segunda-feira, 30 de julho de 2012



Mensagens das Olimpíadas

 
É sempre um espetáculo a não perder, a abertura dos Jogos Olímpicos, e uma vez mais a Inglaterra proporcionou-nos uma visão muito interessante da sua história. Na minha opinião só teve um bocado de música “pauleira” a mais, o que ia tornando esta festa num show de barulheira. Faz parte da sua história, mas.. possivelmente haveria outros aspetos mais marcantes.
Enfim.
Desta cerimônia, desta grande festa, três mensagens me tocaram de forma especial.
A primeira, foi a presença de Michelle Obama. Sempre sorridente, simpática, acionando com as mãos para os atletas do seu país, bonita e sobretudo simples. Apresentou-se como uma pessoa normal sem preocupações com toaletes espalhafatosas que acabam por ser ridículas. No dia seguinte assistindo às provas de natação lá estava ela com uma roupa de treino, que talvez não lhe tivesse custado nem vinte dólares! Uma lição de educação, simplicidade, coragem e muita simpatia.
Valeu Michelle.

Outra foi o aparecimento da brasileira Marina Silva carregando a bandeira olímpica. Marina, filha de seringueiros, nasceu numa palafita lá no interior da Amazónia. Teve uma infância pobre, doente, e só aos dezasseis anos foi alfabetizar-se. Quis continuar os estudos e formou-se em História. Foi vereadora, deputada e senadora, pelo Acre. Chegou a ser ministra de lula, com quem se desentendeu e saíu. Candidata à presidência teve um volume muito considerável de votos, ficando na terceira posição. Conseguiu com o seu trabalho, e imenso esforço, reduzir o desmatamento da Amazônia ao seu nível mais baixo de todos os tempos. Mereceu a distinção que lhe fizeram.
Mas agora vem o caricato, triste, a baixaria dos membros do (des)governo dilma presentes! Para já ficaram chicadis e invejosos, depois, como Marina e dilma não se entenderam no governo, o “vexame” foi difícil de engolir, e por fim os – sempre – desastrados e ineptos apaniguados da presidentA, com destaque para o ministro dos esportes – homem que nunca deve nem ter dado um chuto numa bola – membro do PCP, que fez o seguinte comentário: "Marina sempre teve boa relação com as casas reais da Europa e com a aristocracia europeia", afirmou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, adversário político de Marina na polêmica do Código Florestal. "Não podemos determinar quem as casas reais escolhem, fazer o quê?"
Tamanha bestialidade! Marina Silva, nascida numa palafita, que passou anos no PCP e no PT ser amiga da realeza europeia, seria a última coisa que se poderia imaginar que saísse da boca dum (teórico) (ir)responsável dum governo!
Marina elevou o Brasil com sua presença. O ministreco, para quem leu o comentário, envergonhou-o.

Por fim o ponto mais alto de toda a cerimônia foi a exaltação do HNS “Health National Service”, uma tremenda bofetada na cara dos republicanos americanos, e uma demonstração inequívoca da primazia dos serviços sociais britânicos.
Eu mesmo já tive, infelizmente, que recorrer a esses serviços de saude. Não demorei a ser atendido, fui visto por dois médicos, e por fim, com a receita da medicação, passei numa farmácia e... não desembolsei um só cêntimo!
E pensar que o HNS foi criado por decreto, de repente, em 1948, tinha o Reino Unido acabado de sair duma violentíssima guerra, com cidades devastadas, infra estruturas a necessitarem de reabilitação, etc. O primeiro serviço de saude nacional em todo o mundo, e... quase que ainda hoje! Sobretudo na sua eficiência.
Mas... agora entramos na pior história dos últimos anos: a crise que assola a Europa, EUA e muitos outros. Num dos últimos textos deste blog, vimos que há cerca de trinta TRILHÕES de dólares em paraísos fiscais, sem renderem um cêntimo para o desenvolvimento global. Só pura especulação. Dez ou quinze por cento desse valor equilibraria as finanças da Europa.
Todos os governos têm máquinas – ótimas – para imprimir moeda. E imprimem, fingindo que os bancos centrais controlam!
Também é sabido que, para destruir a Inglaterra, Hitler aprovou um audacioso plano: falsificar milhões de libras e espalhá-las pelo Reino Unido, para desestabilizar a economia inglesa.
Não é para pensar um pouco porque jamais a Inglaterra tenha falado nisso? E não é de estranhar que devastada, extremamente endividada com os EUA, a Grã Bretenha tenha criado um Serviço Nacional de Saude, de custo elevadissimo, quanto estava sem dinheiro para se recuperar do básico?
Parece que Hitler cometeu um terrível engano. Saiu-lhe o tiro pela culatra! Secretamente esse dinheiro começou a circular, ninguém sabia se era dinheiro bom ou menos bom, e o país recuperou-se rapidamente. Foi, por exemplo, o primeiro a produzir aviões a jato comerciais no mundo.
De onde terá vindo tanto dinheiro???
E como é possível que, além do dinheiro que corre em todos os países do mundo, ainda hoje “sobrem” trinta trilhões de dólares estagnados nos tais paraísos? É fácil entender: as fábricas de notas não param.
Em 1925 um português teve a mesma visão: havia pouco dinheiro em circulação. Portugal vivia momentos de grande aperto (como hoje!). Angola, como São Tomé com o café e cacau, ofereciam grandes possibilidades de desenvolvimento. Mas não havia dinheiro para investir.
Habilidoso, inteligente, falsário, conseguiu que fossem impressas, uma imensa quantidade de notas, todas de 500 escudos, num volume equivalente a cerca de 1% do PIB (hoje seriam 25 bilhões de dólares). O “azar” dele foi começar uma vidinha de rico e sempre apresentando notas de 500 escudos para pagar o que quer que fosse. Desconfiou-se, foi apanhado, e o seu – inteligente – plano de investimentos... morreu, e ele foi para a cadeia.
Não há dúvida que os ingleses, vinte e poucos anos depois, foram muito mais sofiscados e espertos! Devem ter aprendido com o pioneiro português Artur Virgílio Alves Reis, só que não se deixaram apanhar!
Destas Olimpíadas ficaram-me três mensagens:
- a simplicidade e categoria da primeira dama dos EUA, Michell Obama;
- a homenagem a uma mulher, simples, que lutou, e luta, pela preservação da Amazônia;
- e uma pista (?) ou uma solução (?) para a malfadada crise que assola tanta gente em tanto lugar, e que uma maquineta de fazer notas pode resolver em menos de um abrir e fechar de olhos.

É claro que não se pode esquecer um aplauso aos atletas, sejam eles de onde forem.



29/07/2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012



Lourenço Marques

- 2 -

Do seu estabelecimento


 

Voltemos a Lourenço Marques e comecemos ... pelo começo!
Assim que D. João II tomou conhecimento da entrada de Lourenço Marques na baía que levou seu nome, escreveu logo a Dom João da Castro que estava como Vice Rei na Índia:

Dom Joam de Castro Amiguo. Eu elrrey vos emuio muito saudar. Per bernaldo nacere capitão da naao de garcia de saa que chegou aquy no mês de feuereiro pasado receby a carta que me escreuestes de moçambique e dou muytas graaças a noso senhor da boa viagem que le¬vastes, de que folguey de me dardes conta tão particularmente; ......
Do descobrimento daqueles rios que fez Louremço marques folguey de saber, e parece que será cousa muy ymportante e necesaria acabarse bem de saber, pelo que vos emcomemdo muyto que ordeneis loguo mamdar da ymdia pêra iso hum navio ou fusta, qual vos parecer maes comveniente: e pela emformaçam e pratica que jaa disto tem louremço marques me parece meu serviço emcarregardelo desta viagem, ao qual dareis regimemto muy particular de tudo o que faça e procure de saber. E parecemdouos bem leuar ele no dito navyo algüas mercadorias, como parece que será necesareo, será bem mamdardeslhas, com as quaes ele poderá milhor resgatar as da terra, e saber uerdadeiramemte as que haa nela. E do que se nisto fizer me avisares. E posto que uos diga que mamdeys a isto Louremço marques, não o encaregareys diso, senam parecendouos que he tam soficiente pera iso que podereyes de mamdar a iso outra pesoa...
Bartolameu froes a fes em allmeyrim a oyto de março de 1546.
- Rey
Pera dom Joam de Castro

(Ainda que foi Lourenço Marques o primeiro explorador da bahia d'esse nome e rios que n'ella esboçam é de ver que já fora conhecida dos nossos navegadores desde a epocha em que D. Manuel mandou Cyde Barbudo(1) e Pedro de Quaresma(2) examinar a costa desde o Cabo até Sofalla para obter noticias de Francisco de Albuquerque e Pedro de Mendonça quen'aquellas paragens tinham desapparecido : a armada sahiu de Lisboa em setembro de 1505, e o regimento dado a Cide Barbudo pôde ver-se nos Annaes marítimos e coloniaes, serie 4.a paginas 162 e seguintes.)

O que parece se ter passado a seguir foi um quase abandono dos portugueses com o comércio naquela baía, até à sua “retomada” em 1781.
Portugal, por ter descoberto o caminho para a Índia, reservava-se o exclusivo do comércio europeu desde o Cabo até Sofala. Para norte já havia árabes e indianos há muito tempo.
Quatro anos antes, 1777, um aventureiro inglês, Guilherme Bolts, homem culto, arguto e diplomata, tipo “homem das arábias”, depois de ter trabalhado para os ingleses na Índia, e de ter enriquecido por meios escusos – que tudo perdeu porque a companhia inlgesa lhe sequestrou os bens - aparece em Lisboa e daqui vai a Viena e Trieste, onde consegue que alguns comerciantes lhe confiem um navio e mercadorias, esperando o “belo e lucrativo retorno”. Como a sua fama era conhecida em Portugal, onde nada conseguiu, passou à ilha da Madeira onde também não lhe venderam vinhos, depois Rio de Janeiro e finalmente em Lourenço Marques, onde não encontrou qualquer autoridade que o prejudicasse. E ali fundou uma feitoria, em nome de sua magestade imperial a arquiduquesa Maria Theresia Walburga Amalia Christina von Österreich, arquiduquesa e soberana da Áustria, Hungria, Bohemia, Croácia, Mântua, Milão, Galícia e Lodomeria, Parma e Países Baixos Austríacos. Pelo casamento, tornou-se duquesa da Lorena, grã-duquesa da Toscana e imperatriz consorte do Sacro Império Romano-Germânico. (É considerada um dos "déspotas esclarecidos", mas não se pode negar que não tenha sido “um bom partido” e uma grande parideira: teve 16 filhos!)
Bolts quiz a seguir negociar na Índia onde após uma série de “portas fechadas” conseguiu por fim fazer algum negócio, o que mereceu forte censura dos ministros e deputados da Junta da Fazenda da Índia. Dizia o ministro: “O dito Bolts tem arte, destreza, e astúcia, acompanhada de um grande conhecimento do comércio na Ásia, para poder persuadir e talvez determinar a Corte de Viena com estas ideias a formar uma Companhia em Trieste, ainda que ocorra o mesmo que à de Ostende”. Para ele “Bolts era um aventureiro e pirata por se intitular diretor geral de uma companhia que nem existe”!
Isso não o impediu de assonhorear do comércio com os régulos da região, correndo até com navios ingleses que ali aportaram.
Em 3 de Maio de 1777 assinou o primeiro tratado com o régulo Capela que designa por Rajá Mohaar Capelle, sempre assinando em nome de sua Magestade Imperial!
Dias depois assina novo tratado com o régulo Matola, a quem chama Rajá Chibanzan Matola, assinado também pelo Rajá Mafumo, que lhe vendeu toda a terra onde hoje se encontra a cidade de Maputo!
Portugal decidiu então correr dali com os “intrusos invasores” e a 31 de Março de 1781 ancorou, em frente do forte de S.José uma fragata, comandada pelo tenente-coronel Joaquim Vicente Godinho de Mira, que ali encontra três outros navios: um português, outro inglês e o terceiro, o Principe Fernandi da companhia de Trieste.
Godinho de Mira assim “que deu fundo” mandou logo apresar o navio “imperial” e com alguma tropa desceu em terra e sem encontrar resitência tomou conta da bateria de artilharia! No dia seguinte arvorou a bandeira portuguesa, notícia que logo se espalhou por toda a região, e os régulos acorreram para saber o que se passava, sendo o primeiro o régulo Mafumo, recebido a bordo com toda a dignidade.
No texto anterior transcrevemos o relato da visita do rei da Matola, o segundo a comparecer. No dia seguinte:

Em o dia 5 de abril, pelas nove horas da manhã, chegou a bordo da fragata uma pessoa do rei Capélla, mandado pelo dito, a fazer-nos saber que elle vinha já em marcha para ter o gosto de nos fallar, e que esperava nós fossemos encontrá-lo ao logar onde se fazia a agua, porque a bordo o dito rei não podia vir; o tenente coronel lhe procurou o motivo de não querer vir à fragata aonde já o rei Matolla tinha vindo, e entre elles era costume virem a bordo de todas as embarcações que ali chegavam; a pessoa do rei não respondeu nada, senão que o rei não vinha a bordo, a que respondeu o tenente coronel fizesse o que quizesse, comtanto que o dito rei ordenasse se nos viesse vender tudo que precisasse a fragata e que passasse ordem para se deixar fazer aguada, e tudo o mais que fosse preciso á fragata de Sua Magestade Fidelíssima; com esta resposta se foi a pessoa do rei, e o tenente coronel desembarcou para a terra aonde tinha a tropa da legião, e achando-se no mesmo sitio o capitão de mar e guerra, chegaram a este tempo pessoas do dito rei, dizendo que o rei era já perto d’aquelle sitio, e nos queria ali mesmo fallar e que vinha acompanhado da sua gente, que seriam três mil cafres antes mais do que menos; o tenente coronel respondeu que fossem dizer ao rei, que podia vir, que ali esperava, ainda que o logar era bem impróprio; retiraram-se as pessoas, e o tenente coronel fez desembarcar as peçinhas de amiudar, e alguma tropa de infanteria, e pondo tudo em or¬dem esperou o dito rei, que não tardou muito em chegar ao dito logar aonde se achava a tropa formada com os seus ofticiáes, o capitão de mar e guerra, e alguns, oíficiaes do corpo de marinha, que todos estes se avànçaram alguns passos a receber o rei e conduzi-lo a uma pequena barraca, aonde depois de muitos cumprimentos lhe foi dito pelo tenente coronel a pouca rasão que o rei tinha para deixar fazer estabelecimentos n’aquêlles logares, não o podendo, nem devendo consentir ali outra nação que não fossem portuguezes, a quem só era permittido o poder ali ir commerciar, e que por esta vez mandava Sua Magestade Fidelíssima fazer-lhe constar, que não era do seu real agrado aquelles estabelecimen¬tos, que lhe levaria muito a mal todas as vezes que elle consentisse n'aquellas terras alguma outra bandeira que não fosse a de Portugal; foi respondido pelo rei, que elle não queria a outros amigos senão os portu¬guezes, e que se estes tivessem continuado em levar saguates grandes, e roupas para a sua gente, que elles não teriam recebido outros, nem deixariam levar o seu marfim senão aos portuguezes, a quem elles tratam como irmãos; depois d'esta falla lhe assegurou o tenente coronel, que haviam vir áquelle sitio bastantes embarcações a levar-lhe os géneros precisos, e que elles olhassem a bandeira de Sua Magestade Fidelíssima com aquelle respeito, amor e veneração que deviam; que tivessem o maior cuidado, em que se lhe não fizesse nunca insulto, aliás seria obrigado a tornar áquelle logar aquella mesma fragata para os castigar. O rei protestou amisade e respeito á bandeira de Portugal; a esta resposta deu-se-lhe muito de comer, muito mais de beber, deu-se-lhe saguate com que foram satisfeitos, e se despediram, e ao sair da barraca se lhe deram nove tiros de peçinha; marchou a tropa para elle ver, de que gostou muito, e deram grandes gritos a sua gente; isto se passou tudo sendo presente todo o corpo de officiaes, e eu que por verdade o escrevi e me assignei,
==Antonio Joaquim Pinto Gollares, escrivão,
 
Notas:
1.- Cide Barbuda foi capitão do mar. Quando D. Francisco de Albuqueque, em 1505, se perdeu na volta de Cananor a Portugal, D. Manuel I ordenou que saisse de Lisboa uma esquadra, cujo comando foi entregue a Cide Barbuda e Pero de Quaresma, com a finalidade de procurarem Albuquerque e Pero de Mendonça que com ele viajava. Barbuda navegou até ao Cabo e dali a Sofala, mas todas as pesquisas foram baldadas.

2.- Pero Quaresma foi um dos construtores da fortaleza de Sofala em 1506.



26/07/2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012



Porquê tanta crise ?



É sabido, cansados de saber, que a crise provém, em primeiro lugar, pelo desaforo dos gastos públicos, do dinheiro fácil, do descontrole, mas principalmente pela roubalheira que o “sistema” financeiro internacional, com o beneplácito dos governos – de TODOS os governos, pratica impunemente em cima de todos e qualquer um sem querer saber das consequências.

O “pai” da crise, é, evidente, a Suiça. Foi lá que os gangsters inventaram as contas secretas, e por onde começou a sugar-se o dinheiro dos países. Há muitos anos, e ninguém teve coragem de lhes ir em cima, porque, porque ?, todos estavam mancomunados no roubo.

Até que surgiram os chamados “paraísos fiscais”. Lembro uma conversa que tive uma vez, a seguir ao 25barra4, com alguém que estava ligado aos serviços secretos ingleses, em que fiquei a saber que os americanos pretendiam criar um desses paraísos nos Açores, para fazerem concorrência à Suiça. Como ficou... não sei. Ficou pelo menos na Madeira! O que é sabido é que paraísos existem em toda a parte, e segundo pesquisa na Internet são os seguintes:

Andorra; Anguilla; Antígua e Barbuda; Antilhas Holandesas; Aruba; Bahrein; Barbados; Belize; Campione d'Italia; Chipre; Singapura; Comunidade das Bahamas; Djibouti; Dominica; Emirados Árabes Unidos; Estados Unidos (não ocorre cobrança de imposto de residente que tem capital emprestado em outro país, estimulando o investidor a aplicar os juros em sua economia); Federação de São Cristóvão e Nevis; Gibraltar; Granada; Hong Kong; Região Autónoma da Madeira; Ilha de Man; Ilha Niue; Ilhas Bermudas; Ilhas Cayman; Ilhas Cook; Ilhas do Canal (Alderney, Guernsey, Jersey e Sark); Ilhas Marshall; Ilhas Maurício; Ilhas Montserrat; Ilhas Turks e Caicos; Ilhas Virgens Americanas; Ilhas Virgens Britânicas; Labuan; Líbano; Libéria; Liechtenstein; Luxemburgo (no que respeita às sociedades holding regidas, na legislação luxemburguesa, pela Lei de 31 de julho de 1929); Macau; Maldivas; Malta; Mônaco; Nauru; Panamá (facilidades para instalação de estaleiros); Paraguai (isenção de impostos para empresas que lá se instalarem e é permitida a repatriação total de lucros); República da Costa Rica; Samoa Americana; Samoa Ocidental; San Marino; Santa Lúcia; São Vicente e Granadinas; Sealand; Seychelles; Suíça (níveis moderados de tributação e segredo bancário); Sultanato de Omã; Tonga; Uruguai (imposto de 0,3 % para sociedade anônima de investimentos financeiros); Vanuatu (também Novas Hébridas).

Se algum dos leitores tiver um troquinho sobrando... a dificuldade é escolher o paraíso!

Uma alegria! Não há porque ter medo das autoridades (?) monetárias porque os donos da grana podem andar a passear com ela de um lugar para outro sem que sejam apanhados!
Vejam só quanto anda por esses paraísos, enquanto nós estamos entre purgatório e inferno, no artigo abaixo.

E... alguém vai fazer alguma coisa? Boa piada. Ninguém atira pedras ao ar!

*****

Do jornal “O Globo”, 23/07/2012

Bruno Villas Bôas

Os milionários brasileiros têm uma fortuna estimado em US$ 520 bilhões, o equivalente a mais de R$ 1 trilhão, depositada em paraísos fiscais, o quarto maior volume de recursos do mundo, atrás apenas dos chineses (US$ 1,8 trihão), russos (US$ 798 bilhões) e sul-coreanos (US$ 779 bilhões).

Para se ter uma ideia dessa “sangria”, o dinheiro brasileiro expatriado para centrso de sonegação fiscal seria suficiente para pagara metade da dívida pública federal (R$ 1,9 trilhão) e supera a arrecadação de impostos federais no ano passado (R$ 993 bilhões).

Os números estão num estudo divulgado ontem pela organização inglesa Tax Justice Network. O levantamento revela ainda que milionários de 139 países têm entre US$ 21 e US$ 32 trilhões depositados e "offshores" no fim de 2010.

O valor equivale ao Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) dos Estados Unidos e Japão somados.

"O estudo examinou um enorme 'buraco negro' da economia mundial que nunca foi mensurado, a riqueza privada offshore, um vasto volume de ganhos que não são tributados", explicou o economista americano James Henry, ex-chefe da consultoria McKinsey, contratado para comandar a pesquisa.

Somente 100 mil milionários, que formam uma elite financeira global, respondem por US$ 9,8 trilhões do dinheiro depositado em paraísos fiscais. O tamanho da fortuna chama a atenção em um momento que os países precisam arrecadar impostos e cortar seus gastos para enfrentar a crise financeira internacional.

O estudo revelou ainda que 50 bancos privados movimen¬taram US$ 12,1 trilhões entre as fronteiras dos países em 2010 para os seus clientes. Os destaques ficam para três gigantes globais: UBS, Crèdit Suisse e Goldman Sachs.

"O setor offshore — especializado em sonegação fiscal — é desenhado e operado não por obscuros bancos sem nome em ilhas suntuosas, mas pelos maiores bancos privados do mundo, escritórios de direito e de contabilidade sediados em capitais como Londres, Nova York e Genebra", diz Henry.

O trabalho não detalha a participação desses bancos na sonegação de impostos no Brasil. O documento teve como fonte dados o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Banco de Compensações Internacionais (BIS).»
 
E, cadê Angola? E Guiné Equatorial?

O quadro acima denota uma situação muito curiosa: quanto menos confiança nos governos, mais grana se pôe a andar. Infelizmente o Brasil ficou em quarto lugar!

Nem nas Olimpíadas ganharia uma medalha!

23/07/2012

Voltaremos a Lourenço Marques... em dois dias!














segunda-feira, 16 de julho de 2012




Lourenço Marques
Do seu estabelecimento


A baía que começou por ser chamada de Baía da Lagoa, aparece já nos mapas de Cantino de 1502, o que garante que terá sido visitada logo a seguir à viagem de Vasco da Gama. Alguns anos mais tarde um comerciante português, Lourenço Marques, em 1544, terá sido o primeiro europeu a estabelecer algum contato com os naturais daquela região.
Logo que D. João III tomou disto conhecimento mandou reconhecer os rios que ali desaguam e assentar na margem direita do Rio do Espírito Santo, uma feitoria e fortificação.
Assim começa a exploração do comércio daquela região, com o próprio Lourenço Marques e António Caldeira como os primeiros europeus ali assentes, e com estabelecimentos ainda nas ilhas da Inhaca e dos Elefantes. Todos eles foram de pequena duração. No entanto todos os anos ali aportavam naus, unicamente para o resgate de marfim, e a região ficava entregue a si própria, levantando a cobiça de ingleses e até de austríacos, que lá se fixaram.
Portugal entendeu que aquele território lhe pertencia e tratou de correr com os “intrusos”, e foi só em 1781 que se fundou uma feitoria que veio dar lugar à mais tarde cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo.
O contato dos portugueses com os nativos, durante todo este tempo, tinha sido relegado para eventuais “resgates”, tendo os régulos feito tratos com os ingleses, oferecendo-lhes terras e garantindo os necessários fornecimentos.
Com a chegada de Joaquim de Araujo, ouve que restabelecer esses contatos, indispensáveis para o comércio e convivência pacífica. Eram vários os régulos da região: Mafumo, Capela, Matola, a quem se dava o título de reis.



Com o fim da “ocupação inglesa/austríaca”, houve que refazer os contatos com essas autoridades. Curioso verificar como esses tratados eram celebrados. Transcreve-se, a seguir, o relato da visita do régulo da Matola à fragata portuguesa. (Outros se seguirão)

Em o dia 21 fiz expedir pessoas com aquelles saguates2 do costume, a dizer ao rei Capella, e ao rei Matolla, que lhe pretendia fallar,e que es­perava que determinassem o dia em que queriam vir a bordo da fragata de Sua Majestade Fidelíssima, para os mandar buscar no escaler; a pes­soa que foi ao rei Matolla recolheu no dia 3, dizendo que vinha o dito rei Matolla. Em o dia 4 muito cedo appareceu o rei Matolla na praia, que sendo visto da fragata, se lhe mandou escaler para o conduzir, o que fez trazendo em sua companhia três mulheres suas, e um grande numero de cafres que o acompanhavam; chegaram á fragata onde foi recebido e conduzido à camara do commandante com parte da sua comitiva, aonde depois de muitos cumprimentos, e demonstrações de amizade que queria tratar com os portuguezes, que bem conhecia terem sido os primeiros que conquistaram aquellas terras; mas que os mesmos portuguezes as tinham abandonado, não indo ali ha tantos tempos a commerciar, nem a le­varem-lhe aquelles géneros de que elle precisa e a sua gente, e que por este esquecimento em que os tínhamos posto, fazia com que tivessem trato com os imperiaes3; mas que tornando nós com trato antigo, e ami­zade, que elle inviolavelmente queria tratar com os portuguezes, pois elle era irmão de Sua Magestade, á saúde de quem bebia com toda a vene­ração e respeito; a esta saúde salvou a fragata com vinte e um tiros, o que o rei gostou, e a sua comitiva toda; depois tivemos varias conferen­cias, em que o dito rei deu bastantes provas de não ser muito selvagem, a tudo se lhe respondeu, e foi-lhe assegurado que d'aqui por diante ha­viam de vir muitas embarcações cheias de géneros e roupas de seu uso, e que elle tivesse o maior cuidado em que se respeitasse n/aquelles logares a bandeira portugueza, e que nenhuma consentisse arvorar n'aquelles territórios por serem pertencentes á coroa de Portugal; a tudo res­pondeu que sim, e que não queria senão aos portuguezes, porque todos eram irmãos, e eram os seus primeiros paes. Entraram a comer e a be­ber muito demasiadamente, e depois de serem bem satisfeitos, o não fi­caram com os pannos que se lhe deram de saguate por serem poucos, e muito grossos, e respondeu o rei, que aquelle saguate não era próprio para elle, nem parecia ser dadiva de uns homens tão grandes como os portuguezes; que elle esperava lhe fosse dado um presente, que podesse mostrar á sua gente toda, que aliás elle não poderia dizer que tinha vindo de uma fragata de guerra portugueza; a isto respondeu o tenente coronel que as fragatas de guerra não faziam saguates por obrigação, que tudo aquíllo que se lhe oferecia eram demonstrações de amizade e ob­séquio, e que não devia pretender dos portuguezes o mesmo que estava recebendo d'aquelles individuamente que vinham ali commerciar; que se contentasse com o que lhe era dado, e que devia receber tudo com muita satisfação e gosto; esteve o rei attento ouvindo tudo e respondeu, que elle queria que o tenente coronel fosse a sua casa visita-lo, para lhe dar um saguate como devia; escusou-se o tenente coronel, o rei aceitou os pannos, e repartiu-os pela sua gente, e depois d'isto ter feito, entrou a pedir copos, facas, garfos e tudo quanto viu, por ultimo deu-lhe o tenente co­ronel e o commandante da fragata algum fato, com que o rei satisfeito, se despediu, promettendo ordenar, para virem todos os viveres preci­sos para a fragata, e do mais que fosse preciso das suas terras estava prompto para mandar, e que esperava não fizessem violência á sua gente; o dito rei mandou três vaccas de presente, a fragata ao retirar-se o rei se lhe deram cinco tiros de bombarda, e se foi muito satisfeito; tudo isto se passou presentes os officiaes que se achavam a bordo, e por verdade o escrevi, e me assinei.
= António Joaquim Pinto Collares, escrivão.

1.- 2 de Abril de 1781
2.- Presentes, ofertas
3.- Austríacos


17/07/2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012



Custo lula



Uma das broncas do então presidente Lula com a Vale estava no assunto siderúrgicas. A companhia brasileira deveria progredir da condição de mero fornecedor de minério de ferro para produtor de aço, tal era o desejo de Lula.
Quando lhe argumentavam que havia um problema de custo para investir no Brasil — e não apenas em siderúrgicas — o ex-presidente apelava para o patriotismo. As empresas privadas nacionais teriam a obrigação de fabricar no Brasil.
Por causa da bronca presidencial ou por erros próprios, o fato é que a Vale está envolvida em três grandes siderúrgicas — ou três imensos problemas — conforme mostra em detalhes uma reportagem de Ivo Ribeiro e Vera Saavedra Durão, no "Valor" de ontem. Em Marabá, no Pará, o projeto da planta Alpa está parado, à espera da construção de um porto e de uma via fluvial, obrigação dos governos federal e estadual, e que está longe de começar. No Espírito Santo, o projeto Ubu também fica no papel enquanto a Vale espera um cada vez mais improvável sócio estrangeiro. Finalmente, o projeto de Pecém, no Ceará, está quase saindo do papel, mas ao dobro do custo original.
E quer saber? Seria melhor mesmo que não saísse. Acontece que há um excesso de oferta de aço no mundo e, mais importante, os custos brasilei jros de instalação das usinas e de pro-af dução são os mais altos do mundo. Não, a culpa não é só do dólar nem dos chineses. Estes fazem o aço mais barato do planeta, com seus métodos tradicionais. Mas o aço brasileiro sai mais caro do que nos EUA, Alemanha, Rússia e Turquia, conforme um estudo da consultoria Booz.
A culpa nossa é velha: carga e sistema tributário (paga-se imposto caro até durante a construção da usina, antes de faturar o primeiro centavo), burocracia infernal e custosa, inclusive na disputa judicial de questões tributárias e trabalhistas, e custo da mão de obra.
Dados do economista Alexandre Schwartsman mostram que os salários estão subindo no Brasil na faixa de 11 a 12 % anuais. A produtividade, estimado 1,5%. Ou seja, aumenta o custo efetivo do trabalho, e mais ainda pela baixa qualificação da mão de obra. Jorge Gerdau Johanpeter, eterno batalhador dessas questões, mostra que a unidade de trabalho por tonelada de aço é mais cara no Brasil do que nos EUA.
Não há patriotismo que resolva. Mas uma boa ação governamental ajudaria. Reparem: todos os problemas dependem de ação política e, especialmente, da liderança do presidente da República. Trata-se de reformas tributária e trabalhista, medidas legais para arejar o ambiente de negócios, simplificar o sistema de licenças ambientais, reforma do Judiciário e por aí vai, sem contar com um impulso na educação.
Se isso não anda, é falha de governo, não do mercado. A crise global e a mesma para todo mundo, mas afeia os países diferentemente, conforme suas condições locais. O Brasil precisaria turbinar os investimentos, mas não há como fazer isso num ambien¬te tão desfavorável e tão custoso, o governo cai então no estímulo ao consumo e no protecionismo para barrar e/ou encarecer os produtos estrangeiros. De novo, não conseguindo reduzir o custo Brasil, aumenta o custo mundo.
A situação é ainda mais grave no lado dos investimentos públicos. Uma das obras de propaganda de Lula era a Ferrovia Norte-Sul, tocada pela estatal Valec. Pois o Tribunal de Contas da União verificou que o dormente ali saía por R$ 300, enquanto na Transnordestina, negócio privado, ficava por R$220. O atual presidente da Valec, José Eduardo Castello Branco, nomeado há um ano, depois das demissões por denúncias de corrupção, conta ainda que vai comprar a tonelada de trilho por R$ 2 mil, contra o preço absurdo de R$ 3 mil da gestão anterior, que vinha lá do governo Lula. Claro que um presidente da Republica não pode saber quanto custa uma tonelada de trilho, muito menos o preço de um dormente. Nem pode acompanhar as licitações. Mas o ritmo "vamo-que-vamo" imposto pelo ex-presidente, junto com o loteamento político criou o ambiente para os malfeitos e, mais importante, porque mais caro, para os enormes equívocos na gestão dos projetos.
O diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, general Jorge Fraxe, também nomea¬do por Dilma para colocar ordem na casa, conta que encontrou contratos de obras no valor de R$ 15 bilhões — ou "15 bilhões de problemas".
Quando o mundo vai bem, todos crescendo, ninguém repara. Quando a coisa aperta, aí se vê o quanto não foi feito ou foi feito errado.
CARLOS ALBERTO SARDENBERG é jornalista. E-mail: sardenberg@cbn.com.br

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A Herança Maldita da Petrobras

O primeiro plano de negócios (2012-2016) divulgado pela atual presidente da Petrobras, Graça Fóster, não deixa margem para qualquer dúvida: o desempenho da estatal vem retrocedendo desde que o PT chegou ao poder, em 2003.
Depois de verificar que a empresa não vinha cumprindo as metas de produção estabelecidas, Graça Foster decidiu rever esses números para um patamar que definiu como mais "realista", deixando clara sua reprovação em relação à herança — por que não dizer maldita — recebida de seu antecessor, Sérgio Gabrielli.
Ao reconhecer o atraso em mais de um ano na operação de novas plataformas, a presidente da estatal baixou em 700 mil barris de petróleo por dia a estimativa de aumento da produção até 2020.
Essa parece ser a primeira de uma série de mudanças na gestão da estatal, que ao longo dos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu forte pressão política e acabou tendo parte de seus cargos técnicos e díretorias dividida entre aliados da base governista.
A interferência política na gestão da Petrobras ficou bastante clara em 2007, após a descoberta do campo de Tupy no pré-sal e da decisão do governo Lula de alterar o marco regulatório do petróleo — de comprovado sucesso formulado e implementado no governo do PSDB — em meio a uma intensa campanha publicitária vinculada ao projeto eleitoral do PT, em 2010, que acabou garantindo a eleição de Dilma Rousseff.
O resultado desta "reforma da reforma" foi um desastre para o setor e para a Petrobras.
Aos poucos os prejuízos estão sendo percebidos e contabilizados. Graça Foster tenta consertar a irracionalidade e o aparelhamento partidário dentro da empresa na medida do possível, mas o setor foi desorganizado e o modelo institucional perdeu bastante credibilidade.
Sob a batuta de Fernando Henrique, com a flexibilização do monopólio da Petrobras, uma atuação firme da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a realização de leilões anualmente, o Brasil viu sua produção de petróleo crescer em 150%.
Com a suspensão dos leilões desde 2008, deixamos de arrecadar algo em torno de R$ 15 bilhões nos últimos quatro anos.
Além disso, a área exploratória sob concessão, que alcançou um máximo de 341 mil km2 em 2009, será reduzida para 114 mil km2 no final de 2012, em razão da falta de novos leilões, o que deverá comprometer ainda mais a produção futura de petróleo no país.
Os investimentos privados definham, as empresas estrangeiras vão embora e a Petrobras e a OGX se desvalorizam.
Só na semana passada, os acionistas da Petrobras amargaram uma perda de R$ 22,3 bilhões.
Esse processo de desvalorização começou em 2009, quando o governo ini¬ciou uma operação de capitalização da Petrobras que se mostrou desastrosa para o acionista minoritário.
Além de demorar mais de um ano, devido a uma série de indefinições e de uma total politizaçáo de todo o processo, provocou uma desvalorização de 43% nas ações da empresa desde então.
Com isso, fica cada vez mais distante o sonho da autossuficiência na produção de petróleo.
Os números falam por si: a importação de gasolina, por parte do Brasil, passou de nove mil barris diários em 2010 para 80 mil, de acordo com as estimativas previstas para este ano.
Se não bastasse, estamos também importando diesel e etanol.

SÉRGIO GUERRA


12/07/2012



N.- Ambos os textos do jornal “O Globo”

segunda-feira, 9 de julho de 2012



O Bóson do futuro


 
Por muito impossível ou absurdo que se possa imaginar, o futuro brasiliense... não chega. Deve ter mudado a agulha para qualquer outro lado, e pedido asilo político talvez na Etiópia; mas para aqui...
Depois do grande sucesso, mundial, que foi a descoberta do etanol como combustível para motores, de termos sido os pioneiros e “mestres” dessa tecnologia, o Brasil desarvorou a fazer carros com motor para alcool. O meu, por exemplo, que há 17 anos continua a funcionar perfeitamente. Pois bem, demos a conhecer ao mundo uma “nova” forma de energia renovável, e hoje... importamos etanol, dos EUA com quem quisemos comprar briga porque eles impuseram uma taxa ao nosso produto! Porque? Porque se desestimulou a sua produção tupiniquim!
Mas, não há-de ser nada; logo de seguida surge como o mais esplendoroso milagre, com os milhões, trilhões de reservas o petróleo no famigerado “pré-sal”. O pior é que, como parece dizia o grande jornalista e humorista, Barão de Itararé, “De onde menos se espera, daí é que não sai nada”, do tal pré-sal, pouco está a sair! E as ações das exploradoras do ouro negro, a cair.
Assim a autosuficiencia em combustível está longe de ser atingida, importando-se cada vez mais gasolina, diesel e o bom do etanol. Já estamos em 80 mil barris por dia!
O desgoverno esqueceu – ou não deve saber – uma grande máxima chinesa que diz que “governar é prever”!
Não prevê NADA. Atua como corpo de bombeiros, e ainda por cima sem saber de onde vem o fogo nem para onde apontar as mangueiras para o reduzir ou apagar.
Fazem-se leis que só não são de gargalhar porque o povo é que paga essas avacalhações.
Reduz imposto nos carros e nos eletrodomésticos, estimula a compra e o crédito pessoal, para que os “companheiro metalúrgicos” continuem a votar no PT, e... só o Banco Itau anunciou um prejuízo de 18 milhões em inadimplência (Não lhe faz qualquer diferença porque ganha bilhões!). Só não informam o que perderam os outros bancos sobretudo os federais, até porque têm lá a impressora... Além disso a média de endividamento da população brasileira já ultrapassa os 22% dos seus proventos.
No principio do ano, a euforia e sem-vergonhice previa um aumento de 5% do PIB; depois seriam só 3%; numa semana a opinião variou entre 2,5 e 2,18 e até 2,05. Já se fala em 1,9%. E a indústria vai em brilhante crescimento zero ou negativo!
Apesar deste paraíso, do sol tropical e do Rio de Janeiro ser agora Patromónio Mundial – e das gangues do narcotráfico – o congresso decidiu, uma vez mais – normalmente uma vez por ano! – aumentar em 30% a verba de gabinete dos inócuos, ineptos e inescrupulosos “delegados do povo”! Infâmia. E, é verdade, aumentar também o número de vereadores em todo o país, para o que se criam mais 5.070 vagas, algumas para prefeituras cuja arrecadação não chega para pagar os salários dos atuais salafrários!
Entrementes sexa o ministro das finanças, sabendo que o Brasil continua num tremendo atrazo no ensino, encrespou-se todo quando alguém propôs que no próximo orçamento se reservasem 7% para a educação. Diz que, com isso, o Estado ia quebrar! O pior é que se não o fizer... o analfabestimo vai perdurar, e quebra tudo na mesma.
Começa agora a campanha para eleição de prefeitos. Uma delícia! Um espetáculo de amizades nunca, jamais, visto. Aliás, sempre; sempre a mesma vergonha. Numa cidade o PSDB junta-se ao PMDB e ao PSOL, em outra O PMDB enlaça-se com o PT e o PRB, noutra são os verdes e os vermelhos, além mais os cor de rosa, os azuis e os... e a maior novidade de toda a história política do Brasil, até o lula, foi beijar a mão do seu arqui inimigo maluf! Não é para admirar porquanto já tinha beijado na boca e chamado Tarzan ao antoninho malvadeza, o falecido dono da Bahia, ao sarney, dono do Maranhão e ao collor, dono de Alagoas. É um tal de beijar os ex (?) super inimigos que parece estarmos assistindo a um filme pornô: pagou, beijou!
Vem agora a maior notícia: os cientistas desvendaram o famoso Bóson que o sr. Higgs tinha previsto.
Alguém sabe sabe o que é o Bóson? Fala-se em anti matéria, energia sem massa, e outras incompreensibilidades, mas o mundo científico está muito contente. Eu mesmo nada sabendo também estou. Há que acreditar.
Então surgiu a grande revelação: o ultra “honoris causa”, inclusivé da (ex) vetusta Universidade de Coimbra, conhecido como o “sapo barbudo” deu ao povo uma tremenda manifestação dos seus conhecimentos científicos, e hoje, quem assistiu a essa “magna aula” já sabe tudo e até talvez criar o tal bóson em casa. (Segundo consta, em segredo, o lugar ideal para essas demonstraçoes fica em Garanhuns, terra do “metre” des-honoris de tantas causas”.
Assistam à lição, ouçam com muita atenção, e pasmem, ó gentes, pela humildade que traz o saber.


A maravilha da ciência. Amém



08/07/2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012


Isto é música




Musica, Poesia e Zoologia



Não sendo músico nem musicólogo, de acordo com o dicionário serei um musicista, da mesma forma que não sendo poeta nem poético, há manifestações das duas artes que me parecem universais e eternas.
A música de Pachebel, Bach, Vivaldi, para referir só alguns dos chamados barrocos, a dos grandes mestres clássicos como Mozart, Beethoven, Liszt e tantos outros, as óperas italianas de Verdi, Rossini, os clássicos espanhóis como Manuel de Falla, Joaquin Rodrigo, Albeniz, as canções napolitanas, e já bem mais perto de nós, o Tango, Louis Armstrong, Aznavour, Amália Rodrigues, os Beatles, etc., ficarão para todo o sempre. Admiradas por todos, de todas as idades.
Da mesma forma os grandes poetas: Dante, Camões, Schiller, dificeis de ler, marcos das línguas em que escreveram, mas... “minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”, e onde cantaram com uma beleza imensa Gonçalves Dias, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Morais, e sempre outros mais.
Foi grande o Brasil na poesia e na música. Desta logo vem à memória Pixinguinha, Noel Rosa, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, António Carlos Jobim, Adoniran Barbosa, e mais outra imensa pleíade de artistas, chamados universais. Como os poetas.
Mas, assim como acabaram os impérios Sassânida, Romano, Britânico, a hegemonia da cultura grega, a grande civilização egípcia, possivelmente por terem gasto com demasiada rapidez os seus trunfos, em termos de líderes intelectuais ou militares, a música e a poesia parecem estar na mesma fase de decadência. Infelizmente rápido demais.
Para ouvir um concerto clássico, uma ópera, um fado, Jobim e outros, faz-se silêncio, embebe-se o ouvinte com a beleza e harmonia das músicas, e das suas letras, e por fim sai com a alma limpa, sempre a desejar mais e mais.
Hoje uns quantos artistas sobem aos píncaros da fama e grana, levados por empresários sedentos de lucros, elas exibindo-se eroticamente, com instrumentos gritando e holofotes encadeando, eles, maquiados, vestidos de palhaços, berrando como condenados, e uma turba de largos milhares saltando, agitando os braços, muitas delas encavalitadas nos ombros, pescoço e..., e mesmo sem conseguirem ouvir – jamais apreciar – pagam quantias exorbitantes para ficar ao relento a olhar um espectáculo que nem de circo seria digno.
E as letras dessas chamadas músicas? A maioria das vezes não são letras de música, nem de coisa alguma. Por vezes são simplesmente letras. Ruídos.
A grande moda que agora o Brasil exporta, e faz sucesso em todo o mundo, são músicas (?), que não têm nem música nem melodia, talvez só ritmo, inferior ao clássico batuque africano, e dele dizendo-se descendente, mas cuja letra só recém nascido deve poder compreender.
Há pouco foi o belo poema “Ai, se eu te pego” única frase de todo o tempo em que os instrumentos fazem barulho. Um sucesso estrondoso. Pouco antes foi o “Olha o tchan, tchan, tchan” e agora aparecem outras com o mesmo nível de musicalidade, harmonia e poesia!
Uma com a bela letra “Bará, bará, berê, berê” e outra, do mesmo nível, mas que – talvez – se possa escrever assim: “Tcherê, tchê, tchê”.
Não será isto uma, talvez louvável, tentativa científica de imitar alguns animais, ficando atrás dos microfones a grasnar, grunhir, relinchar, zurrar, rugir, e dando saltos que nem acrobáticos são?
Estão a matar a poesia e a assassinar a música!
Só para uma pequena comparação –se tiverem uns minutos – vão clicando nos links abaixo.