 milhões.
SEM AVISO PARA OUEBRA-MOLAS
Os acidentes
são constantes, principalmente na região de Magé. Moradores costumam chamar a
estrada de rodovia da morte.
À noite, não
se vê nada, mas se ouvem muitas freadas e batidas. Volta e meia, tem gente
morta — contou José das Graças, de 62 anos, há 57 vivendo às margens da BR-493,
no quilómetro 21.
Ele conta que
não falta trabalho para mecânicos da região:
- Não tem
nenhuma marca indicando os quebra-molas. Por isso, depois de cada quebra-molas,
tem sempre um buraco, por causa do impacto dos carros sobre a pista.
As poucas
placas de sinalização somem atrás do mato alto. É o que acontece, por exemplo com
a placa que alerta para o estreitamento da via no trecho sobre o Rio Iriri, em
Magé.
- É brabo. A
gente paga pedágio (R$ 12,50) por uma coisa dessa. Os buracos estão sempre
quebrando o meu carro - protestou o motorista Cláudio Silva.
Segundo moradores, a
situação se agravou a partir de 2002, quando a Ponte Rio-Niterói foi fechada
ao transporte de cargas, transferindo esse fluxo de veículos pesados para a
Magé-Manilha (também conhecida como Estrada do Contorno da Baía de Guanabara).
“O Globo”, 21.02.2013
A intolerância
recepciona Yoani Sánchez
A denuncia publicada pela revista “Veja! De que o embaixador
cubano no Brasil, Carlos Zamora Rodriguez, patrocinara uma reunião em
Brasíliapara abastecer grupos radicais de “informações” contra a bogueira Yoani
Sanchez foi o sinal de que a viagem da cubana dissidente ao Brasil poderia não
ser tranquila.
Para tornar o fato mais grave, participou do
encontro Ricardo Poppi Martins, militante do partido petista coordenador de
Novas Mídias e Outras Linguagens de Participação, da Secretaria Geral da
Presidência, de Gilberto Carvalho. Entre os presentes à reunião, articulada
pelo coordenador político da embaixada, Rafael Hidalgo, havia mais
representantes do PT, além do PcdoB, da CUT, etc.
Impossível
não estabelecer relação entre a reunião de "agitação e propaganda"
patrocinada pelo senhor embaixador cubano em Brasília, na qual foi distribuído
pelo menos um CD da ditadura cubana para ajudar a difamar Yoani, e ruidosas e
agressivas manifestações feitas por grupelhos na passagem da blogueira
principalmente por Recife (PE) e Feira de Santana (BA).
Um dos
símbolos da luta pela liberdade de expressão em Cuba, Yoani teve a melhor das
reeações diante da claque que avançou com violência contra ela no Recife: "Esta é uma expressão da democracia
que espero ver em Cuba". Mas, assim como em Cuba, ela teve limitada a
liberdade pois, na Bahia, não pôde ser exibido o filme "Conexão
Cuba-Honduras” um dos motivos de sua viagem, depois de cinco anos de
tentativas de obter visto para ir ao exterior.
Recebida,
ontem no Congresso, por iniciativa correta da oposição e apoio de pessoas sensatas
da base do governo, como o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Yoani, com a sua
viagem, ajuda a sociedade brasileira a ter uma ideia de como se articulam,
dentro e fora do governo, grupos radicais, antidemocratas, intolerantes.
A tíbía reação
do Itamaraty a uma reunião numa embaixada estrangeira para deflagrar uma ação
política de sabotagem em território nacional já demonstra o poder dessa gente
em Brasília. Ficou evidente, ainda, que se usa a mesma rede de militância
existente na internet:
- a partir de
perfis falsos, e-mails de "laranjas"
- para
disseminar acusações de toda ordem contra Yoani, deixando a impressão digital
de uma operação orquestrada. Mais uma vez. Até os cartazes, como registrou a
cubana em seu blog GeneraciónY, brandidos contra ela no desembarque, eram
padronizados.
Nada a
estranhar quanto a manifestações. É parte da democracia - que não existe mesmo
em Cuba. Lá, ativismo político só a favor. O preocupante é quando esquemas autoritários de
militância têm raízes dentro do aparelho de estado.
A pressão
sobre a blogueira no Brasil expõe algo bem mais grave do que a ação de minorias
fanáticas.
“O
Globo”, 21.2.2013
Na Moral
Parei minha moto no shopping, roubaram
a tampa da válvula do pneu. Tinha uma ótima tesoura Tramontina para tosar
cachorros, mas alguém que esteve na minha casa a trocou por uma de pior
qualidade. O médico me mandou tirar radiografia desnecessária só para gastar
dinheiro do plano de saúde. Minha revista semanal sumiu na portaria do prédio.
A prosaica semana de um leitor
carioca, tão banal e parecida com a de milhões de brasileiros de todas as
classes sociais que são vítimas constantes de pequenos (e grandes) roubos e
malandragens públicos e privados, mostra como isto está arraigado na nossa
cultura, atravancando o crescimento do nosso IDH, por mais que se invista em
educação, tecnologia e infraestrutura.
O Brasil está rico, mas 43% dos
alfabetizados não sabem ler, mais da metade das cidades não tem esgoto tratado,
e um terço das Câmaras e do Congresso está nas mãos de processados ou
condenados
Será que estamos condenados para
sempre a essa cultura nefasta ? Ou já foi pior e aos poucos está mudando por
força da lei, da polícia e da justiça? E dos bons exemplos que se espalham na
mídia e nas redes sociais, embora os piores exemplos venham justamente dos que
têm por obrigação a conduta exemplar: os políticos que fazem do Congresso uma das
instituições mais desmoralizadas diante da população. Tudo bem, o Brasil está
rico, poderoso, solidário, mas 43% dos alfabetizados não sabem ler, mais da metade das
cidades não tem esgoto tratado, 1/3 das Câmaras Municipais — e do Congresso
Nacional — está nas mãos de processados ou condenados pela Justiça. Não é uma
questão de ideologia, é de uma cultura; que não muda com leis, programas ou
verbas, mas com o tempo e os exemplos que vêm de cima e de fora, em casa e no
trabalho. Moralismo otário? Ou exigência do desenvolvimento social?
Nos anos 60, acreditava-se que a
revolução castrista não só transformaria a política, a economia e a cultura em Cuba,
mas criaria o "novo homem cubano”, limpo, livre e solidário, mas hoje os
furtos, as agressões e malandragens se tornaram um modo de vida na ilha, pela
nobre causa de comer todo o dia.
Não bastam a economia, a educação e a tecnologia, é o exercício dessas
leis não escritas – porque todos conhecem – que vai tornar melhor, ou pior,
viver em um país rico e sem miséria.
NELSON MOTTA
é jornalista
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