domingo, 4 de dezembro de 2011



Resveratrol + procianidina = tintol


Quem havia de dizer que, vez por outra, palavrões como estes são uma maravilha! Enquanto alguns fármacos tipo “mata-gente”, como os antibióticos, se intitulam com palavreados semelhantes, estes levam-nos a cantar: “era o vinho meu bem, era o vinho, era a coisa que eu mais adorava”!
Perde-se na poeira dos tempos, sempre empoeirados, o conhecimento dos primeiros viti-vinicultores, que terão aparecido dez, vinte mil ou ainda mais anos atrás! Avozinhos bons esses, hein?
A ciência, depois de nos querer convencer que os vinhos hoje sabem a frutas verdes, vermelhas, pretas, canela, abiu, araçá e murumuru, além de outros, vem agora animar-nos a beber mais uns copos, sempre do tinto, informando-nos que um composto encontrado na casca das uvas e no vinho tinto, a que chamou de resveratrol, aumenta a resistência à velhice e ainda evita a obesidade! Que delícia.
Eu conheci, muitos anos atrás, um homem com oitenta e tantos anos, alto, forte e seco (por fora) que de repente caiu de cama. O seu tempo chegava ao fim. Esse homem todos os dias de manhã começava por “matar o bicho” com um copo, um copo, não um cálice, de aguardente bagaceira. Depois, durante o dia, emborcava mais uns cinco litros de vinho. Velho rijo e são. O médico chamado a sua casa, vendo que a vida estava por um fio, recomendou: “Enquanto estiver assim não pode beber mais de um litro de vinho por dia.” Resposta do velhote: “Pra beber tã pouco prefiro nã beber nada!” No dia seguinte morreu! Não se pode dizer que tenha morrido cheio de saúde, mas chegou aos oitenta e muitos, rijo e bêbado que nem um tonel. Pena não se ter feito uma análise do seu DNA (naquele tempo não havia disso) porque certamente deveria estar cheio do tal resveratrol, do tinto e do bagaço!
Era dali de perto de Évora. Talvez junto da Ribeira de Peramanca, onde se produzia um vinho tão maravilhoso que animou o Geraldo Geraldes a conquistar Évora aos mouros com meia dúzia de amigos! Há quase novecentos anos!
O problema por enquanto está só na procianidina. Dizem os cientistas que este composto - a procianidina é um composto! - encontrado nas sementes das uvas, faz muito bem ao sistema cardiovascular, sendo um vaso dilatador, coisa que os romanos que há 2.000 anos bebiam vinho do Alentejo já sabiam, e se encontrará sobretudo nas uvas do sudoeste de França! Isto porque o estudo foi feito numa escola de medicina em Londres. Porque não fazem esses estudos em Évora e dão a conhecer ao mundo uma região de briol que não pede meças ao sudoeste francês?
Entretanto um tinto das castas Trincadeira e Tinta Caiada, sobretudo dali, das terras de Peramanca, aaahhh!, dão vida a qualquer gladiador que se preze nas suas gladiações pela luta diária em que a globalização nos meteu.
Haja saúde! Tchin! Tchin!

4-dez-06




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