terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Para se poder acompanhar o caminhar deste país. Ou o descaminho que tem levado nos últimos dez anos.
Agora, a madama presidentA, já se propôs à reeleição em 2014, tomou medidas “excepcionais”: criou mais 70.000 mil famílias para receberem o Bolsa Família, mais conhecido por “Bolsa Voto”.
Vale a pena ler os artigos abaixo, todos do jornal “O Globo” e, no que respeita a estradas, rever o meu texto sobre a ida ao Mosteiro de 08/12/2012. O que sofri naquela estrada!
A recepção à cubana Yoani foi uma verdadeira demonstração de fidelismo ou stalinismo, a que o (des)governo de Brasília está sujeito. Uma vergonha. E uma tristeza.
De qualquer modo o Brasil é imparável. Cresce e vai continuar a crescer mesmo com os buracos nas estradas e os poços cavados pelos políticos nas finanças públicas. Mas roubá-lo tão vergonhosamente e desgovernar assim...

UMA ESTRADA FEDERAL COM BURACOS A CADA 38 METROS

Motoristas sofrem com precariedade da BR-493, 
que liga Manilha a Magé

elenilce bottari - elenilce@oglobo.com.br
SlMONE cândida - simone.candida@oglobo.com.br  
São 25 quilómetros de uma es­trada estreita (cerca de dez metros, somando os dois sen­tidos de tráfego e os acosta­mentos), marcada por grandes desníveis, sem iluminação e com sinalização precária. Além disso, como O GLOBO constatou na quarta-feira da semana passada, havia 665 buracos ao longo da via—­uma média de um a cada 38 metros. Apesar do cenário de abandono, ela está longe de ser um caminho da roça qual­quer. Trata-se da BR-493 (que liga Manilha, em Itaboraí, a Santa Guilhermina, em Magé), por onde são transportados 70% dos alimentos que abaste­cem o Rio. Na estrada, passam diariamente 18 mil veículos, 60% deles caminhões. A rodo­via é também o principal aces­so da Região Metropolitana e do Sul do estado ao Norte Flu­minense e a grande parte do Nordeste do país.
O próprio Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) reconhece que a estrada não comporta mais tamanha carga: são mais de 150 mil toneladas por dia sobre a pista. Numa parceria fechada em 2008 entre o go­verno do estado e a União, centro das obras do Arco Me­tropolitano, caberia ao Dnit realizar a duplicação da BR-493. No entanto, após qua­tro anos sem nenhum quiló­metro construído, o consórcio foi desfeito. Isso aconteceu de­pois de denúncias envolvendo a Construtora Delta, que fazia pare do consórcio contratado para obra, orçada na época em R$ 950 milhões.
SEM AVISO PARA OUEBRA-MOLAS
Os acidentes são constantes, principalmente na região de Magé. Moradores costumam chamar a estrada de rodovia da morte.
À noite, não se vê nada, mas se ouvem muitas freadas e batidas. Volta e meia, tem gen­te morta — contou José das Graças, de 62 anos, há 57 vivendo às margens da BR-493, no quilómetro 21.
Ele conta que não falta traba­lho para mecânicos da região:
- Não tem nenhuma marca indicando os quebra-molas. Por isso, depois de cada que­bra-molas, tem sempre um bu­raco, por causa do impacto dos carros sobre a pista.
As poucas placas de sinaliza­ção somem atrás do mato alto. É o que acontece, por exemplo com a placa que alerta para o estreitamento da via no trecho sobre o Rio Iriri, em Magé.
- É brabo. A gente paga pe­dágio (R$ 12,50) por uma coisa dessa. Os buracos estão sem­pre quebrando o meu carro - protestou o motorista Cláudio Silva.
Segundo moradores, a situa­ção se agravou a partir de 2002, quando a Ponte Rio-Niterói foi fechada ao transporte de car­gas, transferindo esse fluxo de veículos pesados para a Magé-Manilha (também conhecida como Estrada do Contorno da Baía de Guanabara).
“O Globo”, 21.02.2013

A intolerância recepciona Yoani Sánchez

A denuncia publicada  pela revista “Veja! De que o embaixador cubano no Brasil, Carlos Zamora Rodriguez, patrocinara uma reunião em Brasíliapara abastecer grupos radicais de “informações” contra a bogueira Yoani Sanchez foi o sinal de que a viagem da cubana dissidente ao Brasil poderia não ser tranquila.
Para tornar o fato mais grave, participou do encontro Ricardo Poppi Martins, militante do partido petista coordenador de Novas Mídias e Outras Linguagens de Participação, da Secretaria Geral da Presidência, de Gilberto Carvalho. Entre os presentes à reunião, articulada pelo coordenador político da embaixada, Rafael Hidalgo, havia mais representantes do PT, além do PcdoB, da CUT, etc.
Impossível não estabelecer relação entre a reunião de "agitação e propaganda" patrocinada pelo senhor embaixador cubano em Brasília, na qual foi distribuído pelo menos um CD da dita­dura cubana para ajudar a difamar Yoani, e rui­dosas e agressivas manifestações feitas por gru­pelhos na passagem da blogueira principal­mente por Recife (PE) e Feira de Santana (BA).
Um dos símbolos da luta pela liberdade de expressão em Cuba, Yoani teve a melhor das reeações diante da claque que avançou com violência contra ela no Recife: "Esta é uma expres­são da democracia que espero ver em Cuba". Mas, assim como em Cuba, ela teve limitada a liberdade pois, na Bahia, não pôde ser exibido o filme "Conexão Cuba-Honduras” um dos mo­tivos de sua viagem, depois de cinco anos de tentativas de obter visto para ir ao exterior.
Recebida, ontem no Congresso, por iniciativa correta da oposição e apoio de pessoas sensa­tas da base do governo, como o senador Edu­ardo Suplicy (PT-SP), Yoani, com a sua viagem, ajuda a sociedade brasileira a ter uma ideia de como se articulam, dentro e fora do governo, grupos radicais, antidemocratas, intolerantes.
A tíbía reação do Itamaraty a uma reunião numa embaixada estrangeira para deflagrar uma ação política de sabotagem em território nacional já demonstra o poder dessa gente em Brasília. Ficou evidente, ainda, que se usa a mesma rede de militância existente na internet:
- a partir de perfis falsos, e-mails de "laranjas"
- para disseminar acusações de toda ordem contra Yoani, deixando a impressão digital de uma operação orquestrada. Mais uma vez. Até os cartazes, como registrou a cubana em seu blog GeneraciónY, brandidos contra ela no de­sembarque, eram padronizados.
Nada a estranhar quanto a manifestações. É parte da democracia - que não existe mesmo em Cuba. Lá, ativismo político só a favor. O preocupante é quando esquemas autoritários de militância têm raízes dentro do aparelho de estado.
A pressão sobre a blogueira no Brasil expõe algo bem mais grave do que a ação de minori­as fanáticas.

“O Globo”,  21.2.2013

Na Moral

Parei minha moto no shopping, rou­baram a tampa da válvula do pneu. Tinha uma ótima tesoura Tramontina para tosar cachorros, mas alguém que esteve na minha casa a trocou por uma de pior qualidade. O médico me mandou tirar ra­diografia desnecessária só para gastar dinheiro do plano de saúde. Minha revista semanal su­miu na portaria do prédio.
A prosaica semana de um leitor carioca, tão banal e parecida com a de milhões de brasilei­ros de todas as classes sociais que são vítimas constantes de pequenos (e grandes) roubos e malandragens públicos e privados, mostra co­mo isto está arraigado na nossa cultura, atravancando o crescimento do nosso IDH, por mais que se invista em educação, tecnologia e infraestrutura.
O Brasil está rico, mas 43% dos alfabetizados não sabem ler, mais da metade das cidades não tem esgoto tratado, e um terço das Câmaras e do Congresso está nas mãos de processados ou condenados
Será que estamos condenados para sempre a essa cultura nefasta ? Ou já foi pior e aos poucos está mudando por força da lei, da polícia e da justiça? E dos bons exemplos que se espalham na mídia e nas redes sociais, embora os piores exemplos venham justamente dos que têm por obrigação a conduta exemplar: os políticos que fazem do Congresso uma das instituições mais desmoralizadas diante da população. Tudo bem, o Brasil está rico, poderoso, solidário, mas 43% dos alfabetizados não sabem ler, mais da metade das cidades não tem esgoto tratado, 1/3 das Câmaras Municipais — e do Congresso Nacional — está nas mãos de processados ou condenados pela Justiça. Não é uma questão de ideologia, é de uma cultura; que não muda com leis, programas ou verbas, mas com o tempo e os exemplos que vêm de cima e de fo­ra, em casa e no trabalho. Moralismo otário? Ou exigência do desenvolvimento social?
Nos anos 60, acreditava-se que a revolução castrista não só transformaria a política, a economia e a cultura em Cuba, mas criaria o "novo homem cubano”, limpo, livre e solidário, mas hoje os furtos, as agressões e malandragens se tornaram um modo de vida na ilha, pela nobre causa de comer todo o dia.
Não bastam a economia, a educação e a tecnologia, é o exercício dessas leis não escritas – porque todos conhecem – que vai tornar melhor, ou pior, viver em um país rico e sem miséria.

NELSON MOTTA
é jornalista

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