quarta-feira, 4 de julho de 2012



Musica, Poesia e Zoologia



Não sendo músico nem musicólogo, de acordo com o dicionário serei um musicista, da mesma forma que não sendo poeta nem poético, há manifestações das duas artes que me parecem universais e eternas.
A música de Pachebel, Bach, Vivaldi, para referir só alguns dos chamados barrocos, a dos grandes mestres clássicos como Mozart, Beethoven, Liszt e tantos outros, as óperas italianas de Verdi, Rossini, os clássicos espanhóis como Manuel de Falla, Joaquin Rodrigo, Albeniz, as canções napolitanas, e já bem mais perto de nós, o Tango, Louis Armstrong, Aznavour, Amália Rodrigues, os Beatles, etc., ficarão para todo o sempre. Admiradas por todos, de todas as idades.
Da mesma forma os grandes poetas: Dante, Camões, Schiller, dificeis de ler, marcos das línguas em que escreveram, mas... “minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”, e onde cantaram com uma beleza imensa Gonçalves Dias, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Morais, e sempre outros mais.
Foi grande o Brasil na poesia e na música. Desta logo vem à memória Pixinguinha, Noel Rosa, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, António Carlos Jobim, Adoniran Barbosa, e mais outra imensa pleíade de artistas, chamados universais. Como os poetas.
Mas, assim como acabaram os impérios Sassânida, Romano, Britânico, a hegemonia da cultura grega, a grande civilização egípcia, possivelmente por terem gasto com demasiada rapidez os seus trunfos, em termos de líderes intelectuais ou militares, a música e a poesia parecem estar na mesma fase de decadência. Infelizmente rápido demais.
Para ouvir um concerto clássico, uma ópera, um fado, Jobim e outros, faz-se silêncio, embebe-se o ouvinte com a beleza e harmonia das músicas, e das suas letras, e por fim sai com a alma limpa, sempre a desejar mais e mais.
Hoje uns quantos artistas sobem aos píncaros da fama e grana, levados por empresários sedentos de lucros, elas exibindo-se eroticamente, com instrumentos gritando e holofotes encadeando, eles, maquiados, vestidos de palhaços, berrando como condenados, e uma turba de largos milhares saltando, agitando os braços, muitas delas encavalitadas nos ombros, pescoço e..., e mesmo sem conseguirem ouvir – jamais apreciar – pagam quantias exorbitantes para ficar ao relento a olhar um espectáculo que nem de circo seria digno.
E as letras dessas chamadas músicas? A maioria das vezes não são letras de música, nem de coisa alguma. Por vezes são simplesmente letras. Ruídos.
A grande moda que agora o Brasil exporta, e faz sucesso em todo o mundo, são músicas (?), que não têm nem música nem melodia, talvez só ritmo, inferior ao clássico batuque africano, e dele dizendo-se descendente, mas cuja letra só recém nascido deve poder compreender.
Há pouco foi o belo poema “Ai, se eu te pego” única frase de todo o tempo em que os instrumentos fazem barulho. Um sucesso estrondoso. Pouco antes foi o “Olha o tchan, tchan, tchan” e agora aparecem outras com o mesmo nível de musicalidade, harmonia e poesia!
Uma com a bela letra “Bará, bará, berê, berê” e outra, do mesmo nível, mas que – talvez – se possa escrever assim: “Tcherê, tchê, tchê”.
Não será isto uma, talvez louvável, tentativa científica de imitar alguns animais, ficando atrás dos microfones a grasnar, grunhir, relinchar, zurrar, rugir, e dando saltos que nem acrobáticos são?
Estão a matar a poesia e a assassinar a música!
Só para uma pequena comparação –se tiverem uns minutos – vão clicando nos links abaixo.

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